Translate

terça-feira, 23 de março de 2021

Milagre a ser aplaudido: em defesa dos chás-revelação

Shutterstock-Kzenon
por Michael Rennier

Essas festas são um reconhecimento de que, antes de tudo, a criança é uma surpresa a ser saudada com admiração!

Certa vez, fui a uma festa em que os anfitriões eram um pai e uma mãe grávidos. O futuro pai jogou uma bola de beisebol para sua esposa e ela rebateu com um bastão, explodindo pó rosa para todos os lados. Todos nós aplaudimos. Foi assim que descobrimos que o bebê era uma menina. Tenho que admitir, fiquei encantado com toda a produção deste chá-revelação.

Mas algumas pessoas pensam que as festas deste tipo estão fora de controle. Certamente, alguns deles deram muito errado e talvez haja uma tendência de essas festas se tornarem completamente perigosas, complicadas ou caras.

Adicione a essa tendência a tentação humana de invejar e nossa necessidade de provar nosso valor, superando uns aos outros em exibições impressionantes. Infelizmente, a chegada de um bebê dificilmente é o momento de ceder a isso. O que muitos esquecem, de fato, é que um bebê não é um objeto para se possuir ou exibir como um anel de diamante. Um filho não é a oportunidade de fazer os vizinhos ficarem verdes de inveja. Uma família não é um símbolo de status.

A alegria do chá-revelação

Na minha experiência, no entanto, muitos chás-revelação de sexo são, de fato, alegres e encorajadores – uma chance de comemorar e criar uma memória divertida.

Os bebês são imprevisíveis. Eles nascem quando querem, sem aviso prévio – a qualquer hora, em qualquer lugar – e então passam o resto de suas vidas mantendo seus pais alertas. Por isso, parece-me apropriado anunciar sua chegada com uma festa maluca em que pó rosa ou azul, confetes ou similares aparecem de uma forma desnecessariamente peculiar, para, imediatamente depois, trazer lágrimas autênticas de alegria aos olhos dos pais.

Grande parte da gravidez hoje em dia passa pelo desejo de controlar o processo do início ao fim. Os casais tentam planejar exatamente quantos filhos terão. Eles programam as gestações para períodos oportunos da vida, talvez pensando em adiar, até que, finalmente, tenham a casa certa, dinheiro suficiente, experiência suficiente. E então, quando eles estiverem prontos, o plano é colocado em ação e uma gravidez é permitida.

Futuro desenhado

Se tudo correr bem, uma nova adição à família logo surgirá. O planejamento continua. Procurar pré-escolas, traçar planos de sono, horários de alimentação… Às vezes, os casais planejam a cesariana com antecedência para que a data do parto não chegue no dia errado. Todo um futuro é desenhado. Claro, algum planejamento é necessário e ninguém deve zombar disso, mas em suas versões extremas, esses planos são um pouco exagerados. Eles são emblemáticos de um tipo particular de desejo de aproveitar o sonho americano, de ter a família perfeita, mas também de ter tudo o mais ao mesmo tempo.

Lembro-me daquele período de ansiedade nos meses antes de termos nossa primeira filha. Naquela época, o chá-revelação de sexo não existia. Mas, como todos os pais de primeira viagem, estávamos cheios de expectativa. Tínhamos nossas ilusões de como seria a vida com nosso bebê. O quartinho estava pronto – o berço, o trocador, a caixa de música para colocá-la para dormir. Então ela chegou em uma manhã de neve antes que o sol tivesse sequer começado a nascer e destruiu todos os nossos planos. Ela se recusou a dormir no berço. E sujou inúmeras fraldas na primeira noite (não seria bom descrever isso com mais detalhes na internet). Ela chorou sem parar até que eu a coloquei no carro para um passeio à meia-noite.

Um milagre a ser aplaudido

Talvez minha experiência pessoal como pai seja o motivo pelo qual eu ame tanto o chá-revelação. Essas festas são um reconhecimento de que, antes de tudo, a criança é uma surpresa a ser saudada com admiração. Um nascimento é um milagre a ser aplaudido.

Lembremos da festa da Anunciação, a antiga celebração cristã do anúncio feito a Maria de que ela daria à luz um menino. Eu me pergunto se os anjos estavam jogando confetes azuis…

Maria calmamente aceitou o momento surpresa da gravidez. Ela aceitou que sua vida seria drasticamente reorganizada e celebrou isso. Ela celebrou não apenas o mistério de algo acontecendo em seu ventre, mas também celebrou alguém.

Este é o verdadeiro objetivo do chá-revelação: a chance de transmitir identidade e propósito para a criança, aquele garotinho ou garotinho, uma pequena pessoa a ser conhecida e amada.

Aleteia

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF