Na sua primeira Audiência Geral, o Papa retomou o ciclo de
catequeses proposto por Francisco para refletir sobre as parábolas. Leão XIV
escolheu aquela do semeador e afirmou que "A Palavra de Jesus é para
todos, mas atua de uma forma diferente em cada pessoa", dependendo do solo
encontrado, de quando estamos "mais superficiais e distraídos" ou
"disponíveis e acolhedores". Mas "Ele nos ama assim: não espera
que nos tornemos o melhor solo, Ele nos dá sempre generosamente a Sua
palavra".
Andressa Collet - Vatican News
"Estou feliz em receber vocês nesta minha primeira
Audiência Geral", disse o Papa Leão XIV, logo no início da catequese, a
sua primeira no encontro semanal e com cerca de 40 mil fiéis na Praça São
Pedro. Também é a segunda do ciclo de catequeses jubilares, preparada pelo
Papa Francisco e divulgada pela Sala de Imprensa da Santa Sé em 16 de abril,
durante o período de convalescença de Bergoglio que veio a falecer 5 dias
depois e há exatamente um mês. Francisco tinha o desejo de "refletir sobre
algumas parábolas" e Leão XIV retomou o tema “Jesus Cristo, nossa esperança”, escolhido por Bergoglio
para este Ano Santo do Jubileu. Nesta quarta-feira (21/05), assim, o Papa
meditou sobre a parábola do semeador (ver Mt 13,1-17), que fala da
dinâmica e dos efeitos da Palavra de Deus, "e o que ela produz", que
é como semente deitada no terreno do nosso coração e no terreno do mundo.
As provocações e os questionamentos
"Cada parábola conta uma história retirada do
quotidiano", recordou Leão XIV, fazendo "nascer em nós
perguntas" como: "onde estou eu nesta história? O que diz esta imagem
à minha vida?". De fato, continuou o Pontífice, "cada palavra do
Evangelho é como uma semente lançada no solo da nossa vida":
"No capítulo 13 do Evangelho de Mateus, a parábola
do semeador introduz uma série de outras pequenas parábolas, algumas das quais
falam precisamente do que acontece no solo: o trigo e o joio, o grão de
mostarda, o tesouro escondido no campo. Então, o que é este solo? É o nosso
coração, mas é também o mundo, a comunidade, a Igreja. A palavra de Deus, com
efeito, fecunda e provoca toda a realidade."
Deus, assim, espalha abundantemente a Palavra, ainda que ela
nem sempre encontre terreno bom para produzir. "A Palavra de Jesus é para
todos, mas atua de uma forma diferente em cada pessoa", reforçou Leão XIV.
"Estamos habituados a calcular as coisas – e às vezes é necessário –
mas isso não vale no amor!". E, apesar de atuar em nós de
modo diverso, a Palavra conserva sempre o poder de fecundar as situações da
vida de cada um, pois vem de Deus e Ele nunca desiste:
"Jesus nos diz que Deus lança a semente da sua
Palavra em todo o tipo de solo, ou seja, em qualquer das nossas situações: ora
somos mais superficiais e distraídos, ora deixamo-nos levar pelo entusiasmo,
ora somos oprimidos pelas preocupações da vida, mas também há momentos em que
estamos disponíveis e acolhedores. Deus está confiante e espera que mais cedo
ou mais tarde a semente floresça. Ele nos ama assim: não espera que nos
tornemos o melhor solo, Ele nos dá sempre generosamente a Sua Palavra."
Leão XIV então, convidou os peregrinos a analisar uma obra
de Vincent van Gogh (1853-1890), a do Semeador no Pôr do Sol. O
pintor holandês, mundialmente conhecido que chegou a produzir quase 900 telas
em menos de 10 dias, pintou um agricultor, com o trigo já maduro e "sob o
sol abrasador" que domina a cena de esperança, lembrando que é Deus
"quem move a história, mesmo que por vezes pareça ausente ou distante. É o
sol que aquece os torrões da terra e faz amadurecer a semente". E o Papa
deixou a sua mensagem final de reflexão:
“Queridos irmãos e irmãs, em que situação da vida nos
chega hoje a Palavra de Deus? Peçamos ao Senhor a graça de acolher sempre esta
semente que é a sua palavra. E se percebermos que não somos solo fértil, não
desanimemos, mas peçamos-Lhe que trabalhe mais em nós para nos tornarmos um
solo melhor.”
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