LAUDATO SI, 10 ANOS DA CARTA DO CUIDADO E DA TERNURA DA
TERRA E SUAS CRIATURAS
21/05/2025
Dom Roberto Francisco Ferreria Paz
Bispo de Campos (RJ)
No dia 24 de maio de 2015 o Papa Francisco publicava a
Encíclica Laudato Si, a primeira sobre a temática ambiental, com o
subtítulo que especifica o foco: Sobre o Cuidado da Casa Comum expressão que
daria a nossa Terra o sentido de lar e habitat comunitário de todos os
seres.
Tem sido considerada a Segunda Carta da Terra, o Evangelho
da Criação fazendo alusão ao seu segundo capítulo, a tradução reflexiva e
pensada do Cântico das Criaturas de São Francisco para os dias de
hoje.
Sem dúvida um documento profético que dá voz ao grito da
Terra não só na sua urgência premente de escapar da destruição, mas de mostrar
a Criação como uma maravilhosa dádiva e dom do Criador.
Se nos perguntássemos qual a novidade e a diferença com
pronunciamentos anteriores do magistério eclesial veríamos uma linha evolutiva
desde a e ética ambiental a partir de São Paulo VI e São João Paulo II ,
passando pela ecologia humana de Bento XVI que aprofundava e demandava um novo
relacionamento do ser humano com a terra em todas as suas dimensões; com
a Laudato Si chegamos a um novo olhar sobre a questão
ambiental que o Papa Francisco chama de Ecologia Integral, por tratar-se de uma
visão inclusiva, sistémica e integradora que postula que tudo está interligado
(LS 16).
Sim, não se pode abordar a questão da pobreza sem ver as
relações com a fragilidade do planeta e a crise climática, a crítica ao
paradigma tecnocrático do poder, com a necessidade de repensar a economia e a
própria política, o valor de cada criatura e o sentido humano da ecologia
superando o reducionismo e limitações de outras propostas ecológicas. Porém a
questão ambiental deve ser pensada desde a vida cotidiana envolvendo a todos e
todas, levando a uma autêntica e profunda conversão ambiental e ecológica, uma
vez que como afirma o Patriarca Bartolomeu: “Quando os seres humanos destroem a
biodiversidade na criação de Deus, quando os seres humanos comprometem a
integridade da terra e contribuem para a mudança climática, desnudando a terra
das florestas naturais ou destruindo as suas zonas húmidas, quando os seres
humanos contaminam as águas, o solo, o ar … tudo isso é pecado”.
Porque afirmava o Papa Francisco um crime contra a natureza
é um crime contra nós mesmos e um pecado contra Deus. Diante desta grave
encruzilhada civilizatória importa viver e testemunhar uma sobriedade feliz,
isto é uma nova forma de viver com modéstia, pureza, e partilha cuidando dos
bens comuns, gerando uma economia circular, colaborativa, que aprenda a
preservar, reciclar e reduzir o impacto de nossa pegada ecológica, tornando-nos
jardineiros, guardiães e cuidadores da Casa Comum. Deus seja louvado!
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