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quinta-feira, 10 de julho de 2025

O que médico que investigou DNA dos 'superidosos' descobriu sobre o 'segredo da longevidade' (Parte 2/2)

Topol recomenda tentar adotar uma rotina de exercícios e 'segui-la o máximo que puder, de preferência todos os dias' | Crédito,Getty Images

O que médico que investigou DNA dos 'superidosos' descobriu sobre o 'segredo da longevidade'

Por Margarita Rodríguez

BBC News Mundo

7 julho 2025

BBC News Mundo - Além disso, você explica no livro que várias das doenças que associamos à velhice podem levar décadas para se desenvolver. É possível começar a preveni-las, ou pelo menos tentar neutralizá-las e minimizar seu impacto, muito antes de aparecerem. É isso mesmo?

Topol - Sim, e esse é um ponto-chave. Tínhamos a noção de que essas doenças poderiam ocorrer rapidamente, em questão de meses, até anos, mas não. Isso só acontece em raras ocasiões.

A verdade é que elas levam duas décadas ou mais, então temos tempo mais do que suficiente para nos antecipar, mas não estamos fazendo isso.

Temos muita sorte de ter esse longo período de tempo para agir e, claro, quanto mais rápido agirmos, maior será a chance de preveni-las.

BBC News Mundo - Embora tenha mencionado a importância da alimentação, de dormir o suficiente e das relações sociais no processo de envelhecimento, você diz que "o exercício pode ser considerado a intervenção médica mais eficaz que conhecemos". Por quê?

Topol - O exercício, e os dados confirmam isso, é extraordinário. Se fosse um medicamento, seria o maior avanço farmacológico que poderíamos ter.

E não se trata apenas de exercícios aeróbicos, como caminhada acelerada ou andar de bicicleta, mas também treinamento de força e equilíbrio. Ambos são muito importantes.

O fascinante é que o exercício ajuda a manter o sistema imunológico muito saudável.

Sabíamos que o exercício ajuda a prevenir o Alzheimer, mas também ajuda a prevenir o câncer e as doenças cardiovasculares.

E não precisa ser um exercício extremo, qualquer atividade contínua é boa.

Todos nós deveríamos nos movimentar mais. É algo que nunca é demais enfatizar: é grátis, é simples.

É uma questão de criar uma rotina e segui-la o máximo que puder, idealmente todos os dias.

O exercício não precisa ser extremo — o importante, diz o médico, é não deixar de se movimentar | Crédito,Getty Images

BBC News Mundo - E você enfatiza que nunca é tarde para começar. Às vezes, podemos pensar que se não acostumamos nossos corpos a rotinas de exercícios quando éramos jovens, quando se chega a uma certa idade, começar a praticar não terá muito efeito.

Topol - Não, nunca é tarde demais. No livro, falo sobre algumas destas pessoas que têm uma idade muito avançada, e se tornaram campeãs mundiais*.

Você pode desenvolver uma nova força, uma nova capacidade cardiovascular em qualquer idade e, mesmo depois dos 90 anos, pode se revitalizar fisicamente.

*Em seu livro, o médico menciona Richard Morgan, de 93 anos, que quando era septuagenário começou a se exercitar regularmente pela primeira vez na vida usando uma máquina de remo. "Ele ganhou quatro campeonatos mundiais de remo indoor."

BBC News Mundo - Vou citar um fragmento do seu livro: "São intrigantes os cérebros dos 'superidosos' que, aos 80 anos, têm a memória de pessoas de 20 anos, ou 20 anos mais jovens". Como são os cérebros dos "superidosos"?

Topol - O cérebro é incrivelmente saudável, e há algo que precisamos ter em mente: a maioria destas pessoas, à medida que envelhece — quando tem 90 anos ou mais — desenvolve as mesmas proteínas mal dobradas, como amiloide e tau, em seus cérebros.

E você pensa: "(pelo acúmulo de) amiloide e tau, elas deveriam ter Alzheimer, não deveriam ter uma capacidade cognitiva tão grande."

Mas a verdade é que elas têm porque não desenvolvem inflamação contra essas proteínas, elas se adaptam, e sua estrutura cerebral parece intacta.

O sono profundo é importante no processo de envelhecimento saudável | Crédito,Getty Images

Isso é algo que chama atenção: como alguém pode manter uma função cognitiva executiva tão bem preservada em uma idade avançada?

Eles desafiam as expectativas. A maioria das pessoas diz: "Quando você tiver 90 anos, vai perder suas faculdades (mentais)", mas isso não é verdade.

Temos muitas maneiras (de evitar a perda da capacidade cognitiva), e uma das mais importantes é o sono.

Todas as noites, temos esses produtos residuais no nosso cérebro, metabólitos que são realmente tóxicos e promotores de inflamação, que precisamos eliminar por meio do chamado canal glinfático, que foi descoberto nos últimos anos.

E acontece que, se não tivermos um sono profundo adequado, o tipo de sono de ondas lentas que geralmente ocorre no início da noite, não eliminamos esses produtos residuais e, basicamente, damos a eles a oportunidade de inflamar nosso cérebro.

Portanto, precisamos melhorar o sono profundo para prevenir doenças neurodegenerativas.

BBC News Mundo - Você acabou de mencionar um fator essencial: dormir bem. O que mais podemos fazer para manter nosso cérebro saudável?

Topol - Praticar exercícios, ter um sono profundo e adotar uma alimentação que não promova a inflamação do corpo.

Que seja uma dieta baseada em grande parte em alimentos de origem vegetal, como a mediterrânea. Isso tem sido demonstrado estudo após estudo; esse tipo de alimentação ajuda a suprimir a inflamação no corpo, diferentemente da dieta que inclui ultraprocessados, carnes vermelhas e outros alimentos que são claramente pró-inflamatórios.

Uma alimentação balanceada, rica em legumes, verduras e frutas, é um dos segredos para envelhecer bem | Crédito,Getty Images

Uma alimentação mais saudável faz uma grande diferença, assim como o exercício, o sono e as relações sociais que temos à medida que envelhecemos. É realmente surpreendente o efeito que esses fatores têm.

E não podemos esquecer de estar ao ar livre, na natureza, em espaços verdes. É realmente interessante ver como isso não apenas reduz o estresse, a ansiedade e a depressão, como também tem um efeito muito marcante na prevenção de doenças relacionadas à idade.

Há muitas coisas que podemos fazer, mas não estamos fazendo.

É mais provável que as façamos quando soubermos qual é o nosso risco específico (para uma certa doença), o que vai acontecer em breve, e vai se tornar rotineiro.

Significa dizer, por exemplo: "Margarita, você é muito saudável, mas temos os relógios de todos os seus órgãos, todos os seus biomarcadores, seus dados, e a inteligência artificial nos diz que esta é a doença à qual você é vulnerável, então vamos preveni-la. Temos 15 ou 18 anos pela frente antes que isso realmente aconteça."

É para isso que estamos caminhando, e é muito emocionante; nunca tivemos essa capacidade antes.

BBC News Mundo - Você desenvolveu sua carreira como médico, pesquisador, escritor e professor. E, no fim do livro, faz um agradecimento emotivo a seus pacientes, alguns dos quais ainda atende. Quão importantes eles são na sua vida?

Topol - Eles são minha inspiração. Sim, continuo atendendo, e adoro vê-los. Alguns deles eu atendo há mais de 30 anos. Alguns até vêm de outras cidades para as consultas.

Topol tem uma vasta carreira na área de saúde nos EUA. Seu trabalho combina, entre outros campos, genômica com big data e inteligência artificial. Nesta foto de 2015, ele estava dando uma palestra | Crédito,Neilson Barnard/Getty Images para Klick Health

A razão é que eu aprendo com eles. Eles me fazem ver o que está faltando na medicina, em que precisamos trabalhar, e me ensinam isso o tempo todo.

Embora eu tente ajudá-los, eles estão me ajudando, e isso me faz sentir muito grato.

A senhora L.R., por exemplo, foi uma grande inspiração para mim.

Fizemos o estudo Wellderly (uma fusão das palavras "well", que significa bem, e "elderly", que quer dizer "idoso"), o publicamos, e muitas pessoas usaram nossos dados para conduzir suas próprias pesquisas e descobertas.

Deixei isso um pouco de lado, mas depois a vi e disse: "Outra wellderly! Tenho que escrever um livro sobre isso porque é incrível".

É incrível o quanto eles nos ensinam sem perceber, justamente quando nós tentamos ajudá-los.

Fonte: https://www.bbc.com/portuguese/articles/clym06ej50jo

Oito Séculos da Língua Portuguesa

Testamento do rei Afonso II. Torre do Tombo, Lisboa (Portugal). | Wikipedia.

Oito Séculos da Língua Portuguesa

Os países lusófonos – Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor Leste – e a cidade de Macau (China) festejam o ano comemorativo Oito Séculos da Língua Portuguesa. A celebração faz memória do testamento de dom Afonso II, escrito em 27 de junho de 1214, na corte do nascente reino de Portugal. O ano, iniciado em maio de 2014, estende-se a junho de 2015, com atos culturais que atingirão os 245 milhões de falantes do português.

O documento teve três cópias amanuenses originais e uma delas subsiste no Arquivo Nacional da Torre do Tombo, em Lisboa (Portugal). Recentemente franqueado aos pesquisadores, o texto arcaico revelou a surpreendente evolução da grafia ao longo de 800 anos, sendo que uma diminuta parcela de palavras se conserva idêntica desde  as origens, seja na forma de escrita, seja na pronúncia. Uma das mais significativas dentre estas é o termo “paz”, que em nada mudou em oito séculos.

Formada na antiga província romana da Lusitânia, no extremo ocidental da Europa, região onde se encontram sinais de habitação humana desde a Era Neolítica, a língua portuguesa, de base latino-românica, surgiu da influência dos dialetos de povos fenícios, gregos, gálicos, celtas, suevos, visigodos e árabes. O cronista espanhol Isidoro Hispaliense, na História gotorum (História dos godos) do século 7º, menciona o porto fluvial Portucalis, próximo ao delta do Rio Douro no Oceano Atlântico. E documentos do século 10} tratam a região como Portugal. A língua portuguesa teve, portanto, mais de oito séculos de gestação entre a população descendente de diversas etnias, antes de ter sua certidão de nascimento no século 13. Originada de um dialeto portuário usado pela população local de Portucalis, hoje cidade do Porto, para se comunicar com marinheiros de todas as nações, expandiu-se depois para todo o território da antiga província romana da Lusitânia. A língua deu ao povo uma identidade que salvaguardou Portugal de ser anexado a Espanha nos séculos seguintes.

A grafia da palavra paz resistiu a todas as modificações desde o século 13 até o 16, quando a obra Os lusíadas, de Luis de Camões, inaugurou o português moderno, e até o estado atual da língua portuguesa. Por outro lado, a paz sonhada e registrada em testamento pelo rei Afonso II foi aviltada por muitas formas de colonialismo, conquista, escravização e destruição violenta nas relações históricas dos países lusófonos. Neste ano, porém, é inspiradora de um futuro que começa marcado por um novo documento, o Manifesto 2014.

Porto - Portugal - Foto: Frédérique Voisin-Demery/ Flickr | Frédérique Voisin-Demery

Manifesto 2014 – 800 anos da Língua Portuguesa

A língua que falamos não é apenas comunicação ou forma de fazer um negócio. Também é. Mas vai bem além. É uma forma de sentir e de lembrar, um registro, arca de muitas memórias; um modo de pensar, uma maneira de ser – e de dizer. É espaço de cultura, mar de muitas culturas, um traço de união, uma ligação. É passado, é futuro, é história. É poesia e discurso, sussurro e murmúrios, segredos, gritaria, declamação, conversa, bate-papo, discussão e debate, palestra, comércio, conto e romance, imagem, filosofia, ensaio, ciência, oração, música e canção, até silêncio. É um abraço. É raiz e é caminho. É horizonte, passado e destino.

Na era da globalização, falar português, uma das grandes línguas globais do planeta, que partilha e põe em comum culturas da Europa, Américas, África e Oceania, com centenas de milhões de falantes em todos os continentes, e um imenso patrimônio, um poderoso veículo de união e de progresso. Em 27 de junho de 2014, passam-se 800 anos sobre o mais antigo documento oficial conhecido em língua portuguesa, a nível de Estado – o mais antigo documento régio na nossa língua, o testamento do terceiro rei de Portugal, dom Afonso II. Neste dia, festejamos esses oito séculos da nossa língua, a língua do mar, a língua da gente, uma grande língua de globalização. Centrados neste dia e ao longo do ano, festejamos também com o mundo inteiro a terceira língua do Ocidente, uma língua em crescimento em todos os continentes, uma das mais faladas do mundo, a língua mais usada no Hemisfério Sul. Celebramos o futuro.

Em qualquer lugar onde se fala português, 27 de junho de 2014.

O Manifesto foi subscrito pelo embaixador do Brasil em Portugal, Mário Vilalva, e pelo presidente da Comissão de Educação, Cultura e Esporte, do Senado Federal brasileiro, Cyro Miranda, ao lado de autoridades dos outros países lusófonos.

Fonte: Revista Diálogo, Ano XIX – nº 76 – Outubro/Dezembro de 2014 – Pags.: 53/55.

Papa Leão XIV: somos chamados a viver com os idosos a libertação da solidão e do abandono

O Papa Leão XIV durante uma Audiência Geral  (@Vatican Media)

Em sua mensagem para o V Dia Mundial dos Avós e dos Idosos intitulada "Bem-aventurado aquele que não perdeu a esperança", o Santo Padre recorda que muitas vezes "os nossos avós foram para nós um exemplo de fé e devoção, de virtudes cívicas e compromisso social, de memória e perseverança nas provações! A nossa gratidão e coerência nunca serão suficientes para agradecer este bonito legado que nos foi deixado com tanta esperança e amor."

Mariangela Jaguraba – Vatican News

Foi divulgada, nesta quinta-feira (10/07), a mensagem do Papa Leão XIV para o V Dia Mundial dos Avós e dos Idosos intitulada "Bem-aventurado aquele que não perdeu a esperança".

O Pontífice inicia a mensagem, recordando que "o Jubileu que estamos vivendo nos ajuda a descobrir que a esperança é, em todas as idades, perene fonte de alegria" e "quando é provada pelo fogo de uma longa existência, torna-se fonte de uma bem-aventurança plena".

Idosos: primeiras testemunhas da esperança

A seguir, o Papa recorda alguns homens e mulheres, na Bíblia, em idade avançada, "que o Senhor inclui nos seus desígnios de salvação". Abraão e Sara, Isabel e Zacarias, Jacó, já idoso, que abençoa os filhos de José, seus netos, Moisés e Nicodemos. "Deus mostra várias vezes a sua providência dirigindo-se a pessoas idosas" (...). "Com estas escolhas, Ele nos ensina que, aos seus olhos, a velhice é um tempo de bênção e graça e que, para Ele, os idosos são as primeiras testemunhas da esperança", ressalta Leão XIV.

De acordo com o Pontífice, "só se compreende a vida da Igreja e do mundo na sucessão das gerações. Por isso, abraçar um idoso ajuda-nos a entender que a história não se esgota no presente, nem em encontros rápidos e relações fragmentárias, mas se desenrola rumo ao futuro".

“Portanto, se é verdade que a fragilidade dos idosos precisa do vigor dos jovens, é igualmente verdade que a inexperiência dos jovens precisa do testemunho dos idosos para projetar o futuro com sabedoria.”

"Quantas vezes os nossos avós foram para nós um exemplo de fé e devoção, de virtudes cívicas e compromisso social, de memória e perseverança nas provações! A nossa gratidão e coerência nunca serão suficientes para agradecer este bonito legado que nos foi deixado com tanta esperança e amor", sublinha o Papa.

Ser protagonista da “revolução” da gratidão

"Desde as suas origens bíblicas, o Jubileu representou um tempo de libertação: os escravos eram libertados, as dívidas perdoadas, as terras devolvidas aos seus proprietários originais. Era um momento de restauração da ordem social desejada por Deus, em que se sanavam as desigualdades e as opressões acumuladas ao longo dos anos", ressalta o Papa na mensagem.

"Olhando para os idosos nesta perspectiva jubilar, também nós somos chamados a viver com eles uma libertação, sobretudo da solidão e do abandono. Este ano é o momento propício para realizá-la: a fidelidade de Deus às suas promessas ensina-nos que há uma bem-aventurança na velhice, uma alegria autenticamente evangélica que nos convida a derrubar os muros da indiferença na qual os idosos estão frequentemente encerrados", escreve o Pontífice.

“Em todas as partes do mundo, as nossas sociedades estão a habituar-se, com demasiada frequência, a deixar que uma parte tão importante e rica do seu tecido social seja marginalizada e esquecida. Perante esta situação, é necessária uma mudança de atitude, que testemunhe uma assunção de responsabilidade por parte de toda a Igreja.”

Segundo o Papa, "cada paróquia, associação ou grupo eclesial é chamado a tornar-se protagonista da “revolução” da gratidão e do cuidado, a ser realizada através de visitas frequentes aos idosos, criando para eles e com eles redes de apoio e oração, tecendo relações que possam dar esperança e dignidade àqueles que se sentem esquecidos. A esperança cristã impele-nos continuamente a ousar mais, a pensar em grande, a não nos contentarmos com o status quo. Neste caso específico, a trabalhar por uma mudança que devolva aos idosos a estima e o afeto".

A seguir, Leão XIV recorda que "o Papa Francisco quis que o Dia Mundial dos Avós e dos Idosos fosse celebrado, em primeiro lugar, encontrando aqueles que estão sozinhos. E decidiu-se, pela mesma razão, que aqueles que não puderem vir a Roma neste ano em peregrinação podem «obter a Indulgência jubilar se visitarem por um côngruo período […] idosos em solidão […] quase fazendo uma peregrinação em direção a Cristo presente neles»".

“Visitar um idoso é um modo de encontrar Jesus, que nos liberta da indiferença e da solidão.”

Não perder a esperança na velhice

A seguir, o Pontífice recorda o Livro do Eclesiástico que "afirma que a bem-aventurança é daqueles que não perderam a esperança, dando a entender que na nossa vida – especialmente se for longa – podem existir muitos motivos para sempre lançar o olhar para o passado, em vez de olhar para o futuro". No entanto, o Papa Francisco escreveu durante sua última internação no Hospital Gemelli, que «o nosso físico está fraco, mas, mesmo assim, nada nos impede de amar, de rezar, de nos doarmos, de sermos uns pelos outros, na fé, sinais luminosos de esperança».

"Possuímos uma liberdade que nenhuma dificuldade pode tirar-nos: a de amar e rezar. Todos, podemos amar e rezar, sempre. O bem que desejamos às pessoas que nos são caras – ao cônjuge com quem compartilhamos grande parte da vida, aos filhos, aos netos que alegram os nossos dias – não desaparece quando as forças se esvaem. Pelo contrário, muitas vezes é justamente o carinho deles que desperta as nossas energias, trazendo-nos esperança e conforto", escreve o Papa. "Por isso, sobretudo na velhice, perseveremos confiantes no Senhor. Deixemo-nos renovar todos os dias, na oração e na Santa Missa, pelo encontro com Ele. Transmitamos com amor a fé que vivemos na família e nos encontros quotidianos durante tantos anos: louvemos sempre a Deus pela sua benevolência, cultivemos a unidade com as pessoas que nos são caras, abramos o nosso coração aos que estão mais longe e, em particular, aos necessitados. Assim, seremos sinais de esperança, em todas as idades", conclui o Papa Leão XIV.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

quarta-feira, 9 de julho de 2025

O que médico que investigou DNA dos 'superidosos' descobriu sobre o 'segredo da longevidade' (Parte 1/2)

'Todos nós deveríamos nos movimentar mais. É algo que nunca é demais enfatizar', diz Eric Topol, de 71 anos (Crédito,Sandy Huffaker para The Washington Post via Getty Images)

O que médico que investigou DNA dos 'superidosos' descobriu sobre o 'segredo da longevidade'

Por Margarita Rodríguez

BBC News Mundo

7 julho 2025

Quando o cardiologista Eric Topol atendeu pela primeira vez L.R., de 98 anos, algo chamou sua atenção.

Ao perceber que ela não estava acompanhada por nenhum parente, ele perguntou como ela havia chegado ao centro médico.

"Ela havia dirigido sozinha. Em pouco tempo, aprenderia muito mais sobre essa senhora incrivelmente vibrante e saudável, que mora sozinha, tem uma ampla rede social e desfruta da sua solidão."

Topol, fundador e diretor da Scripps Research, um respeitado instituto de pesquisa na área de saúde nos Estados Unidos, tem uma longa carreira como cientista e escritor.

Seu livro mais recente, Super Agers: An Evidence-Based Approach to Longevity ("Superidosos: uma abordagem baseada em evidências para a longevidade", em tradução livre), foi elogiado por cientistas renomados, incluindo vários ganhadores do Prêmio Nobel.

"Este livro revelador mostra que o segredo da longevidade não está no milagre das pílulas antienvelhecimento, mas em avanços científicos revolucionários", escreveu a bioquímica Katalin Kariko, vencedora do Prêmio Nobel de medicina de 2023.

Em entrevista à BBC News Mundo, serviço de notícias em espanhol da BBC, o médico de 71 anos adverte sobre mitos e pseudociências, sobre "muitas alegações falsas que circulam, suplementos antienvelhecimento para os quais não há evidências, e procedimentos e terapias vendidos sem nenhuma base científica".

"Talvez um dia tenhamos uma pílula mágica, mas a verdade é que não temos nenhuma, não chegamos nem sequer perto disso."

Seu objetivo é compartilhar o que a ciência provou, com fatos, dados e evidências, que "funciona" no processo de envelhecimento saudável.

A seguir, está a entrevista com Eric Topol, que conversou com a BBC News Mundo nos Estados Unidos.

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BBC News Mundo - Você começa seu livro nos apresentando uma de suas pacientes, a senhora L.R. O que a história dela nos diz sobre os 'superidosos'?

Eric Topol - Ela é o protótipo porque tem 98 anos e está totalmente intacta em todos os aspectos, e isso não está em seus genes. Todos os seus familiares, seus pais e irmãos, morreram quando tinham cinquenta ou sessenta anos.

Já havíamos aprendido isso em um estudo abrangente que fizemos: essas pessoas que alcançam um estado incrível e saudável de envelhecimento, em sua jornada até os 100 anos, em geral não fazem parte de um padrão familiar.

Não apenas os exercícios aeróbicos são benéficos, mas também o treinamento de força e equilíbrio, diz Eric Topol (foto) | Crédito,Sandy Huffaker para The Washington Post vía Getty Images

Ela personifica isso porque durante toda a vida se cuidou, não apenas em termos de atividade física e alimentação, mas também tende a ter um comportamento muito alegre, o que anda de mãos dadas com as muitas interações sociais que ela construiu. Ela tem vários hobbies, como pintura a óleo, e ganhou prêmios.

É uma pessoa incrível, calorosa e cheia de energia. Na semana passada (última semana de maio), eu a levei para uma grande conferência. Em seus 98 anos de vida, ela nunca havia subido em um palco antes. Deixou toda a plateia encantada.

É isso que todos nós deveríamos almejar: um envelhecimento saudável. Esse é o objetivo, e acredito que, com o tempo, vamos chegar lá, em vez de nos tornarmos idosos, como acontece na maioria dos casos, com doenças crônicas e problemas graves relacionados à idade.

BBC News Mundo - Que bela experiência para ela estar no palco, não é?

Topol - Sim, ela foi maravilhosa, estava muito nervosa, mas você não teria notado.

BBC News Mundo - Você mencionou o estudo (lançado em 2007) que fez com seus colegas. Vocês passaram mais de seis anos sequenciando os genomas de cerca de 1,4 mil octogenários, sem problemas de saúde graves. O que descobriram?

Topol - Em primeiro lugar, [os participantes] são muito difíceis de encontrar: eles precisavam nunca ter ficado doentes [com condições crônicas ou graves], nem estar sob um regime de medicação [de longo prazo], e deveriam ter mais de 85 anos. Levamos anos para encontrá-los.

Depois, demoramos um tempo para fazer todo o sequenciamento dos genomas, e encontramos pouca coisa que explicasse por que eles são do jeito que são.

Em 2007, pesquisadores da Scripps Research lançaram o estudo que chamaram de Wellderly para descobrir os 'segredos genéticos' do envelhecimento saudável (Foto genérica) | Crédito,Getty Images

Talvez haja um componente genético, mas não é a explicação predominante. Pode haver um pouco de sorte, claro. Algumas pessoas podem ter muita sorte, mas não acho que isso seja o fundamental.

Na verdade, acho que a principal explicação é o sistema imunológico, que está intacto nessas pessoas — e é assim que elas se protegem contra o câncer, as doenças neurodegenerativas e cardiovasculares.

Elas têm o tipo certo de resposta imunológica para protegê-las, e não reagir de forma exagerada. Esta é a explicação mais provável.

E, claro, todos nós podemos obter isso com nosso sistema imunológico, por meio de um estilo de vida saudável: evitando uma dieta que promova inflamação, e praticando exercícios, porque isso reduz [a inflamação], assim como dormir bem.

Tudo se encaixa nesse modelo do sistema imunológico e da inflamação, o chamado inflammaging [termo que combina duas palavras em inglês: inflamm, de inflamação, e aging, de envelhecimento] e imunossenescência [como se denomina o processo de envelhecimento do sistema imunológico].

BBC News Mundo - Você disse que é "libertador" saber que os genes não determinam necessariamente o envelhecimento saudável. Como podemos adiar as doenças e nos tornar "superidosos"?

Topol - É libertador para aqueles que, como eu, têm um histórico familiar terrível de morte prematura e doenças crônicas relacionadas ao envelhecimento.

O que temos agora são informações sobre fatores de estilo de vida das pessoas [que afetam a saúde], que chamo de fatores de estilo de vida +, mas em breve teremos perfis de risco muito específicos para cada indivíduo.

Manter interações sociais tem efeitos benéficos à medida que envelhecemos | Crédito,Getty Images

Por exemplo, poder dizer que você não apenas corre o risco de sofrer de Alzheimer, mas também poder fornecer informações sobre quando.

No passado, podíamos dizer "sim" ou "não" ao risco de um paciente desenvolver Alzheimer, mas em breve poderemos dizer: "Isso vai acontecer quando você tiver entre 74 e 76 anos, se não fizer nada. Veja o que podemos fazer a partir de agora, sabendo disso."

É uma avaliação muito específica do risco em relação ao tempo e à precisão — o que eu chamo de prognóstico médico de precisão —, e vai ser um divisor de águas porque, em vez de as pessoas resistirem às mudanças de estilo de vida, medicamentos e outras medidas que temos atualmente, elas vão ter uma maneira muito melhor de prevenir.

Nunca tivemos nada parecido com isso, e nunca conseguimos realmente fazer prevenção, embora continuemos falando sobre isso. Falamos em evitar que a doença ocorra, em vez de, por exemplo, depois de sofrer um ataque cardíaco, prevenir um segundo ataque.

Este é um tipo de prevenção completamente diferente. Então, para mim, o mais interessante aqui é que estamos aprendendo como alcançar a prevenção primária, e isso só vai melhorar graças a todos esses novos avanços na ciência do envelhecimento, assim como no processamento de dados com inteligência artificial.

Topol acredita que estamos em um momento muito favorável, em parte graças à capacidade da inteligência artificial de processar dados. Seus grandes modelos podem ajudar a detectar riscos e prevenir doenças em um paciente | Crédito,Getty Images

BBC News Mundo - E esse é um novo enfoque, não só da perspectiva de cientistas e médicos, mas também nosso, como pacientes, que às vezes pensamos que a genética define tudo, e que se nossos pais ou avós tiveram uma determinada doença, é muito provável que nós também tenhamos. Podemos dizer que este é um enfoque otimista?

Topol - Sim, é, e isso é muito importante destacar.

Algo que não estamos entendendo sobre essas doenças comuns e relacionadas à idade é que, quando herdamos o genoma da nossa mãe e do nosso pai, não é que recebemos um ou outro, mas sim uma mistura dos dois, e essa mistura é diferente.

Às vezes, pode anular o risco, outras vezes pode acentuá-lo, e também pode introduzir novos riscos. Tínhamos uma noção muito primitiva do que acontece quando dois genomas se fundem, o da mãe e o do pai.

E isso é muito importante porque, por exemplo, o risco poligênico (predisposição genética de um indivíduo desenvolver uma doença) é muito útil e muito fácil de obter agora.

Uma série de avanços tecnológicos e estudos estão ajudando cientistas a entender o desenvolvimento de doenças relacionadas à idade | Crédito,Getty Images

Embora não diga quando, ele diz "sim" ou "não" para tipos de câncer comuns e doenças cardíacas ou neurodegenerativas.

Você pode ter um alto risco poligênico (para uma determinada doença), mas seus pais não, ou você pode ter um baixo risco poligênico para uma doença, e um dos seus pais sofrer da doença.

É por isso que acredito que estamos em um despertar, no sentido de que não são apenas os genes — e, além disso, o sistema imunológico não é algo que vemos nos genes.

O sistema imunológico só pode ser compreendido por meio do exame das células imunológicas, da função imunológica, em laboratório, e isso é algo que não fazemos. Estamos em um ponto cego no momento, e isso é algo que precisamos cobrir.

Acho que temos uma fixação por genes e DNA, mas se trata de algo que é muito maior do que isso, muito mais complexo do que o que foi classicamente visualizado.

Fonte: https://www.bbc.com/portuguese/articles/clym06ej50jo

Papa: rezemos pela conversão de quem ignora o cuidado com a casa comum

(@Vatican Media)

Em Castel Gandolfo, Leão XIV celebrou a Missa com o novo formulário “Pela Proteção da Criação”, no Borgo Laudato Si’. Em sua homilia, recordou que “somente um olhar contemplativo pode transformar nossa relação com a criação e nos fazer sair da crise ecológica, cuja causa é a ruptura das relações com Deus, com o próximo e com a terra”.

Thulio Fonseca - Vatican News

“Neste dia lindíssimo, antes de tudo, gostaria de convidar a todos — começando por mim mesmo — a viver aquilo que estamos celebrando, na beleza de uma catedral que poderíamos chamar de “natural”, com as plantas e tantos elementos da criação que nos trouxeram aqui para celebrar a Eucaristia, que significa: dar graças ao Senhor.”

Foram estas as palavras que introduziram a homilia do Papa Leão XIV durante a missa privada no Borgo Laudato Si’, em Castel Gandolfo, onde passa um breve período de descanso. O Santo Padre utilizou, pela primeira vez, o novo formulário litúrgico “Pela Proteção da Criação”. O texto, apresentado em 3 de julho pelo cardeal Michael Czerny, prefeito do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral, insere-se no compromisso da Igreja de viver a conversão ecológica de forma concreta e celebrativa, por meio de orações e leituras bíblicas específicas.

De forma espontânea, o Pontífice iniciou dizendo que esta Eucaristia traz muitos motivos de agradecimento ao Senhor, “como o uso da nova fórmula da Santa Missa para o cuidado da criação, que também foi expressão do trabalho de diversos Dicastérios no Vaticano”, e acrescentou: “Pessoalmente, agradeço a muitas pessoas aqui presentes, que trabalharam para esta liturgia. Como sabem, a liturgia representa a vida, e vocês são a vida deste Centro Laudato Si’.”

O agradecimento de Leão XIV estendeu-se a todos os que se dedicam diariamente à missão do Centro, inspirado na encíclica Laudato si’, publicada há dez anos por Papa Francisco: “Gostaria de agradecer a vocês, neste momento, nesta ocasião, por tudo o que fazem seguindo essa belíssima inspiração do Papa Francisco, que concedeu esta pequena porção — esses jardins, esses espaços — justamente para continuar a missão tão importante em relação a tudo o que conhecemos após dez anos da publicação da Laudato si’: a necessidade de cuidar da criação, da casa comum.”

 (@Vatican Media)

É urgente cuidar da casa comum

O simbolismo do espaço, comparado às antigas igrejas dos primeiros séculos, inspirou o Santo Padre a um apelo à conversão:

“Devemos rezar pela conversão de muitas pessoas, dentro e fora da Igreja, que ainda não reconhecem a urgência de cuidar da casa comum.”

E, em seguida, recordou os “tantos desastres naturais que ainda vemos no mundo, quase todos os dias, em tantos lugares, em tantos países, que são, em parte, causados também pelos excessos do ser humano, com seu estilo de vida. Por isso, devemos nos perguntar se nós mesmos estamos vivendo ou não essa conversão: o quanto ela é necessária!”

Esperança e vida nova

O Pontífice uniu o clima de oração à dura realidade global: “Compartilhamos hoje um momento familiar e sereno, ainda que em um mundo em chamas — seja pelo aquecimento global, seja pelos conflitos armados —, que tornam tão atual a mensagem do Papa Francisco nas Encíclicas Laudato si’ e Fratelli tutti”. Ao refletir o Evangelho proposto, o Papa Leão disse que “o medo dos discípulos na tempestade é o mesmo que acomete grande parte da humanidade. No entanto, no coração do Jubileu, nós confessamos: há esperança! Nós a encontramos em Jesus, o Salvador do mundo”, e completou:

“Ele ainda hoje, soberanamente, acalma a tempestade. Seu poder não arruína, mas cria; não destrói, mas faz existir, dando vida nova. E também podemos nos perguntar: “Quem é este, que até os ventos e o mar obedecem?” (Mt 8,27)

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Cuidar, reconciliar, transformar

O Papa destacou a sintonia entre Jesus e a natureza: “As parábolas com que anunciava o Reino de Deus revelam um profundo vínculo com aquela terra e aquelas águas, com o ritmo das estações e a vida das criaturas.”, e ao citar o termo usado por Mateus para descrever a tempestade — a palavra seismós — que remete a outro momento decisivo, o terremoto na morte e ressurreição de Jesus, o Santo Padre sublinhou: “O Evangelho nos permite entrever o Ressuscitado, presente em nossa história virada de cabeça para baixo. A repreensão que Jesus dirige ao vento e ao mar manifesta seu poder de vida e salvação, que domina essas forças diante das quais as criaturas se sentem perdidas”.

Leão XIV recordou que a fé implica compromisso: “Nossa missão é cuidar da criação, levar a ela paz e reconciliação. Nós escutamos o clamor da terra e dos pobres, pois esse clamor chegou ao coração de Deus. Nossa indignação é a sua indignação, nosso trabalho é o seu trabalho”. Ao citar o salmo 29, que fala da voz forte do Senhor, completou:  

“Essa voz compromete a Igreja com a profecia, mesmo quando isso exige a ousadia de nos opor ao poder destrutivo dos príncipes deste mundo. A aliança indestrutível entre o Criador e as criaturas, de fato, mobiliza nossas inteligências e nossos esforços, para que o mal se transforme em bem, a injustiça em justiça, a avareza em comunhão.”

Um olhar contemplativo para transformar a crise

“Com infinito amor, o único Deus criou todas as coisas, doando-nos a vida”, recordou o Papa, citando São Francisco de Assis. Essa verdade exige uma nova forma de ver o mundo: o olhar contemplativo. Segundo Leão XIV, é esse olhar que pode romper com a lógica do pecado e restaurar as relações com Deus, com os irmãos e com a terra.

O Papa também ressaltou a vocação do Borgo Laudato si’, que “por intuição do Papa Francisco, quer ser um 'laboratório' onde se viva aquela harmonia com a criação que é, para nós, cura e reconciliação, elaborando novas e eficazes formas de cuidar da natureza que nos foi confiada. A vocês que se dedicam com empenho à realização deste projeto, asseguro, portanto, minha oração e meu encorajamento”, afirmou. 

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Eucaristia, coração da Criação

Por fim, Leão XIV situou a Eucaristia como o centro e o cume da ecologia integral, e citando novamente a Laudato si’, n. 236, destacou: “Na Eucaristia, já está realizada a plenitude, sendo o centro vital do universo, centro transbordante de amor e de vida sem fim”. Na conclusão de sua homilia, o Papa confiou aos presentes o “louvor cósmico” retirado das Confissões de Santo Agostinho:

“Senhor, 'as tuas obras te louvam para que te amemos, e nós te amamos para que as tuas obras te louvem'. Seja esta a harmonia que difundimos no mundo”, afirmou Leão XIV.

Sobre o Borgo Laudato Sì

Ao redor do lago de Albano, de formação vulcânica, encontra-se a Vila Pontifícia, que inclui construções históricas e um extenso jardim. Ali, foi criado em 2023 o Borgo Laudato Sì, que cedeu essas imagens, por desejo do Papa Francisco. Trata-se de um espaço de formação e conscientização sobre os temas da proteção da Casa Comum. O projeto foi confiado ao Centro de Ensino Superior Laudato Sì, criado na mesma ocasião como um organismo científico, educativo e de atividade social, que trabalha pela formação integral. O Borgo Laudato Sì foi pensado como um sinal concreto da aplicabilidade dos princípios ilustrados por esta Encíclica, que está completando 10 anos. Leão XIV quis conhecer de perto esta iniciativa, ao visitar Castel Gandolfo em 29 de maio.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Os novos católicos: quem são e porque estão retornando a Igreja

Shutterstock | Aleteia

Cibele Battistini - publicado em 09/07/25

Nos últimos anos, um fenômeno notável tem chamado a atenção no cenário religioso do Brasil: o retorno de muitos fiéis à Igreja Católica. Este movimento, que marca uma nova fase na vida da comunidade católica, revela não apenas um desejo de reconexão espiritual, mas também uma busca por valores e significados em tempos de incertezas.

Os "novos católicos" incluem uma gama diversa de pessoas que, por diferentes razões, decidiram retornar à Igreja. Entre eles, encontramos jovens adultos que cresceram em um contexto de fé, mas que se distanciaram nos últimos anos. Agora, muitos estão buscando respostas para perguntas profundas sobre suas vidas, como propósito e pertencimento.

Além dos jovens, este retorno também abrange aqueles que, após vivenciar perdas ou crises pessoais, sentiram uma necessidade premente de reconexão com sua espiritualidade.

Sara Almeida, 30 anos, é uma dessas pessoas. Após a perda de um ente querido, ela encontrou conforto nas práticas religiosas e na comunidade da Igreja. “A fé me proporcionou um espaço de acolhimento e compreensão que eu não encontrava em nenhum outro lugar”, compartilha.

As motivações deste retorno

Vários fatores contribuem para essa nova onda de católicos. Um deles é a busca por comunidade e pertencimento. Em tempos de isolamento e distanciamento social, especialmente após a pandemia, muitos buscaram redes de apoio que a Igreja oferece. As celebrações e encontros comunitários se tornaram locais de conforto e reconexão, onde as pessoas encontram não apenas fé, mas também amizades e suporte emocional.

Outro aspecto importante é o desejo de aprofundar a espiritualidade. Muitos novos católicos relatam que a religiosidade traz um senso de propósito e clareza em um mundo repleto de incertezas. A prática da oração, a participação em missas e as atividades pastorais têm servido como ferramentas para lidar com as ansiedades e os desafios cotidianos.

Além disso, a Igreja Católica está se adaptando para acolher esses novos fiéis. Com práticas mais inclusivas e eventos voltados para jovens e famílias, a Igreja está buscando se modernizar, proporcionando um espaço onde todos se sintam bem-vindos. Essa abertura tem sido um atrativo para aqueles que decidiram retornar e se reconectar com a fé.

O impacto da Espiritualidade

Um elemento central na vida dos novos católicos é a espiritualidade. Muitos relatam que, ao voltar para a Igreja, começaram a explorar uma relação mais pessoal e direta com Deus. “O retorno à fé não é apenas uma volta à tradição, mas um reencontro com minha essência”, afirma Roberto, 25 anos, que encontrou na espiritualidade católica um novo sentido para sua jornada.

Esse retorno também tem sido impulsionado por redes sociais e plataformas digitais que promovem uma discussão mais ampla sobre espiritualidade. Grupos de oração online, podcasts sobre temas católicos e comunidades virtuais têm atraído jovens e adultos, proporcionando um espaço de diálogo e aprendizado que transcende as barreiras físicas da Igreja.

Os novos católicos representam uma reconfiguração importante dentro da Igreja Católica no Brasil. Suas histórias de retorno são marcadas pela busca de comunidade, espiritualidade e um propósito renovado. À medida que a Igreja se adapta a essas mudanças, ela se torna um espaço mais inclusivo e acolhedor, oferecendo não apenas rituais e tradições, mas também um local de apoio e compreensão em tempos desafiadores.

Esse fenômeno não é apenas uma resposta a uma crise religiosa, mas uma busca autêntica por fé e significado em um mundo em constante transformação. A reconexão dos novos católicos é um testemunho da resiliência da fé e do poder da comunidade na vida das pessoas.

Fonte: https://pt.aleteia.org/2025/07/09/os-novos-catolicos-quem-sao-e-porque-estao-retornando-a-igreja/

O túmulo dos apóstolos: São João

São João | 30Giorni

Arquivo 30Dias nº 12 - 2008

O túmulo dos apóstolos

São João

O Cordeiro, que parece frágil, é Ele o vencedor.

de Lorenzo Bianchi

Segundo o que fontes antigas nos dizem, João, o predileto de Jesus e irmão de Tiago Maior, foi o único dos apóstolos que não morreu pelo martírio, mas de morte natural, em idade avançada. Depois da ressurreição de Jesus, foi o primeiro, ao lado de Pedro, a receber de Maria Madalena o anúncio do sepulcro vazio, e foi o primeiro a chegar até ele, entrando, porém, depois de Pedro. Após a ascensão de Jesus ao céu, os Atos dos Apóstolos o mostram ao lado de Pedro por ocasião da cura do aleijado no Templo de Jerusalém e, depois, no discurso no Sinédrio, em seguida do qual foi capturado e, também com Pedro, encarcerado. Com o mesmo Pedro, dirige-se à Samaria. Em 53, João ainda se encontra em Jerusalém: Paulo o nomeia (Gl 2, 9), ao lado de Pedro e Tiago, como uma das “colunas” da Igreja. Mas, por volta de 57, Paulo só fala de Tiago Menor em Jerusalém: João, portanto, já não está lá, tendo-se transferido para Éfeso, como testemunham unanimemente as fontes antigas, entre as quais basta-nos citar Irineu (Contra as heresias, III, 3, 4): “A Igreja de Éfeso, que Paulo fundou e em que João permaneceu até a época de Trajano, é testemunha verídica da tradição dos apóstolos”.

A permanência de João em Éfeso, onde escreve o Evangelho (segundo o mesmo Irineu afirma), é interrompida, como as fontes antigas nos dizem, pela perseguição sofrida sob Domiciano (imperador de 81 a 96), provavelmente por volta do ano de 95. É nesse ponto que se insere a tradição, registrada por muitos autores antigos, de sua viagem a Roma e de sua condenação à morte numa caldeira de argila cheia de óleo fervente, da qual saiu ileso por milagre.

A fonte mais antiga a falar do martírio é Tertuliano, por volta do ano 200: “Se fores à Itália, encontrarás Roma, de onde podemos beber nós também a autoridade dos apóstolos. Como é feliz essa Igreja, à qual os apóstolos ofereceram a doutrina por completo, acrescentando-lhe seu sangue, onde Pedro se identifica com o Senhor na paixão, onde Paulo é coroado com a mesma morte de João Batista, onde o apóstolo João, mergulhado sem se ferir em óleo fervente, é condenado ao exílio numa ilha” (A prescrição contra os hereges, 36). Outro testemunho é o de Jerônimo, que escreve no final do século IV: “João terminou sua vida com uma morte natural. Mas, se lermos as histórias eclesiásticas, aprenderemos que ele também foi posto, em razão de seu testemunho, numa caldeira de óleo fervente, da qual saiu, como atleta, para receber a coroa de Cristo, e que logo depois foi relegado à ilha de Patmos. Veremos ainda que não lhe faltou a coragem do martírio e que ele bebeu o cálice do testemunho, idêntico ao que beberam os três jovens na fornalha de fogo, embora o perseguidor não tenha derramado seu sangue” (Comentário ao Evangelho segundo Mateus, 20, 22). Às antigas fontes cristãs sobre o martírio de João em Roma, podemos hoje acrescentar com boa dose de credibilidade (graças a um estudo de Ilaria Ramelli) a alusão do pagão Juvenal (inícios do século II), que, na Sátira IV, critica Domiciano contando o episódio da convocação do Senado para decidir o que fazer com um enorme peixe, vindo de longe e trazido ao imperador, que é destinado a ser cozido numa panela muito funda. Em Roma, no lugar que a tradição aponta como do martírio, perto da Porta Latina, no interior do cinturão dos Muros Aurelianos, encontra-se o templo octogonal de São João em Óleo, cujas estruturas atuais remontam a 1509, mas que seguramente deve ter estado ali presente (não sabemos se na forma atual, nem se originariamente dedicado ao culto pagão de Diana) desde época anterior à construção da vizinha igreja de São João em Porta Latina, que vem da época do papa Gelásio I (492-496).

Ruínas da Basílica de São João, Éfeso | 30Giorni

Eusébio nos diz que, por Domiciano, João “foi condenado ao confinamento na ilha de Patmos em razão do testemunho que deu do Verbo divino” (História eclesiástica, III, 18, 1), e toma essa notícia das palavras do próprio João no Apocalipse, em que o apóstolo diz de si mesmo que foi deportado “em razão da palavra de Deus e do testemunho de Jesus” (Ap 1, 9). Lá, nessa ilha das Espórades a cerca de setenta quilômetros de Éfeso, João escreve o Apocalipse. Depois da morte de Domiciano, em 96, o apóstolo volta a Éfeso, como o mesmo Eusébio testemunha: “Naquela época, João, o predileto de Jesus, ao mesmo tempo apóstolo e evangelista, ainda vivia na Ásia, onde, tendo voltado do exílio na ilha pela morte de Domiciano, dirigia as Igrejas daquela região” (História eclesiástica, III, 23, 1). João morre em Éfeso, talvez em 104, e lá é sepultado. Por volta de 190, Polícrates, bispo de Éfeso, numa carta endereçada ao papa Vítor, diz: “Também João, aquele que se abandonou no peito do Senhor, que foi sacerdote e trouxe a insígnia de mártir [aqui, talvez, no sentido de testemunha] e mestre, jaz em Éfeso” (o trecho é citado em Eusébio, História eclesiástica, V, 24, 2). Seu túmulo, visível até hoje, encontra-se numa câmara funerária subterrânea na colina de Ayasuluk, a um quilômetro e meio da antiga Éfeso. No princípio do século IV, foi ali construído um martyrion quadrangular de cerca de 20 x 19 metros, citado no Itinerário de Egéria; em torno dele foi construída, cerca de um século depois, uma igreja cruciforme, demolida no século VI pelo imperador Justiniano, que mandou erigir em seu lugar uma grandiosa basílica para os numerosos peregrinos, intitulada ao apóstolo, com três naves, 110 metros de comprimento e mais ou menos a metade dessa medida de largura. O túmulo de João fica na cripta sob o altar. Toda a colina foi cercada por um muro para proteger o santuário e as dependências. Destruída a basílica, por um terremoto e vários saques, suas ruínas imponentes, objeto de diversas pesquisas arqueológicas e restaurações, foram parcialmente reerguidas recentemente.

Fonte: https://www.30giorni.it/

A acolhida no tempo atual e na vida da Igreja no século IV

"São Gregório de Nazianzo, bispo do século IV falou da acolhida do estrangeiro seja necessário pelo fato de que o Senhor se faz presente nele"  (AFP or licensors)

"A acolhida foi uma das práticas fortes na Igreja do século IV do cristianismo. Ela estava ligada a Jesus Cristo, caminho, verdade e vida (cfr. Jo 14,6). Jesus deseja de todos nós discípulos, discípulas práticas de acolhida para todas as pessoas que mais precisam de nossa ajuda, compreensão, amor, para um dia participarmos da eterna acolhida, feita por Deus, no Reino dos céus."

Por Dom Vital Corbellini, bispo de Marabá (PA).

A acolhida é uma atitude da vida humana e cristã. Ela coloca a importância de vivê-la na realidade das pessoas, com o intuito de ajudá-las, pois ela faz-nos entrar em contato com o Senhor Jesus. Ele espera de nós pessoas acolhedoras nos irmãos e nas irmãs necessitados de acolhida. A Palavra de Jesus fala no juízo final na qual Ele era forasteiro, estrangeiro e as pessoas o acolheram em casa (cfr. Mt 25, 35). A palavra acolhida em unidade com a hospitalidade vem do latim hospitalitas-atis, cujo significado é ser hóspede, cordial generoso em acolher e tratar as pessoas hóspedes, necessitadas[1].

A missão da Igreja da acolhida na atualidade e na Igreja antiga

A Igreja segue os passos do Senhor na acolhida de muitas pessoas. Em nossas comunidades, paróquias, dioceses temos nós a pastoral da acolhida. É um serviço bonito prestado na grande maioria, por leigos e leigas. A acolhida é a assunção da palavra de salvação de Jesus, porque o julgamento será dado pelo amor ao próximo na palavra do Mestre, o Rei que é Jesus: “Todas as vezes que fizestes isso a um destes mínimos que são meus irmãos, foi a mim que o fizestes” (Mt 25, 40). A seguir nós veremos como esta palavra se concretizou na vida eclesial e comunitária a partir do século IV do cristianismo na vida dos santos padres e de lideranças das comunidades.

O Concílio de Nicéia

O Concílio de Nicéia, realizado em 325 teve um papel essencial na vida eclesial e doutrinária ao afirmar a divindade do Verbo de Deus, ponto proveniente desde a concepção do Filho de Deus na carne (cfr. Jo 1,14), mas também na questão da acolhida das pessoas cristãs em relação àquelas que vinham de longe. Ele afirmava que em toda a cidade sejam instituídos, construídos edifícios em relação aos estrangeiros, pobres, doentes. Estes edifícios receberiam o nome de casa de acolhida para os hóspedes[2].

Um monge assumisse esta missão

 O Concílio colocava também que fosse o Bispo a nomear um monge escolhido entre os monges que habitavam no deserto. Ele fosse um estrangeiro, longe de seus parentes, que desse um bom testemunho de vida e de ser uma pessoa honesta, de modo que ele fosse o chefe da casa de acolhida das pessoas necessitadas e que provinham de longe de suas cidades[3].

  A missão

Esta pessoa que vivia nos mosteiros sendo a coordenadora da casa de acolhida dos hóspedes tinha como missão preparar as camas, as cobertas e tudo aquilo que é necessário para os doentes e para os pobres. O Concílio disse também caso a Igreja não tivesse bens suficientes para a assunção das despesas diversas, haveria uma maneira de pedir ajuda aos fiéis e os cristãos dariam conforme as suas possibilidades para que assim provesse a sustentação dos irmãos e das irmãs, dos estrangeiros, dos pobres e dos doentes segundo as necessidades de cada pessoa. O monge responsável, desta casa era chamado a zelar pelas coisas necessárias a serem adquiridas em vista de um bom serviço para com todas as pessoas pobres em seus meios [4].

O perdão dos pecados

O Concílio de Nicéia dizia que todas ações caritativas em favor dos pobres, dos estrangeiros seguiam a Palavra de Deus em vista do perdão dos pecados (cfr. 1 Pd 4,8). As culpas seriam expiadas e sobretudo as pessoas se aproximassem a Deus pela realização da caridade para com os estrangeiros, os doentes, os pobres mais necessitados de ajuda[5].

O que fazer de bom?

São Basílio de Cesareia foi bispo do século IV, grande pessoa defensora das pessoas simples, e dos pobres. Ele foi conhecido como o bispo social. Ele interpretou a parábola do rico insensato no evangelista São Lucas (cfr. Lc 12,16-18) onde ele teve uma boa colheita de bens de modo que se perguntou o que fazer? Ele podia ter dito o que fazer de bom para as pessoas necessitadas? No entanto, ele pensou somente no seu bem estar. O bispo distinguiu os bens provenientes de Deus como a terra fértil, um clima temperado, a abundância das sementes, e todas as coisas que agilizaram a cultivação da terra e torná-la fecunda. E quais seriam os dons para o ser humano conceder ao Criador e as pessoas mais necessitadas? Em primeiro lugar aquela pessoa teve dureza de caráter, atitude fechada em relação às outras pessoas, incapacidade de compartilhar os bens. Tudo isso foi perceptível naquele homem, rico de bens que não se abriu ao Benfeitor, o Senhor Deus e às pessoas[6].

O esquecimento das coisas boas

São Basílio dizia que o rico foi insensato no sentido de que ele esqueceu a comum natureza dos seres humanos, não pensou do dever de distribuir o supérfluo aos necessitados, não levava em consideração a palavra de Deus para não recusar de fazer o bem ao necessitado (cfr., Pv 3,27); a procura em dividir o seu pão com a pessoa faminta (cfr. Is 58,7)[7].

 O grito dos profetas

Aquela pessoa não ouviu o grito dos profetas e dos mestres que clamavam pela partilha das coisas. Os celeiros estavam cheios de trigo, mas tinha um coração ávido, pois nunca estava contente com os bens recolhidos, pelo acúmulo de coisas previstas de ano em ano, os celeiros não comportavam mais a quantidade de bens acumulados de modo que ele disse: O que fazer? Ele pensou em si e não mais nos outros, sobretudo as pessoas mais necessitadas e na abertura para com o Senhor[8].

A acolhida do estrangeiro

São Gregório de Nazianzo, bispo do século IV falou da acolhida do estrangeiro seja necessário pelo fato de que o Senhor se faz presente nele (cfr. Mt 25, 35). Ele também tinha presente a palavra de São Paulo que diz que o Senhor de rico se fez pobre para nos tornar ricos por sua pobreza(cfr.2 Cor 8,9). Ele citava também o pobre Lázaro que tinha necessidade de pão para comer e água para beber (cfr. Lc 16,19-31), talvez um outro pobre estaria deitado diante de sua moradia[9].

 A mesa eucarística

Ele dizia era necessário ter respeito à mesa eucarística na qual a pessoa se aproximava, do pão na qual a pessoa tomou parte, do cálice no qual tomou a bebida estando iniciado aos sofrimentos de Cristo Jesus. A pessoa era chamada a acolher um estrangeiro, sem casa, vindo de longe. São Gregório afirmou o ponto para acolher através dele, Aquele que viveu por estrangeiro entre os seus, porque não o receberam (cfr. Jo 1,11) que por meio da graça colocou na pessoa a sua permanência e elevou a pessoa à morada do alto[10].

A acolhida foi uma das práticas fortes na Igreja do século IV do cristianismo. Ela estava ligada a Jesus Cristo, caminho, verdade e vida (cfr. Jo 14,6). Jesus deseja de todos nós discípulos, discípulas práticas de acolhida para todas as pessoas que mais precisam de nossa ajuda, compreensão, amor, para um dia participarmos da eterna acolhida, feita por Deus, no Reino dos céus.
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[1] Cfr. Ospitalità. In: Il Vocabolario Treccani, Il Conciso. Milano-Trento. Stampa, pg. 1083.
[2] Cfr. Concílio de Nicea, Canone 75. In: “Non dimenticate L´ospitalità”. Antologia dai Padri della Chiesa. Milano, Paoline, 2022, pg. 66.
[3] Cfr. Idem, pgs. 66-67.
[4] Cfr. Ibidem, pg. 67.
[5] Cfr. Ibidem, pg. 67.
[6][6] Cfr. Omelia su: Demolirò i miei magazzini di Basilio di Cesarea. In: “Non dimenticate L´ospitalità”. Antologia dai Padri della Chiesa, pg. 78.
[7] Cfr. Ibidem, pgs 78-79.
[8] Cfr. Ibidem, pg. 79./
[9] Cfr. Discorsi, 40,31 di Gregorio di Nazianzo. In: “Non dimenticate l´ospitalità”. Antologia dai Padri della Chiesa, pg. 98.
[10] Cfr. Idem, pg. 98.
[11] Cfr. Ospitalità. In: Il Vocabolario Treccani, Il Conciso. Milano-Trento. Stampa, pg. 1083.
[12] Cfr. Concílio de Nicea, Canone 75. In: “Non dimenticate L´ospitalità”. Antologia dai Padri della Chiesa. Milano, Paoline, 2022, pg. 66.
[13] Cfr. Idem, pgs. 66-67.
[14] Cfr. Ibidem, pg. 67.
[15] Cfr. Ibidem, pg. 67.
[16][16] Cfr. Omelia su: Demolirò i miei magazzini di Basilio di Cesarea. In: “Non dimenticate L´ospitalità”. Antologia dai Padri della Chiesa, pg. 78.
[17] Cfr. Ibidem, pgs 78-79.
[18] Cfr. Ibidem, pg. 79./
[19] Cfr. Discorsi, 40,31 di Gregorio di Nazianzo. In: “Non dimenticate l´ospitalità”. Antologia dai Padri della Chiesa, pg. 98.
[20] Cfr. Idem, pg. 98.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

terça-feira, 8 de julho de 2025

O Papa Leão e um mundo à altura das crianças

Leão XIV com uma menina da Colônia de Férias do Vaticano (Vatican Media)

Dois meses se passaram desde a eleição de Robert Francis Prevost para a Cátedra de Pedro e já existem várias imagens símbolo desse pontificado que está apenas começando. Dentre elas, embora menos conhecida, está a do novo Papa que se abaixa para ficar na altura de uma menina que quer lhe dar um desenho. Um gesto simples que, no entanto, tem uma mensagem de grande valor: para construir um mundo melhor, é necessário se colocar no mesmo nível das crianças.

Alessandro Gisotti

São muitas e ricas de significado as imagens que nos proporcionaram esses dois primeiros meses do Pontificado de Leão XIV. Algumas permanecerão na memória coletiva por um longo tempo, como as lágrimas que ele conteve no Balcão central da Basílica Petrina enquanto observava as pessoas alegres na Praça São Pedro na tarde de 8 de maio em sua primeira Urbi et Orbi após sua eleição. Mas há uma, muito menos conhecida, que naturalmente traz uma mensagem e uma visão para o futuro. É aquela em que o Papa Leão se abaixa ao lado de uma menina da Colônia de Férias de Verão do Vaticano que lhe mostra um desenho.

Os sorrisos dos dois são impressionantes: o Papa está evidentemente olhando para a lente do fotógrafo. A menina está "encantada" com esse gesto e, portanto, não olha para o fotógrafo, mas mantém seu olhar sorridente fixo em Leão XIV. Por que essa imagem é tão importante? Porque com esse simples abaixamento, o Pontífice nos mostrou uma direção que deve ser seguida por todos e, em particular, por aqueles que hoje têm o destino do mundo em suas mãos: colocar-se à altura das crianças, olhar o mundo através dos olhos delas. Como o destino da humanidade mudaria se cada um de nós tivesse a coragem de se abaixar como Jesus fez quando - repreendendo os discípulos que queriam mandar embora as crianças "incômodas" - pronunciou aquela frase imortal: "Deixem vir a mim as crianças".

Hoje, quando deixamos as crianças virem até nós? E, acima de tudo, quanto vamos em direção a elas? Em direção às crianças oprimidas pela guerra, às famintas pelo egoísmo alheio, às crianças abusadas por mil formas de violência. A lógica, antes mesmo do sentimento, exigiria que os adultos protegessem os pequenos. Em vez disso, acontece exatamente o oposto: nas guerras decididas pelos adultos, os primeiros a sofrer são justamente eles: os pequenos. O que veríamos se nos abaixássemos à altura das crianças de Gaza, Kharkiv, Goma e dos muitos, muitos lugares devastados por conflitos armados? Talvez, se o fizéssemos, algo mudaria.

"Se quisermos ensinar a verdadeira paz neste mundo", disse Gandhi, "e se quisermos travar uma verdadeira guerra contra a guerra, devemos começar com as crianças". Imagine por um momento se crianças das nacionalidades das Grandes Potências participassem do Conselho de Segurança da ONU. Quem sabe como as relações internacionais mudariam! Infelizmente, devemos reconhecer com amargura que a realidade da guerra nos é incutida, como veneno, desde os primeiros anos de nossas vidas. Bertolt Brecht explica isso de forma dramática e eficaz num poema escrito quando o início sombrio da Segunda Guerra Mundial se aproximava: “As crianças brincam de guerra. Raramente brincam de paz porque os adultos sempre fazem a guerra.”

É por isso que talvez a única maneira de mudar o curso da história seja realmente a mais improvável: abaixar-nos, descer das nossas convicções e interesses de adultos e colocar os nossos olhos (e ainda mais os nossos corações) no olhar "baixo" das crianças. O Papa Leão, como missionário e bispo no Peru, abaixou-se muitas vezes para estar à altura das crianças. Existem várias imagens que mostram ele nessa situação. Agora que é Bispo de Roma, o seu estilo não mudou, como nos "confirmou" aquela foto tirada na Colônia de Férias de Verão do Vaticano, na Sala Paulo VI. Tornar-nos pequenos, portanto, para tornar a nossa humanidade maior. Uma lição de que precisamos imensamente hoje.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF