SANTO AGOSTINHO: SEGUIDOR DO SENHOR, DA IGREJA E DO REINO DE DEUS
por Dom Vital Corbellini
Bispo da Diocese de Marabá
Os estudos sobre Santo Agostinho são muito abrangentes,
englobantes tornando-se quase impossível dar uma ideia de seu pensamento,
prática pastoral e eclesial. A sua influência tornou-se grande nos séculos
passados, sobretudo na realidade atual nas quais as suas idéias referem-se ao
seu seguimento a Jesus Cristo, a teologia, a sua conversão de vida, a Igreja, a
comunidade eclesial. Foi um Autor que se destacou muito no final do século IV e
por algumas décadas no século V, diante da Diocese de Hipona, no Norte da
África. Santo Agostinho escreveu muito da realidade de seu tempo, mas ele teve
presente, o Reino de Deus, a meta final do ser humano. Nós tivemos a eleição de
um Cardeal Agostiniano, para Papa, Robert Prevost, cujo nome é: Leão XIV, de
modo que é importante aprofundar a doutrina de Santo Agostinho para as pessoas
da realidade de ontem e de hoje.
A pessoa de Agostinho
Santo Agostinho foi uma personalidade profunda seja no nível
de filosofia como de teologia. Foi um polemista, escritor, pastor. São muitas
as qualidades que se completam de uma forma mútua a respeito do Bispo de Hipona
que fez o ser humano Santo Agostinho uma pessoa muito importante para a vida da
Igreja e para o mundo. Ele unia em si a energia criadora de Tertuliano, a
largueza de espírito de Orígenes, as idéias e as concretizações dos maiores
filósofos, Platão e Aristóteles[1]. Após um longo caminho percorrido sendo
catecúmeno, ele viveu o seguimento a Jesus Cristo e à sua Igreja, sendo um bom
cristão, monge, sacerdote e bispo.
Os mistérios cristãos
Santo Agostinho tratou dos mistérios cristãos. Tudo isso foi
feito com muita humildade e ardor de espírito, determinando um grande progresso
dogmático que a história da Teologia teve em todos os períodos da sua história.
Em seus escritos nós encontramos a importância da graça de Deus e da
responsabilidade humana, a doutrina em relação ao mistério de Deus Uno e Trino,
a Redenção, a Salvação do gênero humano, os Sacramentos, a Igreja, a
Escatologia, as últimas realidades[2].
Os argumentos teológicos e sociais
Muitos argumentos teológicos e sociais foram tratados por
Santo Agostinho. Ele era bispo que viveu a eclesialidade com a Igreja do
Senhor, em comunhão com o Bispo de Roma e também era preocupado com as pessoas
que viviam em seu tempo, sobretudo aquelas que eram sofredoras, as pobres, as
necessitadas. Ele teve uma palavra sobre a moral centralizada no mandamento do
amor do Senhor, a Deus, ao próximo como a si mesmo (Cfr. Mt 22,37-39). Ele
também falou muito das questões sociais, como a solidariedade, a ajuda para as
pessoas carentes e pobres, a partilha. Ele teve presente também a política como
bem comum para todas as pessoas[3].
A Verdade
Santo Agostinho buscou a Verdade nos níveis humano e divino,
afirmando que Jesus é a Verdade (cfr. Jo 14,6) na qual todas as pessoas são
chamadas a segui-lo. Ele era convicto da originalidade da doutrina cristã,
católica, defendendo-a contra os grupos diversos em seu tempo, como os pagãos,
os judeus, os donatistas, os maniqueus, os arianos, e todas pessoas que não
buscavam a Verdade suprema, o Senhor Jesus. Uma atitude muito importante era o
diálogo com todas as pessoas, os seus adversários, mantendo respeito com eles,
mas ele também era firme em suas convicções religiosas, bíblicas, espirituais,
morais, e humanas[4].
Pastor do Senhor e do povo
Santo Agostinho foi um grande pastor no seguimento a Jesus
Cristo e à Igreja. Ele buscava na comunidade, o sentido do pastoreio em unidade
com Jesus, o Pastor dos pastores. Ele definia-se como servo de Cristo e servo
dos servos de Cristo Jesus. Ele tirava a partir dessas considerações à plena
disponibilidade para servir às necessidades dos fiéis, desejando não ser salvo
sem a presença deles[5]. Desta forma ele via a graça da salvação
dada em sentido comunitário, fraterno.
Mestre e discípulo
Ele se sentia mestre em ligação ao Mestre Jesus Cristo
quando ensinava, procurando também testemunhar com a vida a Palavra de Deus. Ao
mesmo tempo estava presente em sua vida, o sentido do discípulo de Cristo assim
como foram os discípulos de Jesus. Nas diversas controvérsias tratadas por ele,
tinha um desejo que todas as pessoas fossem discípulas do Senhor, Mestre e eles
buscassem a vida na unidade com a Igreja[6].
Bispo – Cristão
Santo Agostinho teve uma fala e prática bem objetivas em
relação ao seu episcopado e o seu ser cristão, seguidor do Senhor na Igreja.
Ele disse: “Para vós sou bispo; convosco, sou cristão ”[7]. Ele não negava a sua missão para com os fiéis,
o povo de Deus no sentido de ser bispo, mas tinha presente que ele era cristão
como o povo de Deus, seguidor de Jesus Cristo e de sua Igreja. Ele também dizia
que deveria levar adiante a missão recebida não escondendo certa preocupação,
mas ele ficava consolado pelo fato de ser cristão com todo o povo de Deus a ele
dado[8].
Santo Agostinho seja uma força no amor a Jesus Cristo e de
sua comunidade eclesial. Assim como ele viveu a sua doação pela Igreja, pelo
Reino seja também para nós um modelo de vida para que nós nos doemos aos outros
e um dia sejamos participante do Reino dos céus.
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[1] Cfr. Institutum Patristicum
Augustinianum. Patrologia. I Padri Latini. Marietti, Casale, Marietti,
1983, pg. 332.
[2] Cfr. Idem, pg. 333.
[3] Cfr. Ibidem.
[4] Cfr. Ibidem.
[5] Cfr. Ibidem, pg. 334.
[6] Cfr. Ibidem.
[7] Dos Sermões de Santo Agostinho,
bispo. Sermo 340,1: PL 38, 1483-1484. In: Ofício das Leituras,
Liturgia das Horas, IV. Aparecida, SP: Editora Vozes, Paulinas, Paulus,
Editora Ave-Maria, 1999, pg. 1293.
[8] Cfr. Idem, pg. 1293.
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