Mathilde de Robien - publicado
em 06/10/25
Angústia da solidão, gravidez inesperada, medo de magoar…
O matrimônio é um compromisso total, de todo o ser e para toda a vida, e não
pode se apoiar em más razões. Isso leva cedo ou tarde à decepção.
Existem inúmeras boas razões para se casar: o desejo
recíproco, a vontade de formar uma família, a promessa de ter um companheiro
nos momentos de alegria e um apoio nos momentos de dor, o desejo de fazer o
outro feliz, a possibilidade de dar, por meio do sacramento do matrimônio, um
lugar a Cristo no coração do casal… Mas há também más razões que convém
identificar antes de embarcar nessa grande aventura. Pois desse discernimento
depende a alegria da vida conjugal.
Adélaïde e Michel Sion, animadores das sessões de preparação
para o matrimônio “Construir a casa sobre a rocha”, enumeram
algumas dessas más razões em seu livro Doar-se para toda a vida! (Le
Laurier). São questões a se colocar a sós, no segredo da alma, quando se inicia
uma relação amorosa em vista do matrimônio.
1 - MEDO DE MAGOAR
Esse sentimento pode parecer louvável à primeira vista, mas
não tem o peso suficiente diante do compromisso que o matrimônio exige. Não se
casa para agradar ao noivo ou à família. A dor causada será muito maior se um
divórcio ocorrer anos depois. Se não nos sentimos prontos para amar o outro tal
como ele é por toda a vida, é necessário superar a apreensão e romper o
noivado, por mais difícil que seja. O desafio é grande demais para se engajar
apenas pela metade.
2 - MEDO DE PERMANECER SOLTEIRO
Os anos passam e o celibato continua dolorosamente… “O medo
de permanecer sozinho pode levar alguém a casar-se com a primeira pessoa
encontrada, sem discernimento suficiente”, constatam Adélaïde e Michel Sion.
Não é bom que o homem esteja só, mas também não se casa apenas para evitar a
solidão. “Uma forma de se preparar para o matrimônio é já aprender a viver
feliz consigo mesmo”, aconselham os autores.
3 - VONTADE DE SE AFIRMAR OU DE SE EMANCIPAR
Às vezes há quem queira casar-se apenas para sair de casa,
escapar de pais autoritários ou com quem não se dá bem. Também pode ser uma
forma de provar ao entorno que se é digno de ser amado. Outra má razão é querer
casar-se antes de irmãos ou irmãs mais novos. Todas essas motivações geram
discernimento apressado, marcado por razões que não se sustentam no tempo.
4 - GRAVIDEZ INESPERADA
Por medo do escândalo ou pelo desejo de oferecer pais unidos
a um filho que chegou antes do previsto, alguns casais se casam sem
discernimento totalmente livre. “É melhor esperar o nascimento do bebê para
tomar uma decisão refletida, no silêncio e na serenidade: o bebê, por si só,
não faz o casamento”, afirmam Adélaïde e Michel Sion.
5 - CASAR-SE POR PIEDADE
Como um verdadeiro “cão São Bernardo”, sempre pronto a
ajudar os outros, alguém pode sentir vontade de se casar para “salvar” o outro,
ou ao menos ajudá-lo. Mas isso é uma má concepção do matrimônio. “Ainda que a
compaixão seja um sentimento muito nobre, tal casamento está fadado ao
fracasso, tanto como união conjugal quanto como obra de caridade”, dizem os
animadores.
6 - REMÉDIO PARA PROBLEMAS PSICOLÓGICOS
Algumas pessoas com dificuldades psicoafetivas (depressão,
bipolaridade, esquizofrenia…) podem pensar que o matrimônio será, por si só, um
remédio. Para Adélaïde e Michel Sion, isso é uma ilusão. “O que elas devem
considerar, ao contrário, é a grave injustiça que podem cometer em relação ao
parceiro, que ignora a situação real”, sublinham.
Em certos casos, quando a doença não é escondida e o cônjuge
está ciente, podem nascer belas histórias de amor. Mas quando a doença é
ocultada de forma intencional, para enganar o outro, trata-se de dolo. Ora, um
matrimônio contraído com dolo é nulo segundo a lei civil e a lei da Igreja.
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