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sábado, 13 de dezembro de 2025

Por que Santa Luzia é conhecida como a protetora dos olhos?

Africa studio - Shutterstock

Reportagem local - publicado em 13/12/18

Conheça a história desta santa, que preferiu arrancar os próprios olhos a renegar a fé em Cristo.

Santa Luzia (ou Santa Lúcia), cujo nome deriva do latim, é muito amada e invocada como a protetora dos olhos, janela da alma, canal de luz.

Conta-se que ela pertencia a uma rica família italiana, que lhe deu ótima formação cristã, ao ponto de Luzia ter feito um voto de viver a virgindade perpétua. Com a morte do pai, Luzia soube que sua mãe queria vê-la casada com um jovem de distinta família, porém pagão. Ao pedir um tempo para o discernimento, foi para uma romaria ao túmulo da mártir Santa Ágeda, de onde voltou com a certeza da vontade de Deus quanto à virgindade e quanto aos sofrimento por que passaria, como Santa Ágeda.

Vendeu tudo, deu aos pobres e logo foi acusada pelo jovem que a queria como esposa. Santa Luzia, não querendo oferecer sacrifício ao deuses e nem quebrar o seu santo voto, teve que enfrentar as autoridades perseguidoras e até a decapitação em 303, para assim testemunhar com a vida, ou morte o que disse: “Adoro a um só Deus verdadeiro, e a ele prometi amor e fidelidade”.

Somente em 1894 o martírio da jovem Luzia, também chamada Lúcia, foi devidamente confirmado, quando se descobriu uma inscrição escrita em grego antigo sobre o seu sepulcro, em Siracusa, Ilha da Sicília. A inscrição trazia o nome da mártir e confirmava a tradição oral cristã sobre sua morte no início do século IV.

Mas a devoção à santa, cujo próprio nome está ligado à visão (“Luzia” deriva de “luz”), já era exaltada desde o século V. Além disso, o papa Gregório Magno, passado mais um século, a incluiu com todo respeito para ser citada no cânone da missa. Os milagres atribuídos à sua intercessão a transformaram numa das santas auxiliadoras da população, que a invocam, principalmente, nas orações para obter cura nas doenças dos olhos ou da cegueira.

Diz a antiga tradição oral que essa proteção, pedida a santa Luzia, se deve ao fato de que ela teria arrancado os próprios olhos, entregando-os ao carrasco, preferindo isso a renegar a fé em Cristo. A arte perpetuou seu ato extremo de fidelidade cristã através da pintura e da literatura. Foi enaltecida pelo magnífico escritor Dante Alighieri, na obra “A Divina Comédia”, que atribuiu a santa Luzia a função da graça iluminadora. Assim, essa tradição se espalhou através dos séculos, ganhando o mundo inteiro, permanecendo até hoje.

Fonte: Canção Nova 

https://pt.aleteia.org/

sexta-feira, 12 de dezembro de 2025

3 ideias espirituais do livro que o Papa acabou de elogiar

Papa Leão XIV | Aleteia

Philip Kosloski - publicado em 10/12/25

O Papa Leão XIV disse que este livro do Irmão Lawrence é uma das chaves para sua própria espiritualidade pessoal.

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Durante uma coletiva de imprensa sobre sua viagem de volta do Líbano em 2 de dezembro de 2025, o Papa Leão XIV disse: "Um de vocês -- há um jornalista alemão aqui -- que me disse outro dia, conte-me um livro, além de St. Agostinho, que poderíamos ler para entender quem é Prevost [o nome de nascimento do Papa é Robert Prevost, ed.]."

O Papa continuou: "E há vários em que pensei, mas um deles é um livro chamado A Prática da Presença de Deus".

Este livro foi escrito por um frade carmelita chamado Irmão Lawrence no século XVII, e tem sido um clássico espiritual popular desde que foi publicado postumamente.

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Para ajudar a entender melhor do que se trata este livro, aqui estão três insights espirituais dele, refletindo que é um livro simples e curto, mas com muita sabedoria rica:

1 - COMO PERMANECER EM PAZ E MANTER SUA MENTE EM DEUS DURANTE O DIA

[Irmão Lawrence] exerceu-se no conhecimento e amor de Deus, resolvendo usar seu maior esforço para viver em um sentido contínuo de Sua Presença e, se possível, nunca Esquecê-Lo ... ele foi ao seu trabalho nomeado na cozinha (pois ele era cozinheiro para a sociedade); lá, tendo considerado primeiro... as coisas que seu escritório exigia, e quando e como cada coisa deveria ser feita, ele passou todos os intervalos de seu tempo, bem como antes e depois de seu trabalho, em oração.

Do ponto de vista do irmão Lawrence, ele nunca quis esquecer de Deus e fez uma tentativa deliberada de sempre manter Deus em sua mente. Ele até fez uma breve oração antes de seus deveres para garantir que isso acontecesse.

Ó meu Deus, já que Tu estás comigo, e devo agora, em obediência aos Teus mandamentos, aplicar a minha mente a estas coisas externas, te suplo que me concedas a graça de continuar na Tua Presença; e para este fim tu me prosperas com a tua ajuda, recebes todas as minhas obras e possui todos os meus afetos.

2 - PEÇA UM AUMENTO NO AMOR EM VEZ DE UMA CURA

O irmão Lawrence aconselhou um amigo em uma de suas cartas a não pedir a Deus uma cura.

Eu lhe disse, na minha última [carta], que [Deus] às vezes permite que doenças corporais curem as cimoses da alma. Tenha coragem, então, faça uma virtude de necessidade [e] peça a Deus, não libertação de suas dores, mas força para suportar resolutamente, por amor a ele, tudo o que ele quiser, e enquanto ele agradar.

Ele acrescenta ainda: "O amor adoça as dores e quando se ama a Deus, sofre-se por ele com alegria e coragem ... ele é o Pai dos aflitos, sempre pronto para nos ajudar. Ele nos ama infinitamente mais do que imaginamos. Ame-o então, e não busque consolo em outro lugar."

3 - PENSE NA ORAÇÃO COMO FAZER COMPANHIA A JESUS COMO UM AMIGO AMADO

Lembre-se do que eu recomendei a você, que é pensar frequentemente em Deus, de dia, de noite, em seus negócios e até mesmo em suas diversões. Ele está sempre perto de você e com você; não o deixe sozinho. Você acharia rude deixar um amigo sozinho, que veio visitá-lo: por que então Deus deve ser negligenciado? Não Se esqueça então Dele, mas pense Nele com frequência, adore-O continuamente, viva e morra com Ele; este é o trabalho glorioso de um cristão; em uma palavra, esta é a nossa profissão, se não a conhecemos, devemos aprendê-la.

Esta imagem da oração é consistente com a experiência de Jesus no jardim, "Quando ele voltou para seus discípulos, ele os encontrou dormindo. Ele disse a Peter: 'Então você não poderia ficar de guarda comigo por uma hora?'" (Mateus 26:40)

De maneira semelhante, Deus nos pede todos os dias para passar um tempo com ele. Não gostaríamos de passar um tempo com ele se ele fosse nosso melhor amigo?

Fonte: https://pt.aleteia.org/

Vilões da alimentação?

Pacotes de bolacha recheada, biscoito, alimentação, ultraprocessados — Foto: Yasmin Castro/g1

Vilões da alimentação? Como saber se um alimento é ultraprocessado e por que os danos ao corpo vão além do que você imagina

Especialistas explicam como identificar um ultraprocessado no rótulo, o que acontece no organismo quando eles entram na rotina e por que seus efeitos atingem intestino, metabolismo e até o cérebro.

Por Talyta Vespa, g1

12/12/2025 02h00  Atualizado há 9 horas

  • O que são ultraprocessados: são formulações industriais com aditivos, substâncias modificadas e pouca comida de verdade; a classificação NOVA explica o grau de processamento.
  • Como identificar no mercado: listas longas de ingredientes, nomes técnicos (espessantes, aromatizantes, emulsificantes), textura padronizada e longa validade são sinais claros.
  • Por que fazem tão mal: desregulam fome e saciedade, ativam excessivamente o sistema de recompensa, geram inflamação, alteram microbiota e favorecem ganho de peso e risco metabólico.
  • Danos que vão além das calorias: aditivos podem liberar substâncias nocivas, irritar o intestino, aumentar permeabilidade e interferir em hormônios e vias neurológicas.
  • Impacto maior em crianças: com cérebro, microbiota e metabolismo em desenvolvimento, elas são mais vulneráveis; efeitos incluem irritabilidade, pior sono, dificuldade de foco e maior risco de problemas futuros.

Eles ocupam cada vez mais espaço no carrinho de compras e na mesa dos brasileiros. Estão nos lanches práticos, nas bebidas de caixinha, nos pães embalados, nas barras integrais e até nos produtos vendidos como “fit”, “zero” ou “ricos em proteínas”.

Todo mundo já ouviu que ultraprocessados fazem mal — mas a pergunta central permanece: o que são eles e, afinal, o que os torna tão problemáticos para o corpo?

De acordo com a classificação NOVA — um sistema criado por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) que organiza os alimentos pelo grau de processamento — ultraprocessados pertencem ao grupo mais artificial de todos.

A lógica é simples: quanto mais distante o produto está da forma original do alimento e quanto mais depende de aditivos, aromas, espessantes e substâncias modificadas em laboratório, maior o seu grau de processamento.

Endocrinologista e metabologista da Clínica Sartor, Jéssica Okubo explica que entram nessa categoria ingredientes que não aparecem na cozinha de casa — emulsificantes, espessantes, aromatizantes, corantes, amidos modificados, óleos interesterificados. “A fração de comida de verdade costuma ser mínima”, afirma.

Como identificar um ultraprocessado na prateleira

O jeito mais simples não é olhar para a frente da embalagem, mas para a lista de ingredientes.

Segundo a nutricionista oncológica Mariana Ferrari, do Comitê Científico do Instituto Vencer o Câncer, quanto mais longa e “estranha” for a lista, maior a chance de ser um ultraprocessado.

“Se o rótulo traz nomes que você não reconhece como alimento — xarope de glicose, gordura vegetal hidrogenada, aromatizante idêntico ao natural, estabilizantes — é praticamente certo que se trata de um ultraprocessado”, diz.

Há também sinais práticos: produtos que duram semanas sem estragar, têm textura sempre igual, sabor padronizado e são muito mais doces ou mais salgados do que versões caseiras.

Nutricionista e especialista em neurociência, Gustavo Corrêa resume a lógica:

“Alimentos com mais de cinco ingredientes já acendem um alerta. E se boa parte deles é impronunciável, não há dúvida: é ultraprocessado.”

Aditivos alimentares e ultraprocessados — Foto: Freepik

Por que fazem tão mal

A primeira camada do problema é conhecida: muitos desses produtos concentram muito sódio, açúcar e gordura. Mas o impacto vai além disso.

  • Eles favorecem o consumo excessivo sem que a pessoa perceba

Como são macios, fáceis de mastigar e altamente palatáveis, esses alimentos reduzem a sensação de saciedade. “Comer sem atenção — no carro, no sofá, no trabalho — faz com que o corpo perca a capacidade de perceber quando já foi suficiente”, diz Okubo.

Isso gera superávit calórico constante, que leva ao ganho de peso e, consequentemente, aumenta o risco de diabetes, hipertensão e dislipidemia.

  • Eles ativam demais o sistema de recompensa do cérebro

A combinação industrial de açúcar + gordura + aditivos provoca uma descarga maior de dopamina. Isso reforça a busca por mais comida, mesmo sem fome.

“É como se o cérebro recebesse um estímulo exagerado de prazer e passasse a pedir repetição”, explica Corrêa.

  • Eles bagunçam hormônios da fome e da saciedade

Okubo detalha que dietas ricas em ultraprocessados aumentam a grelina, hormônio que estimula o apetite, e reduzem GLP-1 e PYY, hormônios que sinalizam saciedade. A consequência é clara: fome maior, menos saciedade e ingestão calórica elevada.

  • Eles provocam inflamação e afetam o intestino

Ferrari explica que parte dos aditivos — como emulsificantes — altera a barreira intestinal, afinando a camada de muco que protege o intestino. Isso facilita a passagem de substâncias inflamatórias para a corrente sanguínea.

Com o tempo, esse processo alimenta inflamação sistêmica, desregula o metabolismo e pode contribuir para resistência à insulina.

Corrêa complementa que esse efeito chega ao sistema nervoso central: “É uma inflamação de baixo grau que não fica só no intestino. Ela altera sinais que chegam ao cérebro e deixa o organismo mais sensível a estresse, irritabilidade e dificuldade de foco”.

  • Eles podem liberar compostos nocivos

Segundo Ferrari, há estudos que mostraram aumento de substâncias como acrilamida — um composto que pode se formar em processos industriais de aquecimento e está associado a risco carcinogênico — e bisfenol, um químico usado em plásticos e revestimentos que pode interferir em hormônios, nos consumidores frequentes de ultraprocessados.

A ciência ainda investiga o impacto de cada aditivo individualmente, mas o consenso entre entidades de saúde é claro: o risco vem do conjunto da obra, e não de um ingrediente isolado.

E esse efeito combinado tende a ser ainda mais intenso em organismos que estão em formação — especialmente crianças e adolescentes.

Pior para crianças e adolescentes

A fase de crescimento é especialmente sensível. O cérebro ainda está maturando áreas responsáveis por atenção, comportamento e tomada de decisão — e a microbiota intestinal também está em formação.

“É um organismo que precisa de nutrientes reais para construir circuitos cerebrais. Quando a base da alimentação é ultraprocessada, essa construção fica mais vulnerável”, explica Corrêa.

Isso se traduz em efeitos concretos: maior irritabilidade, pior sono, dificuldade de manter foco e risco aumentado para problemas metabólicos no futuro.

Os ‘inocentes’ que também são ultraprocessados

Barras de cereal são consideradas ultraprocessados 'saudáveis', mas podem dificultar o processo de emagrecimento. — Foto: Freepik

Muitas vezes, o consumidor associa ultraprocessado a refrigerante, salgadinho e biscoito recheado. Mas há produtos que passam despercebidos:

  • iogurtes “fit” ou com polpa de fruta, mas cheios de aromatizantes e espessantes;
  • barrinhas de cereal feitas com xaropes e óleos refinados;
  • pães de forma “integrais”, com emulsificantes e conservantes;
  • requeijões e queijos processados;
  • leites vegetais industrializados com estabilizantes;
  • snacks “saudáveis”, cookies proteicos e chips de legumes embalados.

Ferrari reforça: “O apelo saudável não garante que o produto é adequado. A leitura do rótulo é indispensável."

Existe quantidade segura?

As entidades internacionais não definem um limite considerado “seguro”.

A recomendação geral é: reduzir ao máximo, mas sem buscar perfeição impossível. Uma alimentação majoritariamente baseada em alimentos in natura protege o corpo para lidar com eventuais exceções.

“Se a base da alimentação é de verdade, o organismo tolera o consumo esporádico de ultraprocessados. O problema é quando eles são a rotina, não a exceção”, diz Corrêa.

Alimentação equilibrada: nas vésperas do Enem, prefira refeições leves e de fácil digestão, como arroz, verduras e legumes cozidos e uma carne magra. — Foto: Freepik

Como reduzir na prática — sem viver preso à cozinha

Os especialistas convergem em um ponto central: mudar tudo de uma vez é inviável. O realista é começar por pequenas trocas.

  • trocar o “pronto” por “quase pronto”: frutas, castanhas, iogurte natural, ovos, bolos simples;
  • preparar alimentos em pequenos lotes (frango desfiado, legumes picados, arroz porcionado);
  • priorizar temperos frescos e preparos caseiros;
  • manter opções rápidas e naturais acessíveis;
  • criar o hábito de ler rótulos.

“Planejamento é a peça-chave”, diz Corrêa. “Quando a casa está organizada para escolhas melhores, comer bem deixa de ser um esforço e vira consequência.”

Fonte: https://g1.globo.com/

A súplica do Papa à Virgem de Guadalupe: o ódio não marque a história da humanidade

Santa Missa por ocasião da festa de Nossa Senhora de Guadalupe (Vatican News)

Assim como fazia Francisco, Leão XIV também presidiu a santa missa por ocasião da festa de Nossa Senhora de Guadalupe. Celebrada toda em espanhol, o Pontífice proferiu uma homilia em forma de oração, pedindo à Virgem que não permita que o ódio marque a história da humanidade nem que a mentira escreva sua memória.

Vatican News

Na Basílica Vaticana, o Papa Leão presidiu à Santa Missa por ocasião da festa de Nossa Senhora de Guadalupe na presença de milhares de fiéis, sendo alguns deles vestidos com trajes típicos mexicanos. Em sua homilia, comentou as leituras do dia, de modo especial a alegria de Maria ao visitar sua prima Isabel, como relatado no Evangelho.

Durante toda a sua existência, explicou o Santo Padre, Maria leva essa alegria onde a alegria humana não basta, onde o vinho se esgotou. Assim aconteceu em Guadalupe. No monte Tepeyac, "ela desperta nos habitantes da América a alegria de saber-se amados por Deus". Em meio a conflitos incessantes, injustiças e dores que buscam alívio, Nossa Senhora proclama o núcleo de sua mensagem: "Não estou eu aqui, que sou tua mãe?". "É a voz que faz ressoar a promessa da fidelidade divina, a presença que sustenta quando a vida se torna insuportável", comentou o Pontífice, que celebrou toda a missa em espanhol.

Uma oração a Nossa Senhora de Guadalupe

A maternidade que Ela declara nos faz descobrir-nos filhos. E a partir deste ponto, a homilia de Leão XIV prosseguiu em forma de oração, com os nossos anseios dirigidos a Ela: 

“Mãe, ensina às nações que querem ser seus filhos a não dividir o mundo em bandos irreconciliáveis, a não permitir que o ódio marque sua história nem que a mentira escreva sua memória. Mostra-lhes que a autoridade deve ser exercida como serviço, não como domínio. Instrui seus governantes em seu dever de custodiar a dignidade de cada pessoa em todas as fases da vida. Faze desses povos, teus filhos, lugares onde cada pessoa possa sentir-se acolhida.”

O Santo Padre pediu também pelos mais jovens, "para que obtenham de Cristo a força de escolher o bem e a coragem de permanecer firmes na fé, ainda que o mundo os empurre em outra direção", afastando deles as ameaças do crime, das dependências e do perigo de uma vida sem sentido.

Aos que se afastaram da Igreja, Leão suplica a Maria que derrube os muros que nos separam e traga de volta para casa, transformando o coração daqueles que semeiam discórdia ao desejo de Jesus de que «todos sejam um», já que não deve haver espaço para a divisão dentro da comunidade eclesial.

A oração do Pontífice foi ainda para que Maria fortifique as famílias, que os pais eduquem com ternura e firmeza, de modo que cada lar seja escola da fé. Que os educadores formem mentes e corações para que transmitam a verdade; que Nossa Senhora sustente o clero e a vida consagrada na fidelidade cotidiana, renovando seu primeiro amor, protegendo-os da tentação, animando-os no cansaço e socorrendo os abatidos.

"Virgem Santa, ajuda-nos a compreender que, embora destinatários, não somos donos dessa mensagem, mas, como são Juan Diego, somos seus simples servidores. Que vivamos convencidos de que onde chega a Boa-Nova tudo se torna belo, tudo recupera a saúde, tudo se renova. Ajuda-nos para não manchar com nosso pecado e miséria a santidade da Igreja que, como tu, é mãe."

O Pontífice concluiu pedindo auxílio a si mesmo, Sucessor de Pedro, "para que confirme no único caminho que conduz ao Fruto bendito de teu ventre todos os que me foram confiados". "E faze que, confiando em tua proteção, avancemos cada vez mais unidos, com Jesus e entre nós, rumo à morada eterna que Ele nos preparou e na qual tu nos esperas. Amém."

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

EXEGESE: «Conceberás no teu ventre» (Lc 1,31)

Um painel da predela da Maestà, um retábulo executado por Duccio di Buoninsegna em Siena entre 1308 e 1311: a Anunciação, um painel preservado na National Gallery em Londres | 30Giorni.

EXEGESE

Arquivo 30Dias nº 04 - 1999

«Conceberás no teu ventre» (Lc 1,31): o anjo anuncia a Maria a sua concepção virginal.

Por Ignace de la Potterie

I. A passagem da Anunciação é uma das mais belas e profundas do Evangelho de Lucas; mas também é uma das mais complexas, frequentemente interpretada de forma aproximada, senão incorreta. Propomos aqui a análise de apenas um versículo ( Lc 1,31), levando em consideração todo o seu contexto. 

anjo Gabriel vem de Deus para comunicar à Virgem Maria o anúncio da Encarnação iminente. Maria, que era a prometida em casamento a José, é informada de que se tornará a mãe virginal do Filho de Deus. Mas Deus já havia preparado Maria para sua missão há muito tempo: de fato, ela havia experimentado ser "tornada agradável" (kexaritvménh) a Deus, sob a influência da graça. Este é o verdadeiro significado da "gratia plena", que ainda recitamos em nossas orações, mas muitas vezes sem compreender seu significado completo.

O pretérito perfeito passivo do verbo (kexaritvménh) indica que se trata de uma ação passada da graça sobre Maria, uma ação, portanto, anterior à Anunciação: por muito tempo, Maria sentiu-se interiormente orientada para um evento futuro ainda desconhecido; ela experimentou em si um profundo "desejo de virgindade" (São Tomás); São Bernardo também disse que a graça de Maria era "a graça da virgindade". Assim, orientada por essa graça, Maria foi preparada para sua própria missão, a de se tornar a mãe do Filho de Deus encarnado, mas de forma virginal. Este era o contexto que precedia o evento específico do qual o evangelista fala em Lucas 1:31.

II. Agora, queremos examinar cuidadosamente o versículo 1:31, que constitui o primeiro anúncio verdadeiro do anjo a Maria. No texto grego, o início do versículo é formulado em poucas palavras: "Eis que conceberás no teu ventre ". Essas palavras aparentemente banais são estranhamente ignoradas por quase todos os comentaristas, tanto do passado quanto do presente. Gostaríamos de mostrar seu verdadeiro significado; aqui, o anjo anuncia a Maria o grande paradoxo: sua concepção, agora iminente, será virginal. Essas poucas palavras, porém, devem ser cuidadosamente integradas ao versículo completo, onde três momentos sucessivos são distinguidos:

1) " Conceberás no teu ventre" e

2) " darás à luz um filho" e 3) " chamarás o seu nome Jesus" (versão Utet, diferente do texto CEI). Um dos principais paradoxos da atual situação exegética em torno deste texto é a frequente omissão das palavras "em teu ventre", sob a banal desculpa de serem inúteis, pleonásticas: não é óbvio que uma mulher sempre concebe em seu ventre? Mas Lucas, que era médico . Contudo, Lucas também era evangelista ; por isso, manteve as palavras "no ventre": para ele, elas deviam ter um significado importante. Tentaremos descobrir isso por meio de uma análise cuidadosa do seu texto. Se muitos modernos as omitem, trata-se de uma audácia pretensiosa e inadmissível; mas, obviamente, fazem-no porque não as compreendem. Portanto, gostaríamos de mostrar que elas têm considerável importância: se o anúncio feito pelo anjo a Maria em Nazaré de que sua concepção ocorreria inteiramente " no ventre" for verdadeiro ou não , então será completamente interior ; portanto, será uma concepção virginal. Vejamos por quê. 

III. Primeiramente, examinemos o versículo Lucas 1:31 em todos os seus aspectos, para compreender suas diversas nuances ocultas. O essencial a ter em mente é que aqui há uma referência indireta à famosa profecia sobre Emanuel em Isaías 7:14 (grego), à qual Mateus 1:23 também se referia, no contexto do anúncio a José. Em Isaías 7:14, assim como em Mateus 1:23, havia a mesma fórmula: "Eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho, e chamarão o seu nome Emanuel" (em Isaías, a segunda pessoa do singular: "chamarás"). No texto de Mateus, com referência ao de Isaías, há uma referência indireta à famosa profecia sobre Emanuel em Isaías 7:14 (grego), à qual Mateus 1:23 também se referia, no contexto do anúncio a José. Em Isaías 7:14 , assim como em Mateus 1:23 , havia a mesma fórmula: "Eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho, e chamarão o seu nome Emanuel" (em Isaías , a segunda pessoa do singular: "chamarão").

O anjo explica a José como ocorrerá a Encarnação: " a virgem estará em seu ventre ".

Na formulação de Lucas, comparada com as de Isaías e Mateus , observamos duas diferenças singulares:

a) O sujeito da frase ("a virgem", nos outros dois textos) desapareceu; a razão é que ali a frase foi formulada na terceira pessoa, enquanto Lucas, apresentando o texto em um diálogo direto entre o anjo e Maria, usa necessariamente a segunda pessoa ("você conceberá"). Mas, assim, a relação direta entre o verbo "conceber" e o sujeito "a virgem" também desaparece. No entanto, esse substantivo "virgem" já havia sido antecipado duas vezes por Lucas na introdução narrativa do versículo ( Lc 1,27: "à virgem [...], nome da virgem..."); mas o diálogo propriamente dito começa apenas no v. 28;

b) O verbo também é diferente: em vez de « ter no ventre» ( •n gastrì ≥jei ) de Isaías Mateus , Lucas faz o anjo dizer: « conceberás sullÄmcei ] no ventre». Ora, “conceber no ventre” é uma fórmula paradoxal, nova, absolutamente única em toda a Bíblia. Por que Lucas introduziu uma expressão tão estranha, completamente nova, com seu aspecto aparentemente pleonástico ?

A razão é bastante óbvia. Para falar da concepção comum de uma mulher, o Antigo Testamento geralmente usava duas fórmulas: “ receber no ventre” (por exemplo, Gênesis 28:25; Isaías 8:3, etc.), em referência ao homem de quem a mulher “recebe” a semente em seu ventre (o nome do homem às vezes é indicado); ou “ ter no ventre”, após a relação sexual da mulher com o homem, mas também aqui, após tê-la “recebido” de um homem ; Assim, indicava-se uma mulher que já estava grávida (cf. Gn 38, 25; Am 1, 3, etc.).

Para Lucas, essas duas fórmulas foram excluídas, porque ele sabia que Maria havia dito: «Não tenho conhecimento de homem » ( Lc 1, 34), «Sou virgem»; a solução de Lucas foi substituir essas duas fórmulas bíblicas usuais, mas ambas ambíguas, pelo simples verbo “conceber” ( sulambán ), que também é muito frequente no Antigo Testamento (mas sempre sem o verbo principal).a adição "no ventre"). O evangelista, por sua vez, usa o verbo "conceber" duas vezes, mas com a adição aparentemente supérflua "no ventre": observemos, porém, que ele o faz apenas para Maria. Para entender sua razão, vejamos como ele usa o verbo "conceber" várias vezes, às vezes sem , mas também com a especificação "no ventre".

Há quatro textos significativos para comparar: dois para Isabel e dois para Maria. Ora, Isabel, sendo esposa de Zacarias e mãe do Batista, certamente não era virgem; não é coincidência que Lucas use "conceber" duas vezes para ela sem a adição "no ventre": "Isabel, sua mulher, concebeu e se ocultou por cinco meses" (1, 24); e a Maria o anjo explica: «Isabel, tua parenta, também concebeu [a semelhança entre as duas parentes consiste apenas no fato de ambas conceberem , não, porém, na maneira de conceber] um filho na sua velhice» (1, 36). No entanto, para Maria, Lucas usa o mesmo verbo “conceber” duas vezes, desta vez com o acréscimo de “no ventre”; o primeiro texto é nosso: «conceberás no ventre » (1, 31); mais adiante lemos: «...como [Jesus] foi chamado pelo anjo, antes de ser concebido no ventre » (2, 21). Esta fórmula “no ventre”, aparentemente inútil e pleonástica, é única em toda a Escritura; isto significa que tem um significado especial, e isto é ainda mais verdadeiro quando se observa que se encontra nestes dois textos próximos (1, 31; 2, 21), ambos a falar de Maria: anunciam a sua conceção virginal.

Do ponto de vista histórico-salvífico e teológico, esses dois "fatos linguísticos" (o da manutenção do verbo "conceber", mas com a especificação "no útero") devem ter um duplo significado em relação a Maria: por um lado, a retomada do verbo tradicional "conceber", comumente usado para muitas outras mulheres, indicava que também para Maria o realismo físico de uma concepção corporal autêntica , não mítica, seria mantido (isto não é teólogo!); por outro lado, a adição "no útero", apenas para ela , alertava que essa concepção física tinha que ser inteiramente interior (" no útero"), sem qualquer penetração externa por qualquer "semente viril". Tal concepção totalmente interior, portanto, tinha que ser alcançada por um poder. Real, certamente, mas não física ; exigia uma ação fertilizadora, sim, mas espiritual. Ora, o nosso texto, assim preparado e antecipado, é o versículo 1:35, onde se explica que o próprio Espírito Santo teve de descer sobre Maria, para produzir nela , isto é, " no ventre de Maria", uma concepção real, mas puramente interior . Tal concepção, sem relação sexual, devido ao "poder do Altíssimo", tinha necessariamente de ser uma concepção virginal. Observemos, por fim, que o versículo final da passagem (1:35b destaca muito bem o significado histórico-salvífico desta concepção virginal: "Por isso [ diò kaí ]", diz o anjo a Maria, "o santo [filho] que há de nascer [de ti] será chamado Filho de Deus ". Da comparação dos diferentes versículos, conclui-se que Jesus , se era o Filho do Altíssimo (v. 32), era necessariamente o Filho de Deus (v. 35). 

IV. Para concluir toda esta análise, releiamos cuidadosamente, primeiro o versículo 1:31 em sua estrutura interna em três partes (a concepção no ventre de Maria, o nascimento de um filho, a nomeação de Jesus), mas também em sua extensão da saudação anterior do anjo, no início de toda a narrativa ( Lc 1:28). Descobrimos, assim, uma bela continuidade, uma verdadeira progressão, no desenvolvimento do tema da virgindade de Maria . A partir de 1:28 ("gratia plena", explicada acima), sabemos que Maria, por muito tempo, fora preparada pela graça para sua futura missão, com um misterioso "desejo de virgindade ". No momento da Encarnação, então, o anjo lhe traz a grande mensagem: sua iminente concepção ocorrerá, sim, mas " no ventre", isto é, sem relação sexual: será, portanto, uma concepção virginal , operada nela pelo Espírito Santo. Entre a longa preparação da graça por Maria para sua futura missão e sua efetiva realização em seu ventre no momento da Encarnação, a continuidade foi perfeita: Maria, depois de ter "concebido", mas também de ter "dado à luz" virginalmente ("aquilo que nascerá santo ", imaculado) a seu filho Jesus sob a ação do Espírito Santo, pôde apresentá-lo aos homens como Filho de Deus.

Existe uma perfeita coordenação entre esses versículos: após a preparação da graça por Maria (seu profundo desejo de virgindade), vem o anúncio de sua concepção virginal e, em seguida, o de seu nascimento virginal ; essas etapas da vida de Maria deveriam revelar ao mundo que seu filho, Jesus, era o Filho de Deus. Mas no centro de toda a história está o anúncio da concepção virginal de Maria.

Fonte: https://www.30giorni.it/

Pe. Pasolini: que a Igreja seja casa de todos, comunhão não é uniformidade

Segunda meditação do Advento - Ano A (Vatican News)

Esta manhã, na Sala Paulo VI, na presença do Papa, foi proferida a segunda de três meditações do Advento pelo pregador da Casa Pontifícia, sobre o tema "Reconstruir a Casa do Senhor. Uma Igreja sem contraposições". A unidade da fé não é uniformidade: a verdadeira comunhão não teme o confronto porque a diferença é a gramática da existência. Os riscos do "pensamento único" dos totalitarismos e da homologação da inteligência artificial.

https://youtu.be/0m2c6ByDDhM

Isabella Piro – Cidade do Vaticano

De que unidade devemos dar testemunho? E como oferecer ao mundo uma comunhão crível que não seja, genericamente, fraternidade? Estas foram as principais questões propostas na segunda de três meditações do Advento proferidas pelo Pe. Roberto Pasolini, pregador da Casa Pontifícia. O frade menor capuchinho propô-las a Leão XIV e aos seus colaboradores da Cúria Romana na manhã desta sexta-feira, 12 de dezembro, na Sala Paulo VI. O tema escolhido para as três reflexões é: ""Aguardando e apressando a vinda do dia de Deus".

"A Parusia do Senhor. Uma espera sem hesitação" é o tema da primeira das três meditações de preparação ao Natal na manhã desta sexta-feira, 5 de dezembro, na Sala Paulo VI. Na ...

A Torre de Babel e o medo da dispersão

Após a primeira meditação de 5 de dezembro, dedicada à "Parusia do Senhor", nesta sexta-feira o Pe. Pasolini articulou sua reflexão em torno de três imagens: a Torre de Babel, o Pentecostes e a reconstrução do Templo de Jerusalém. A primeira imagem — a de uma cidade fortificada e uma torre imponente — é o emblema de uma família humana que, após o dilúvio, busca exorcizar "o medo da dispersão". Mas tal projeto esconde "uma lógica mortal", já que a unidade é buscada "não pela reconciliação das diferenças, mas pela uniformidade".

O pensamento único dos totalitarismo do Século XX

"É o sonho de um mundo onde ninguém é diferente, ninguém corre risco, tudo é previsível", observou o padre Pasolini, tanto que a torre é construída não com pedras irregulares, mas com tijolos idênticos entre eles. O resultado é, sim, a unanimidade, mas uma unanimidade aparente e ilusória, porque "é alcançada ao custo da eliminação das vozes individuais".

A partir daí, o pensamento do pregador volta-se para os tempos modernos e contemporâneos, nomeadamente, para os totalitarismos do século XX que impuseram o "pensamento único", silenciando e perseguindo a dissidência. Mas "cada vez que a unidade é construída suprimindo as diferenças - acrescentou - o resultado não é a comunhão, mas a morte".

Texto integral, em italiano, da II Pregação do Advento

O consenso rápido das redes sociais e da IA

Também hoje, "na era das redes sociais e da inteligência artificial", os riscos da padronização não faltam, antes pelo contrário; surgem em novas formas, em que os algoritmos criam "bolhas de informação" unívocas, esquemas previsíveis que reduzem a complexidade humana em um padrão, plataformas que visam o consenso rápido, penalizando a "dissidência reflexiva".

Trata-se de uma tentação que "não poupa sequer a Igreja", explicou o capuchinho, recordando as muitas vezes ao longo da história em que a unidade da fé foi confundida com uniformidade, em detrimento do "ritmo lento da comunhão que não teme o confronto e não apaga as nuances".

A diferença é a gramática da existência

Um mundo construído sobre a utopia de cópias idênticas, continuou o sacerdote, "é a antítese da criação", porque "Deus cria separando, distinguindo, diferenciando" a luz das trevas, as águas da terra, o dia da noite.

Nesse sentido, "a diferença é a própria gramática da existência", e rejeitá-la significa inverter "o impulso criador" em busca de uma falsa segurança que é, na verdade, "uma rejeição da liberdade".

As pregações terão lugar na Sala Paulo VI, no Vaticano, nas três sextas-feiras que antecedem o Natal: a primeira, este 5 de dezembro, e depois nos dias 12 e 19, às 9h locais. Serão ...

Deus restaura a dignidade às singularidades

A confusão de línguas com que Deus responde à Torre de Babel, portanto, não é uma punição, mas sim "uma cura", enfatizou o pregador da Casa Pontifícia: o Senhor "restitui a dignidade às singularidades", dando novamente à humanidade "o bem mais precioso", ou seja, "a possibilidade de não sermos todos iguais". Porque "não existe comunhão sem diferença".

Pentecostes, emblema da comunhão

A segunda imagem é a de Pentecostes, o emblema da comunhão apesar da ausência de uniformidade. Os apóstolos falam a sua própria língua, e os ouvintes a compreendem na sua, porque "a diversidade permanece, mas não divide"; as diferenças não são eliminadas para criar unidade, mas transformadas "no tecido de uma comunhão mais ampla".

A renovação da Igreja, uma necessidade perene

O padre Pasolini ilustrou então a terceira imagem: o Templo de Jerusalém, destruído e reconstruído muitas vezes. Cada reconstrução, explicou ele, "nunca pode ser um caminho linear", porque a compô-la serão "entusiasmos e lágrimas, novos impulsos e arrependimentos profundos". Tudo isso é "um precioso compêndio" para compreender "a perene necessidade" de renovação da Igreja, bem encarnada por São Francisco de Assis.

A Igreja, de fato, é chamada a permitir-se ser continuamente reconstruída para revelar "a beleza do Evangelho", permanecendo fiel a si mesma e, ao mesmo tempo, continuando a "colocar-se a serviço do mundo".

Acolher a variedade, não apagá-la

Longe de ser "uma necessidade extraordinária", enfatizou o padre Pasolini, a renovação eclesial é "a atitude ordinária" da Igreja fiel ao mandato apostólico e, sobretudo, não é uniformidade, nem "uma obra pacífica". A Igreja que se renova, de fato, é aquela capaz de "acolher a diversidade" e capaz  de "um combate espiritual autêntico", livre dos "atalhos de puro conservadorismo e de inovação acrítica". Porque a comunhão nunca é "um sentimento homogêneo", nem uma recíproca eliminação, mas antes um lugar de "escuta recíproca". Só assim, de fato, "a Igreja pode verdadeiramente voltar a ser o lar de todos".

O Concílio Vaticano II e a "Primavera do Espírito"

Uma última reflexão do padre Pasolini foi dedicada ao Concílio Vaticano II: sessenta anos após, a grande assembleia , frequentemente descrita como a "primavera do Espírito", emerge quer "um declínio das práticas, dos números e das estruturas históricas da vida cristã" quanto um novo fermento do Espírito, evidenciado pela "centralidade da Palavra de Deus", por um laicato "mais livre e mais missionário", por "um caminho sinodal" que se tornou uma "forma necessária" e por um cristianismo que "floresce em muitas regiões do mundo".

Retornar ao coração do Evangelho

O declínio, explicou o pregador, torna-se decadência se a Igreja perde a "consciência da própria natureza sacramental e se percebe como uma organização social", reduzindo a fé à ética, a liturgia à performance e a vida cristã a moralismo.

Em vez disso, para além de posições ideológicas, como o tradicionalismo e o progressismo, o declínio pode se tornar "um tempo de graça" no momento em que a Igreja retorna "ao coração do Evangelho", distanciando-se de "estratégias" humanas, de "contraposições que dividem e tornam estéril cada diálogo", bem como de "soluções imediatas e fáceis".

A Igreja, dom a ser protegido e serviço

Em última análise, concluiu o padre Pasolini, a Igreja não é algo a ser edificado segundo critérios humanos, mas é "um dom a ser recebido, protegido e servido" com gestos humildes, dia após dia, cada um com um fragmento de fidelidade e caridade. O pregador da Casa Pontifícia concluiu então sua reflexão com uma oração ao Senhor para que "o povo dos fiéis possa sempre progredir na construção da Jerusalém celeste".

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

quinta-feira, 11 de dezembro de 2025

Hoje é dia de santa Maravilhas de Jesus, de nobre senhora a reformadora do Carmelo

Santa Maravilhas de Jesus. | ACI Digital.

Por Redação central

11 de dez de 2025 às 00:01

A Igreja celebra hoje (11) Maria das Maravilhas Pidal y Chico de Guzmán, mais conhecida como santa Maravilhas de Jesus.

A santa nasceu em Madri, Espanha, em 4 de novembro de 1891. Ao entrar para a Ordem das Carmelitas Descalças, recebeu o nome de “Maria das Maravilhas de Jesus”. Além de ser reconhecida por ter promovido a renovação espiritual da sua ordem, é uma das místicas mais importantes do século XX.

Seus pais pertenciam à nobreza espanhola. Seu pai era Luis Pidal y Mon, segundo Marquês de Pidal, e sua mãe era Cristina Chico de Guzmán y Muñoz, neta e sobrinha dos condes de Retamoso. Luis Pidal foi ministro do desenvolvimento da Espanha e depois embaixador junto à Santa Sé.

Em 1921 professou os votos religiosos e apenas alguns anos depois aventurou-se a fundar um convento carmelita em Getafe, no já famoso Cerro de los Ángeles, muito perto do "centro geográfico" da Espanha. Para isso contou com o apoio de dom Leopoldo Eijo y Garay, bispo de Madri-Alcalá.

Em 1924, a irmã Maria das Maravilhas e outras três freiras carmelitas mudaram-se para a cidade de Getafe, para uma residência temporária, enquanto a construção do convento terminava. Em 30 de maio de 1924, Maria das Maravilhas fez a profissão solene e em junho de 1926 foi nomeada prioresa da comunidade do mosteiro do Sagrado Coração e Nossa Senhora dos Anjos, inaugurado poucos meses depois.

Durante a Guerra Civil Espanhola, a irmã Maria das Maravilhas dedicou-se de maneira especial à oração, mas também, com autorização papal, à assistência aos necessitados e às vítimas da guerra. Sempre foi uma mulher comprometida em ajudar os outros, com o desejo de ser como Cristo em tudo.

“Eu quero viver apenas para imitar a vida de Cristo o máximo possível”, escreveu ela certa vez, consciente de que a união com Deus é a força motriz para amar aqueles que sofrem mais.

Em consonância com esse espírito de caridade, a irmã Maria das Maravilhas promoveu a fundação de vários “carmelos” – nome dado aos conventos carmelitas descalços – e promoveu a volta ao espírito reformador de santa Teresa de Jesus

Nos carmelos as irmãs viviam em verdadeira pobreza, dedicando-se ao trabalho manual para o seu sustento e às tarefas mais simples.

Santa Maravilhas de Jesus morreu em 11 de dezembro de 1974, aos 83 anos. Foi beatificada em Roma pelo papa São João Paulo II, em 10 de maio de 1998. O próprio papa, são João Paulo II, canonizou-a em 4 de maio de 2003, juntamente com santa Genoveva Torres, são Pedro Poveda, santa Ângela da Cruz e são José Maria Rubio S.J.

“Que felicidade morrer carmelita!” (Santa Maria das Maravilhas de Jesus).

Fonte: https://www.acidigital.com/

EDITORIAL: O rebento do Concílio, sessenta anos depois

Abertura do Concílio Vaticano II - 11 de outubro de 1962  (Archivio Fotográfico Vatican Media)

A proclamação da fé e a consciência de uma Igreja que sabe que não brilha com a sua própria luz.

ANDREA TORNIELLI

Em uma homilia memorável proferida em 11 de maio de 2010, em Lisboa, Bento XVI observou: "Frequentemente nos preocupamos com as consequências sociais, culturais e políticas da fé, dando como certo que essa fé existe e isso, infelizmente, é cada vez menos realista”. É precisamente essa constatação, que leva em conta a realidade da secularização e da descristianização, que está na origem do Concílio Ecumênico Vaticano II, cujo sexagésimo aniversário acabamos de celebrar. Muitos dentro da Igreja, desde o início do século XX, já viam a crescente dificuldade em transmitir a fé nas sociedades da primeira evangelização, as chamadas "cristandade". Essa dificuldade não se deparava com uma aversão aberta e frontal ao cristianismo, mas sim com o desinteresse. Essa foi a aguda percepção do arcebispo Giovanni Battista Montini quando chegou a Milão em meados da década de 1950 e se deparou com ambientes cada vez mais impermeáveis ​​e distantes da mensagem do Evangelho: a classe trabalhadora, o mundo financeiro e o mundo da alta moda. A grande questão que fundamentou a corajosa decisão de João XXIII de convocar o Concílio e a sábia liderança de Paulo VI, que milagrosamente o conduziu a uma conclusão com apoio praticamente unânime, era, portanto, uma única questão: como voltar a anunciar o Evangelho aos homens e mulheres de hoje? Ficou claro, então, que o "cristianismo", caracterizado por sociedades imersas na cultura cristã em todas as suas expressões, estava em declínio, e que a transmissão da fé exigia novas linguagens para redescobrir o que é verdadeiramente essencial e testemunhá-lo ao mundo.

Nas décadas seguintes ao encerramento do Concílio Vaticano II, seus efeitos estiveram no centro de debates e polêmicas ideológicas, muitas das quais ainda não foram superadas, entre aqueles que atribuem ao Concílio a crise da Igreja e a própria descristianização, e aqueles que pensam que a solução é adaptar-se ao mundo. Os primeiros não percebem que a crise tinha começado muito antes de 1962 e continuam perseguindo o sonho de uma restauração impossível, oferecendo a imagem de uma Igreja sitiada cuja única defesa é se fechar em um forte. Os segundos sonham com reformas elaboradas em gabinetes por especialistas para se adaptar às mudanças da sociedade, mas que não partem da experiência cotidiana do povo santo de Deus.

O que o último concílio ensinou e que se encontra no magistério dos Sucessores de Pedro desde 1965 até hoje, está bem sintetizado nas primeiras linhas da Constituição Dogmática Lumen gentium: “Cristo é a luz dos povos: este santo Concílio, reunido no Espírito Santo, deseja ardentemente, anunciando o Evangelho a toda criatura, iluminar todos os homens com a luz de Cristo que resplandece no rosto da Igreja”. Encontra-se aqui um núcleo central que nunca se pode dar como adquirido na ação eclesial, nem mesmo na pós-conciliar, nem mesmo na dos dias de hoje. A Igreja não brilha com luz própria, não irradia luz própria, não é a fonte do anúncio. A Igreja só pode procurar ser transparente, isto é, fazer transparecer, brilhar a luz de Cristo. É a luz de Cristo que resplandece no rosto da Igreja.

Esta constatação, tão evidente no magistério dos Padres da Igreja, está repleta de consequências. Uma Igreja que sabe que não é nem a fonte nem a "dona" da fé, evita toda autossuficiência e autorreferencialidade, não vive com o olhar fixo no passado, não busca o apoio dos poderosos do momento, não procura impor a fé, não a reduz a regras, tradições, estratégias ou projetos humanos, sabe reconhecer as suas próprias inadequações pedindo perdão, dialoga livremente com todos, busca a Face do seu Senhor deixando-se evangelizar por aqueles que estão longe e o reconhece onde quer que Ele se manifeste livremente. Vive a misericórdia, o acolhimento, a proximidade aos pobres e marginalizados, e um compromisso com a paz e a justiça como forma de ser o sal da terra e deixar a luz de Cristo resplandecer no mundo, testemunhando a lógica de um Deus que — como Leão XIV nos lembrou na catedral de Istambul em 28 de novembro passado — “escolheu o caminho da pequenez para descer entre nós”, que “não se impõe chamando a atenção” e que, portanto, não precisa de nossas proclamações, nossas invectivas ou nossas estratégias para se fazer conhecido.

Falando sobre o Reino de Deus e a forma como ele se manifesta em Jesus Cristo, o Bispo de Roma disse no Angelus de 7 de dezembro: “O profeta Isaías o compara a um rebento: uma imagem não de poder ou destruição, mas de nascimento e novidade. Sobre o rebento que brota de um tronco aparentemente morto, começa a soprar o Espírito Santo com seus dons. Cada um de nós pode pensar numa surpresa semelhante que lhe aconteceu na vida. É a experiência que a Igreja viveu com o Concílio Vaticano II, que se concluiu há exatamente sessenta anos: uma experiência que se renova quando caminhamos juntos em direção ao Reino de Deus, todos ansiosos por acolhê-lo e servi-lo. Então, não só brotam realidades que pareciam fracas ou marginais, mas se realiza o que humanamente se diria impossível”.

Esta Igreja, que vive no mundo o mistério de Cristo, já está presente em muitas pessoas e comunidades, como nos testemunham as histórias de esperança que surgiram neste ano jubilar. Sessenta anos depois, ainda estamos nas fases iniciais do percurso que o Concílio nos indicou e que todos somos chamados a fazer germinar.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

[RETROSPECTIVA] As 12 grandes datas que marcaram o ano de 2025 no Vaticano

Antoine Mekary | ALETEIA

I. Media - Cibele Battistini - publicado em 11/12/25

Neste fim de ano de 2025, apresentamos uma edição que revisita um ano excepcional sob vários aspectos: o “Jubileu” – evento que normalmente ocorre a cada quarto de século –, a morte do papa Francisco e o início de um novo pontificado. Primeiro capítulo: as 12 datas que marcaram este ano histórico no Vaticano.

