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sábado, 11 de dezembro de 2021

ESPIRITUALIDADE: Amor sem limites (Parte 19/19)

Capa: Fragmento de um ícone de meados de
século XVII atribuída a Emanuel Lombardos.

Um Monge da Igreja do Oriente

AMOR SEM LIMITES

Tradução para o português:
Pe. André Sperandio
Ecclesia

37. Dá-me teu coração

Então, Senhor, é isso? Verdadeiramente, é isso? É somente isso? Aqui estão toda a Lei e os Profetas? Amar de todo o coração... Amar aquele que nos amou primeiro; amar tudo o que ele ama, todos os homens, todas as mulheres, todas as criaturas...?

Sim, meu filho, é isso e... é tudo. Todo o "resto" vale apenas como expressão, aplicação - sob tantas formas diversas - deste impulso inicial que é meu amor sem limites.

Aqui está o critério de todo bom pensamento, de toda boa palavra, de toda boa ação. Quando admites tal pensamento, quando pronuncias tal palavra, quando cumpres tal ato, podes dizer que amas com todo o teu coração?

Eu não de digo, meu filho: "É fácil". O filtro é rigoroso.

Mas digo: «É simples. É tão simples!» É uma questão de integridade.

Trata-se de oferecer ao amor o teu coração inteiro.

Um coração que se pode dizer que é puro como se diz de um vinho puro. Um coração sem divisão, sem mistura, sem partição.

Fala-se, frequentemente de pureza, de castidade em sentido negativo, o que reduz tudo a uma questão de abstenção. Mas um coração verdadeiramente puro, verdadeiramente casto é um coração inteiro, integrado, sem fissura, que se oferece ao amor - a Deus e aos homens - totalmente, em sua "integridade".

A essência do pecado contra a pureza, meu filho, é oferecer ou parecer oferecer a Deus, a um homem, a uma mulher, um amor forjado, um amor que não é ou não pode ser integral, um coração que não é unificado.

Meu filho, no princípio houve, sempre haverá um coração... um coração que não cessa de bater por ti. Queres me dar o teu coração?

Os transplantes de coração que em nossos dias foram possíveis, são o sinal maravilhoso de uma realidade espiritual. Entregar o coração a outro, receber o coração de outro... É a parábola do triunfo do amor sem limites. Mas ainda é necessário que todo o organismo esteja preparado para receber o novo coração.

Dá-me teu coração. Meu filho, o universo inteiro grita assim para mim. Esse grito é todo o sofrimento humano, toda abertura humana de boa vontade, todas as convulsões humanas que precisam que as compreendas, que intercedas, por indigno que sejas. Não ouves esse grande grito?

Dá-me teu coração. Tu, porém, também me pedeus meu coração. Se me ofereces teu coração, farei que possa bater juntamente com o meu por todos e para todos.

Meu filho, recebe esta palavra e bebe no cálice: com todo o coração, com meu coração.

38. Fala o Amor

Da sarça ardente, fala o Amor: "Queridos, quisera revelar-vos minha essência, minha presença, e inflamar-vos uma visão viva de mim mesmo".

Sou amor sem limites. Não conheço nenhum limite no tempo. Não conheço nenhum limite no espaço. Não há lugar onde eu não esteja. Não há momento no qual não expresse o que sou, que eu sou. Não há tempo em que não expresse o que sou, que eu sou. Sou a origem e a razão profunda. Sou o impulso (às vezes, tão rejeitado, desviado) do que vós sois. Eu sou a vossa verdadeira vida.

O mundo não me contém. Mas sem que me confunda com o mundo, o mundo está contido em mim. Eu não me confundo convosco e, no entanto, desde que o vosso ser tendes de mim, e também toda a graça, eu estou em vós: eu sou vós mesmos.

Muitos são meus e, no entanto, não estão cientes desse grande arrebatamento de amor que vem de mim e arrasta para o universo. Seus olhos têm mais que uma visão restrita e exígua. Não sentem que a terra treme e que o mundo inteiro vibra pelo sopro do Espírito.

Queridos: ajustai vossos sentimentos ao sopro, aos toques divinos. Sede as cordas vibrantes que transmitem meu amor sem limites. Sintonizai-vos com toda voz humana. Esforçai-vos por recorrer a toda gama de sons que cada voz pode emitir até que vossas vozes façam soar o mesmo canto, puro e justo.

Quero dizer-vos algo que, a primeira vista, pode assombrar e escandalizar. Sede o que eu sou. Direis que a criatura não pode ser o que é o seu Criador.

É verdade. A natureza divina e a natureza humana não podem ser identificadas nem confundidas.

Porém, existe o dom, a comunicação. Quisera comunicar o que há em mim. Quisera entrar em comunhão interior e em comunidade visível convosco. Quisera fazer-vos partícipes de meu ardor e de minha incandescência: em uma palavra, de meu amor.

Sede o que eu sou. Sede amor. Não vos é possível alcançar a plenitude do amor. Mas é possível, a cada um de vós, e sempre, orientar-vos para ele, tender para ele, dar alguns passos pela via sagrada.

Haverá muitos obstáculos muitas quedas, muitos acidentes. Porém, toda vontade de dar-se ao amor, todo verdadeiro movimento de amor tem um valor infinito.

As quedas podem acumular-se, mas é preciso voltar a amar novamente.

Olhai para os picos mais altos do amor. Ireis vê-los tanto melhor quanto mais profundamente estiverdes submergidos em um abismo de humildade, prostrando-vos ante o Amor com a confiança de uma criança, pedindo perdão por tudo, esperando tudo, amando tudo. Quanto mais prostrados estiverdes, mais doces e puros sereis, e mais iluminará vosso horizonte a chama do amor sem limites, fazendo com que todas as coisas possam ser vistas em seu lugar, em sua verdade, como eu as vejo.

Os que eu quero, muito estão situados em planos diversos, em distintos estratos. Porém, eu sou o Amado de todos. Eu me encontro em todos os planos, em todos os estratos. Eu sou para todos. Eu sou o Pastor que não deixa desviar nenhuma de suas ovelhas, mas que vai ao encontro dela. Estou convosco desde o princípio. Vossa vida é a minha vida.

Falai com a minha voz. Falai com a voz do amor e pronunciai as palavras do amor. Porei minhas palavras em vossas bocas. Mesmo nas horas em que não me ouvis, também quando não me escutais, não deixo de sussurrar em vossos ouvidos.

Eu vim trazer à terra o fogo do amor sem limites.

® NARCEA, S.A. EDIÇÕES
Dr. Federico Rubio e Galí, 9. 28039 - Madrid
® EDITIONS ET LIBRAIRIE DE CHEVETOGNE Bélgica
Título original: Amour sans limite
Tradução (para o espanhol): CARLOS CASTRO CUBELLS
Tradução para o português: Pe. André Sperandio
Capa: Fragmento de um ícone de meados de século XVII atribuída a Emanuel lombardos
ISBN: 84-277-0758-4
Depósito Legal: M-26455-1987
Impressão: Notigraf, S. A. San Dalmácio, 8. 28021 - Madrid

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Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF