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terça-feira, 15 de julho de 2025

Um canto de louvor e amor: o Trium puerorum (Parte 2/2)

Fotografía: Ravi Pinisetti (Unplash)

Um canto de louvor e amor: o Trium puerorum

O Trium Puerorum é um canto de louvor a Deus, que a Igreja aconselha rezar depois da Santa Missa. A natureza inteira, com o sol, as estrelas, os raios, as nuvens e os mares, se une a esse canto iniciado por três jovens judeus do Antigo Testamento.

05/04/2021

Com toda a Igreja

Com este modo de proceder, São Josemaria distinguia dois momentos na ação de graças depois da Missa, para os centros da Obra. O primeiro tem a ver com o diálogo silencioso de cada um com Deus Pai, Filho e Espírito Santo: “o amor a Cristo, que se oferece por nós, incita-nos a saber encontrar, uma vez terminada a Missa, alguns minutos para uma ação de graças pessoal e íntima, que prolongue no silêncio do coração essa outra ação de graças que é a Eucaristia”[5].

Além disso, o segundo momento quer realçar a dimensão eclesial da ação de graças, que não se reduz somente a uma experiência individual de intimidade de Jesus. O dom de Deus na Eucaristia é tão grande que nenhuma criatura por si só pode expressar o agradecimento devido. Esta oração nos permite agradecer-Lhe juntos por ter vindo à nossa casa. Por isso, quando rezamos o Trium puerorum, não somente estamos agradecendo a Jesus a nossa Comunhão, mas também a dos que estão à nossa volta. É como se disséssemos: “Obrigado por ter vindo a cada um, por ter-se feito presente por nós, por todos os cristãos”.

Precisamente para que as nossas vozes possam unir-se mais facilmente ao canto de louvor e amor com o que a Igreja vive cada encontro eucarístico, São Josemaria pensou que se recitasse o Trium puerorum. Dedicar um tempo da ação de graças a este cântico nos ajuda, portanto, a crescer na comunhão com todos os cristãos por meio da Eucaristia. Pois é nela que a Igreja “renasce e se renova continuamente como a communio que Cristo trouxe ao mundo, realizando assim o desígnio eterno do Pai (cf. Ef 1, 3-10). De modo especial na Eucaristia e pela Eucaristia, a Igreja encerra em si o germe da união definitiva em Cristo de tudo o que existe nos céus e de tudo o que existe na terra, tal como disse Paulo (cf. Ef 1,10): uma comunhão realmente universal e eterna”[6].

Um laboratório de louvor

Trium puerorum é um convite constante a glorificar e louvar ao Senhor. Recorda-nos que a vocação mais íntima de todas as criaturas é dar glória a Deus, Uno e Trino. A Comunhão é inseparável do desejo afetivo e efetivo de louvá-lo, de reconhecer a sua grandeza e sua onipotência.

Este movimento da alma é coerente com a celebração eucarística, pois a Missa, principalmente a oração eucarística, é uma grande oração de ação de graças, que começa com um canto de louvor – o Santo, santo, santo – e termina com uma solene glorificação de Deus Pai por Cristo, com Ele e n’Ele. O Trium puerorum prolonga esta oração. É um momento que poderíamos ver como um laboratório em que aprendemos a transformar as nossas relações com o cosmos – a natureza – e com os outros em um canto de louvor à Trindade. Desta forma, rezar o Trium puerorum antes de começar os nossos afazeres cotidianos nos lembra a atitude com que devemos encarar cada dia: “Dá ‘toda’ a glória a Deus. – ‘Espreme’ com a tua vontade, ajudado pela graça, cada uma de tuas ações, para que nelas não fique nada que cheire a humana soberba, a complacência do teu ‘eu’”.[7]

Neste laboratório se reúnem todas as criaturas espirituais e materiais. Recapitulam-se todos os elementos do cosmos e do povo de Israel, começando pelos mais materiais e terminando pelos que têm mais capacidade vital. O auge deste crescendo é ocupado pelos “humildes de coração” (Dan 3, 87), entre os quais se contam Ananias, Azarias e Misael. Para que todos possamos unir-nos a eles e assim se cumpra o projeto original da criação – “tudo o que respira louve ao Senhor” (Sal 150, 6) – a Igreja conclui o Trium puerorum com uma petição articulada em um pai-nosso, alguns versículos dos salmos e três orações. Neles ressoam os mesmos desejos antes expressados, mas, desta vez, convertidos em uma intensa súplica para que nós, que também nos encontramos em meio ao fogo das provas interiores e exteriores, experimentemos o alívio da ajuda divina e assim possamos converter toda a nossa jornada em um Magnificat à misericórdia divina.

Juan Rego

Tradução: Mônica Diez

Fotografía: Ravi Pinisetti (Unplash)


[5] São Josemaria, É Cristo que passa, n. 92.

[6] São João Paulo II, Audiência geral, 15/01/1992.

[7] São Josemaria, Caminho, n. 784.

Fonte: https://opusdei.org/pt-br/article/trium-puerorum-louvor-da-natureza-a-deus/

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Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF