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quarta-feira, 5 de abril de 2023

Semana Santa: Amou-nos até o fim

Semana Santa: Amou-nos até o fim(Presbíteros)
 Semana Santa: Amou-nos até o fim

A Semana Santa é o centro do ano litúrgico: revivemos, nesses dias, os momentos decisivos de nossa redenção. A Igreja nos conduz pela mão, com a sua sabedoria e a sua criatividade, do Domingo de Ramos até a Cruz e a Ressurreição.

No coração do ano litúrgico pulsa o Mistério Pascal, o Tríduo do Senhor crucificado, morto e ressuscitado. Toda a história da salvação gira ao redor destes dias santos, que passaram despercebidos para a maior parte dos homens, e que agora a Igreja celebra “do nascer ao pôr do sol”[1]. Todo o ano litúrgico, resumo da história de Deus com os homens, surge da memória que a Igreja conserva da hora de Jesus: quando, “tendo amado aos seus que estavam no mundo, amou-os até o fim”[2].

A Igreja estendenesses dias a sua sabedoria maternal para nos introduzir nos momentos decisivos da nossa redenção. Se não oferecermos resistência, seremos levados: pelo recolhimento com o qual a liturgia da Semana Santa nos introduz na Paixão, pela unção com que nos move a velar junto ao Senhor, pela explosão de alegria que emana da Vigília da Ressurreição. Muitos dos ritos que vivemos nesses dias têm suas raízes em tradições muito antigas: sua força está aquilatada pela piedade dos cristãos e pela fé dos santos de dois milênios.

O Domingo de Ramos

O Domingo de Ramos é o pórtico que precede e prepara o Tríduo Pascal: “Neste umbral da Semana Santa, já tão próximos do momento em que se consumou sobre o Calvário a Redenção da humanidade inteira, parece-me particularmente apropriado que tu e eu consideremos os caminhos pelos quais Jesus Senhor Nosso nos salvou; que contemplemos o seu amor, verdadeiramente inefável, por umas pobres criaturas formadas com barro da terra”[3].

Quando os primeiros fiéis escutavam a proclamação litúrgica dos relatos evangélicos da Paixão e a homilia que o bispo pronunciava, reconheciam-se em uma situação bem diferente de quem assiste a uma mera representação: “para seus corações piedosos, não havia diferença entre escutar o que se havia proclamado e ver o que havia acontecido”[4]. Nos relatos da Paixão, a entrada de Jesus em Jerusalém é como a apresentação oficial que Senhor faz de si mesmo como o Messias desejado e esperado, fora do qual não há salvação. O seu gesto é o do Rei salvador que vem à sua casa. Dentre os seus, alguns não O receberam, mas outros sim, aclamando-o como o Bendito que vem em nome do Senhor[5].

O Senhor, sempre presente e atuante na Igreja, atualiza na liturgia, ano após ano, a solene entrada no “Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor”, como é chamado no Missal. Seu próprio nome insinua uma duplicidade de elementos: alguns triunfais, outros dolorosos. “Neste dia – lê-se na rubrica – a Igreja recorda a entrada de Cristo, o Senhor, em Jerusalém para consumar seu Mistério pascal”[6]. Sua chegada está rodeada de aclamações e gritos de júbilo, mesmo que as multidões ainda não saibam para onde Jesus realmente se dirige, e encontrarão o escândalo da Cruz. Nós, no entanto, no tempo da Igreja, sabemos qual é a direção dos passos do Senhor: Ele entra em Jerusalém “para consumar seu mistério pascal”. Por isso, para o cristão que aclama a Jesus como Messias na procissão do domingo de Ramos, não é uma surpresa encontrar-se, a seguir, com o lado doloroso dos padecimentos do Senhor.

É ilustrativo o modo como a liturgia nos traduz esse jogo de trevas e de luz no desígnio divino: o Domingo de Ramos não reúne duas celebrações independentes, justapostas. O rito de entrada da missa é a própria procissão, e esta desemboca diretamente na coleta da missa. “Deus eterno e todo-poderoso – nos dirigimos ao Pai – quisestes que o nosso Salvador se fizesse homem e morresse na cruz”[7]: aqui tudo já fala do que vai acontecer nos próximos dias.

A Quinta-feira Santa

O Tríduo pascal começa com a Missa vespertina da Ceia do Senhor. A Quinta-feira Santa se encontra entre a Quaresma que termina e o Tríduo que começa. O fio condutor de toda a celebração deste dia, a luz que envolve tudo, é o Mistério pascal de Cristo, o próprio coração do acontecimento que se atualiza nos sinais sacramentais.

A ação sagrada se centra naquela Ceia em que Jesus, antes de se entregar à morte, confiou à Igreja o testamento do seu amor, o Sacrifício da Aliança eterna[8].

“Enquanto instituía a Eucaristia, como memorial perpétuo d’Ele e da sua Páscoa, Jesus colocava simbolicamente este ato supremo da Revelação sob a luz da misericórdia. No mesmo horizonte da misericórdia, viveu Ele a sua paixão e morte, ciente do grande mistério de amor que se realizaria na cruz”[9]. A liturgia nos introduz de um modo vivo e atual nesse mistério da entrega de Jesus por nossa salvação. “É por isso que o Pai me ama: porque dou a minha vida. E assim, eu a recebo de novo. Ninguém me tira a vida, mas eu a dou por própria vontade”[10]. O fiat do Senhor que dá origem à nossa salvação se faz presente na celebração da Igreja. Por isso a Coleta não vacila em nos incluir, usando o tempo presente, na Última Ceia: “Sacratissiman, Deus, frequentantibus Cenam…”, diz em latim, com a sua capacidade habitual de síntese: “estamos reunidos para a santa ceia”[11].

Este é “o dia santo em que nosso Senhor Jesus Cristo foi entregue por nós”[12]. As palavras de Jesus, “Eu vou, mas voltarei a vós” e “é bom para vós que eu vá. Se eu não for, o Defensor não virá a vós”[13] nos introduzem no misterioso vaivém entre a ausência e a presença do Senhor, que preside todo o Tríduo pascal e, a partir dele, toda a vida da Igreja. Por isso, nem a Quinta-feira Santa, nem os dias que se seguem, são dias de tristeza ou de luto: ver assim o Tríduo sacro equivaleria a retroceder à situação dos discípulos antes da Ressurreição. “A alegria da Quinta-Feira Santa nasce de compreendermos que o Criador se excedeu no carinho por suas criaturas”[14]. Para perpetuar no mundo este carinho infinito que se concentra na sua Páscoa, na sua passagem deste mundo ao Pai, Jesus se entrega totalmente a nós, com o seu Corpo e o seu Sangue, em um novo memorial: o pão e o vinho, se convertem em “pão da vida” e “cálice da salvação”[15]. O Senhor ordena que, dali em diante, faça-se o mesmo que acaba de fazer, em sua memória[16], e nasce assim a Páscoa da Igreja, a Eucaristia.

Há dois momentos muito eloquentes da celebração, se os vemos na sua mútua relação: o lava-pés e a reserva do Santíssimo Sacramento. O lava-pés dos Doze anuncia, poucas horas da crucifixão, o amor maior: “o de dar a vida por seus amigos”[17]. A liturgia revive esse gesto, que surpreendeu os apóstolos, na proclamação do Evangelho e na possibilidade de lavar os pés de alguns fiéis. Ao concluir a Missa, a procissão para a reserva do Santíssimo Sacramento e a adoração dos fiéis revela a resposta amorosa da Igreja àquele inclinar-se humilde do Senhor sobre os pés dos Apóstolos. Esse tempo de oração silenciosa, que avança noite adentro, convida a relembrar a oração sacerdotal de Jesus no Cenáculo[18].

A Sexta-feira Santa

A liturgia da Sexta-feira Santa começa com a prostração dos sacerdotes, em vez do habitual beijo inicial. É um gesto de especial veneração ao altar, que se encontra desguarnecido, sem nada, recordando o Crucificado na hora da Paixão. Rompe o silêncio uma terna oração em que o celebrante apela às misericórdias de Deus – “Reminiscere miserationem tuarum, Domine” –  e pede ao Pai a proteção eterna que o Filho nos conquistou com seu sangue, isto é, dando sua vida por nós[19].

Uma antiga tradição reserva para esse dia a proclamação da Paixão segundo São João como momento culminante da liturgia da Palavra. Nesse relato evangélico, aparece a impressionante majestade de Cristo que “se entrega à morte com a plena liberdade do Amor”[20]. O senhor responde com valentia aos que vêm prendê-lo: “Quando Jesus disse ‘Sou eu’, eles recuaram e caíram por terra”[21]. Mais adiante o ouvimos responder a Pilatos: “meu reino não é deste mundo”[22], e por isso o seu exército não luta para libertá-lo. “Consummatum est”[23]: o Senhor leva até o fim a fidelidade ao seu Pai, e assim vence o mundo[24].

Após a proclamação da Paixão e da oração universal, a liturgia dirige a sua atenção para o Lignum Crucis, a árvore da Cruz: o glorioso instrumento da redenção humana. A adoração da Santa Cruz é um gesto de fé e de proclamação da vitória de Jesus sobre o demônio, o pecado e a morte. Com Ele, nós os cristãos vencemos, porque “esta é a vitória que venceu o mundo: a nossa fé”[25].

A Igreja envolve a Cruz de honra e reverência: o bispo se aproxima para beijá-la sem casula e sem anel[26]. Após ele, segue a adoração dos fiéis, enquanto os cantos celebram seu caráter vitorioso: “Adoramos, Senhor, vosso madeiro/vossa ressurreição nós celebramos./ Veio alegria para o mundo inteiro/por esta cruz que hoje veneramos!”[27]. É uma misteriosa conjunção de morte e de vida na qual Deus quer que nos submerjamos: “Umas vezes, renovamos o gozoso impulso que levou o Senhor a Jerusalém. Outras, a dor da agonia que concluiu no Calvário… Ou a glória do seu triunfo sobre a morte e o pecado. Mas, sempre!, o amor – gozoso, doloroso, glorioso – do Coração de Jesus Cristo”[28].

O Sábado Santo e a Vigília Pascal

Um texto anônimo da antiguidade cristã recolhe, condensado, o mistério que a Igreja comemora no Sábado Santo: a descida de Cristo à mansão dos mortos. “Que está acontecendo hoje? Um grande silêncio reina sobre a Terra. Um grande silêncio e uma grande solidão. Um grande silêncio porque o Rei está dormindo; a Terra estremeceu e ficou silenciosa, porque o Deus feito Homem adormeceu e acordou os que dormiam havia séculos. Deus morreu na carne e despertou a mansão dos mortos”[29]. Do mesmo modo que vemos Deus descansar ao final de sua obra criadora no Gênesis, o Senhor repousa agora de fadiga redentora. Pois a Páscoa, que está por surgir definitivamente no mundo, é “a festa da nova criação”[30]: ao Senhor custou-lhe a vida devolver-nos a Vida.

“Um pouco de tempo, e não mais me vereis; e mais um pouco, e me vereis de novo”[31]: assim o Senhor dizia aos Apóstolos na véspera da sua Paixão. Enquanto esperamos sua volta, meditamos em sua descida às trevas da morte, nas quais ainda estavam submersos aqueles justos da antiga Aliança. Cristo, portando em sua mão o sinal libertador da Cruz, põe fim ao seu sono e os introduz na luz do novo Reino: “Acorda, tu que dormes, porque não te criei para permaneceres na mansão dos mortos”[32]. Das abadias carolíngias do século VIII, se propagará pela Europa a comemoração deste grande Sábado: o dia da espera da Ressurreição, intensamente vivida pela Mãe de Jesus, de onde provém a devoção da Igreja a Santa Maria aos sábados. Agora, mais do que nunca, Ela é a stella matutina[33], a estrela da manhã que anuncia a chegada do Senhor: o Lucifer matutinus[34], o sol que vem do alto, oriens ex alto[35].

Na noite deste grande Sábado, a Igreja se reúne na mais solene de suas vigílias para celebrar a Ressurreição do Esposo, inclusive até as primeiras horas da madrugada. Essa celebração é o núcleo fundamental da liturgia cristã ao longo de todo o ano. Uma grande variedade de elementos simbólicos expressa a passagem das trevas para a luz, da morte para a vida nova na Ressurreição do Senhor: o fogo, o círio, a água, o incenso, a música e os sinos…

A luz do círio é sinal de Cristo, luz do mundo, que irradia e inunda tudo; o fogo é o Espírito Santo, aceso por Cristo nos corações dos fiéis; a água significa o caminho para a vida nova em Cristo, fonte da vida; o aleluia pascal é o hino dos peregrinos a caminho para a Jerusalém do céu; o pão e o vinho da Eucaristia são penhor do banquete escatológico com o Ressuscitado. Enquanto participamos da Vigília Pascal, reconhecemos com o olhar da fé que a assembleia santa é a comunidade do Ressuscitado; que o tempo é um tempo novo, aberto ao hoje definitivo de Cristo glorioso: “haec est dies, quam fecit Dominus”[36], este é o dia novo que o Senhor inaugurou, o dia “que não conhece fim”[37].

Felix María Arocena


[1] Missal Romano, Oração Eucarística III.

[2] Jo 13, 1.

[3] São Josemaria, Amigos de Deus, n. 110.

[4] São Leão Magno, Sermo de Passione Domini 52, 1 (CCL 138, 307).

[5] Cfr. Mt 21,9.

[6] Missal Romano, Domingo de Ramos na Paixão do Senhor, n. 1.

[7] Missal Romano, Domingo de Ramos na Paixão do Senhor, Oração Coleta

[8] Cfr. Missal Romano, Missa vespertina da Ceia do Senhor, Quinta-feira Santa, Coleta.

[9] Francisco, Bula Misericordiae Vultus, 11-IV-2015, n. 7.

[10] Jo 10, 17-18.

[11] Missal Romano, Missa vespertina da Ceia do Senhor, Quinta-feira Santa, Coleta.

[12] Missal Romano, Missa vespertina da Ceia do Senhor, Quinta-feira Santa, Comunicantes próprio.

[13] Jo 14, 28; Jo 16, 7.

[14] São Josemaria, É Cristo que passa, n. 84.

[15] Missal Romano, ofertório.

[16] Cfr. 1 Cor 11, 23-25.

[17] Cfr. Jo 15, 13.

[18] Cfr. Jo 17.

[19] Cfr. Missal Romano, Celebração da Paixão do Senhor, Sexta-feira Santa, oração inicial.

[20] São Josemaria, Via Sacra, X estação.

[21] Jo 18, 6.

[22] Jo 18, 36.

[23] Jo 19, 30.

[24] Cfr. Jo 16, 33.

[25] 1 Jo 5, 4

[26] Cfr. Cerimonial dos bispos, nn. 315. 322.

[27] Missal Romano, Celebração da Paixão do Senhor, Sexta-feira Santa, n. 20.

[28]  São Josemaria, Via Sacra, 14,3.

[29] Homilia sobre o grande e santo Sábado (PG 43, 439).

[30] Bento XVI, Homilia da Vigília Pascal, 7-IV-2012.

[31] Jo 16, 16.

[32] Homilia sobre o grande e santo Sábado (PG 43, 439).

[33] Ladainha Lauretana (cfr. Si 50, 6).

[34] Missal Romano, Vigília Pascal, Precônio Pascal.

[35] Liturgia das Horas, Hino Benedictus (Lc 1,78)

[36] Sl 117 (118), 24.

[37] Cfr. Missal Romano, Vigília Pascal, Precônio Pascal.

Fonte: https://presbiteros.org.br/

O Papa: as nossas feridas podem tornar-se fontes de esperança

Audiência Geral com o Papa Francisco (Vatican Media)

Na catequese da Audiência Geral desta quarta-feira da Semana Santa, Francisco falou que Jesus na cruz transforma a dor em amor: precisamos de simplicidade, para redescobrir o valor da sobriedade, despojando a alma do supérfluo que a oprime.

https://youtu.be/JYo-iNzsScU

Vatican News - Mariangela Jaguraba

Na catequese da Audiência Geral, desta quarta-feira (05/04), realizada na Praça São Pedro, o Papa Francisco recordou que no Domingo de Ramos, ouvimos na liturgia a Paixão do Senhor que termina com as seguintes palavras: «Selaram a pedra».

"Tudo parece ter acabado. Para os discípulos de Jesus, aquela pedra marca o fim da esperança. O Mestre foi crucificado, morto da maneira mais cruel e humilhante, pendurado num patíbulo infame fora da cidade: um fracasso público, o pior final possível", frisou o Papa.

Na cruz um novo início

Pois bem, aquele desânimo que oprimia os discípulos não nos é totalmente estranho hoje. Também em nós se adensam pensamentos obscuros e sentimento de frustração: por que tanta indiferença em relação a Deus? Por que tanto mal no mundo? Por que as desigualdades continuam aumentando e não chega a paz tão almejada? Por que somos tão apegados à guerra, a fazer o mal uns aos outros? No coração de cada um, quantas expectativas desvanecidas, quantas desilusões! E ainda aquela sensação de que os tempos passados eram melhores e de que no mundo, talvez até na Igreja, as coisas não são como outrora. Em síntese, também hoje a esperança parece às vezes selada sob a pedra da desconfiança.

"Na mente dos discípulos permanecia fixa uma imagem: a cruz. Ali estava concentrado o fim de tudo. Mas pouco tempo depois descobririam na própria cruz um novo início."

“Do mais terrível instrumento de tortura, Deus obteve o maior sinal do amor.”

"Aquele madeiro de morte, transformado em árvore de vida, nos lembra que os inícios de Deus começam muitas vezes a partir dos nossos fins: é assim que Ele gosta de fazer maravilhas", sublinhou Francisco.

É preciso um pouco de esperança

A seguir, o Papa convidou a olhar "para a árvore da cruz, para que em nós brote a esperança: aquela virtude quotidiana, aquela virtude silenciosa, humilde, mas aquela virtude que nos mantém de pé, que nos ajuda a ir em frente. Sem esperança não se pode viver. Pensemos: onde está a minha esperança?" "Hoje, olhemos para a árvore da cruz para que brote em nós a esperança: para sermos curados da tristeza – mas, quantas pessoas tristes", disse ele.

"Quando eu podia caminhar pelas ruas, agora não posso porque não me deixam, gostava de observar o olhar das pessoas. Quantos olhares tristes! Pessoas tristes, pessoas que falavam sozinhas, pessoas que andavam só com o celular, mas sem paz, sem esperança. E onde está a sua esperança hoje? É preciso um pouco de esperança para sermos curados da tristeza que nos adoece: há tanta tristeza; para sermos curados da amargura com que poluímos a Igreja e o mundo", disse ainda o Papa.

Libertar-se da convivência pacífica com as nossas falsidades

Olhando para o Crucifixo, vemos "Jesus despojado, ferido, Jesus atormentado. É o fim de tudo? Ali há esperança", sublinhou o Pontífice, acrescentando:

Com efeito, nós temos dificuldade em despojar-nos, em fazer a verdade; revestimo-nos de exterioridade, que procuramos e cuidamos, de máscaras para nos disfarçarmos e nos mostrarmos melhores do que somos. Pensamos que o importante é ostentar, de tal modo que os outros falem bem de nós. E adornamo-nos de aparências, de coisas supérfluas; mas assim não encontramos a paz. Depois, a maquiagem vai embora e você se olha no espelho com aquela cara feia que você tem, mas verdadeira, aquela que Deus ama, não a maquiada, não. J

“Jesus despojado de tudo nos lembra que a esperança renasce fazendo a verdade sobre nós mesmos, dizendo a verdade a si mesmo, abandonando as ambiguidades, libertando-nos da convivência pacífica com as nossas falsidades. Às vezes, estamos tão acostumados a nos dizer falsidades que convivemos com as falsidades como se fossem verdades e acabamos envenenados por nossas falsidades.”

Olhar para o guarda-roupa da alma

Segundo Francisco, "é necessário regressar ao coração, ao essencial, a uma vida simples, despojada de tantas coisas inúteis, que substituem a esperança". A seguir, o Papa disse que nesta Semana Santa é bom olharmos o nosso guarda-roupa e nos despojarmos das coisas que temos, que não usamos, "coisas desnecessárias". "Nós também temos muitas coisas inúteis dentro de nossos corações – e fora também. Olhe para o seu guarda-roupa: olhe para ele. Isso é útil, aquilo é inútil, e faça uma limpeza. Olhe para o guarda-roupa da alma: quantas coisas inúteis você tem, quantas ilusões estúpidas. Voltemos à simplicidade, às coisas reais que não precisam de maquiagem", disse o Papa.

As nossas feridas podem tornar-se fontes de esperança

Olhemos agora a Jesus ferido. "A cruz mostra os pregos que lhe furam as mãos e os pés, o lado aberto. Mas às feridas do corpo acrescentam-se as da alma. Jesus está sozinho: traído, entregue e renegado pelos seus, condenado pelo poder religioso e civil, experimenta até o abandono de Deus."

"Também nós estamos feridos: quem não o está na vida? Quem não carrega as cicatrizes de escolhas passadas, de incompreensões, de dores que permanecem dentro e são difíceis de superar? Mas também de injustiças sofridas, de palavras cortantes, de juízos inclementes?", perguntou Francisco. "Deus não esconde aos nossos olhos as feridas que lhe trespassaram o corpo e a alma. Mostra-as para nos indicar que na Páscoa se pode abrir uma nova passagem: fazer das próprias feridas furos de luz. Como Jesus, que na cruz não recrimina, mas ama. Ama e perdoa quantos o ferem. Assim converte o mal em bem, assim transforma a dor em amor", sublinhou.

Irmãos e irmãs, a questão não é ser ferido pouco ou muito pela vida, mas a questão é o que fazer com estas feridas. Posso deixá-las infectar no rancor e na tristeza, ou posso uni-las às de Jesus, a fim de que também as minhas chagas se tornem luminosas.

“Pensem em quantos jovens que não toleram as suas feridas e procuram no suicídio uma via de salvação: hoje, em nossas cidades, muitos jovens que não veem saída, que não têm esperança e preferem ir adiante com as drogas, com o esquecimento... coitados! Pensem nisso. E você, qual é a sua droga, para cobrir as feridas?”

As nossas feridas podem tornar-se fontes de esperança quando, em vez de nos comiserarmos, enxugamos as lágrimas dos outros; quando, em vez de ter ressentimento pelo que nos é tirado, cuidamos do que falta aos outros; quando, em vez de nos inquietarmos, nos debruçamos sobre quantos sofrem; quando, em vez de ter sede de amor por nós mesmos, saciamos a sede de quem precisa de nós.

O Papa concluiu, dizendo que "só nos reencontraremos, se deixarmos de pensar em nós mesmos. É agindo assim - diz a Escritura - que a nossa ferida em breve cicatrizará, e a esperança voltará a florescer".

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

terça-feira, 4 de abril de 2023

É a Serpente que dá o conhecimento do bem e do mal

Árvore do conhecimento do bem e do mal | fundacaonazare
Arquivo 30Dias - 04/2003

É a Serpente que dá o conhecimento do bem e do mal

 O pacto com a Serpente. Atualidade da antiga gnose e de suas perversões.

 de Lorenzo Bianchi

 “É, portanto, melhor e mais salutar ser simples e ignorante e aproximar-se de Deus mediante a caridade que acreditar saber muitas coisas e, depois de muitas aventuras de pensamento, ser blasfemo contra Deus”(1): com essas palavras, Santo Irineu, bispo de Lyon, que viveu na segunda metade do século II, exprime seu juízo sintético sobre as teorias das várias seitas heréticas gnósticas. Um artigo de Massimo Borghesi publicado nestas mesmas páginas(2), ao tratar da gnose que está por trás da cultura moderna, lembrou sua ligação com a gnose dos antigos, especificamente com o que sugere a doutrina da seita dos Ofitas.

O conhecimento dessa seita, “os adoradores da Serpente”, chegou até nós graças a menções, em maior ou menor medida esparsas nas obras de apologistas cristãos: nas descrições de Irineu(3) e Hipólito(4), nas notícias mais sintéticas de Tertuliano(5), Orígenes(6), Epifânio(7), Filástrio(8), numa menção de Agostinho(9). E nós a conhecemos também por fortes semelhanças com o que nos foi comunicado por Irineu de um escrito original gnóstico, a Hipóstase dos Arcontes, tratado em língua copta (o egípcio da época helenística e romana) encontrado no códice II de Nag Hammadi(10).

Irineu, que viveu na época de maior difusão do pensamento dos gnósticos Ofitas, é quem sobretudo nos fala deles, ilustrando “suas coisas fantásticas”(11). Para evidenciar o caráter de perversão da razão e da realidade próprio de suas teorias, é suficiente a simples leitura do balanço que Irineu apresenta com a dificuldade em acompanhar a complicada e fantasiosa história que narra, usando e abusando dos textos do Antigo e do Novo Testamento, a queda fatal e ruinosa do espírito do divino criador na matéria (cf., no primeiro box, nesta página, a exposição atribuída a Tertuliano, mais sintética, mas igualmente significativa). Os Ofitas (ou Naassenos, denominação com a qual Hipólito os conhece) tomam seu nome da Serpente (Óphis, em grego), uma vez que para eles é a Serpente o centro, o elemento preponderante do itinerário que caracteriza sua doutrina; é a Serpente, em antagonismo com o malvado demiurgo criador da matéria, quem revela o dualismo que está por trás da concepção gnóstica; é a Serpente que dá a gnosis, o conhecimento iluminado do bem e do mal; é a Serpente o elemento positivo ao qual dar culto e dirigir-se como caminho para a salvação daquilo que de “pneumático”, espiritual, ou seja, originado do criador do bem, se esconde no homem (na matéria da carne, como numa prisão), e para o conseqüente abandono eterno do que é “hílico”, material, ou seja, mal, o mal que está no mundo e que é o mundo(12). Uma redenção - pelo desprezo da carne, da matéria - que pode ser alcançada também por meio do libertinismo mais perverso (cf., a respeito disso, o trecho do segundo box, na página anterior, com o qual Irineu conclui a descrição das várias seitas heréticas gnósticas(13).

ýouco mais de dois séculos após Irineu, na época de Agostinho, a doutrina gnóstica tem seus reflexos na maniquéia, que mantém o caráter fundamental daquela, ou seja, o dualismo, efeito de uma dupla criação, que cinde a pessoa do homem, dividido em si mesmo entre bem e mal, entre a luz e as trevas criadas, respectivamente, por um deus bom e por um malvado demiurgo.
As mesmas características, ao longo da história, serão reencontradas nos Bogomilos medievais, os quais pregavam que Deus criou ou emanou a alma, enquanto o diabo plasmou o corpo; e, ainda, no movimento dos Cátaros.
Se, para além desses limites cronológicos, é difícil vislumbrar em termos puramente históricos que a gnose moderna tenha derivado diretamente da gnose dos antigos, ela é retomada, sobretudo como especulação esotérica(14) numa parte da cultura moderna: as referências à seita dos Ofitas, evidenciadas por Borghesi no artigo citado no início, são um testemunho disso.

Notas

1 Irineu de Lyon. Adversus haereses II, 26, 1.
2 M. Borghesi. “O pacto com a Serpente”. In: 30Dias n. 2, 2003, pp. 52-58.
3 Irineu de Lyon. Op. cit., I, 30, 1-15.
4 Hipólito. Refutatio, onde se fala dos adoradores da serpente em três diferentes passagens: V, 7, 2-9, 9 (de um escrito dos Naassenos); V, 10, 2 (o salmo dos Naassenos sobre a alma); V, 24, 2-27, 5 (do Livro de Baruc do gnóstico Justino).
5 Alguns códices acrescentam ao texto incompleto de Tertuliano, De praescriptione haereticorum, como sendo do mesmo autor, uma continuação, publicada sob o título Libellus adversus omnes haereses. Nesse texto, fala-se dos Ofitas em II, 1-4.
6 Orígenes. Contra Celsum VI, 24-39.
7 Epifânio. Panarion I, 37.
8 Filástrio. Liber de haeresibus I, 2, 9.
9 Agostinho. De Genesi contra Manichaeos II, 36-40.
10 Cf. W. Förster (org.). Gnosis, vol. II. Zurique-Stuttgart, 1971, pp. 46-52. Nas páginas 53-62, encontra-se uma tradução alemã. Cf. também a tradução inglesa em: J. Robinson (org.). The Nag Hammadi Library in English, 2nd. edition. Leiden, 1984, pp. 152-160.
11 Irineu de Lyon. Op. cit. I, 30, 1.
12 Cf. U. Bianchi. Prometeo, Orfeo, Adamo. Tematiche religiose sul destino, il male, la salvezza. Roma, Edizioni dell’Ateneo, 1991, p. 29.
13 Irineu de Lyon. Op. cit., I, 31, 2.
14 Cf. G. Filoramo. Il risveglio della gnosi ovvero diventare dio. Roma-Bari, 1990.

Fonte: http://www.30giorni.it/

Papa Francisco: “Vivam a Semana Santa com Maria e com a tradição católica”

Antoine Mekary | ALETEIA | #image_title
Por Kathleen Hattrup

Embora não entendesse tudo o que Deus lhe pedia, ela se entregou totalmente à vontade do Pai junto com Jesus.

Após a Santa Missa deste Domingo de Ramos na Praça de São Pedro, o Papa Francisco ofereceu aos fiéis uma breve reflexão na hora do Ângelus, convidando-os a viver as tradições da Igreja durante esta Semana Santa guiados por Maria:

“Convido vocês a viver a Semana Santa como nos ensina a tradição do santo povo fiel de Deus, isto é, acompanhar o Senhor Jesus com fé e com amor.

Aprendamos com a nossa Mãe, a Santíssima Virgem Maria: ela seguiu o seu Filho com a proximidade do seu coração; ela era um só espírito com Ele e, embora não entendesse tudo, se entregava junto com Ele, totalmente, à vontade de Deus Pai. Que Nossa Senhora nos ajude a estar perto de Jesus presente nas pessoas que sofrem, que são descartadas, abandonadas. Que Nossa Senhora nos leve pela mão até Jesus presente nestas pessoas”.

Fonte:  https://pt.aleteia.org/

A força da oração

Francisco na Praça São Pedro para a tradicional missa do
Domingo de Ramos  (Vatican Media)

No editorial desta segunda-feira (3) de Andrea Tornielli, diretor editorial da mídia do Vaticano, o abraço dos fiéis ao Papa que pede para não esquecerem de rezar por ele.

Andrea Tornielli - Vatican News

Uma das características de Jorge Mario Bergoglio sempre foi aquela de pedir aos seus interlocutores de rezar por ele. Mesmo muitos anos antes de tornar-se bispo de Roma, ele não terminava uma conversa ou uma carta sem aquela frase que o mundo inteiro aprendeu a conhecer na última década: "Por favor, não se esqueça de rezar por mim". Para o jesuíta argentino que hoje é o Sucessor de Pedro, aquelas palavras nunca foram uma questão de circunstância e, mesmo se repetidas milhares de vezes, nunca se tornaram um hábito.

Pouco depois da eleição de Papa Francisco, o jornalista argentino Jorge Rouillón escreveu um artigo para contar o que havia acontecido com ele alguns anos antes, quando Bergoglio era arcebispo de Buenos Aires. "Um dia pedi ao cardeal se podia rezar por mim, porque naqueles dias eu estava esperando o resultado de um exame médico da próstata e existia a dúvida de que poderia haver algo maligno. O resultado foi então positivo para mim e eu havia esquecido completamente o assunto. Dois ou três meses depois, voltei a ver o arcebispo de Buenos Aires. Assim que ele me viu, me perguntou: 'Devo continuar rezando?' Eu tive que pensar antes de entender a que coisa ele estava se referindo. Ele tinha continuado a ter em mente na sua oração pessoal o que por mim tinha passado para segundo plano".

A oração para quem pede para ser acompanhado e protegido é uma forma para estar próximo e presente ao outro no momento de necessidade e corresponde ao que o próprio Jesus ensinou e testemunhou no Evangelho. Era 13 de outubro de 2013 quando Francisco, em uma homilia da missa na Santa Marta, falou da "coragem da oração": "Como rezamos, nós? Rezamos assim, por hábito, piedosamente, mas em silêncio, ou nos colocamos corajosamente diante do Senhor para pedir a graça, para pedir pelo que rezamos? A coragem na oração: uma oração que não seja corajosa não é uma oração verdadeira. A coragem de confiar que o Senhor nos ouve, a coragem de bater à porta... O Senhor diz: 'Porque quem pede recebe e quem procura encontra, e a quem bate será aberto'. Mas é preciso pedir, buscar e bater".

Quantos pedidos de oração, quantas súplicas chegaram ao Sucessor de Pedro nos últimos anos e foram acolhidas por ele na sua oração pessoal, como foi o caso com a do seu amigo jornalista argentino. Há, no entanto, outra corrente, invisível e poderosa, representada pelas orações de milhões de fiéis ao redor do mundo. Mulheres, homens, crianças, idosos, famílias. Pessoas simples que, ouvindo o Papa pedir orações no final de cada Angelus, de cada audiência, de cada discurso e de cada encontro, levaram a sério o seu pedido e continuam a rezar diariamente por ele e pelas suas intenções. O presente mais bonito para o Bispo de Roma que ama tanto "ser padre" e que não se poupa, como vimos também durante a sua recente hospitalização no Policlínico Gemelli, é ser apoiado por essas grandes orações dos pequenos. O povo de Deus que não se esquece de rezar por Francisco, no domingo (2) se alegrou ao revê-lo na Praça São Pedro.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Conheça três relíquias da Paixão de Cristo que são conservadas na Espanha

Relíquia Lignum Crucis (esquerda), Sudário de Oviedo e
Santo Cálice (direita). Foto: Wikipédia (Domínio público)
Por Blanca Ruiz

MADRI, 04 Abr. 23 / 08:00 am (ACI).- Embora o Santo Sudário de Turim (Itália) seja o objeto mais importante relacionado a Jesus que permanece até hoje, a Espanha também tem entre os seus tesouros três relíquias importantes de Cristo.

Estas relíquias são o Santo Cálice ou Santo Graal que está guardado na Catedral de Valência (Espanha); o Sudário de Oviedo, pano que cobriu o rosto de Jesus; e o Lignum Crucis, um pedaço da cruz do Senhor.

Estas relíquias foram estudadas em profundidade e permitem aproximar-se um pouco mais da Paixão de Cristo.

O Santo Cálice da Última Ceia

Segundo a tradição, o cálice que Jesus usou na Última Ceia, o Santo Cálice ou Santo Graal, é o objeto sagrado preservado na Catedral de Valência, (Espanha).

Este vaso sagrado é formado por um copo de cristal de ágata, uma base e duas alças. O que se sabe é que somente o copo de cristal de ágata teria sido usado por Jesus. A base e alças com pedras preciosas foram inseridas durante a época medieval.

Segundo o padre Jaime Sancho, custódio do Santo Cálice na Catedral de Valência, o estudo mais completo deste objeto foi realizado em 1960 e demonstrou que existe um alto grau de provas que confirmem a autenticidade desta relíquia.

“Nenhum estudo arqueológico posterior desmentiu esta pesquisa. É o único cálice que resistiu a críticas e investigação histórica”, assegurou o padre Sancho em entrevista concedida ao Grupo ACI em julho de 2016.

“Quando uma pessoa olha para esta relíquia descobre o amor de Deus na Eucaristia e isso é o que converte”, assegurou o sacerdote e precisou que durante esses anos que ele é custódio do Santo Cálice viu “muitas pessoas” chorarem ao ver esta relíquia “e perceber o quanto Deus nos ama, o quanto Deus está esperando por mim e me esperar nas coisas mais simples e pequenas”.

O Santo Cálice teve uma relação muito especial com os papas. De fato, quatro papas se relacionaram com ele: são João XXIII concedeu indulgência plenária na festa do Santo Cálice celebrada no dia 30 de outubro; são João Paulo II o venerou na catedral de Valência e consagrou com ele durante a sua visita à Espanha em 1982.

Bento XVI o usou durante a missa do V Encontro Mundial das Famílias, realizada em Valência em 2006 e o papa Francisco concedeu a celebração do Ano Santo do Cálice que começou no dia 29 de outubro de 2015 e terminou em novembro de 2016, junto com o Ano da Misericórdia. O Ano Jubilar do Santo Cálice é celebrado regularmente a cada cinco anos.

O Sudário de Oviedo

Segundo a tradição, o sudário que cobria o rosto de Jesus está guardado na catedral de Oviedo e é exposto ao público apenas três vezes por ano: na Sexta-feira Santa; no dia 14 de setembro, dia da Santa Cruz; e em 21 de setembro, festa do apóstolo São Mateus, padroeiro da cidade espanhola.

Os apóstolos veneraram em Jerusalém as relíquias da Paixão, incluindo o Sudário, durante os primeiros anos do cristianismo. Com a invasão dos persas no século VII, conseguiram salvá-lo e foi levado à Espanha.

Jorge Manuel Rodríguez Almenar, presidente do Centro Espanhol de Sindonologia, explicou em diversas ocasiões que os estudos mostram que todos os elementos do Sudário de Oviedo coincidem com os do Santo Sudário.

O último estudo realizado pela Universidade Católica de Murcia, na Espanha, concluiu que ambos os panos envolveram a mesma pessoa. Também precisou que o homem do Santo Sudário e do Sudário de Oviedo sofreu a mesma ferida no lado.

Algo que está de acordo com o que foi relatado no Evangelho de João, quando diz: “Mas, vindo a Jesus, e vendo-o já morto, não lhe quebraram as pernas. Contudo um dos soldados lhe furou o lado com uma lança, e logo saiu sangue e água”.

Lignum Crucis: Uma relíquia da Cruz de Cristo

O mosteiro franciscano de São Toríbio de Liébana, na Cantábria, guarda há mais de 1200 anos um grande pedaço da Cruz de Jesus.

Esta relíquia é conhecia pelo seu nome em latim Lignum Crucis, que significa lenho ou madeira da Cruz. Este objeto sagrado corresponde à madeira horizontal do lado esquerdo.

Santa Helena, mãe do imperador Constantino, decidiu conservar as relíquias da Paixão do Senhor. Uma delas foi a Cruz, que chegou à Espanha no século XVI, com os restos de santo Toribio, que tinha sido custódio dos lugares santos em Jerusalém.

Em 1958, realizaram alguns testes para comprovar a sua autenticidade e “confirmaram que a madeira é de uma árvore que existe na Terra Santa e que tem uma idade superior a 2000 anos”, assegurou ao Grupo ACI o padre Juan Manuel Núñez, superior do convento de São Toríbio de Liébana.

Além disso, o DNA da relíquia coincide com o de outros pedaços menores da cruz conservados em diferentes lugares do mundo.

“A maior prova de veracidade das Lignum Crucis são todas as conversões que ocorrem no sacramento da confissão no mosteiro”, afirma o sacerdote.

Segundo padre Núnez, o Lignum Crucis fala, “através de uma linguagem silenciosa, do amor de Deus que se entrega ao coração de todos os homens. Um amor que ficou marcado para sempre na Cruz e que diz a todos: ‘Embora não saibam lê-lo aqui diz como e quanto os amo’”.

Desde o século XVI se celebra o Ano Jubilar Lebaniego São Toríbio de Liébana. Este Ano Santo ocorre cada vez que o dia 16 de abril (festa de São Toríbio) cai em um domingo. O último Ano Jubilar Labaniego começou em 23 de abril de 2017, pois 16 de abril coincidia com o Domingo da Ressurreição, e terminou em 22 de abril de 2018. O próximo Ano Santo Lebaniego será em 2023.

Fonte: https://www.acidigital.com/

Santo Isidoro de Sevilha

Santo Isidoro de Servilha (cancaonova)
04 de abril
Santo Isidoro de Servilha

Origens

Isidoro nasceu no ano 560, na capital da Andaluzia, Sevilha. Foi o caçula entre quatro irmãos. Nasceu numa família hispano-romana bastante fiel e praticante da fé católica.

Seu pai se chamava Severiano e exerceu o cargo de prefeito em Cartagena, também na Espanha. O mandato de Severiano foi marcado pela disciplona e pela doutrina católica, que ele procurava exercer na política. A mãe de Santo Isidoro se chamava Teodora. Foi uma santa mulher que educou os filhos na sabedoria e na fé católica. O fruto dessa educação não poderia ser mais expressivo: seus quatro filhos foram elevados aos altares: Isidoro, Leandro, Fulgêncio e Florentina.

Dificuldade de aprendizado

Severiano faleceu quando Isidoro era ainda criança. Por isso, o pequeno Isidoro começou a estudar a religião por influência do irmão mais velho, Leandro, que passou a representar para ele a figura do pai. Quando iniciou na escola formal, Isidoro apresentou grande dificuldade no aprendizado. Por isso, ele mesmo tomou a iniciativa de procurar ajuda com seus irmãos e alguns professores. Procurou também a oração e confiou na Providência Divina. A iniciativa deu certo e ele “aprendeu a aprender”, superando suas dificuldades e revelando grande capacidade intelectual.

Sacerdote

O jovem Isidoro formou-se em latim, grego e hebraico, na cidade de Sevilha. Lá, ele sentiu o chamado para a vida sacerdotal. Por isso, com a aprovação do bispo e da comunidade cristã, ordenou-se sacerdote. Sua formação ajudou para que ele pudesse trabalhar na evangelização dos visigodos arianos, iniciando pela evangelização do rei de então. Mais tarde, o Padre Isidoro trabalhou na evangelização e conversão de muitos judeus espanhóis. Além disso, teve uma vida pastoral intensa e frutuosa.

Arcebispo de Sevilha 

Com o falecimento de seu irmão Leandro, que era o bispo de Sevilha, padre Isidoro foi o nome natural indicado para sucedê-lo. Ele aceitou e governou a arquidiocese de Sevilha por quase quarenta anos. No começo de seu bispado, Santo Isidoro organizou pequenos núcleos de estudo e ensino dentro das casas de religiosos. Esta “instituição” é considerada hoje como que o “embrião” dos seminários como conhecemos hoje.

Influência cultural

A influência cultural que Santo Isidoro exerceu na Espanha e Europa foi muito expressiva. Aquele menino que tinha dificuldade de aprender tornou-se o dono de uma das maiores e melhores bibliotecas da Espanha e Europa. Sua influência neste sentido foi tal, que muitos começaram a se dedicar a leituras boas e ao estudo.

Caridade e oração

Em meio a toda a agitação de dirigir uma arquidiocese como a de Sevilha, Santo Isidoro nunca deixava de lado a oração, que alimentava seu espírito e a caridade para com os necessitados. Atendia a todos os que o procuravam e saia em busca daqueles que tinham se perdido do redil das ovelhas. Ele se dedicava tanto aos pobres que sua casa estava sempre cheia de mendigos e necessitados de todos os tipos.

O Pai dos Concílios

Por causa de sua profundidade teológica e conhecimento, foi convidado a presidir o II Concílio de Sevilha, no ano 619.

Fonte: https://cruzterrasanta.com.br/

segunda-feira, 3 de abril de 2023

Na aparente derrota, a vitória de Cristo

Fr. Lawrence OP | Flickr | CC BY-NC-ND 2.0 / #image_title

Semana Santa: cada evento que vivenciamos, por mais que pareça repetitivo ou rotineiro não o é. Traz sempre algo de novo para o nosso viver. Entenda:

Chegamos à Semana Santa ou, como preferem alguns, à “Semana Maior”, pois nela celebramos os grandes eventos finais da vida de Cristo nesta terra e que estão ligados mais diretamente à nossa salvação pelos atos do Senhor chamados de redenção propiciatória. Nela, vemos, por uma aparente derrota a verdadeira vitória de Cristo. Reflitamos!

Cremos ser importante expor o que se entende por redenção em seu duplo aspecto, ou seja, o físico místico e o propiciatório. Mostra-nos a Sagrada Escritura, que foi por insídia do diabo que o pecado e a morte entraram no mundo, por isso o Senhor Jesus, a vida por excelência (Jo 14,6), veio até nós para derrotar o pecado, a morte e o demônio com seu sacrifício de cruz.

Redenção

Toda a Sua vida e Sua obra são redentoras – redenção é a recuperação de um objeto precioso mediante pagamento, o que supõe um regime de escravidão a ser superado – e podem ser entendidas em dois aspectos: a redenção físico-mística ou, como enfatizavam os antigos teólogos orientais, a redenção por contato. Ela significa que, desde a Sua concepção no seio materno de Maria, passando pela sua comparação identificadora com objetos diversos (pão, luz, porta, videira, cordeiro etc.), seu batismo, pregação, milagres etc., está em curso o processo de redenção do mundo. Tudo o que tem contato com o homem é transfigurado para uma realidade nova, a realidade recriada por Cristo. 

Daí também tudo o que é humano interessar, de algum modo, à Igreja, conforme lemos, logo no início da Gaudium et Spes: “As alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos homens de hoje, sobretudo dos pobres e de todos aqueles que sofrem, são também as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos discípulos de Cristo; e não há realidade alguma verdadeiramente humana que não encontre eco no seu coração. Porque a sua comunidade é formada por homens, que, reunidos em Cristo, são guiados pelo Espírito Santo na sua peregrinação em demanda do reino do Pai, e receberam a mensagem da salvação para a comunicar a todos. Por este motivo, a Igreja sente-se real e intimamente ligada ao gênero humano e à sua história” (n. 1).

Amor de Deus

“Por isso, o Concílio Vaticano II, tendo investigado mais profundamente o mistério da Igreja, não hesita agora em dirigir a sua palavra, não já apenas aos filhos da Igreja e a quantos invocam o nome de Cristo, mas a todos os homens. Deseja expor-lhes o seu modo de conceber a presença e atividade da Igreja no mundo de hoje. Tem, portanto, diante dos olhos o mundo dos homens, ou seja a inteira família humana, com todas as realidades no meio das quais vive; esse mundo que é teatro da história da humanidade, marcado pelo seu engenho, pelas suas derrotas e vitórias; mundo, que os cristãos acreditam ser criado e conservado pelo amor do Criador; caído, sem dúvida, sob a escravidão do pecado, mas libertado pela cruz e ressurreição de Cristo, vencedor do poder do maligno; mundo, finalmente, destinado, segundo o desígnio de Deus, a ser transformado e alcançar a própria realização” (n. 2).

É na morte e ressurreição do Senhor que a redenção propiciatória se dá. É nesses eventos que se manifesta o imenso amor puramente benevolente de Deus por nós (cf. Jo 4,10; 2Cor 5,18), cujo Filho se entrega, como sacerdote, altar e cordeiro em expiação (cf. 1Jo 2,2) para derrotar o pecado, a morte e o diabo, realidades reinantes neste mundo até àquela hora. Se a carne foi o instrumento com o qual o velho homem, Adão, pecou, a carne do novo homem, Cristo, nos trouxe a salvação. Isso é a recapitulação (usar o mesmo instrumento do mal para o bem, cf. Rm 8,3). Desse modo, o ser humano pecador torna-se, no sacrifício de Cristo, ser humano redimido e, por isso, aberto à graça de Deus.

O mal

O demônio foi despojado de seu poder (cf. Jo 12,31; Cl 2,13-15), embora, desde o início, ele quisesse dominar o Senhor Jesus tentando-O diretamente (cf. Mt 4,1-11; Lc 22,3.53) ou instigando os homens contra Cristo (cf. Jo 13,2; 1Cor 2,8). Todas as suas tentativas, diretas ou indiretas, foram, no entanto, frustradas, pois o Senhor Jesus é igual a nós em tudo, menos no pecado. Sua carne humana escondia a Divindade capaz de enfrentar e derrotar todo mal. Também a morte foi vencida, pois Cristo, inocente como era, nada devia à morte (cf. Jo 12,31; 14,30); por isso; ela não pôde detê-lo no cárcere, como tinha feito até aquele momento com os demais homens. Ao contrário, sua aparente derrota imposta ao Senhor serviu-Lhe de ponte para a Sua grandiosa vitória na Ressurreição corporal, centro da mensagem cristã (1Cor 15,14). Assim se dá até hoje: os homens e mulheres continuam, sem exceção, a morrer, mas essa aparente dominação serve de passagem para a vida definitiva em Deus. No dia da consumação final, será a morte totalmente destruída (cf. 1Cor 15,16), embora já esteja derrotada desde a morte e ressurreição do Senhor Jesus, o centro da História.

Desequilíbrio

Daí, a mãe Igreja O apresenta, na mesma Gaudium et Spes como a resposta e a solução de toda problemática humana: “Na verdade, os desequilíbrios de que sofre o mundo atual estão ligados com aquele desequilíbrio fundamental que se radica no coração do homem. Porque no íntimo do próprio homem muitos elementos se combatem. Enquanto, por uma parte, ele se experimenta, como criatura que é, multiplamente limitado, por outra sente-se ilimitado nos seus desejos, e chamado a uma vida superior. Atraído por muitas solicitações, vê-se obrigado a escolher entre elas e a renunciar a algumas. Mais ainda, fraco e pecador, faz, muitas vezes, aquilo que não quer e não realiza o que desejaria fazer (Rm 7,14-15). Sofre, assim, em si mesmo a divisão, da qual tantas e tão grandes discórdias se originam para a sociedade. Muitos, sem dúvida, que levam uma vida impregnada de materialismo prático, não podem ter uma clara percepção desta situação dramática; ou, oprimidos pela miséria, não lhe podem prestar atenção. Outros pensam encontrar a paz nas diversas interpretações da realidade que lhes são propostas. Alguns só do esforço humano esperam a verdadeira e plena libertação do gênero humano, e estão convencidos que o futuro império do homem sobre a terra satisfará todas as aspirações do seu coração. E não faltam os que, desesperando de poder encontrar um sentido para a vida, louvam a coragem daqueles que, julgando a existência humana vazia de qualquer significado, se esforçam por lhe conferir, por si mesmos, todo o seu valor. Todavia, perante a evolução atual do mundo, cada dia são mais numerosos os que põem ou sentem com nova acuidade as questões fundamentais: Que é o homem? Qual o sentido da dor, do mal, e da morte, que, apesar do enorme progresso alcançado, continuam a existir? Para que servem essas vitórias, ganhas a tão grande preço? Que pode o homem dar à sociedade, e que coisas pode dela receber? Que há para além desta vida terrena?”

Kairós

“A Igreja, por sua parte, acredita que Jesus Cristo, morto e ressuscitado por todos (2Cor 5,15), oferece aos homens pelo seu Espírito a luz e a força para poderem corresponder à sua altíssima vocação; nem foi dado aos homens sob o céu outro nome, no qual devam ser salvos (At 4,12). Acredita também que a chave, o centro e o fim de toda a história humana se encontram no seu Senhor e mestre. E afirma, além disso, que, subjacentes a todas as transformações, há muitas coisas que não mudam, cujo último fundamento é Cristo, o mesmo ontem, hoje, e para sempre (7)” (n. 10; cf. n. 22).

É com este importante pano de fundo, que iniciamos a Semana Santa de 2023. Ela não deve ser vista como outra de nossa vida, mas, sim, como “a Semana Santa”, pois cada evento que vivenciamos, por mais que pareça repetitivo ou rotineiro não o é. Traz sempre algo de novo para o nosso viver. É sempre um kairós ou um tempo favorável da graça divina a todos nós. Que vivenciando a aparente derrota do Senhor, na Sexta-Feira Santa, e a Sua verdadeira vitória, na Vigília Pascal, nos sintamos novas criaturas em Deus, o Alfa e o Ômega da História (cf. Ap 22,13) e, com Ele, por Ele e n’Ele, agentes de transformação da humanidade do pecado à graça divina. Amém.

Fonte: https://pt.aleteia.org/

Semana Santa: quem tem medo da cruz?

Paixão de Cristo (Vatican News)

Entramos na Semana Santa. Neste final de Quaresma, façamos uma profunda reflexão-preparação espiritual.

Padre Luiz Cláudio Azevedo de Mendonça – Diocese de Nova Friburgo

Quem tem medo da cruz? Resposta: todos nós. Não fomos feitos para a cruz. Fomos gerados para a luz, para a vida. A cruz assombra, assusta, frustra, entristece. Faz fenecer todo sonho, o brilho dos olhos, a paz do coração. Faz perecer o voo, o projeto da ave, agora amarrada e sangrada. A cruz é terrível. É o nada travestido de dor, o vazio do abandono, o frio do desmonte existencial.

Quem tem medo da cruz? Todo ser sensato tem. Mas a pergunta é outra: quem ou o que venceria o Amor? O que ou quem derrotaria a Luz? E a Luz e o Amor tem nome - Jesus, o Homem-Deus Salvador. Não que a cruz não pese ou não doa. Mas, a presença do seu Amor é mais forte do que a morte! O que é a dor do parto em relação à infinita alegria do filho-fruto? O que é a dor do sofrimento terreno perante a alegria estrondeante da eternidade que já pulsa e vibra dentro de nós?

Cristo venceu a cruz, porque era todo Amor. Ele sabia que o Pai não o deixaria. Até por um momento de solidão estremeceu e oscilou na segurança. Mas seu espírito estava entregue. Ele era plena comunhão de Amor e de Luz com o seu Pai. E o Espírito estava com Ele. Ele atravessou o deserto da fome e da sede, do calor e do vento gélido. Ele perseverou fiel na dureza das tentações. Sempre nos nossos momentos de fraqueza aparecem as portas largas do fácil e do mal. É mais cômodo jogar a toalha. É mais prático também mais covarde abandonar o navio, a luta, a causa. Perder os princípios, compactuar com a mentira. Fazer o jogo, vender a alma, ganhar tesouros, curtir o egoísmo-prazer. Adorar o poder, garimpar o dinheiro. É o movimento-alucinação do mundo, do nosso mundo roleta russa. Salve-se quem puder!

Ao contrário, o Mestre sustentou a caridade com a fibra do despojamento e da humildade, com a força divina da constância. A estabilidade do Bem, sem máscara, sem terceiras intenções, sem hipocrisia, sem autopromoção. A generosidade sempre pronta daquele que tinha no cotidiano de cada dever-missão o tempero do sentido maior do coração: a felicidade do outro, o crescimento do irmão-amigo, a salvação da amiga-irmã. A cruz só prevalece quando não temos a Luz e o sentido! Quando possuímos um porquê, então fazemos a oferenda, entregamos o sacrifício. Cada dor é doação, é oferta. É "por eles" que caminhamos. É "por eles" que sofremos. É "por eles" que não desistimos e enfrentamos tudo e não cedemos à infidelidade. É "por eles", gratuitamente, já nos dispensando do "obrigado" e da necessidade lógica da gratidão e do retorno. Como é o Amor de Cristo, puro e gratuito, só para que todos nós nos libertássemos. E isso já é uma imensa felicidade!

Se pudermos plantar a semente e fazer crescer alguém, isto já é um bálsamo de Deus que diz a nós ao ouvido e ao coração: "É por aí! Vai, continua, sê feliz!" Não importa o peso do madeiro, mesmo que diário. Transcenderemos o calvário, os chicotes, as cusparadas, as zombarias, a lança da traição, a sensação de abandono... Não fugiremos da missão, pois o nosso sangue é semente, nossa vida é geradora de tantas vidas e esperanças. Se a cada passo o Amor ilumina, a cruz que era nada, se torna instrumento-caminho do Tudo. O que era fim se transforma em meio. O que aniquilava, agora amadurece e reforça o valor da meta. O muro aparentemente intransponível é, na verdade, somente um obstáculo para o corredor que tem como ideal a coroa de louros da vitória. E assim nos libertamos e corremos no certame que nos é proposto rumo à realização eterna de Deus.

Não queremos ser escravos de ninguém, de nada, nem de nós mesmos. Foi para que fôssemos livres que Cristo nos redimiu, que Ele derramou total e resignadamente seu sangue, vendo em cada dor a nossa liberdade, em cada chicotada, o nosso riso, em cada bofetada, a nossa canção, na coroa de espinhos, a nossa glória. Persevera quem ama. De novo retorna a mente a pergunta: Quem tem medo da cruz? Todos nós temos medo da dor. Mas temos muito mais confiança no Amor que vence o tempo, a força, a mentira e a maldade, porque tem o Poder e a perenidade da Verdade - a única estrada que nos pode dar a vitória-felicidade-ressurreição!

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

domingo, 2 de abril de 2023

VIVAMOS A PAIXÃO, MORTE E RESSURREIÇÃO DO SENHOR

Paixão, Morte e Ressurreição do Senhor (Pastoral Familiar)

VIVAMOS A PAIXÃO, MORTE E RESSURREIÇÃO DO SENHOR

Dom Adelar Baruffi
Arcebispo de Cascavel (RS)

Sempre, ao iniciarmos a Semana Santa, se lê um dos trechos do evangelho de Jesus Cristo, que dá a sua vida na cruz. Quando os cristãos levam os Ramos, sabemos que logo será Páscoa do Senhor. Aquela semana será diferente. Terá mais profundidade espiritual. Nela, por exemplo, viveremos a entrega de Jesus, no seu Tríduo Pascal, Quinta-Feira à noite, Sexta-Feira e Sábado, quando então concluiremos o Tríduo Pascal. Passado o Sábado, teremos a celebração da alegria pascal! Muito profunda, também, visto que nenhum cristão batizado pode faltar numa celebração. As três são importantes igualmente.

Em Jerusalém, Jesus entra jubiloso. Ele sabe o que irá encontrar. Lá irá realizar o seu Mistério Pascal. Ele entra jubiloso, sobre uma jumenta (Mt 21,2). Os Ramos dão acolhida ao Senhor, o nosso Rei. Os Ramos que trazemos são boas-vindas ao Senhor, Jesus Cristo. Naquele tempo, gritavam e cantavam: “Hosana ao Filho de Davi! Bendito o que vem em nome do Senhor! Hosana no mais alto dos céus” (Mt 21,9). Ele é acolhido muito bem. E, o próprio Jesus Cristo, sabia que depois de algum dia, a mesma multidão chamaria a Ele para ser “crucificado”.

Na oração da coleta, desta missa, do Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor, rezamos ao Pai, “para dar aos homens um exemplo de humildade, quisestes que o nosso Salvador se fizesse homem e morresse na cruz. Concedei-nos aprender o ensinamento da sua paixão e ressuscitar com ele em sua glória.” Aqui está a nossa glória, o nosso sucesso em nossa vida. Olhar sempre para o alto, onde está o Filho de Deus. Jesus Cristo tem um grande ensinamento a nos dar: o aprendizado da humildade.

Na leitura dos Filipenses, São Paulo, nos fala que “Jesus Cristo, existindo em condição divina, não fez do seu ser igual a Deus uma usurpação, mas ele esvaziou-se a si mesmo, assumindo a condição de escravo e tornando-se igual aos homens” (Fl 2, 6-7). Jesus Cristo se mostrou sempre muito humilde, simples e misericordioso. Ele ficou calado, durante todo o tempo de sua paixão. “Mas Jesus não respondeu uma só palavra, e o governador ficou muito impressionado” (Mt 27,14). Ele estava tão unido ao Pai, infinitamente bom, que viveu tudo o que sabemos pela leitura dos textos bíblicos com profundidade e silêncio. Sem falar nada. Depois desta vez, somente no final, quando Jesus Cristo, provavelmente, ficou profundamente sentido, ele gritou “Eli, eli, lamá sabactâni?, que quer dizer “Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste?” (Mt 27,46).

Este é o tempo do silêncio, de não fazer muito barulho. Quantas vezes ao dia vou recordar disso? Também, é o tempo de voltar-se para Deus. Ele é infinitamente bom para nos perdoar. Sempre que tivermos algum pecado é só reconhecer e dizer a Ele, na confissão. Ele nos perdoará sempre. Nós, todos os dias, ouviremos esta Palavra: “Se alguém quer vir após mim, renuncie a si mesmo, tome sua cruz e me siga” (Mt 16,24). O caminho cristão tem a cruz de Jesus Cristo diante dos olhos!

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF