Não somente o Pai e o Filho querem habitar nos discípulos,
mas o Espírito Santo também habitará neles para ensinar e fazer recordar-se de
tudo o que Jesus lhes disse.
Vatican News
Jesus gostava de dizer que nunca estava só. Vemo-lo
retirar-se para a montanha, só, mas para se juntar a seu Pai. E promete aos
discípulos não os deixar órfãos porque lhes enviará o seu Espírito, o Espírito
Santo, o Defensor.
Na hora das grandes confidências, pouco tempo antes da sua
paixão, Jesus anuncia aos seus discípulos que virá habitar neles com o seu Pai,
na condição de permanecerem fiéis à sua palavra. Parece dizer: «se quereis que
venhamos habitar em vós, aceitai morar na fidelidade a toda a mensagem que vos
transmiti».
Não somente o Pai e o Filho querem habitar nos discípulos,
mas o Espírito Santo também habitará neles para ensinar e fazer recordar-se de
tudo o que Jesus lhes disse. Sabemos que há duas formas de morte: a morte
física e o esquecimento.
Jesus veio anunciar aos seus discípulos que, após a sua
morte, Ele ressuscitará, e o Espírito Santo ajudará os discípulos a não
esquecer o que fez e disse: eles farão memória, recordando-se d’Ele, mas,
sobretudo, proclamando-O vivo hoje até à sua vinda na glória.
E uma forma de Cristo perpetuar a sua memória e a sua
mensagem viva e real entre nós é precisamente através do sacerdócio.
Por isso é sempre oportuno reafirmar a importância, o valor,
a necessidade e a beleza do sacerdócio na vida e na missão da Igreja.
O sacerdócio ministerial é o sacerdócio dos bispos e padres
(não dos diáconos); o sacerdócio comum dos fiéis é o sacerdócio de todos os
batizados. Sacerdote significa: aquele que oferece o sacrifício. E sacrifício
significa oferta sagrada. Então, o sacerdote é aquele que oferece a Deus um
sacrifício.
Cristo é, a bem dizer, o único verdadeiro sacerdote:
sacerdote único e eterno porque Se ofereceu a Si mesmo no altar da cruz. Ele
próprio é, ao mesmo tempo, o sacerdote e a oferta.
Chamamos sacerdotes aos padres porque, agindo «na pessoa de
Cristo Cabeça», eles oferecem no altar o sacrifício de Cristo na Cruz,
atualizado através da Eucaristia. Porém, todo o batizado é, pelo seu baptismo,
sacerdote, como Cristo.
Então, sendo sacerdotes, que oferta sagrada é que oferecem a
Deus? O cristão oferece a Deus em sacrifício a sua vida. Isto não que dizer que
faça da sua vida um sacrifício, sofrimento, mas sim um sacrifício, oferta a
Deus, oblação.
Embora os seus sofrimentos também façam parte da sua oferta,
pois o batizado consagra ao seu Senhor toda a sua vida, tudo aquilo que é. Ele
é consagrado pelo baptismo e pela unção do Espírito Santo para oferecer,
mediante todas as obras do cristão, sacrifícios espirituais.
Este «sacerdócio comum» é o de Cristo, único Sacerdote, do
qual participam todos os seus membros. E é o selo baptismal os compromete e os
torna capazes de: servir a Deus mediante uma participação viva na santa
liturgia da Igreja; e de exercer o seu sacerdócio baptismal pelo testemunho
duma vida santa e duma caridade eficaz.
Sacerdócio comum e ministerial são duas participações no
mesmo sacerdócio de Cristo, Único Sacerdote. Sacerdócio «comum» não quer dizer
inferior. Bem pelo contrário, o sacerdócio ministerial (dos bispos/padres)
existe por causa do sacerdócio comum (de todos os batizados), e não o
contrário.
Na verdade, o sacerdócio comum dos fiéis realiza-se através
do desenvolvimento do seu baptismo: vivendo uma vida de fé, esperança e
caridade, uma vida segundo o Espírito. Ora, o sacerdócio ministerial
proporciona ao batizado os meios de que ele necessita para viver a vida divina
que recebeu no baptismo. O sacerdote é um dispensador desses meios,
principalmente dos sacramentos. Ninguém tem direito a ser padre: a comunidade é
que tem direito a que ele seja padre!
Mas os padres continuam a viver, também, o sacerdócio comum
dos fiéis. Antes de serem padres são batizados: «Convosco sou cristão; para vós
sou bispo» (Santo Agostinho).
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