Francisco Vêneto - publicado
em 31/05/23 - atualizado em 29/05/25
"Maria nada atribui a seus méritos, mas reconhece
toda a sua grandeza como dom daquele que, sendo por essência poderoso e grande,
costuma transformar os seus fiéis, pequenos e fracos, em fortes e grandes."
A Visitação de Nossa Senhora a sua prima Santa Isabel é um
dos mais belos episódios narrados pelo Evangelho a respeito da personalidade de
Maria, pró-ativa na caridade e no cuidado para com todos, inclusive quando ela
própria estava grávida e, portanto, também necessitada de cuidados.
Foi durante a visitação à prima que Maria proferiu o célebre
hino do "Magnificat", em que proclama as maravilhas que Deus
fez nela.
É isto o que se exalta no seguinte trecho de uma homilia
de São Beda,
o Venerável, monge inglês do século VIII:
Minha alma engrandece o Senhor e exulta meu espírito em
Deus, meu Salvador (Lc 1,46). Com estas palavras, Maria reconhece, em primeiro
lugar, os dons que lhe foram especialmente concedidos; em seguida, enumera os
benefícios universais com que Deus favorece continuamente o gênero humano.
Engrandece o Senhor a alma daquele que consagra todos os
sentimentos da sua vida interior ao louvor e ao serviço de Deus; e, pela
observância dos mandamentos, revela pensar sempre no poder da majestade divina.
Exulta em Deus, seu Salvador, o espírito daquele que se alegra apenas na
lembrança de seu Criador, de quem espera a salvação eterna.
Embora estas palavras se apliquem a todas as almas santas,
adquirem contudo a mais plena ressonância ao serem proferidas pela santa Mãe de
Deus. Ela, por singular privilégio, amava com perfeito amor espiritual aquele
cuja concepção corporal em seu seio era a causa de sua alegria. Com toda razão
pôde ela exultar em Jesus, seu Salvador, com júbilo singular, mais do que todos
os outros santos, porque sabia que o autor da salvação eterna havia de nascer
de sua carne por um nascimento temporal; e sendo uma só e mesma pessoa, havia
de ser ao mesmo tempo seu Filho e seu Senhor.
O Poderoso fez em mim maravilhas, e santo é o seu nome! (Lc
1,49). Maria nada atribui a seus méritos, mas reconhece toda a sua grandeza
como dom daquele que, sendo por essência poderoso e grande, costuma transformar
os seus fiéis, pequenos e fracos, em fortes e grandes.
Logo acrescentou: E santo é o seu nome! Exorta assim os que
a ouviam, ou melhor, ensina a todos os que viessem a conhecer suas palavras
que, pela fé em Deus e pela invocação do seu nome, também eles poderiam
participar da santidade divina e da verdadeira salvação. É o que diz o Profeta:
Então, todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo (Jl 3,5). É
precisamente este o nome a que Maria se refere ao dizer: Exulta meu espírito em
Deus, meu Salvador.
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