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segunda-feira, 4 de março de 2024

O jejum como dimensão espiritual e caritativa

Jejum e abstinência (franciscanas)

O JEJUM COMO DIMENSÃO ESPIRITUAL E CARITATIVA

Dom José Gislon
Bispo  de Caxias do Sul (RS)

Estimados irmãos e irmãs em Cristo Jesus! O jejum proposto pela Igreja aos seus filhos e filhas, neste tempo da Quaresma, tem por finalidade preparar os fiéis para acolherem Jesus Cristo e viverem intensamente a celebração da Páscoa do Senhor Jesus. Essa preparação acontece através de um coração contrito e humilhado, que leva ao arrependimento, à fortificação do espírito contra o mal e à purificação da alma, que liberta do peso da carne e aspira com maior intensidade a união com Deus. 

Nos primeiros séculos do cristianismo, entre as atividades próprias do cristão, como indivíduo, antes mesmo de ser membro de uma comunidade, era importante a prática da caridade. Com isso, o jejum torna-se uma prática inseparável do exercício da caridade, que cada cristão, tendo presente as próprias possibilidades, é levado a praticar como forma de imitação da caridade do Pai e do Filho. 

O jejum cristão, portanto, assumido como ato de sofrimento e sacrifício, assemelha-se à paixão de Jesus, e assumido como ato de caridade para com o próximo, foi interpretado fundamentalmente como forma de imitação de Cristo. O Papa São Leão Magno dizia que no jejum o cristão imita, portanto, a humanidade sofrida de Cristo. 

Na sociedade atual, falar de jejum, como parte da vida ascética espiritual, pode soar meio fora de moda. Mas na dimensão da vida cristã, o jejum sempre teve e tem uma forte conotação espiritual e caritativa. O jejum sem a dimensão da caridade tem pouco a ver com a doutrina cristã. E sem um gesto concreto de partilha, é apenas um ato de economia. Deus não quer este tipo de jejum. Jejuar, segundo o Papa São João Paulo II, significa privar-se de algo “para responder à necessidade do irmão, tornando-se assim exercício de bondade, de caridade”. 

Em sua mensagem para a Quaresma de 2009, o Papa Bento XVI lembrou que os Padres da Igreja sempre valorizaram o jejum como forma de abrir no coração do fiel a estrada para Deus. Na mesma mensagem, menciona São Pedro Crisólogo que, em um de seus sermões, escreveu: “O jejum é a alma da oração; e a misericórdia, a vida do jejum, por isso, quem reza, jejue. Quem jejua, tenha misericórdia. Quem ao pedir deseja ser ouvido, ouça a quem lhe dirige um pedido. Quem quer encontrar aberto o coração de Deus para si, não feche o seu a quem o suplica”.

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

Hoje é dia de são Giovanni Antonio Farina, um bispo com ‘cheiro de ovelha’

São Giovanni Antonio Farina | ACI Digital

Hoje (4), a Igreja celebra são Giovanni Antonio Farina (1803-1888), bispo das cidades de Treviso e Vicenza, Itália, considerado um dos pastores mais ilustres do século XIX. Durante a sua vida, as pessoas o chamavam de “o homem da caridade” ou “o bispo do povo”, graças à sua sensibilidade e predileção para que a Igreja esteja ao serviço dos pobres, dos abandonados, dos doentes e dos rejeitados.

Dom Giovanni foi o fundador da congregação das Irmãs Mestras de Santa Doroteia de Vicenza, Filhas dos Sagrados Corações, instituição que atualmente está presente em vários países do mundo.

Igreja e sociedade

Antonio Farina nasceu em 11 de janeiro de 1803 em Gambellara, pequena cidade da província de Vicenza, cuja diocese décadas mais tarde ficaria sob seus cuidados apostólicos.

Aos 15 anos entrou para o seminário diocesano e, em 1827, aos 24, foi ordenado sacerdote. Nos 18 anos seguintes, ele foi professor no seminário. Foi nomeado capelão da paróquia de são Pedro de Vicenza, cargo que ocupou durante uma década.

O padre Antonio participou de muitos projetos culturais e espirituais; esteve envolvido em muitas obras de caridade e liderou serviços sociais de natureza educativa. Por exemplo, foi responsável pela gestão da escola pública primária e superior de Vicenza. Farina se formou como professor primário, reconhecimento que obteve motivado pela convicção sobre a importância da educação, que concebeu como um caminho voltado para a formação integral da pessoa, a prática religiosa e a caridade fraterna. Seu lema era: “A verdadeira ciência consiste na educação do coração, isto é, no temor prático de Deus”.

Em 1831, inaugurou a primeira escola popular feminina e, em 1836, fundou o instituto das Irmãs Mestras de Santa Doroteia, Filhas dos Sagrados Corações, instituição dedicada à educação de meninas pobres, surdas-mudas e cegas, bem como a assistência aos idosos doentes e acamados.

O bispo: oração e ação

Depois de ser nomeado bispo de Treviso em 1850, dom Giovanni organizou associações em cada uma das paróquias sob sua jurisdição para mobilizar ajuda material e espiritual aos mais pobres. Ao mesmo tempo, promoveu a prática de exercícios espirituais e a assistência padres de baixa renda, aposentados ou doentes. Por outro lado, cuidou da formação doutrinal e cultural do clero ativo e dos fiéis; bem como da instrução e catequese dos jovens. Dom Giovanni possuía claramente as qualidades do bom pastor, indispensáveis ​​num bispo.

Em 18 de junho de 1860, foi enviado à sede de Vicenza para cuidar dela. Como bispo, convocou um sínodo diocesano em sua cidade – evento que não era celebrado desde 1689 – para promover o fortalecimento espiritual dos sacerdotes por meio da devoção ao Sagrado Coração de Jesus e à Virgem Maria. Com isto, são Giovanni quis que os fiéis se aproximassem da eucaristia.

Dom Farina participou do Concílio Vaticano I (1869-1870) no qual se destacou pelo apoio à infalibilidade papal.

Os últimos anos da sua vida foram caracterizados pelo reconhecimento público do seu trabalho apostólico e da sua caridade. Infelizmente, ele também teve que sofrer as consequências de acusações injustas. Porém, após sua morte, a má natureza das acusações tornou-se evidente, enquanto sua fama de santo se espalhava tanto no ambiente eclesiástico quanto no civil. Dom Farina morreu no dia 4 de março de 1888, devido a um ataque de apoplexia. Ele tinha 85 anos.

Aos altares

Em 1978, uma freira equatoriana pertencente à congregação que são Giovanni fundou, irmã Inés Torres Córdova, que estava com um grave tumor com metástase, foi curada milagrosamente depois de ter pedido a intercessão de seu pai fundador.

Giovanni Antonio Farina foi beatificado em 2001 pelo papa São João Paulo II e canonizado em 2014 pelo papa Francisco. Sua festa é celebrada no dia 4 de março.

Fonte: https://www.acidigital.com/

Papa Francisco, Oriente Médio: chega, por favor! Parem!

Manifestações em prol da paz (AFP or licensors)

O Papa encoraja a continuar as negociações para um cessar-fogo imediato em Gaza e em toda a região. "E, por favor, não nos esqueçamos da martirizada Ucrânia, onde muitos morrem todos os dias. Há muita dor lá".

Silvonei José - Vatican News

Forte apelo do Papa Francisco no Angelus deste domingo, também sobre o desarmamento.

“Carrego diariamente em meu coração, com dor, o sofrimento das populações da Palestina e de Israel devido às hostilidades em curso, disse o Santo Padre. Os milhares de mortos, feridos, desabrigados e imanes destruições causam dor, e isso com consequências terríveis para os pequenos e indefesos, que veem seu futuro comprometido”.

Francisco então se pergunta: “verdadeiramente se pensa em construir um mundo melhor dessa forma, se pensa realmente em alcançar a paz? Chega, por favor! Vamos todos dizer: chega, por favor! Parem!

O Papa então encoraja a continuar as negociações para um cessar-fogo imediato em Gaza e em toda a região, “para que os reféns possam ser libertados imediatamente e retornem aos seus entes queridos, que aguardam ansiosamente, e para que a população civil possa ter acesso seguro às devidas e urgentes ajudas humanitárias”.

"E, por favor, não nos esqueçamos da martirizada Ucrânia, onde muitos morrem todos os dias. Há muita dor lá", reafirmou o Santo Padre.

Em seguida o Papa Francisco recordou que no dia 5 de março celebra-se o segundo Dia Internacional de Conscientização sobre Desarmamento e Não-Proliferação. “Quantos recursos – disse- são desperdiçados em gastos militares que, devido à situação atual, infelizmente continuam a aumentar!

E Francisco faz mais um apelo: “espero sinceramente que a comunidade internacional compreenda que o desarmamento é, antes de tudo, um dever, o desarmamento é um dever moral. Vamos colocar isso em nossas cabeças. E isso requer a coragem de todos os membros da grande família de nações de passar do equilíbrio do medo para o equilíbrio da confiança”.

O Santo Padre fez ainda uma saudação a todos os fiéis presentes, romanos e peregrinos de vários países, entre os quais os estudantes da Universidade Sénior de Vila Pouca de Aguiar, em Portugal. E o agradecimento aos jovens ucranianos que a Comunidade de Sant'Egidio convocou para o tema "Vencer o mal com o bem. Oração, pobres, paz". “Queridos jovens, obrigado por seu compromisso com aqueles que mais sofrem com a guerra. Obrigado!”

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

domingo, 3 de março de 2024

Tão livre, tão obediente - Parte 1

Gianna Beretta Molla de férias em Courmayeur, Aosta (30Giorni)

Revista 30Dias – 03/2004

Tão livre, tão obediente

História de Gianna Beretta Molla, a primeira mãe da era moderna a ser proclamada santa.

por Stefania Falasca

Numa nota, estas linhas: «Uma coisa é certa: temos sido objeto de predileção desde toda a eternidade. Tudo se desenvolve para um fim pré-estabelecido. Para cada um de nós Deus traçou o caminho, a vocação: além da vida física, a vida da graça... A nossa felicidade terrena e eterna depende de seguirmos bem a nossa vocação. É um dom de Deus, portanto vem de Deus, devemos entrar nesse caminho: primeiro, se Deus quiser, segundo, quando Deus quiser, terceiro, como Deus quiser. As dificuldades são muitas, mas com a Sua ajuda devemos caminhar sempre sem medo. Que se morrêssemos na luta pela nossa vocação, esse seria o melhor dia das nossas vidas”.

Gianna escreveu essas poucas linhas em um caderno escolar quando tinha dezoito anos. Ela morreu antes dos quarenta anos. Oferecendo sua vida pela de sua quarta filha. Ela será canonizada no dia 16 de maio. Ela é a primeira mãe da era moderna a subir às honras dos altares.

Uma “kamikaze da vida”, alguns não hesitaram em defini-la, argumentando sobre a adequação da sua causa. Outros, porém, devido ao seu gesto heróico como mãe, fizeram dela uma defensora dos antiaborto. Mas quantas mães admiráveis ​​fizeram o mesmo sacrifício... Não. Este último ato por si só não pode ser a chave de tudo. Quando Paulo VI, recolhendo informações sobre a sua vida, expressou a esperança de vê-la nos altares, não tinha outro propósito senão mostrar-nos um caminho muito simples. Nenhum outro desejo senão deixar-nos sequestrar, mergulhando plenamente no próprio coração da santidade cristã. Através da experiência diária desta mulher.

A extraordinária história de Gianna Beretta Molla começa aqui. 

Não poderemos fazer o bem se não tivermos a graça dentro de nós

“Uma mulher muito normal”, descreve o marido, o engenheiro Pietro Molla. «Equilibrada, inteligente, moderna. Ela respeitava sua profissão, amava as montanhas, gostava de roupas bonitas, flores e música. Em sua vida Gianna nunca buscou a renúncia pela renúncia, ela não fez, na minha opinião, nem pretendia fazer nada fora do comum, excepcional. Não sabia que tinha uma santa ao meu lado...". Estas foram as suas primeiras palavras depostas no interrogatório do julgamento. Afinal, como podemos culpá-lo «se por santidade entendemos fazer grandes coisas, penitências extraordinárias». “Na vida da minha esposa”, acrescenta ele, “não houve nenhum”. Até as fases da sua vida são as de muitos. Depois de terminar o ensino médio, matriculou-se na Universidade Estadual de Milão, em 1949 formou-se em medicina e cirurgia, em 1950 abriu uma clínica em Magenta, em 1952 especializou-se em pediatria, em 1955 casou-se. Família e trabalho. Estas foram suas ocupações diárias até sua morte.

Gianna cresceu em uma família numerosa. Com um pai e uma mãe de quem deixa um legado de fé simples e bela. Três de seus irmãos abraçarão a vida religiosa. Dois se tornarão médicos e um deles partirá como missionário para o Brasil, fundando um hospital. E foi para seguir os seus passos que se matriculou na medicina. Tanto que, ao terminar os estudos, chega a pensar em se juntar ao irmão como médico voluntário. Antes de decidir, pede conselho ao pároco. “Mas por que você quer ir tão longe?” ele lhe pergunta: «Tem muitos malucos que se casam e você, sendo uma boa filha, quer ir embora?». Escreveu ao irmão: «Não virei ao Brasil por enquanto, Deus providenciou de outra forma». Em 54, num concerto de fim de ano, conheceu Pietro. No ano seguinte eles se casam. Eles vão morar em Ponte Nuovo, perto de Magenta. Ele trabalha como gerente em uma fábrica. Numa das suas primeiras cartas, escreveu-lhe: «Querido Pedro, o Senhor ama-me muito. Eu estou realmente feliz. Tudo o que somos e temos é apenas uma dádiva da Sua bondade divina. Aqui está o segredo da felicidade: viver momento a momento, momento a momento, abandonando-nos sem reservas à ação da Sua graça."

As crianças chegaram uma após a outra. “Estávamos envelhecendo”, diz o marido, “e Gianna não queria ser uma mãe muito velha para eles”. A cada nascimento, como agradecimento, enviava ofertas, fruto de suas economias, ao irmão missionário no Brasil. «Desde o início da nossa união» diz o marido «havíamos decidido que cada um de nós não poderia mudar de emprego, eu como gerente industrial e ela como médica, e isso foi conseguido sem confrontos, exceto pelos sacrifícios necessários em ambos lados ». Gianna continua assim a praticar incansavelmente o seu trabalho como médica até ao fim. «Ela era muito respeitada e querida pelos seus pacientes» recorda a enfermeira que a atendeu. «Sempre disponível para todos, mesmo quando era chamada com urgência à noite, mesmo na última gravidez sempre esperou prontamente. Lembro-me de uma vez que ela recebeu três ligações na mesma noite. Muitas vezes traziam os doentes para esperá-la ao pé da escada, por gentileza para com ela e sua condição. Se o paciente fosse pobre, Gianna, além da visita gratuita, dava-lhe remédios ou dinheiro. Continuou a cuidar dos doentes com naturalidade e dedicação até ao dia anterior à sua última entrada na clínica.” Numa nota Gianna escreve: «Quão precioso é o nosso trabalho. Temos oportunidades que o padre não tem... temos corpos para cuidar, mas quando os remédios não servem mais, há a alma para levar a Deus”.

Fonte: https://www.30giorni.it/

Papa: "fazer ao nosso redor mais casa e menos mercado, espalhar a fraternidade”

Angelus - Papa Francisco (VATICAN MEDIA Divisione Foto)

Francisco reza a Oração mariana do Angelus com os fiéis reunidos na Praça São Pedro e recorda a advertência de Jesus: "não façam da casa de meu Pai um mercado".

Silvonei José – Vatican News

"O convite para o nosso caminho de Quaresma é fazer com que em nós e ao nosso redor haja mais casa e menos mercado. Antes de tudo, em direção a Deus. Rezando muito,  como filhos que batem incansavelmente e com confiança à porta do Pai, e não como vendedores avaros e desconfiados. E depois, espalhando a fraternidade. Há necessidade". Foi o que disse o Papa Francisco no Angelus deste Terceiro Domingo da Quaresma, na Praça São Pedro.

O Evangelho de hoje – disse o Santo Padre na alocução que precedeu o Angelus - nos mostra uma cena dura: Jesus que expulsa os vendilhões do templo. Ele afasta os vendedores, derruba os bancos dos cambistas e admoesta a todos dizendo: "Não façam da casa de meu Pai um mercado". O Papa se detém exatamente no contraste entre casa e mercado: são, de fato, duas maneiras diferentes de se apresentar diante do Senhor.

Papa Francisco (VATICAN MEDIA Divisione Foto)

"No templo, entendido como um mercado, para estar de bem com Deus, bastava comprar um cordeiro, pagá-lo e consumi-lo nas brasas do altar". Comprar, pagar, consumir, e depois cada um para casa sua, frisou o Papa.

https://youtu.be/MHeY-N4S4us

No templo, porém, entendido como casa, acontece o contrário: a pessoa vai ao encontro do Senhor, une-se a Ele e aos irmãos, para compartilhar alegrias e tristezas.

Ainda mais: "no mercado, joga-se com o preço, em casa não se calcula; no mercado, busca-se o próprio interesse, em casa, dá-se gratuitamente". E Francisco sublinha:

“Jesus é duro hoje porque não aceita que o templo-mercado substitua o templo-casa, que o relacionamento com Deus seja distante e comercial em vez de próximo e confiante, que os bancos de vendas tomem o lugar da mesa da família, os preços o lugar dos abraços e as moedas o lugar das carícias. Pois, dessa forma, cria-se uma barreira entre Deus e o homem e entre irmão e irmão, ao passo que Cristo veio para trazer comunhão, misericórdia e proximidade”.

Fiéis na Praça São Pedro durante o Angelus (VATICAN MEDIA)

Então, vamos nos perguntar, continuou Francisco: antes de tudo, como é minha oração? É um preço a pagar ou é um momento de entrega confiante, em que não olho para o relógio? E como são meus relacionamentos com os outros? Sei como dar sem esperar pela reciprocidade? Sei dar o primeiro passo para quebrar os muros do silêncio e os vazios das distâncias?

E conclui pedindo que Maria nos ajude a "fazer casa" com Deus, entre nós e ao nosso redor.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

O caminho da conversão!

O caminho da conversão (Cathedral Virtual)

O CAMINHO DA CONVERSÃO!

Dom Anuar Battisti
Arcebispo Emérito de Maringá (PR) 

No 3.º Domingo da Quaresma, a Palavra de Deus desenha-nos o mapa do caminho que conduz à Vida nova, à salvação. Recomenda-nos que, ao longo de todo o percurso, não percamos Jesus de vista: é Ele o guia que nos ajuda a interpretar o mapa e que nos leva ao encontro do Pai. 

Na primeira leitura – Ex 20,1-17 –, Deus oferece-nos um conjunto de indicações (“mandamentos”) que devem balizar o nosso itinerário de todos os dias. Com a sua iniciativa, Deus não quer limitar a nossa liberdade, mas sim ajudar-nos a chegar à Vida verdadeira.  

Na segunda leitura – 1Cor 1,22-25 –, o apóstolo São Paulo sugere-nos uma conversão à “loucura de Deus”. Convida-nos a olhar para a cruz e a descobrir, na entrega do Crucificado, que só o amor dado até ao extremo gera Vida e salvação. Na cruz revela-se a paradoxal “sabedoria de Deus”, que Paulo nos convida a abraçar. 

No Evangelho – Jo 2,13-25 –, Jesus apresenta-Se como “o Templo Novo” onde Deus reside e onde marca encontro com os homens para lhes oferecer a sua Vida e a sua salvação. Quem quiser encontrar Deus deve aproximar-se de Jesus, tornar-se seu discípulo, abraçar o seu projeto, seguir os seus passos, viver animado pelo seu Espírito. 

O Evangelho de São João se diferencia dos Sinópticos ao narrar a expulsão dos mercadores e cambistas do Templo no início da atividade pública de Jesus. O Senhor Jesus expulsa os mercadores do Templo, na primeira parte do trecho, purificando-o, para que na segunda parte pudesse proclamar a verdadeira purificação do Templo, alusão à sua morte e Ressurreição. Jesus sobe a Jerusalém para participar da celebração da Páscoa judaica por três vezes: esta Páscoa que contemplamos hoje – Jo 2,13.23; uma segunda – Jo 6,9 – e a última em Jo 12,1; 13,1; 18,28; 19.14. Por isso, neste Evangelho, a Páscoa enquadra toda a narrativa da atividade pública de Jesus. O trecho de hoje é um episódio programático em dois sentidos no quarto Evangelho: narrativo e teológico-cristológico. Narrativo: é o primeiro confronto de Jesus com as autoridades do Templo que o condenarão à morte. Toda a narrativa evangélica a seguir será marcada pelo enfrentamento e perseguição por tais autoridades a Jesus até a sua crucifixão. Neste quadro narrativo, insere-se o sentido teológico. Durante a sua primeira presença na Páscoa judaica, Jesus anuncia a sua própria Páscoa. Expulsando os mercadores com suas mercadorias e ovelhas – cordeiros – do edifício do Templo, prefigura-se a “substituição” tanto dos cordeiros pascais pelo Único Cordeiro, que tira o pecado do mundo, quanto do templo-edificação pelo Templo de seu Corpo Ressuscitado, “onde” os verdadeiros adoradores do Pai o adorarão em espírito e verdade.  

Jesus ao fazer um chicote de cordas deixa claro que Ele é o Messias esperado, aquele que vem para “açoitar” as práticas de injustiça e inaugurar um tempo novo. Jesus faz o povo sair daquele centro de exploração, junto com as ovelhas e os bois. Aliás, as ovelhas na Bíblia muitas vezes representam o próprio povo. Jesus vem tirar do templo, vem libertar da exploração comercial disfarçada de religião. Ele derruba as mesas e o dinheiro dos cambistas, e ordena aos vendedores de pombas que tirem tudo de lá. As pombas eram a oferta dos pobres, que não conseguiam comprar animais mais caros. Mas o sacrifício de pombas de nada mais serve, diante daquele que desceu em forma de pomba, no batismo de Jesus.  

Jesus purificou o templo. Deus não habita em locais em que se explora a fé, sobretudo das pessoas simples. O Espírito de Deus está presente em Jesus, e essa presença o torna indestrutível. Podem matá-lo, mas sua morte não será definitiva, pois no terceiro dia ele voltará à vida plena. 

Vivamos o caminho da conversão na busca de Cristo, o Templo Vido de Deus Uno e Trino. O verdadeiro santuário é o Corpo de Jesus, morada de Deus, que nos aproxima do Pai. Na Casa do Pai, o Corpo de Jesus, somos família, aonde não se compra nada, apenas vive na gratuidade do amor. Vivamos em Cristo, o novo Templo, a nova oferta viva ao Pai, na ação do Espírito Santo.

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

A Segunda Pregação da Quaresma 2024 do cardeal Cantalamessa - Parte 3

2ª Pregação da Quaresma 2024 - Cardeal Cantalamessa

A Segunda Pregação da Quaresma do cardeal Cantalamessa

"O espírito do mundo age de modo análogo. Penetra em nós por mil e um canais, como o ar que respiramos, e, uma vez dentro, muda os nossos modelos operacionais: ao modelo “Cristo”, entra no lugar o modelo “mundo”. O mundo também tem a sua “trindade”, os seus três deuses, ou ídolos para se adorar: prazer, poder, dinheiro. Todos depreciamos os desastres que eles provocam na sociedade, mas estamos certos de que, em nossa pequenez, nós mesmos não somos completamente imunes a eles?"

Fr. Raniero Card. Cantalamessa, OFMCap
“EU SOU A LUZ DO MUNDO”
Segunda Pregação da Quaresma de 2024

A fé e o mundo

Acenei acima a um segundo significado da expressão “luz do mundo”, e é a ele que gostaria de dedicar a última parte da minha reflexão, também porque é aquela que nos diz respeito mais de perto. Trata-se, eu dizia, do significado, por assim dizer, instrumental, em que Jesus é luz do mundo: ou seja, dado que lança luz sobre todas as coisas; em relação ao mundo, faz o que faz o sol em relação à terra. O sol não ilumina e não revela a si mesmo, mas ilumina todas as coisas que estão sobre a terra e deixa ver cada coisa sob a justa luz.

Também neste segundo sentido, Jesus e o seu Evangelho têm um concorrente que é o mais perigoso de todos, sendo um concorrente interno, um inimigo dentro de casa. A expressão “luz do mundo” muda completamente de significado conforme se toma a expressão “do mundo” como genitivo objetivo, ou como genitivo subjetivo; ou seja, dependendo se o mundo for o objeto iluminado ou, ao invés, o sujeito que ilumina. Neste segundo caso, não é o Evangelho, mas o mundo que deixa ver todas as coisas à própria luz. O Evangelista João exortava os seus discípulos com estas palavras:

Não ameis o mundo, nem o que há no mundo. Se alguém ama o mundo, não está nele o amor do Pai. Porque tudo o que há no mundo – o desejo da carne, o desejo dos olhos e a ostentação da riqueza – não vem do Pai, mas do mundo (1Jo 2,15-16).

O perigo de conformar-se a este mundo – a mundanização – é o equivalente, no âmbito religioso e espiritual, ao que, no âmbito social, chamamos de secularização. Ninguém (eu, menos do que todos) pode dizer que este perigo não paira também sobre ele ou ela. Um dito atribuído a Jesus em um antigo escrito não canônico afirma: “Se não jejuardes do mundo, não descobrireis o reino de Deus”[7]. Eis o jejum mais necessário hoje do que todos: jejuar do mundo, nesteuein tô kosmô, segundo o dito citado!

O mundo de que falamos e ao qual não devemos nos conformar não é o mundo criado e amado por Deus, não são os homens do mundo, dos quais, ao invés, devemos sempre ir ao encontro, especialmente os pobres, os últimos, os sofredores. O “misturar-se” com este mundo do sofrimento e da marginalização é, paradoxalmente, o melhor modo de “separar-se” do mundo, pois é ir lá, donde o mundo refulge com todas as suas forças. É separar-se do próprio princípio que rege o mundo, que é o egoísmo.

Antes do que nas obras, a mudança deve ocorrer no modo de pensar. São Paulo exortava os cristãos de Roma com as palavras:

Não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos,
pela renovação da mente,
para que possais distinguir o que é da vontade de Deus,
o que é bom, o que lhe agrada, o que é perfeito
 (Rm 12,2).

Na origem da mundanização, há muitas causas, mas a principal é a crise de fé. É a fé o terreno de choque primário entre o cristão e o mundo. É pela fé que o cristão não é mais “do” mundo. Entendido em sentido moral, o “mundo” é tudo o que se opõe à fé. “Pois todo o que foi gerado de Deus vence o mundo”, escreve João na Primeira Carta, “a nossa fé” (1Jo 5,4). Na Carta aos Efésios, a este respeito, há uma palavra sobre a qual vale a pena nos determos um pouco mais. Diz:

E vós estáveis mortos por causa de vossas transgressões e pecados, nos quais andastes outrora, seguindo o Mentor deste mundo, seguindo o Chefe das potências dos ares, o espírito que atualmente está agindo nos rebeldes (Ef 2,1-2).

O exegeta Heinrich Schlier fez uma análise penetrante deste “espírito do mundo”, considerado por Paulo o antagonista direto do “Espírito que vem de Deus” (1Cor 2,12). Um papel decisivo desempenha nisso a opinião pública. Hoje podemos chamá-lo, em sentido literal, de “espírito que está nos ares”, porque se difunde sobretudo pelos ares, pelos meios de comunicação virtual.

Determina-se – escreve Schlier – um espírito de grande intensidade histórica, ao qual o indivíduo dificilmente consegue se subtrair. Reside no espírito geral, é considerado óbvio. Agir, ou pensar, ou dizer algo contra ele é considerado coisa insensata ou mesmo uma injustiça ou um delito. Então, não se ousa mais pôr-se diante das coisas e das situações e, sobretudo, da vida, de maneira diversa de como ele as apresenta... Sua característica é interpretar o mundo e a existência humana à sua maneira[8].

É o que chamamos de “adaptação ao espírito dos tempos”. A moral da ópera mozartiana “Così fan tutte” (“Assim fazem todas”). Hoje possuímos uma imagem nova para descrever a ação corrosiva do espírito do mundo, o vírus de computador. Pelo pouco que sei, o vírus é um programa malignamente projetado que penetra no computador pelas vias mais insuspeitadas (troca de e-mails, sites da internet...), e, uma vez dentro, confunde ou bloqueia as operações normais, alterando os chamados “sistemas operacionais”.

O espírito do mundo age de modo análogo. Penetra em nós por mil e um canais, como o ar que respiramos, e, uma vez dentro, muda os nossos modelos operacionais: ao modelo “Cristo”, entra no lugar o modelo “mundo”. O mundo também tem a sua “trindade”, os seus três deuses, ou ídolos para se adorar: prazer, poder, dinheiro. Todos depreciamos os desastres que eles provocam na sociedade, mas estamos certos de que, em nossa pequenez, nós mesmos não somos completamente imunes a eles?

A nossa maior consolação, nesta luta com o mundo que está fora de nós e aquele que nos está dentro, é saber que Cristo continua, como ressuscitado, a rezar ao Pai por nós com as palavras com que se despediu dos seus Apóstolos:

Não rogo que os tires do mundo, mas que os guardes do Maligno. Eles não são do mundo, como eu não sou do mundo... Assim como tu me enviaste ao mundo, eu também os enviei ao mundo... Eu não rogo somente por eles, mas também por aqueles que hão de crer em mim, pela palavra deles (Jo 17,15-20).
__________________________
Tradução Frei Ricardo Farias, OFMCap
[7] Cf. Clemente de Alexandria, Stromati, 111, 15; A. Resch, Agrapha, 48 (TU, 30, 1906, p. 68).
[8] Cf. H. Schlier, Demoni e spiriti maligni nel Nuovo Testamento, in Riflessioni sul Nuovo Testamento, Paideia, Brescia 1976, pp. 194ss (Ed. original in “Geist und Leben 31 (1958), pp. 173-183).

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Dormir pouco aumenta obesidade em crianças e adolescentes

fotodrobik | Obturador
María Eugenia Brun publicada em 28/10/22 atualizada em 03/03/24
“Vinde para um lugar deserto, para descansar um pouco” (Mc 6, 31). O próprio Jesus nos lembra a importância de saber descansar no tempo certo.

Jesus no Evangelho de Marcos nos convida a compreender um aspecto importante da vida: dormir bem para ter um descanso adequado. Faz um convite aos seus Apóstolos, que regressam cansados ​​da missão e ao mesmo tempo entusiasmados, contando o que fizeram, e convida-os com ternura ao descanso.

Jesus se preocupa com o bom descanso de seus amigos. Seguimos seus ensinamentos, preocupando-nos com o resto de nossas crianças e adolescentes?

Os profissionais enfatizam sua importância e recomendam estar atentos e melhorar os hábitos de sono para que não gerem problemas de saúde a curto e longo prazo, incluindo sobrepeso e obesidade.

Dormir pouco está associado a uma maior probabilidade de obesidade

Diversas investigações comprovam que adolescentes que dormem menos de oito horas têm maior probabilidade de desenvolver excesso de peso, hipertensão, níveis elevados de lipídios e glicemia.

Então é importante:

  • Saiba a que horas nossos filhos devem ir para a cama.
  • Estabeleça rotinas para um bom descanso.

Isso trará vários benefícios à sua saúde.

Além disso, desenvolver uma boa higiene do sono também ajudará no desenvolvimento e maturidade do cérebro. Isto permite-lhes estar muito atentos durante o dia e ter uma grande capacidade de aprendizagem e memória.

Somos os pais que podemos ajudar os nossos filhos para que desde pequenos tenham e mantenham uma boa higiene do sono através de rotinas para que se deitem cedo e esse momento seja de relaxamento e descanso reparador.

Menos sono, menos saúde nos nossos jovens

Dieta inadequada e hábitos de sono causam obesidade, segundo estudos.
UfaBizFoto | Obturador

O estilo de vida moderno oferece aos jovens a possibilidade de se divertirem durante a noite com televisão, computadores ou celulares, deslocando o prazer do sono. Isso promove ficar acordado durante a primeira metade da noite, descansando logo após a meia-noite. No entanto, os horários escolares e de trabalho permanecem os mesmos e exigem acordar cedo.

A consequência imediata disso é a redução das horas de sono, mas com o tempo pode causar problemas maiores.

No Congresso da Sociedade Europeia de Cardiologia (ESCC 2022) que decorreu este ano em Barcelona, ​​​​foi apresentado um estudo realizado em Espanha pelo Centro Nacional de Investigação Cardiovascular (CNIC). Com ele, ficou comprovado que aqueles adolescentes que dormem menos de 8 horas têm maior probabilidade de ter sobrepeso ou obesidade do que aqueles que dormem o suficiente.

Seu autor, Jesús Martínes Gómez, explica:

«O nosso estudo mostra que a maioria dos adolescentes não dorme o suficiente e que isso está relacionado com o excesso de peso e características que promovem o ganho de peso, o que pode levar a problemas futuros. “Atualmente estamos investigando se os maus hábitos de sono estão relacionados ao uso excessivo de dispositivos eletrônicos, o que poderia explicar por que os adolescentes mais velhos dormem ainda menos do que os mais jovens”.

Da mesma forma, a Academia Americana de Medicina do Sono (AASS) e a Academia Americana de Pediatria (AAP) recomendam que crianças entre 6 e 12 anos durmam entre 9 e 12 horas à noite e jovens entre 13 e 18 anos entre 8 e 10 horas para ter uma saúde ideal.

É necessário dormir 8 horas e ter um sono de qualidade.

Da mesma forma que a quantidade de horas que você dorme é importante, a qualidade do sono é importante, ou seja, não basta dormir 8 horas mas o ideal é ter um sono reparador. Mas para isso descobrimos que há muitos fatores que devemos levar em consideração, que influenciam a qualidade e que podemos modificar progressivamente.

O Papa Francisco, na oração do Angelus de 18 de julho de 2021 , destaca que um dos aspectos importantes da vida é o descanso e disse: “Não se trata apenas de descanso físico, mas também de descanso do coração. Porque não basta ‘desligar-se’, é preciso descansar verdadeiramente.

Algumas dicas para ajudar você a ter um bom descanso

1
ROTINAS

É essencial começar a estabelecer rotinas de sono desde cedo. Dessa forma, o sono ajuda a ocorrer em um determinado horário. Quando aparecerem os primeiros sinais de sono, como bocejos, piscar rápido ou olhos secos, você deve dormir, pois essa necessidade de dormir desaparece após 15 minutos.

2
ALIMENTANDO

Evite refeições abundantes e pesadas, prefira jantares mais leves e saudáveis. E não menos importante é que sejam feitas pelo menos 1 hora antes de dormir.

3
EXCITANTE

Evite bebidas excitantes a partir do meio da tarde, por exemplo café, chá, mate, álcool e bebidas energéticas, tão na moda mas pouco saudáveis ​​para os jovens. O consumo próximo à hora de dormir pode causar insônia ou atrasar o sono.

4
HORÁRIOS

Tente sempre levantar e ir para a cama no mesmo horário. Nos adolescentes isso pode ser uma dificuldade, por isso o ideal é criar o hábito de dormir desde cedo.

Um dos maiores problemas para os jovens irem para a cama cedo é que estão ocupados com o celular. Nesse caso, é fundamental estabelecer horários para seu uso e que seja longe do horário de dormir.

5
ATIVIDADE FÍSICA

Incentive nossos filhos a praticarem algum tipo de atividade física diariamente durante o dia, pois promove o descanso noturno. Evite fazer isso antes de dormir, de preferência pela manhã ou à tarde.

6
REZAR

Criar esse hábito nas crianças é muito bom. Devemos incentivá-los a pedir a Deus um bom descanso e a agradecer a Deus por algumas coisas que aconteceram com eles naquele dia.

Como pais, devemos estar atentos aos horários de sono e à sua qualidade, bem como ensinar-lhes rotinas desde pequenos para evitar problemas de saúde mais tarde.

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Fonte: https://es.aleteia.org/

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF