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domingo, 14 de dezembro de 2025

O mundo à beira do milagre

Advento: tempo de espera pela vinda do Messias (Missionárias da Divina Revelação)

O MUNDO À BEIRA DO MILAGRE

12/12/2025

Dom Lindomar Rocha Mota
Bispo de São Luís de Montes Belos (GO) 

Foi como se o mundo estivesse à beira do impossível. Nada ainda tinha nome e o deserto não era chamado de deserto, nem a esperança de esperança. A terra vivia sem chuva, o coração, sem resposta e o tempo sem promessa. Tudo isso foi antes do Advento. 

O primeiro advento não foi como celebramos hoje, foi uma espécie de estremecimento primordial, um céu silencioso que começou a se movimentar e surpreendeu a humanidade inteira. 

Aconteceu que, pela primeira vez, alguém encontrou os escritos sagrados de Isaías e não os leu como um texto antigo, pois havia chegado o tempo predito por Deus para que tais coisas fossem compreendidas, e o deserto e a terra árida exultaram… as mãos fracas se fortaleceram,… os olhos dos cegos se abriram. 

Ninguém sabia explicar como palavras assim podiam existir num mundo tão abatido e cansado. Mas havia nelas um tipo de sabedoria que não era humana. Pois essa profecia assumia a criação que era sua, e gritava: levanta-te, porque Alguém está vindo, e o tempo não poderá detê-Lo. 

Então, a história inteira se inclinou para a vinda do Salvador, e o tempo, exausto de esperar, finalmente cedeu, abrindo passagem para Ele. 

Foi neste tempo que João surgiu no ermo. Não no esplendor dos templos, mas na borda do mundo, como um grito que amadureceu no silêncio. Ele era a urgência feita carne e a pressa de Deus na cadência do coração humano. E, quando o prenderam, a urgência não diminuiu, porque não era deste mundo, tornou-se mais robusta, quase palpável, quase insuportável no raiar do dia. 

Da prisão, João perguntou aquilo que toda a humanidade sempre temeu em perguntar: és Tu aquele que há de vir, ou devemos esperar outro? 

Era o desespero fecundo de quem sabe que, se não fosse Ele nada mais faria sentido; se Ele não fosse o esperado, não haveria outro. Não era dúvida, era fé. 

A essa seríssima questão da humanidade, Jesus respondeu com acontecimentos, do jeito que só Deus faz. Porque, no primeiro Advento, a verdade não era dita com palavras. 

Então, os cegos principiaram a ver, os coxos a andar, os leprosos são purificados, os mortos ressuscitam, e os pobres começam ouvir a Boa-Nova. 

João pediu um sinal e Jesus lhe mostrou o mundo recomeçando. O coração humano buscava uma prova, e Deus lhe proporcionou uma transformação. 

É assim no terceiro Domingo do Advento. Uma alegria que cresce como a água secreta no cerrado, prestes a florescer. Nele, a alegria inesperada é um aviso de que a luz já começou a infiltrar-se nas frestas das encostas do mundo e a criação, cansada de esperar, pressente os passos daquele que vem. 

A alma humana, em sua urgência mais profunda percebe essa chegada. Sente que o Senhor se aproxima e o deserto floresce, os fracos se erguem e o mundo respira diferente, porque a aurora já começou. A alma percebe, finalmente, que todas as circunstâncias mudaram.  

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

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Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF