Translate

quarta-feira, 8 de setembro de 2021

Natividade da Virgem Maria

Opus Dei
08 de setembro

NOSSA SENHORA DA NATIVIDADE

Iniciamos a publicação de uma série de textos sobre a Vida da Virgem. Acrescentamos comentários do Magistério e dos Padres da Igreja, dos santos e dos poetas. Este primeiro é sobre a Imaculada Conceição.

A história do homem sobre a terra é a história da misericórdia de Deus. Desde a eternidade, antes da criação do mundo, escolheu-nos para que fossemos santos e sem mancha em sua presença, pelo amor (Ef 1, 4).

Entretanto, por instigação do demônio, Adão e Eva se rebelaram contra o plano divino: sereis como Deus, conhecedores do bem e do mal (Gn 3,5), tinha-lhes sussurrado o príncipe da mentira. E lhe deram ouvidos. Não quiseram dar crédito ao amor de Deus. Trataram de conseguir, por suas próprias forças, a felicidade a que haviam sido chamados.

Mas Deus não voltou atrás. Desde a eternidade, em sua Sabedoria e em seu Amor infinitos, prevendo o mau uso da liberdade por parte dos homens, havia decidido fazer-se um de nós, mediante a Encarnação do Verbo, segunda Pessoa da Santíssima Trindade.

Por isso, dirigindo-se a Satanás, que, sob a figura da serpente havia tentado Adão e Eva, o condenou: Porei inimizade entre ti e a mulher, entre tua descendência e a dela (Gn 3, 15). É o primeiro anúncio da Redenção, no qual já se entrevê a figura de uma Mulher, descendente de Eva, que será a Mãe do Redentor e, com Ele e sob Ele, esmagará a cabeça da serpente infernal. Uma luz de esperança se acende para o gênero humano, desde o próprio instante em que pecamos.

“TRATARAM DE CONSEGUIR, SOMENTE POR SUAS FORÇAS, A FELICIDADE A QUE HAVIAM SIDO CHAMADOS".

Começavam assim a cumprir-se as palavras inspiradas – escritas muitos séculos antes do nascimento da Virgem – que a liturgia põe nos lábios de Maria de Nazaré: O Senhor me possuiu no principio de seus caminhos, antes que fizesse coisa alguma... Desde a eternidade fui formada, desde o começo, antes da terra. Quando não existiam os oceanos, fui dada à luz, quando não havia fontes repletas de água. Antes que se assentassem os montes, antes das colinas, fui dada à luz. Ainda não havia feito a terra nem os campos, nem o primeiro pó do mundo (Pr 8, 22-26).

A Redenção do mundo estava em marcha desde o primeiro momento. A seguir, pouco a pouco, inspirados pelo Espírito Santo, os profetas foram descobrindo os traços dessa filha de Adão à que Deus – em previsão dos méritos de Cristo, Redentor universal do gênero humano – preservaria do pecado original e de todos os pecados pessoais, e encheria de graça, para fazer d'Ela a digna mãe do Verbo encarnado.

“ALCANÇOU VITÓRIA SOBRE UM INIMIGO PODEROSO, ATÉ O PONTO QUE A ELA, MAIS DO QUE A NINGUÉM, SE DIRIGEM AQUELES LOUVORES".

Ela é a virgem que conceberá e dará à luz um Filho, que se chamará Emanuel (Is 7, 14); está prefigurada em Judite, a heroína do povo hebreu, que alcançou vitória contra um inimigo poderoso, até o ponto em que a Ela, mais que a ninguém, se dirigem aqueles louvores: Tu és a exaltação de Jerusalém, a grande glória de Israel, a grande honra de nossa gente... Bendita sejas tu da parte do Senhor onipotente para sempre (Jt 15, 9-10).

Extasiados ante a beleza de Maria, os cristãos lhe têm dirigido sempre toda classe de louvores, que a Igreja recolhe na liturgia: horto cerrado, lírio entre espinhos, fonte selada, porta do céu, torre vitoriosa contra o dragão infernal, paraíso de delícias plantado por Deus, estrela guia dos náufragos, Mãe puríssima...

Opus Dei
O Nascimento da Virgem é o tema do segundo conjunto de textos sobre a vida da Mãe de Deus, iniciado por ocasião do Ano Mariano que se vive no Opus Dei.

Muitos séculos tinham passado desde que Deus, às portas do Paraíso, prometera aos nossos primeiros pais a chegada do Messias. Centenas de anos em que a esperança do povo de Israel, depositário da promessa divina, se centrava numa donzela, da linhagem de Davi, que está grávida e vai dar à luz um Filho, que deve se chamar Emanuel (Is 7, 14). Geração após geração, os israelitas piedosos tinham esperado o nascimento da Mãe do Messias, aquela que haveria de dar à luz, como anunciava Miquéias tendo em fundo a profecia de Isaías (cfr. Mq 5, 2).

Depois do regresso do exílio na Babilônia, a expectativa do Messias tinha-se tornado mais intensa por parte de Israel. Uma onda de emoção percorria aquela terra nos anos imediatamente antes da Era Cristã. Muitas antigas profecias pareciam apontar nessa direção. Homens e mulheres esperavam com ânsia a chegada do Desejado das nações. A um deles, o velho Simeão, o Espírito Santo tinha revelado que não morreria sem que os seus olhos tivessem visto a realização da promessa (cfr. Lc 2, 26). Ana, uma viúva de idade avançada, suplicava com jejuns e orações a redenção de Israel. Os dois gozaram do enorme privilégio de ver e tomar nos seus braços o Menino Jesus (cfr. Lc 2, 25-38).

Inclusive no mundo pagão — como afirmam alguns relatos da Roma antiga — não faltavam sinais de que algo muito grande se estava a gerar. A própria pax romana, a paz universal proclamada pelo imperador Otávio Augusto poucos anos antes do nascimento de Nosso Senhor, era um presságio de que o verdadeiro Príncipe da paz estava quase a vir à terra. Os tempos estavam maduros para receber o Salvador.

DEUS ESMERA-SE NA ESCOLHA DA SUA FILHA, ESPOSA E MÃE. E A VIRGEM SANTA, A MAIS EXCELSA SENHORA, A CRIATURA MAIS AMADA POR DEUS, CONCEBIDA SEM PECADO ORIGINAL, VEIO À TERRA.

Mas, quando chegou a plenitude dos tempos, Deus enviou o seu Filho, nascido de uma mulher, nascido sob o domínio da Lei, para resgatar os que se encontravam sob o domínio da Lei, a fim de recebermos a adoção de filhos (Gl 4, 4-5). Deus esmera-se na escolha da sua Filha, Esposa e Mãe. E a Virgem santa, a mais excelsa Senhora, a criatura mais amada por Deus, concebida sem pecado original, veio à terra. Nasceu no meio de um profundo silêncio. Dizem que no Outono, quando os campos dormem. Nenhum dos seus contemporâneos se deu conta do que estava a acontecer. Só os anjos do Céu festejaram.

“Pelo teu nascimento anunciaste a alegria a todo o mundo”.

COM O SEU NASCIMENTO SURGIU NO MUNDO A AURORA DA SALVAÇÃO, COMO UM PRESSÁGIO DA PROXIMIDADE DO DIA.

Das duas genealogias de Cristo que aparecem nos evangelhos, a que recolhe São Lucas é muito provavelmente a de Maria. Sabemos que era de estirpe distinta, descendente de Davi, como tinha anunciado o profeta falando do Messias — brotará um rebento do tronco de Jessé, e um renovo brotará das suas raízes (Is 11, 1) — e como confirma São Paulo quando escreve aos Romanos acerca de Jesus Cristo, nascido da linhagem de Davi segundo a carne (Rm 1, 3).

Um escrito apócrifo do século II, conhecido com o nome de Proto-evangelho de Santiago, transmitiu-nos os nomes dos seus pais — Joaquim e Ana — que a Igreja inscreveu no calendário litúrgico. Diversas tradições situam o lugar do nascimento de Maria na Galiléia ou, com maior probabilidade, na cidade santa de Jerusalém, onde se encontraram as ruínas de uma basílica bizantina do século V, edificada sobre a chamada casa de Santa Ana, muito perto da piscina Probática. Com razão a liturgia põe nos lábios de Maria umas frases do Antigo Testamento: estabeleci-me em Sião. Na cidade amada Ele me fez repousar e em Jerusalém está o meu poder (Eclo 24, 10-11).

Até Maria nascer, a terra esteve às escuras, envolta nas trevas do pecado. Com o seu nascimento surgiu no mundo a aurora da salvação, como um presságio da proximidade do dia. Assim o reconhece a Igreja na festa da Natividade de Nossa Senhora: pelo teu nascimento, Virgem Mãe de Deus, anunciaste a alegria a todo o mundo: de ti nasceu o Sol da justiça, Cristo, nosso Deus (Oficio de Laudes).

O mundo não o soube, então. A terra dormia.

J. A. Loarte

Fonte: https://opusdei.org/

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF