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quarta-feira, 22 de fevereiro de 2023

Do bambu gigante, um recurso para curar o planeta

Bambu gigante | Vatican News

A história de uma empresa milanesa, líder e pioneira no cultivo e processamento desta planta de características prodigiosas e o testemunho de seu presidente, Emanuele Rissone: Senti a necessidade de me voltar para a área da sustentabilidade depois que me tornei pai. A Terra precisa urgentemente de boas práticas.

https://youtu.be/KBHSk0bpyfo

Cecilia Seppia – Vatican News

“Se eu distraidamente deixo uma torneira aberta em casa, imediatamente ouço minhas filhas me repreenderem: 'Pai, fecha a água, é desperdício!' As crianças e os adolescentes de hoje entenderam o conceito de sustentabilidade muito melhor do que os adultos. Eles nasceram com essa atitude de proteção do meio ambiente, e é por eles que eu também decidi caminhar nessa direção, tentando fazer a diferença.” Emanuele Rissone, originalmente de Gênova, mas milanês por adoção, é o fundador e presidente da Forever Bambu, uma empresa líder e pioneira no cultivo e processamento do bambu gigante na Europa. Mas sua carreira de empresário, que o levou a estar entre os 100 mais influentes da Itália segundo a revista Forbes, começou aos 19 anos quando, graças à sua paixão pelo esporte e ao mito de Rocky Balboa, abraçou com sucesso o negócio de suplementos alimentares voltados para o fortalecimento dos atletas. Depois, doze anos atrás, se tornou pai. “Quando nasce um filho, as prioridades mudam”, disse Rissone, “e eu imediatamente senti a necessidade de me dedicar a algo que pudesse melhorar a vida das pessoas, principalmente das futuras gerações. Decidi vender minha primeira 'criatura' e me dedicar à família pensando não no lucro e sim no que era melhor para elas, para minhas filhas que hoje tem 12 e 10 anos. Para me convencer a começar uma nova empresa, porém, eu precisava de algo que me estimulasse, algo pelo qual valesse a pena lutar! Foi então que encontrei o Bambu Gigante. Uma planta extraordinária, tão bonita quanto útil, que me deu uma sensação particular, foi uma espécie de 'amor à primeira vista'. Ao ver ao vivo uma floresta de bambu, tive a impressão de entrar nela para encontrar uma dimensão de paz, serenidade, bem-estar. Até parecia que eu estava respirando um oxigênio diferente e eu estava certo! Assim, junto com um grupo de 5 empresários e técnicos, criei o Forever Bambu”.

Emanuele Rissone, presidente da Forever Bambu | Vatican News

Os prodígios do bambu

Esta planta parece ter características verdadeiramente prodigiosas: é capaz de absorver CO2 quase como se fosse um potente aspirador de pó, purificando o ar, a água e o solo. Abriga inúmeras espécies animais, promovendo a biodiversidade, além de ser um material renovável e altamente ecológico capaz de substituir muitos plásticos poluentes. O investimento nesta espécie agrícola, que se tem revelado particularmente rentável, está representando também a possibilidade de muitos terrenos abandonados voltarem a ser produtivos. Rissone afirma: “Com 2.200 hectares plantados de 2014 até hoje, só na Itália, e mais de 1.000 investidores que aprofundaram e acreditaram neste projeto, quem hoje investe em bambu pode dizer com certeza que está fazendo bem ao planeta de uma forma realmente tangível. Recuperamos vastas extensões de terra, degradadas, usadas como lixeiras ilegais, sem cultivo por décadas e as trouxemos de volta ao seu antigo esplendor, transformando-as em florestas que levam mais ou menos 8 anos para se formar completamente, produzir oxigênio, engolindo literalmente o carbono. De nossa parte, optamos por trabalhar as florestas de forma orgânica, biodinâmica e simbiótica. Portanto, de forma muito gentil e respeitosa, sem o uso de fertilizantes e agentes químicos. Basicamente como faziam os agricultores do passado, os nossos avós, usando as mãos ou no máximo usando pequenos meios. Alguns estudos mostram que essas florestas são capazes de ter um impacto positivo no meio ambiente 36 vezes mais do que um normal bosque ou floresta. Portanto, 100 hectares cultivados com bambu desempenham as mesmas funções que 3.600 hectares de floresta normal: é um número incrível! Além disso, ao contrário de um populus, que é cortado e replantado e que precisa de pelo menos 12 anos para ser cortado e usado novamente, levamos em média 8 anos para criar essas florestas, mas a cada inverno podemos ceifar e a cada primavera elas estão lá novamente, estruturadas, prontas para fazer o seu trabalho”.

Os bastões de bambu maduros, prontos para processamento
Vatican News

O aspecto social do bambu

Obviamente existe também um 'bem-estar' social que esta espécie é capaz de garantir. A Forever Bambu administra atualmente 250 hectares de plantações em 4 regiões do centro e norte da Itália e está se expandindo no exterior, com mais de 100 pessoas empregadas apenas no cultivo. Para esta empresa milanesa, a sustentabilidade passa também pelo trabalho digno, pelo salário justo, com contratos regulares e coerentes. Além do cultivo, há também toda a parte de processamento dos bambus maduros para o qual é utilizada outra mão-de-obra. Após o corte, os bambus são selecionados e é criado o chamado 'lascado', ou seja, a madeira reduzida a lascas, que com a colaboração de algumas indústrias é transformada em bioplástico: é um plástico totalmente inovador, resistente, não poluente com dentro uma matriz vegetal. “Com esse material - explica Rissone - podemos produzir pisos, cadeiras, mesas, complementos de decoração, utensílios de cozinha, mas estamos caminhando para a grande indústria, o que mais nos interessa porque significaria ter armazenado o carbono por mais tempo". A rentabilidade do gigante bambu Moso também está no setor alimentício. Na verdade, o rebento desta planta é um dos elementos-chave de muitas cozinhas tradicionais asiáticas e é cada vez mais utilizado em cozinhas vegetarianas. Em particular, só em Milão, os restaurantes de cozinha chinesa – cuja comunidade de referência é a quarta em número na Itália (são mais de 5.000 pessoas) – consomem quase 10.000 kg de brotos por dia. À versatilidade e sustentabilidade ecológica do bambu gigante une-se à sua capacidade de frutificar durante muitas décadas: a vida média de um bambuzal é de fato superior a um século.

Tijolos de lascas de bambu de onde se obtém o bioplástico
Vatican News

Abraçar a sustentabilidade como pede o Papa

“Nascemos um ano antes da Laudato si', em 2014 - diz Rissone - mas foi surpreendente ler que nossa missão, nosso objetivo, já estava escrito nas palavras do Papa: ou seja, deixar para nossos filhos um planeta melhor do que nós encontramos. E comprometer-nos em fazer florescer novamente este jardim maravilhoso que o Criador nos deu tornou-se realmente uma vocação. O Santo Padre fala a todos, a quem crê e a quem não crê, sem distinção nenhuma, mas creio que quem tem os meios para trabalhar imediatamente neste sentido têm uma responsabilidade maior de responder e refiro-me a nós empresários que estão no circuito econômico ou aos políticos ou a quem ocupa cargos de governo. A maior satisfação é ver a terra voltar a ficar verde como fazemos com estes terrenos baldios. Temos que limpar o planeta dos muitos lixões que o estão sufocando. O que eu tenho a dizer para as empresas é que façam alguma coisa! Não se escondam atrás da bandeira do verde e da sustentabilidade só porque está na moda! Devemos primeiro mudar nossa mentalidade e criar as bases para a conversão ecológica que o Papa Francisco nos pede para realizar com estes quatro macros objetivos subjacentes ao projeto, ou seja, sequestrar CO2, desenvolver e disseminar produtos de impacto zero, gerar riqueza e benefícios para todas as partes interessadas, garantir a sustentabilidade, escalabilidade e replicabilidade do modelo ao longo do tempo e, por fim, contribuir do ponto de vista cultural ao movimento da Economia Verde. Forever Bambu transformou-se este ano em uma empresa beneficente com um duplo propósito: a consecução de finalidades ambientais, alcançadas por meio de uma gestão cada vez mais esclarecida de todo o ciclo de vida dos bambuzais, e finalidade socioambientais, voltadas a orientar e multiplicar a transição ecológica em andamento, criando e divulgando um modelo de empresa verde de sucesso e inovadora. “O que me deixa particularmente feliz e orgulhoso com o passo dado – conclui Emanuele Rissone – é o feedback objetivo e constante que recebemos dos nossos clientes: as boas práticas são contagiosas e capazes de fazer um grande bem ao ambiente”.

Alguns produtos feitos com bioplástico obtido a partir do processamento
do bambu | Vatican News

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

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Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF