Com uma mensagem nas redes sociais, o Papa Leão XIV recordou
os 10 anos de um dos documentos mais importantes do pontificado do seu
predecessor.
Vatican News com CNBB
“Dez anos da #LaudatoSi'. A Encíclica do Papa Francisco
nos chama a renovar o diálogo sobre como estamos construindo o futuro do
planeta, unindo-nos na busca por um desenvolvimento sustentável e integral, e
comprometendo-nos a proteger a casa comum que Deus nos confiou.”
Com esta mensagem nas redes sociais, o Papa Leão XIV
recordou os 10 anos de um dos documentos mais importantes do pontificado do seu
predecessor. Não é a primeira vez que o Pontífice cita esta Encíclica. Esta
semana, no dia 20 de maio, este texto esteve no centro da mensagem enviada aos
participantes do II Encontro Sinodal de Reitores de Universidades para o
Cuidado da Casa Comum, reunidos em evento na Pontifícia Universidade Católica
do Rio de Janeiro (PUC-Rio) que se encerra este 24 de maio.
Há uma década o Papa Francisco presenteava o mundo com
a Carta
Encíclica Laudato Si’, um documento que se tornou referência
moral, espiritual e ambiental para líderes, instituições e cidadãos preocupados
com o futuro do planeta. Promulgada em 24 de maio de 2015, a Encíclica
permanece atual e necessária, como afirma o arcebispo de Belo Horizonte, dom
Walmor Oliveira de Azevedo, em recente artigo que reforça a urgência dos apelos
lançados pelo pontífice.
Intitulada “sobre o cuidado da casa comum”, Laudato
Si’ é uma exortação ao compromisso ético e coletivo com a ecologia
integral – um conceito que transcende a visão ambientalista tradicional ao
conectar questões ambientais, sociais, econômicas e espirituais. “Apesar de
promessas e acordos, ainda prevalece o interesse por lucros egoístas”, alerta
dom Walmor, destacando a resistência de governos e setores econômicos em adotar
mudanças profundas nos modelos de produção e consumo.
Segundo o arcebispo, a Encíclica se manteve viva nesses dez
anos por insistir na conversão ecológica e na responsabilidade cidadã.
“O cuidado com a criação deve ser uma atuação de cada pessoa
e todas as instituições. É também uma interpelação à prática da fé”, reforça.
Para ele, a negação da crise ecológica por parte de grupos
poderosos é acompanhada por uma confiança cega nas soluções meramente técnicas,
desconsiderando as dimensões éticas e espirituais do problema.
Entre os desafios apontados está a necessidade de um longo e
contínuo processo educativo, ainda travado por interesses corporativos e visões
limitadas. Dom Walmor cita, como exemplo, o projeto Junho Verde, iniciativa de motivação da Conferência
Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), que enfrenta dificuldades para ganhar
força apesar de seu potencial transformador. O objetivo da campanha é mobilizar
a sociedade para repensar estilos de vida e práticas econômicas em consonância
com os valores da Laudato
Si’.
O arcebispo também critica a incoerência de muitos cristãos
que, embora celebrem a beleza da criação divina, não repudiam práticas
destrutivas como o extrativismo predatório.
“A omissão diante da urgência ambiental ameaça o bem comum e
nos afasta do desenvolvimento humano sustentável”, afirma.
Para ele, a ecologia integral propõe uma nova lógica de vida
e de organização social que corrige desigualdades, discriminações e exclusões.
A mensagem da Encíclica, segundo dom Walmor, não se limita a
uma convocação ambiental, mas representa um chamado à fraternidade universal.
“O meio ambiente é um bem coletivo, responsabilidade de
todos, e a propriedade privada deve cumprir sua função social”, relembra,
ecoando os princípios sociais da Igreja.
Ao celebrar os dez anos da Laudato Si’, o
arcebispo propõe um novo ciclo de reflexão e ação, com foco na educação
ambiental e na formação de consciências críticas. “Só assim poderemos trilhar
um caminho mais sustentável, justo e solidário”, conclui.
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