Na Basílica de São João de Latrão, Leão XIV manifestou seu
carinho por sua nova família diocesana, com o desejo de partilhar com ela
alegrias e dores, cansaços e esperanças. "Também eu lhes ofereço o pouco
que tenho e que sou", afirmou, citando as palavras do Beato João Paulo I
na mesma ocasião em 1978.
Bianca Fraccalvieri - Vatican News
Na tarde deste domingo, 25 de maio, Leão XIV realizou um dos
gestos mais característicos no início de pontificado de um Papa: a tomada de
posse da Cátedra do Bispo de Roma na Basílica de São João de Latrão.
Logo no início da celebração eucarística, o vigário do Papa
para a Diocese de Roma, card. Baldassare Reina, expressou a alegria da Igreja
por este momento. O Santo Padre então sentou-se na cátedra e uma representação
da Igreja romana prestou a ele obediência.
A "cátedra" é a sede fixa do bispo, na igreja mãe
de uma diocese, daí o nome "catedral". A palavra significa
"cadeira", símbolo da autoridade e doutrina evangélica que o bispo,
como sucessor dos Apóstolos, é chamado a preservar e transmitir à comunidade
cristã.
Roma é considerada sede da cátedra de Pedro porque foi nesta
cidade que ele concluiu a sua vida terrena com o martírio. Mais que um trono,
representa o serviço e a unidade da Igreja sob a condução do Sucessor de Pedro,
o Papa. E foi exatamente este o aspecto ressaltado por Leão XIV no início da
sua homilia:
"A Igreja de Roma é herdeira de uma grande história,
enraizada no testemunho de Pedro, de Paulo e de inúmeros mártires, e tem uma
única missão, muito bem expressa pelo que está escrito na fachada desta
Catedral: ser Mater omnium Ecclesiarum, Mãe de todas as
Igrejas."
Na sequência, a referência foi o Papa Francisco, que com
frequência convidava a meditar sobre a dimensão materna da Igreja e sobre as
características que lhe são próprias: a ternura, a disponibilidade ao
sacrifício e a capacidade de escuta que permite não só socorrer, mas muitas
vezes prover às necessidades e às expectativas, antes mesmo que sejam
manifestadas.
"Estes são traços que desejamos que cresçam em todo o
povo de Deus, e também aqui, na nossa grande família diocesana: nos fiéis e nos
pastores, a começar por mim", expressou Leão XIV.
O Santo Padre se inspirou nas leituras da missa para afirmar
que todo desafio no anúncio do Evangelho deve ser enfrentado com escuta da voz
de Deus e diálogo; que a comunhão se constrói primeiramente “de joelhos”,
na oração e num compromisso contínuo de conversão. Não estamos sós nas
escolhas da vida, o Espírito nos sustenta e nos indica o caminho a
seguir, até nos tornarmos “carta de Cristo” uns para os outros.
"E é exatamente assim: somos tanto mais capazes de
anunciar o Evangelho quanto mais nos deixamos conquistar e transformar por ele,
permitindo que a força do Espírito nos purifique no íntimo, torne simples as
nossas palavras, honestos e transparentes os nossos desejos, generosas as
nossas ações."
Leão XIV manifestou apreço pelo exigente caminho que a
Diocese de Roma está percorrendo nestes anos para acolher os seus desafios,
dedicando-se sem reservas a projetos corajosos e assumindo riscos, mesmo
perante cenários novos e desafiadores. Neste Jubileu, tem se esforçado
para receber os peregrinos como "um lar de fé".
"Quanto a mim, expresso o desejo e o compromisso de
entrar neste vasto canteiro, colocando-me, na medida do possível, à escuta de
todos, para aprender, compreender e decidir juntos: «para vós sou Bispo,
convosco sou cristão», como dizia Santo Agostinho. Peço que me ajudem a
fazê-lo num esforço comum de oração e caridade."
Ao concluir, Leão XIV manifestou seu carinho por sua nova
família diocesana, com o desejo de partilhar com ela alegrias e dores, cansaços
e esperanças. "Também eu lhes ofereço 'o pouco que tenho e que sou'",
afirmou, citando as palavras do Beato João Paulo I na mesma ocasião em
1978. E confiou todos à intercessão dos Santos Pedro e Paulo e "de
tantos outros irmãos e irmãs, cuja santidade iluminou a história desta Igreja e
as ruas desta cidade. Que a Virgem Maria nos acompanhe e interceda por
nós".
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