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6 DE JANEIRO: O PAPA NOMEIA A PRIMEIRA MULHER PREFEITA DE UM DICASTÉRIO

O papa Francisco nomeia a religiosa italiana Simona Brambilla, ex-superiora geral das Irmãs Missionárias da Consolata, como prefeita do Dicastério para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica. Até então secretária deste organismo responsável pela vida religiosa, ela se torna a primeira mulher da história a chefiar um dicastério da Cúria Romana. Essa nomeação tornou-se possível graças à nova constituição apostólica Praedicate Evangelium (2022). Mas, por motivos jurídicos – especialmente a assinatura de certos decretos que exigem dignidade episcopal – a irmã Brambilla é acompanhada por um “pro-prefeito”, o cardeal espanhol Ángel Fernández Artime.

14 DE FEVEREIRO: O PAPA FRANCISCO É HOSPITALIZADO NO GEMELLI

O papa Francisco, sofrendo de uma afecção respiratória que limitava seus compromissos havia cerca de quinze dias, é internado no hospital Gemelli. Diagnóstico da equipe médica: infecção múltipla nos pulmões e pneumonia. Começa então para o pontífice argentino, de 88 anos, um período de tratamento em isolamento total por 38 dias. Os boletins diários da Sala de Imprensa da Santa Sé relatam várias crises respiratórias graves, e, na véspera de sua alta, em 23 de março, os médicos alertam que o papa não está “fora de perigo”. Ao retornar ao Vaticano, Francisco, usando cânulas nasais, faz apenas raras aparições para saudar os fiéis.

21 DE ABRIL: ÀS 7H35, O PAPA FRANCISCO FALECE

“Às 7h35 desta manhã, o bispo de Roma, Francisco, retornou à casa do Pai.” O cardeal camerlengo Kevin Farrell anuncia a morte do pontífice argentino em uma transmissão ao vivo desde a capela da Casa Santa Marta, por volta das 9h50. O mundo midiático é pego de surpresa. Na véspera, simbolicamente, o papa – visivelmente debilitado – havia feito sua última volta de papamóvel na Praça São Pedro, durante a bênção de Páscoa Urbi et Orbi. Esse foi seu último banho de multidão, agora visto como símbolo de sua proximidade com o povo. Durante três dias, 250 mil pessoas prestam homenagem ao seu corpo na Basílica de São Pedro. O funeral ocorre em 26 de abril, na presença de 160 delegações nacionais, e seu caixão, enterrado em Santa Maria Maior, é saudado pelos romanos ao longo do trajeto.

Youssef Absi, patriarche d’Antioche des grecs-melkites, encensant le cercueil du pape François lors de la messe des funérailles, 26 avril 2025 | Isabella BONOTTO / AFP.

8 DE MAIO: HABEMUS PAPAM, ELEIÇÃO DO 267º PAPA DA HISTÓRIA

Às 18h07, sob o olhar das câmeras do mundo inteiro, uma fumaça branca sobe da chaminé da Capela Sistina, provocando uma aclamação que faz tremer as colunas da Basílica de São Pedro. O americano Robert Francis Prevost acaba de ser eleito o 267º papa da história, aos 69 anos. Após um conclave de apenas 24 horas, os 133 cardeais eleitores chegam a um consenso em apenas quatro votações. Em sua bênção Urbi et Orbi na loggia da basílica, o novo pontífice, usando mozzetta, prega a paz ao mundo — uma paz que deseja “desarmada e desarmante”.

18 DE MAIO: LEÃO XIV INAUGURA SEU PONTIFICADO

Na presença de 156 delegações governamentais de todo o mundo, Leão XIV celebra a missa de inauguração oficial de seu ministério petrino na Praça São Pedro. Nas primeiras semanas, ele realiza uma série de encontros oficiais — cardeais, mídia, funcionários da Cúria, padres de Roma — nos quais demonstra um estilo prudente e conciliador. “Os papas passam, a Cúria permanece”, afirma em seu primeiro discurso aos funcionários. Palavras interpretadas como um sinal de reconforto após 12 anos de um pontificado difícil para a máquina administrativa vaticana, frequentemente criticada por Francisco. Em contraste com seu predecessor, Leão XIV também passa suas férias de verão em Castel Gandolfo — antiga residência de verão dos papas, abandonada por Francisco.

28 DE JULHO A 3 DE AGOSTO: A PRIMEIRA JMJ DE LEÃO XIV

Durante uma semana no auge do verão, centenas de milhares de jovens com bandeiras de todas as partes do mundo percorrem Roma para o “Jubileu dos Jovens”. É o primeiro grande encontro entre Leão XIV e a juventude. Ele os incentiva a difundir a paz. Também se reúne privadamente com 600 catecúmenos vindos da França e os exorta a combater a “cultura da morte”, em 29 de julho. O jubileu culmina em Tor Vergata, onde um milhão de jovens, segundo os organizadores, participa de uma vigília e missa com o papa, que os exorta a buscar “apaixonadamente a verdade”.

7 DE SETEMBRO: CANONIZAÇÃO DOS JOVENS PIER GIORGIO FRASSATI E CARLO ACUTIS

Leão XIV celebra a primeira canonização de seu pontificado ao declarar santos Pier Giorgio Frassati (1901–1925) e Carlo Acutis (1991–2006) numa missa na Praça São Pedro. Em sua homilia, incentiva os jovens a “não desperdiçar” a vida, mas a tornarem-se santos cultivando “o amor por Deus” e pelos pobres. A data da canonização de ambos sofreu alguns ajustes: a de Carlo Acutis estava prevista para 27 de abril — evento adiado devido à morte de Francisco — e a de Frassati para 3 de agosto.

18 DE SETEMBRO: LEÃO XIV CONCEDE SUA PRIMEIRA GRANDE ENTREVISTA

Na biografia Leão XIV: cidadão do mundo, missionário do século XXI, o papa fala abertamente sobre vários temas. Afirma que, por ora, não pretende modificar o ensinamento da Igreja sobre a família, o acesso das mulheres ao diaconato ou sobre os casais homossexuais, embora deseje incluir a todos. Sobre os abusos sexuais, declara que o tema não pode “tornar-se o centro da atenção da Igreja”, cujo foco é anunciar o Evangelho. Diz considerar “muito saudável” que as vítimas se expressem, mas defende a proteção da presunção de inocência dos acusados. Em outro tema sensível, o da liturgia, o novo papa parece querer dialogar com os fiéis que apreciam o rito tridentino, amplamente restringido por Francisco. Ele também comenta sobre Gaza e o risco de genocídio, sobre finanças do Vaticano, inteligência artificial e a relação com a China.

26 DE SETEMBRO: O PAPA ESCOLHE SEU SUCESSOR PARA O DICASTÉRIO DOS BISPOS

Dom Filippo Iannone é nomeado prefeito do Dicastério para os Bispos. Para essa função-chave da administração vaticana — que o próprio papa ocupou entre 2023 e 2025 — Leão XIV escolhe um homem da própria Cúria Romana. O italiano, de 67 anos, chefiava anteriormente o Dicastério para os Textos Legislativos. É a primeira vez que o papa nomeia um prefeito desde sua eleição.

9 DE OUTUBRO: A PRIMEIRA EXORTAÇÃO APOSTÓLICA DE LEÃO XIV SOBRE OS POBRES

Intitulada Dilexi te (“Eu te amei”), a primeira exortação apostólica de Leão XIV é um legado de Francisco e é dedicada ao “amor aos pobres”. Fazendo dessa atenção uma bússola para a Igreja, o pontífice convoca os cristãos a rejeitar ideologias que levam ao imobilismo ou perpetuam uma “economia que mata”, e a denunciar “estruturas de injustiça”. Seguindo a linha de seu antecessor, que iniciou a redação do documento, Leão XIV reafirma sua mensagem em favor dos migrantes, das mulheres maltratadas, dos prisioneiros e da educação dos pobres.

1º DE NOVEMBRO: JOHN HENRY NEWMAN É PROCLAMADO DOUTOR DA IGREJA

Na missa de Todos os Santos, concluindo o Jubileu Mundial da Educação, Leão XIV proclama o cardeal britânico São John Henry Newman (1801–1890) “doutor da Igreja” e co-padroeiro das escolas católicas. Inspirando-se na figura do antigo anglicano convertido ao catolicismo, o papa delineia as grandes missões da educação católica em um mundo ameaçado pelo niilismo e pelas desigualdades.

Antoine Mekary | ALETEIA

27 DE NOVEMBRO A 2 DE DEZEMBRO: LEÃO XIV REALIZA SUA PRIMEIRA VIAGEM À TURQUIA E AO LÍBANO

O novo papa começa a assumir plenamente seu papel de chefe da Igreja Católica e de chefe de Estado. Na Turquia, onde o protocolo de acolhida permanece reservado em um país majoritariamente muçulmano, participa das comemorações dos 1700 anos do Concílio de Niceia e apresenta sua proposta para favorecer a aproximação entre as confissões cristãs — sugerindo um encontro dos líderes das Igrejas em Jerusalém para o Jubileu de 2033. No Líbano, leva consolo a uma população duramente provada por longa crise econômica e sociopolítica, que o recebe com fervor quase profético. Exorta os libaneses a se reerguerem e reacenderem a esperança.

OZAN KOSE | AFP
Fonte: https://pt.aleteia.org/

Papa: arqueologia cristã, vocação e forma de amor pela Igreja e pela humanidade

Desenho cristão presente nas Catacumbas de São Sebastião (Vatican News)

Na Carta Apostólica sobre a importância da arqueologia e por ocasião dos 100 anos da fundação do Pontifício Instituto de Arqueologia Cristã, Leão XIV recorda que essa disciplina testemunha que Deus se fez carne e que a salvação deixou marcas: “É memória viva, ministério de esperança que conduz ao Mistério”.

Benedetta Capelli – Cidade do Vaticano

Escavar, tocar os achados, reencontrar a energia do tempo — mas no trabalho do arqueólogo cristão não há apenas matéria, há também humanidade: as mãos que forjaram os objetos encontrados, “as mentes que os conceberam, os corações que os amaram”. Essa é uma das características da arqueologia cristã destacada pelo Papa na Carta Apostólica sobre a importância da arqueologia, publicada hoje, 11 de dezembro, por ocasião do centenário do Pontifício Instituto de Arqueologia Cristã.

Tornar o Mistério visível

Matéria e mistério: são duas linhas que se cruzam na arqueologia cristã porque “o cristianismo — destaca Leão XIV — não nasceu de uma ideia, mas de uma carne”, de um ventre, um corpo, um túmulo. A fé cristã se apoia em “eventos concretos, rostos, gestos, palavras pronunciadas em uma língua, em uma época, em um ambiente. É isso que a arqueologia torna evidente, palpável”. O Papa recorda ainda que “Deus escolheu falar em uma língua humana, caminhar sobre uma terra, habitar lugares, casas, sinagogas, ruas”. Por isso, em um tempo que recorre à Inteligência Artificial e investiga galáxias, ainda faz sentido continuar a investigar. “Não se pode compreender plenamente a teologia cristã — escreve o Papa — sem a inteligência dos lugares e das marcas materiais que testemunham a fé dos primeiros séculos”.

Nada é insignificante

A arqueologia e a teologia se entrelaçam no trabalho do arqueólogo, que deve ter uma sensibilidade especial ao lidar com “materiais da fé”. “Escavando entre pedras, ruínas, objetos — explica o Pontífice — aprendemos que nada do que foi tocado pela fé é insignificante”. Cada pequena evidência merece atenção, não deve ser descartada. Assim, a arqueologia se torna “uma escola de sustentabilidade cultural e ecologia espiritual”, de “educação para o respeito pela matéria, pela memória, pela história”. Nada se joga fora, tudo se conserva e se decifra, porque por trás de cada achado há “o fôlego de uma época, o sentido de uma fé, o silêncio de uma oração. É um olhar — sublinha o Papa — que pode ensinar muito também à pastoral e à catequese de hoje”.

A arqueologia aliada da teologia

Com o suporte de instrumentos tecnológicos cada vez mais refinados, mesmo materiais considerados irrelevantes podem revelar sentidos profundos. “A arqueologia é também uma escola de esperança.” Leão XIV recorda que, segundo a Constituição Apostólica Veritatis gaudium, a arqueologia, junto com a História da Igreja e a Patrologia, deve integrar as disciplinas fundamentais da formação teológica. A arqueologia não fala apenas de coisas, mas de pessoas; ajuda a compreender “como a revelação se encarnou na história, como o Evangelho encontrou palavras e formas dentro das culturas”. Assim, uma teologia que acolhe a arqueologia “escuta o corpo da Igreja, interroga suas feridas, lê seus sinais, deixa-se tocar por sua história”. É também uma forma de caridade: “um modo de fazer falar os silêncios da história, devolver dignidade a quem foi esquecido, trazer à luz a santidade anônima de tantos fiéis que construíram a Igreja”.

A missão evangelizadora

É também tarefa da arqueologia ajudar a Igreja a guardar viva a memória dos seus inícios, narrar a história da salvação também com imagens, formas e espaços. “Em um tempo que frequentemente perde as raízes, a arqueologia — afirma o Papa — torna-se instrumento precioso de uma evangelização que parte da verdade da história para abrir à esperança cristã e à novidade do Espírito.” Ao olhar para o modo como o Evangelho foi acolhido no passado, a arqueologia impulsiona seu anúncio hoje, ajudando a alcançar os distantes e os jovens que buscam autenticidade. A arqueologia, destaca Leão XIV, é um “poderoso instrumento de diálogo; pode construir pontes entre mundos distantes, culturas diferentes, gerações; pode testemunhar que a fé cristã nunca foi uma realidade fechada, mas uma força dinâmica”.

Memória viva e reconciliada

Outra força da arqueologia é fazer perceber o vigor de uma existência que atravessa os séculos, ultrapassa a matéria e possui relevância específica na teologia da Revelação. Ela ilumina textos com testemunhos materiais, interroga fontes, completa-as e abre novas questões. Assim, uma teologia fiel à Revelação “deve — para o Papa — permanecer aberta à complexidade da história”, feita de desafios, conflitos, momentos de luz e escuridão. Cada aprofundamento do mistério da Igreja é um retorno às origens: não um culto ao passado, mas “memória viva”, “capacidade de fazer o passado falar ao presente”, discernindo o que o Espírito Santo suscitou na história. Isso gera “uma memória reconciliada”, capaz de reconhecer pluralidade e unidade na diversidade, tornando-se “lugar de escuta, espaço de diálogo, instrumento de discernimento”.

Não um saber elitista

O Papa recorda que o Pontifício Instituto de Arqueologia Cristã foi fundado em 1925 por Pio XI, no Jubileu da Paz; agora o centenário ocorre no Jubileu da Esperança — coincidência que abre horizontes para uma humanidade ferida por guerras. A fundação ocorreu em clima incerto, mas com coragem e visão. Ser fiel ao espírito fundador significa não fechar-se em um saber elitista, mas “compartilhar, divulgar, envolver”. Essencial, portanto, a comunhão com outras instituições dedicadas à arqueologia, como a Pontifícia Academia Romana de Arqueologia, a Pontifícia Comissão de Arqueologia Sacra e a Pontifícia Academia Cultorum Martyrum. Também com o Oriente cristão a arqueologia é terreno fecundo: catacumbas comuns, igrejas compartilhadas, práticas litúrgicas análogas, martirológios convergentes — patrimônios que devem ser valorizados conjuntamente.

Ministério de esperança

“A Igreja é chamada a educar para a memória, e a arqueologia cristã é um dos seus instrumentos mais nobres. Não para refugiar-se no passado, mas para habitar o presente com consciência, construindo o futuro com raízes.” A arqueologia, portanto, “é um ministério de esperança”, porque mostra que “a fé resistiu às perseguições, às crises, às mudanças”, renovando-se, reinventando-se, florescendo. “O Evangelho sempre teve uma força geradora”, e a esperança jamais falhou. Por fim, o Papa exorta à continuidade desse trabalho precioso, rigoroso, transmitido com paixão. “A arqueologia cristã é um serviço, uma vocação, uma forma de amor pela Igreja e pela humanidade. Sede fiéis ao sentido profundo do vosso compromisso: tornar visível o Verbo da vida, testemunhar que Deus se fez carne, que a salvação deixou marcas, que o Mistério se fez narrativa histórica.”

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF