No Dia de Santa Rita de Cássia, o mundo recorda a Santa das causas impossíveis e seu testemunho de fé inabalável.
Fernando Nunes - Vatican News
22 de maio
Hoje, a Igreja celebra a memória de Santa Rita de Cássia,
padroeira das causas impossíveis e testemunho vivo de fé inabalável. Mulher
de oração incansável e de coragem silenciosa, Rita é, para milhões de fiéis, um
sinal claro de que a graça de Deus nunca abandona os que nele confiam — mesmo
diante do impossível.
Sua vida foi marcada por dores profundas, decisões radicais
e uma fé que jamais recuou diante dos sofrimentos. A convicção que carregava no
coração — de que a última palavra sempre é de Deus — é o fio
condutor de sua história e de sua santidade.
Casada muito jovem, e sem grande entusiasmo, enfrentou com
perseverança e oração o temperamento violento do marido, Paolo Ferdinando.
Próximo de sua morte, ele foi tocado pela graça, pouco antes de ser
assassinado. Os dois filhos do casal juraram vingança, mas Rita, profundamente
unida a Deus, suplicou para que o Senhor os impedisse de cometer esse crime.
Sua súplica foi ouvida: os dois faleceram ainda jovens, reconciliados com Deus,
sem carregar o peso do ódio ou da vingança.
Esse gesto — incompreensível para os que vivem apenas à luz
da lógica humana — revela o coração de uma mulher enraizada na eternidade. Para
Rita, o mais importante não era prolongar os dias dos filhos, mas garantir-lhes
a vida eterna.
Após essa fase da vida, Rita ingressou, por um verdadeiro
milagre, no mosteiro das Irmãs Agostinianas de Cássia. A regra da congregação
impedia a entrada de viúvas, mas a força da intercessão — e a insistência da fé
— abriram portas. Ali, viveu profundamente unida a Cristo, especialmente nos
últimos 15 anos de sua vida, marcados por uma dolorosa ferida na testa, sinal
visível de sua união com a Paixão do Senhor.
Um corpo que fala
Após sua morte, em 1457, algo extraordinário começou a
chamar a atenção: seu corpo, nunca sepultado da forma adequada, permaneceu
surpreendentemente preservado ao longo dos séculos. Exalava um perfume
delicado, e da ferida em sua fronte emanava uma luz inexplicável. Documentos da
época relatam fenômenos místicos no momento de sua morte: perfumes, sinos
tocando e uma claridade celeste enchendo a cela do convento.
Em 1627, por ocasião de seu processo de beatificação, o
corpo de Santa Rita foi cuidadosamente examinado. O veredito surpreendeu os
peritos: a pele conservava a coloração natural, e não havia sinais visíveis de
decomposição — fato notável especialmente porque seu corpo nunca havia sido
sepultado formalmente em mais de 150 anos.
Canonizada em 1900 por Leão XIII, Santa Rita passou a
repousar em um relicário de ouro, exposto na Basílica a ela dedicada, na comuna
de Cássia, Itália. Ali, todos os anos, milhares de devotos se reúnem para
venerá-la — entre eles, uma imensa multidão de brasileiros, cuja devoção à
santa é especialmente intensa.
Devoção no Brasil
No Brasil, Santa Rita de Cássia é uma das santas mais
populares. Desde o século XIX, sua devoção se espalhou pelo país, com a criação
de paróquias, festas e romarias em sua honra. A cidade de Santa Cruz (RN), por
exemplo, abriga o maior monumento religioso dedicado à santa no mundo — uma
imagem de 56 metros de altura que atrai milhares de peregrinos todos os anos.
Em diversas cidades brasileiras, sua festa litúrgica, celebrada neste 22 de
maio, é ocasião de intensa vivência da fé e expressão de confiança na sua
intercessão poderosa.
Um Papa devoto e agostiniano
O Papa Leão XIV, atual Sucessor de Pedro, partilha com Santa
Rita não apenas a devoção, mas também a espiritualidade agostiniana. Membro da
Ordem de Santo Agostinho, o pontífice já esteve inúmeras vezes em Cássia, onde
nutre especial afeto pelo santuário que abriga o corpo da santa. Sua vida de
oração e perseverança diante dos desafios da Igreja encontra eco na figura de
Rita, que soube responder com fé ao sofrimento e à contradição.
A santa do impossível
A vida de Santa Rita é uma pregação viva sobre o valor do
sofrimento unido a Cristo. Ela testemunha que nenhum obstáculo, por mais humano
que pareça, pode impedir o agir de Deus. Seja na vida matrimonial ou religiosa,
seu exemplo aponta para a eternidade — e lembra aos devotos que, de fato, a
última palavra sempre é de Deus.
Neste 22 de maio, sua memória é celebrada em todo o mundo,
especialmente nas muitas cidades do Brasil onde igrejas, capelas e comunidades
levam seu nome.
Que Santa Rita de Cássia nos ensine a nunca desistir, a
sofrer com paciência e oferta, e a lembrar, com fé viva, que esta vida é breve
— e que a última palavra sempre é de Deus.
Santa Rita de Cássia, rogai por nós.
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