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quinta-feira, 9 de março de 2023

Paulo VI e a memória dos mártires africanos

Papa Paulo VI em Namugongo,
2 de agosto de 1969 | 30Giorni

A homilia do Papa Montini por ocasião da elevação aos altares dos Mártires ugandenses

Paulo VI e a memória dos mártires africanos

de Davide Malacaria

Em 1964 o Papa Paulo VI canonizava 22 fiéis católicos martirizados na Uganda entre os anos de 1885 e 1887. O mais conhecido destes, Carlos Lwanga, foi queimado vivo, junto com outros doze católicos e dez ou onze cristãos de outras confissões em 3 de junho de 1886 em Namugongo. O Papa Paulo VI, na sua viagem à Uganda em 1969, fez questão de consagrar o altar maior do santuário de Namugongo construído no lugar do martírio de Carlos Lwanga e de seus companheiros. Publicamos um trecho da homilia realizada pelo Pontífice, em 18 de outubro de 1964, por ocasião da elevação aos altares dos Mártires ugandenses.


“Estes mártires africanos acrescentam à lista dos vitoriosos, como é o martirológio, uma página trágica e magnífica, realmente digna de ser acrescentada às maravilhosas já existentes da África antiga, que nós modernos, homens de pouca fé, pensávamos que jamais pudessem ter um segmento tão digno. Quem poderia supor, por exemplo, que às comovedoras histórias dos mártires xilitanos, dos mártires cártagineses, dos mártires da “Massa Candida” uticense dos quais Santo Agostinho e Prudêncio nos deixaram memória, dos mártires do Egito, dos quais conservamos o elogio de São João Crisóstomo, dos mártires da perseguição vandálica, poderiam ser acrescentadas novas histórias não menos heróicas, não menos fulgurantes, dos nossos tempos? Quem poderia prever que às grandes figuras históricas dos santos mártires e confessores africanos, como Cipriano, Felicitas e Perpétua e o sumo Agostinho teríamos um dia associado os caros nomes de Carlos Lwanga e de Matias Mulumba Kalemba, com seus vinte companheiros? E não podemos esquecer também os outros que, pertencendo à confissão anglicana, enfrentaram a morte em nome de Cristo.

Esses mártires africanos abrem uma nova época; oh! não queremos pensar em perseguições e contrastes religiosos, mas de regeneração cristã e civil. Que a África, banhada pelo sangue destes mártires, antes da era nova (oh, queira Deus que sejam os últimos, tão grande e precioso é o seu holocausto!), ressurja livre e redimida. A tragédia, que os devorou, é tão inaudita e expressiva, a ponto de oferecer elementos representativos suficientes para a formação moral de um povo novo, para a fundação de uma nova tradição espiritual, para simbolizar e para promover o traspasso, de uma civilização primitiva, não privada de ótimos valores humanos, mas poluída e enferma e quase escrava de si mesma, a uma civilização aberta às expressões superiores do espírito e às formas superiores da sociedade”.

O CRISTIANISMO E AS RELIGIÕES (14/16)

O cristianismo e as religiões | Lausanne Moviment

COMISSÃO TEOLÓGICA INTERNACIONAL

O CRISTIANISMO E AS RELIGIÕES

(1997)

III. 3. A verdade como problema entre a teologia das religiões e a posição pluralista

93. O diálogo inter-religioso não é apenas um desejo que parte do Concílio Vaticano II, fomentado pelo atual Pontífice. É também uma necessidade na presente situação do mundo. Sabemos que esse diálogo é a preocupação central da teologia pluralista das religiões nos últimos tempos. Para torná-lo possível, os representantes dessas teologias pensam que se há de eliminar por parte dos cristãos toda pretensão de superioridade e de absolutez. Há de se considerar todas as religiões com igual valor. Pensam que é uma pretensão de superioridade a consideração de Jesus como salvador e mediador único para todos os homens.

94. O abandono dessa pretensão é considerado, portanto, como essencial para a realização do diálogo. Esse é sem dúvida o ponto mais importante com que temos de nos confrontar. Diante desses projetos, há de se mostrar que não significa absolutamente um menosprezo nem uma depreciação o fato de a teologia católica afirmar que tudo o que nas outras religiões é verdadeiro e digno de apreço vem de Cristo no Espírito Santo. Tal é o melhor modo que o cristão tem de expressar seu apreço por essas religiões.

95. Ao comparar algumas das opiniões teológicas expostas no capítulo I com as concepções magisteriais atuais e sua fundamentação na Escritura e na Tradição que foram objeto do capítulo II, constata-se que é comum a umas e outras a intenção fundamental de reconhecer com respeito e gratidão as verdades e valores das diversas religiões. Ambas buscam o diálogo com elas, sem preconceitos e sem afãs de polêmica.

96. Porém, a diferença básica entre as duas apresentações se encontra na posição que adotam diante do problema teológico da verdade, e ao mesmo tempo diante da fé cristã. O ensinamento da Igreja sobre a teologia das religiões argumenta a partir do centro da verdade da fé cristã. Leva em conta, de um lado, o ensinamento paulino do conhecimento natural de Deus e, de outro, expressa a confiança na atuação universal do Espírito. Vê ambas as linhas ancoradas na tradição teológica. Valoriza o verdadeiro, bom e belo das religiões a partir do pano de fundo da verdade da própria fé, porém não atribui em geral à pretensão de verdade das outras religiões uma mesma validez. Isso levaria à indiferença, isto é, a não tomar a sério a pretensão de verdade tanto própria como alheia.

97. A teologia das religiões que encontramos nos documentos oficiais argumenta a partir do centro da fé. Com relação ao modo de proceder das teologias pluralistas, e apesar das diferentes opiniões e das constantes mudanças que nelas se dão, pode-se afirmar que no fundo têm uma estratégia "ecumênica" do diálogo, isto é, preocupam-se por uma renovada unidade com as diferentes religiões. Tal unidade, porém, só se pode constituir eliminando aspectos da autocompreensão própria. Quer-se conseguir a unidade desvalorizando diferenças, vistas como ameaça; considera-se ao menos que hão de ser eliminadas como particularidades ou reduções próprias de uma cultura específica.

98. A modificação da compreensão da própria fé na teologia pluralista das religiões tem múltiplas faces. Notemos as mais importantes: a) no plano histórico sugere-se um esquema de três fases, que chega no pluralismo em seu ponto final: exclusivismo, inclusivismo; nele se pressupõe erroneamente que só a última posição conduz a prestar verdadeira atenção nas outras religiões e cora isso na paz religiosa; b) no plano da teoria do conhecimento, reduz-se a capacidade de verdade das afirmações teológicas (formas de expressão específicas de uma cultura), ou inclusive chega-se a suprimi-la (as afirmações teológicas se equiparam às mitológicas); e c) no plano teológico se busca a plataforma de unidade; a possibilidade do reconhecimento da igual dignidade se paga com a parcialização e redução metodológicas (do eclesiocentrismo ao cristocentrismo, e deste ao teocentrismo, enquanto se sugere um conceito subdeterminado de Deus), e com a modificação e redução dos conteúdos específicos da fé, especialmente na cristologia.

99. Numa época marcada pela idéia de um pluralismo de mercado, essa teologia adquire alto grau de plausibilidade, porém apenas enquanto não se a aplique conseqüentemente à posição do interlocutor nesse diálogo. No momento em que se dê uma destas possibilidades: a) que o interlocutor reconheça a tese da "igual dignidade" historicamente plural; b) que aceite para a religião própria a tese da limitação ou supressão da capacidade de verdade de todas as afirmações teológicas; c) ou modifique seu próprio método teológico e o conteúdo das próprias afirmações de fé de tal maneira que estas só tenham validez em relação com os cânones da religiosidade própria, neste instante termina o diálogo religioso. Com efeito, não resta nada a constatar senão essa pluralidade indistinta. Por isso a teologia pluralística, como estratégia de diálogo entre as religiões, não só não se justifica ante a pretensão de verdade da religião própria, mas dissolve ao mesmo tempo a pretensão de verdade da outra parte.

100. Perante a simplificação histórica, epistemológica ou teológica da relação entre o cristianismo e as outras religiões na teologia pluralista, é preciso partir da visão diferenciada das religiões da declaração Nostra Aetate do Concílio Vaticano II. Nela se descreve o que as religiões do mundo têm fundamentalmente em comum, a saber, o esforço "por responder de várias maneiras à inquietação do coração humano propondo para isso caminhos, isto é, doutrinas, preceitos de vida e ritos sagrados" (NA 2), porém sem que se apaguem as diferenças igualmente fundamentais: as diferentes formas do budismo indicam ao homem caminhos pelos quais este percebe o sentido do ser no reconhecimento da insuficiência radical deste mundo contingente; na riqueza de mitos do hinduísmo, em suas exigências ascéticas e suas profundas meditações se expressa a busca confiante de refúgio em Deus. Com o Islã a Igreja tem mais em comum, pois reconhece que seus adeptos "adoram o único Deus (...) criador do céu e da terra" (NA 3). Reconhecendo com toda clareza o que nos separa, não se pode passar por alto os elementos comuns na história e na doutrina. O cristianismo está unido ao judaísmo por sua origem e uma rica herança comum. A história da aliança com Israel, a confissão de um só e único Deus que se revela nessa história, a esperança em Deus que vem e em seu reino futuro, são comuns a judeus e cristãos (cf. NA 4). Uma teologia cristã das religiões deve ser capaz de expor teologicamente os elementos comuns e as diferenças entre a própria fé e as convicções dos diferentes grupos religiosos. O Concílio situa essa tarefa em uma tensão: por um lado contempla a unidade do gênero humano, fundada em uma origem comum (cf. NA 1). Por essa razão, ancorada na teologia da criação, "a Igreja católica não recusa nada do que nessas religiões há de verdadeiro e de santo" (NA 2). Porém, por outro lado, insiste na necessidade do anúncio da verdade que é o próprio Cristo: "Anuncia e tem a obrigação de anunciar constantemente a Cristo, que é o caminho, a verdade e a vida (Jo 14,6), em quem os homens encontram a plenitude da vida religiosa e em quem Deus reconciliou consigo todas as coisas [cf. 2Cor 5,18-19]" (ibid.).

101. Todo diálogo vive da pretensão de verdade dos que dele participam. No entanto, o diálogo entre as religiões se caracteriza, além disso, por aplicar a estrutura profunda da cultura de origem de cada um à pretensão de verdade de uma cultura estranha. É claro que esse diálogo é exigente e requer uma especial sensibilidade diante da outra cultura. Nos últimos decênios desenvolveu-se especialmente essa sensibilidade diante do contexto cultural tanto das diferentes religiões como do cristianismo e suas teologias. Basta recordar as "teologias em contexto" e a significação crescente do tema da inculturação no magistério e na teologia. A Comissão Teológica Internacional já tratou desses temas (2), de maneira que aqui parecem necessárias apenas duas indicações: (1). Uma teologia das religiões diferenciada, que se baseia na própria pretensão de verdade, é a base de qualquer diálogo sério e o pressuposto necessário para entender a diversidade das posições e seus meios culturais de expressão. (2). A contextualidade literária ou a sociocultural etc. são meios importantes de compreensão, às vezes os únicos, de textos e situações, são possível lugar da verdade, porém não se identificam com a própria verdade. Com isso se indicam a significação e os limites da contextualidade cultural. O diálogo inter-religioso trata com cautela e respeito as "coincidências e convergências" com as outras religiões. Para o trato das "diferenças" tem-se levar em conta que esse trato não deve anular as coincidências e elementos de convergência, e além disso que o diálogo sobre essas diferenças há de se inspirar na doutrina própria e sua ética correspondente; em outras palavras, a forma do diálogo não pode invalidar o conteúdo da fé própria e de sua ética.

102. A crescente inter-relação das culturas na atual sociedade mundial e sua constante interpenetração nos meios de comunicação fazem que a questão da verdade das religiões tenha passado ao centro da consciência cotidiana do homem de hoje. As presentes reflexões consideram alguns pressupostos dessa nova situação; nelas, porém, não se entra na discussão de conteúdos com as diferentes religiões. Esta deveria realizar-se na teologia dos diferentes lugares, ou seja, nos diferentes centros de estudo que estão era contato cultural direto com as outras religiões. Ante a situação de mudança da consciência do homem atual e a situação dos fiéis, é claro que a discussão com a pretensão de verdade das religiões não pode ser um aspecto marginal ou parcial da teologia. A confrontação respeitosa com essa pretensão deve representar um papel no centro do trabalho cotidiano da teologia, deve ser parte integral dessa mesma teologia. Com ela o cristianismo de hoje deve aprender a viver, no respeito pela diversidade das religiões, uma forma da comunhão que tem seu fundamento no amor de Deus pelos homens e se funda em seu respeito para com a liberdade do homem. Esse respeito pela "alteridade" das diferentes religiões está por sua vez condicionado pela própria pretensão de verdade.

103. O interesse pela verdade do outro compartilha com o amor o pressuposto estrutural do apreço de si mesmo. A base de toda comunicação, também do diálogo entre as religiões, é o reconhecimento da exigência de verdade. A fé cristã, porém, tem sua própria estrutura de verdade: as religiões falam "do" Santo, "de" Deus, "sobre" ele, "em seu lugar" ou "em seu nome". Apenas na religião cristã é Deus mesmo quem fala ao homem em sua Palavra. Só esse modo de falar possibilita ao homem seu ser pessoal em um sentido próprio, ao mesmo tempo que a comunhão com Deus e com todos os homens. O Deus tripessoal é o coração dessa fé. Apenas a fé cristã vive do Deus uno e trino. Do pano de fundo de sua cultura surgiu a diferenciação social que caracteriza a modernidade.

104.À única mediação salvífica de Cristo para todos os homens se lhe atribui, por parte da posição pluralista, uma pretensão de superioridade; por isso se pede que o cristocentrismo teológico, do qual se deduz necessariamente essa pretensão, seja substituído por um teocentrismo mais aceitável. Diante disso é preciso afirmar que a verdade da fé não está a nossa disposição. Perante uma estratégia de diálogo que pede uma redução do dogma cristológico para excluir essa pretensão de superioridade do cristianismo, optamos mais propriamente — com o fim de excluir uma "falsa" pretensão de superioridade — por uma aplicação radical da fé cristológica à forma de anúncio que lhe é própria. Toda forma de evangelização que não corresponde à mensagem, à vida, à morte e à ressurreição de Jesus Cristo compromete essa mensagem e, em última análise, ao próprio Jesus Cristo. A verdade como verdade é sempre "superior"; porém a verdade de Jesus Cristo, na clareza de sua exigência, é sempre serviço ao homem; é a verdade do que dá a vida pelos homens para fazê-los entrar definitivamente no amor de Deus. Toda forma de anúncio que procure antes de tudo e sobretudo se impor aos ouvintes ou dispor deles com os meios de uma racionalidade instrumental ou estratégica opõe-se a Cristo, evangelho do Pai, e à dignidade do homem da qual Ele mesmo fala.

Fonte: https://www.vatican.va/

As 7 armas espirituais contra o demônio

© Godong Photononstop AI
Por Maria Paola Daud

Santa Catarina era constantemente tentada pelo demônio. Ela usou estas 7 armas para vencê-lo.

Santa Catarina de Bolonha era de uma família nobre. Na corte, começou a receber aulas de artes e cultura desde muito jovem. Mas era muito notável sua tendência à vida de oração e piedade, além de sua grande compaixão para com os pobres.

Catarina ganhou a simpatia de todos por causa de seus dotes físicos e espirituais. Entretanto, a cada dia, ia crescendo nela o desejo de se consagrar ao Senhor.

Ela tinha só 14 anos quando decidiu abandonar a corte. E, depois da morte de seu pai, ficou sozinha com uma grande fortuna. Porém, embora tivesse muitos pretendentes, sentia que não tinha nascido para se casar.

Ela se juntou a um grupo de mulheres piedosas orientadas à espiritualidade agostiniana. Com isso, conseguiu aprofundar sua fé e a vida de oração.

Não foi nada fácil, já que ela era constantemente atentada pelo demônio, que a enchia de dúvidas quanto à sua vocação.

Porém, no fim, essas provas fortaleceram o seu espírito e iluminaram sua mente para que ela fosse capaz de diferenciar aquilo que vinha de Deus e o que era obra do demônio.

Desses sofrimentos surgiram vários escritos biográficos, entre eles “As sete armas espirituais”.

Bento XVI, em uma de suas ilustres catequeses sobre os santos, nos conta detalhadamente a vida de Santa Catarina e resume o tratado de “As sete armas espirituais”. Confira:

  1. Ter o cuidado e a solicitude em fazer sempre o bem;
  2. Acreditar que, sozinhos, nunca poderemos fazer algo verdadeiramente bom;
  3. Confiar em Deus e, por amor a Ele, não temer nunca a batalha contra o mal tanto no mundo quanto em nós mesmos;
  4. Sempre refletir sobre os fatos e as palavras da vida de Jesus, sobretudo sobre a Paixão e Morte;
  5. Lembrar que devemos morrer;
  6. Ter fixa na mente a memória dos bens do Paraíso;
  7. Ter familiaridade com a Santa Escritura, levando-a sempre ao coração para que ela oriente todos os nossos pensamentos e ações.

O Santo Padre também acrescentou uma recomendação:

 “Um bom programa de vida espiritual, também hoje, para cada um de nós!”

Fonte: https://pt.aleteia.org/

Papa Francisco: amar e respeitar Jerusalém como uma mãe

O encontro do Pontífice com a delagação no Vaticano | Vatican News

O significado espiritual da Cidade Santa de Jesus foi tema de reflexão de um grupo de trabalho formado pelo Dicastério para o Diálogo Inter-Religioso e pela Comissão Palestina para o Diálogo Inter-Religioso. Em audiência no Vaticano nesta quinta-feira (9), Francisco enalteceu aos participantes o valor universal de Jerusalém como cidade de paz, de amor, de diálogo, respeito e veneração, ao invés de projeção ideológica de qualquer dos lados.

Andressa Collet - Vatican News

A Cidade Santa de Jesus, onde Ele cumpriu a sua missão "com a paixão, a morte e a ressureição", direcionou o encontro desta quinta-feira (9), no Vaticano, entre o Papa Francisco e os participantes de uma reunião entre o Dicastério para o Diálogo Inter-Religioso e a Comissão Palestina para o Diálogo Inter-Religioso. O intitulado "Grupo Conjunto de Trabalho para o Diálogo", criado pelo cardeal Jean-Louis Tauran e pelo Xeque Mahmoud Al-Habbash, ambos recordados pelo Pontífice, escolheu justamente o "significado espiritual de Jerusalém, cidade santa para judeus, cristãos e muçulmanos" como argumento de reflexão.

Na saudação, o Papa lembrou a declaração feita em 2019 sobre "o apelo para que Jerusalém seja considerada 'patrimônio comum da humanidade e especialmente para os fiéis das três religiões monoteístas, como lugar de encontro e símbolo de coexistência pacífica". No Evangelho, continuou Francisco, Jerusalém é "o coração da fé cristã", lugar onde acontecem vários episódios da vida de Jesus e onde "a Igreja nasceu".

Jerusalém, a Cidade da Paz

Jerusalém, assim, "tem um valor universal, já contido no significado do seu nome: 'Cidade da paz", disse o Papa, ao recordar o momento em que Jesus, poucos dias antes da sua paixão, próximo à Cidade Santa, chorou:

“Jesus chora sobre Jerusalém. Não devemos seguir em frente muito depressa. Esse choro de Jesus merece ser meditado, em silêncio. Irmãos e irmãs, quantos homens e mulheres, judeus, cristãos, muçulmanos, choraram e ainda choram por Jerusalém! Também para nós, às vezes, pensar na Cidade Santa nos leva às lágrimas, pois é como uma mãe cujo coração não consegue encontrar a paz por causa do sofrimento dos seus filhos.”

Ao final da saudação ao grupo e pegando essa passagem do Evangelho como referência, veio o encorajamento renovado do Papa Francisco pelo diálogo inter-religioso, "que é tanto importante":

"Este episódio evangélico lembra o valor da compaixão: a compaixão de Deus por Jerusalém, que deve tornar-se a nossa compaixão, mais forte do que qualquer ideologia, de que qualquer dos lados. Maior deve ser sempre o amor pela Cidade Santa, como por uma mãe, que merece o respeito e a veneração de todos."

quarta-feira, 8 de março de 2023

Exemplos de fé: Maria

Virgem Maria | Opus Dei

Exemplos de fé: Maria, modelo e mestra de fé.

Nossa Mãe nos ensina a estar totalmente abertos ao querer divino, inclusive quando é misterioso. Por isso, é mestra de fé.

Depois de meditar sobre diversos aspectos da fé por meio da contemplação da vida de grandes figuras do Antigo Testamento – Abraão, Moisés, Davi e Elias –, continuamos percorrendo esta história da nossa fé também pelas mãos de personagens do Novo Testamento, em que, com Cristo, a Revelação chega à sua plenitude e cumprimento: Muitas vezes, e de muitos modos, Deus falou outrora aos nossos pais, pelos profetas. Nestes dias, que são os últimos, falou-nos por meio do Filho[1].

Ícone perfeito da fé

Mas quando veio a plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho, que nasceu de uma mulher e nasceu submetido a uma lei[2]. Na atitude de fé da Santíssima Virgem, concentrou-se toda a esperança do Antigo Testamento na chegada do Salvador: “em Maria (…) tem cumprimento a longa história de fé do Antigo Testamento, com a narração de tantas mulheres fiéis a começar por Sara; mulheres que eram, juntamente com os Patriarcas, o lugar onde a promessa de Deus se cumpria e a vida nova desabrochava”[3]. Como Abraão – “nosso pai na fé”[4] –, que deixou a sua terra confiando na promessa de Deus, Maria abandona-se com total confiança na palavra que o Anjo lhe anuncia, convertendo-se assim em modelo e mãe dos crentes. A Virgem, “ícone perfeito da fé”[5], acreditou que nada é impossível para Deus e tornou possível que o Verbo habitasse entre os homens.

Nossa Mãe é modelo de fé. “Pela fé, Maria acolheu a palavra do Anjo e acreditou no anúncio de que seria Mãe de Deus na obediência da sua dedicação (cf. Lc 1, 38). Ao visitar Isabel, elevou o seu cântico de louvor ao Altíssimo pelas maravilhas que realizava em quantos a Ele se confiavam (cf. Lc 1, 46-55). Com alegria e trepidação, deu à luz o seu Filho unigênito, mantendo intacta a sua virgindade (cf. Lc 2, 6-7). Confiando em José, seu Esposo, levou Jesus para o Egito a fim de O salvar da perseguição de Herodes (cf. Mt 2, 13-15). Com a mesma fé, seguiu o Senhor na sua pregação e permaneceu a seu lado mesmo no Gólgota (cf. Jo 19, 25-27). Com fé, Maria saboreou os frutos da ressurreição de Jesus e, conservando no coração a memória de tudo (cf. Lc 2, 19.51), transmitiu-a aos Doze reunidos com Ela no Cenáculo para receberem o Espírito Santo (cf. At 1, 14; 2, 1-4)”[6].

A Virgem Santíssima viveu a fé numa existência plenamente humana, de uma mulher comum. Durante a sua vida terrena, Maria não foi poupada nem à experiência da dor, nem ao cansaço do trabalho, nem ao claro-escuro da fé. Àquela mulher do povo que um dia prorrompeu em louvores a Jesus, exclamando: Bem-aventurado o ventre que te trouxe e os peitos que te amamentaram, o Senhor responde: Antes bem-aventurados os que escutam a palavra de Deus e a põem em prática. Era o elogio de sua Mãe, do seu fiat, do faça-se sincero, rendido, posto em prática até às últimas consequências, e que não se manifestou em ações aparatosas, mas no sacrifício escondido e silencioso de cada dia[7].

A Santíssima Virgem “vive totalmente da e na relação com o Senhor; põe-se em atitude de escuta, atenta a captar os sinais de Deus no caminho do seu povo; está inserida numa história de fé e de esperança nas promessas de Deus, que constitui o tecido da sua existência”[8].

Mestra de fé

Pela fé, Maria penetrou no Mistério de Deus Uno e Trino como não o foi dado a nenhuma criatura, e, como “mãe da nossa fé”[9], nos fez participantes desse conhecimento. Nunca aprofundaremos bastante neste mistério inefável; nunca poderemos agradecer suficientemente à nossa Mãe a familiaridade com a Trindade Beatíssima que Ela nos deu[10] .

A Virgem é mestra de fé. Toda a exibição da fé na existência tem seu protótipo em Santa Maria: o compromisso com Deus e o conformar as circunstâncias da vida ordinária à luz da fé, também nos momentos de escuridão. Nossa Mãe nos ensina a estar totalmente abertos à vontade divina “ainda que seja misteriosa, embora muitas vezes não corresponda à própria vontade e seja uma espada que trespassa a alma, como profeticamente o velho Simeão dirá a Maria no momento em que Jesus é apresentado no Templo (cfr. Lc 2, 35)”[11]. Sua plena confiança no Deus fiel e em suas promessas não diminui, embora as palavras do Senhor sejam difíceis ou, aparentemente, impossíveis de acolher.

Virgem Maria | Opus Dei

Por isso, se a nossa fé for débil, recorramos a Maria[12].Na escuridão da Cruz, a fé e a docilidade da Virgem dão um fruto inesperado. Em João, Cristo confia à sua Mãe todos os homens e especialmente os seus discípulos: os que haviam de crer n’Ele[13]. A sua maternidade se estende a todo o Corpo Místico do Senhor. Jesus nos dá como mãe a sua Mãe, nos coloca sob seu cuidado, nos oferece a sua intercessão. Por esse motivo, a Igreja convida, constantemente, os fiéis a dirigir-se com particular devoção a Maria.

A nossa fragilidade não é obstáculo para a graça. Deus conta com ela, e por isso nos deu uma mãe. “ Nesta luta que os discípulos devem enfrentar – todos nós, todos os discípulos de Jesus devemos enfrentar esta luta –, Maria não os deixa sozinhos; a Mãe de Cristo e da Igreja está sempre conosco. Sempre caminha conosco, está conosco (...), Maria nos acompanha, luta conosco, sustenta os cristãos no combate contra as forças do mal”[14].

A Virgem é a melhor mestra da escola da fé, pois sempre se manteve em uma atitude de confiança, de abertura, de visão sobrenatural, diante de tudo que acontecia ao seu redor. Assim ela nos é apresentada no Evangelho: Maria conservava todas estas coisas dentro de si, ponderando-as no seu coração. Procuremos nós imitá-la, conversando com o Senhor, num diálogo enamorado, de tudo o que se passa conosco, até dos acontecimentos mais triviais. Não esqueçamos que temos de pesá-los, avaliá-los, vê-los com olhos de fé, para descobrir a Vontade de Deus[15]. Seu caminho de fé, mesmo que de modo diferente, é parecido com o de cada um de nós: há momentos de luz, porém também momentos de uma certa obscuridade em relação à Vontade divina: quando encontraram Jesus no Templo, Maria e José, não compreenderam o que ele lhes dissera[16]. Se, como a Virgem, acolhemos o dom da fé e pomos no Senhor toda nossa confiança, viveremos cada situação cum gaudio et pace – com o gozo e a paz dos filhos de Deus.

Imitar a fé de Maria

“Assim, em Maria, o caminho de fé do Antigo Testamento foi assumido no seguimento de Jesus e deixa-se transformar por Ele, entrando no olhar próprio do Filho de Deus encarnado”[17]. Na Anunciação, a resposta da Virgem resume sua fé como compromisso, como entrega, como vocação: Eis aqui a serva do Senhor. Faça-se em mim segundo a tua palavra[18]. Como Santa Maria, os cristãos devemos viver voltados para Deus, pronunciando esse fiat mihi secundum verbum tuum(...) faça-se em mim segundo a tua palavra do qual depende a fidelidade à vocação pessoal, única e intransferível em cada caso, e que nos fará cooperadores da obra de salvação realizada por Deus em nós e no mundo inteiro[19].

Mas, como responder sempre com uma fé tão firme como Maria, sem perder a confiança em Deus? Imitando-a, tratando de que em nossa vida esteja presente esta sua atitude básica diante da proximidade de Deus: não experimenta medo ou desconfiança, mas que “entra em diálogo íntimo com a Palavra de Deus que lhe foi anunciada, não a considera superficialmente, mas detém-se, deixa-a penetrar na sua mente e no seu coração para compreender aquilo que o Senhor deseja dela, o sentido do anúncio”[20]. Como a Virgem, procuremos reunir em nosso coração todos os acontecimentos que nos sucedem, reconhecendo que tudo provém da Vontade de Deus. Maria olha com profundidade, reflete, pondera, e assim entende os diferentes acontecimentos diante da compreensão que só a fé pode dar. Quem dera fosse essa – com a ajuda de nossa Mãe – nossa resposta.

Imitar a Maria, deixar que nos leve pela mão, contemplar sua vida nos conduz também a suscitar naqueles que temos ao nosso redor – familiares e amigos – essa maior abertura à luz da fé: com o exemplo de uma vida coerente, com conversas pessoais, de amizade e confidência, com a necessária doutrina, para facilitar-lhes o encontro pessoal com Cristo por meio dos sacramentos e das práticas de piedade, no trabalho e no descanso. Se nos identificarmos com Maria, se imitarmos as suas virtudes, poderemos conseguir que Cristo nasça, pela graça, na alma de muitos que se identificarão com Ele pela ação do Espírito Santo. Se imitarmos Maria, participaremos de algum modo da sua maternidade espiritual. Em silêncio, como Nossa Senhora; sem que se note, quase sem palavras, com o testemunho íntegro e coerente de uma conduta cristã, com a generosidade de repetir sem cessar um fiat – faça-se – que se renova como algo de íntimo entre nós e Deus[21].

***

Olhando para Maria, peçamos-lhe que nos ajude a viver de fé e reconhecer Jesus presente em nossas vidas: fé em que nada é comparável com o Amor de Deus que nos foi dado; fé em que não há impossíveis para quem trabalha por Cristo e com Ele na sua Igreja; fé em que todos os homens podem converter-se a Deus; fé em que pese às próprias misérias e derrotas, pode refazer-nos totalmente com sua ajuda e a dos outros; fé nos meios de santidade que Deus colocou em sua Obra, no valor sobrenatural do trabalho e das coisas pequenas; fé em que podemos reconduzir este mundo a Deus se nos deixarmos levar pela sua mão. Em resumo, fé em que Deus coloca cada um nas melhores circunstâncias – de saúde ou doença, situação pessoal, profissional, etc. – para chegarmos a ser santos, se correspondermos com a nossa luta diária.

Jesus Cristo estabelece esta condição: que vivamos da fé, porque depois seremos capazes de remover montanhas. E há tantas coisas a remover... no mundo e, primeiro, no nosso coração! Tantos obstáculos à graça! Portanto, fé! Fé com obras, fé com sacrifício, fé com humildade, porque a fé nos converte em criaturas onipotentes: E tudo o que na oração pedirdes com fé, alcançá-lo-eis (Mt 21, 22)[22]. Impulsionados pela força da fé, dizemos a Jesus: Senhor, eu creio! Mas ajuda-me, para que creia mais e melhor! E dirigimos igualmente esta súplica a Santa Maria, Mãe de Deus e Mãe nossa, Mestra de fé: Bem-aventurada tu que creste, porque se cumprirão as coisas que te foram ditas da parte do Senhor (Lc1, 45)[23]. “Ajudai, ó Mãe, a nossa fé!”[24].

F. Suárez – J. Yániz (julho 2013)


[1] Hb 1, 1-2.

[2] Gal 4, 4.

[3] Francisco, Carta enc. Lumen fidei, 29-VI-2013, n. 58.

[4] Missal Romano, Oração eucarística I.

[5] Francisco, Carta enc. Lumen fidei, 29-VI-2013, n. 58.

[6] Bento XVI, Motu proprio Porta fidei, 11-X-2011, n. 13.

[7] São Josemaria, É Cristo que passa 172

[8] Bento XVI, Audiência geral, 19-XII-2012.

[9] Francisco, Carta enc. Lumen fidei, 29-VI-2013, n. 60.

[10] São Josemaria, Amigos de Deus, n. 276.

[11] Bento XVI, Audiência geral, 19-XII-2012.

[12] São Josemaria, Amigos de Deus, n. 285.

[13] São Josemaria, Amigos de Deus, n. 288.

[14] Francisco, Homilia, 15-VIII-2013.

[15] São Josemaria, Amigos de Deus, n. 285

[16] Lc 2, 50.

[17] Francisco, Carta enc. Lumen fidei, 29-VI-2013, n. 58.

[18] Lc 1, 38.

[19] Entrevistas com Mons. Escrivá, 112

[20] Bento XVI, Audiência geral, 19-XII-2012.

[21] São Josemaria, Amigos de Deus, n. 281.

[22] São Josemaria, Amigos de Deus, n. 203.

[23] São Josemaria, Amigos de Deus, n. 204.

[24] Francisco, Carta enc. Lumen fidei, 29-VI-2013, n. 60.

Fonte: https://opusdei.org/pt-br

Eclesiologia mariana na Lumen Gentium

Santuário de Fatima no aniversario das apariçoes 
(AFP or licensors)

"A memória litúrgica da bem-aventurada Virgem Maria, com o título de Mãe da Igreja, foi instituída no calendário Romano na segunda-feira depois da Solenidade de Pentecostes, para lembrar que Maria, presente no cenáculo, é mãe e cristã que mergulha nas ações da comunidade da Igreja primitiva, na descida do Espírito Santo no dia de Pentecostes."

Jackson Erpen - Cidade do Vaticano

O Concílio Vaticano II constitui o acontecimento mais importante do século XX também para a Mariologia. De fato, é o ponto de chegada do trabalho mariológico pré-conciliar e, ao mesmo tempo, o ponto de partida para uma nova formulação do discurso sobre Maria.

Considerando o laborioso percurso do capítulo VIII da Lumen gentiumConstituição promulgada em 21 de novembro de 1964, parece reconhecer-se nele a micro-história da Marialogia no século XX: os quatro anos de elaboração do texto mariano reproduzem o desenvolvimento do pensamento mariológico realizado entre os anos 1920-1960, quando a perspectiva cristológica dos manuais se alternava com a eclesiológica proposta pelos movimentos de renovação.

Logo após o Concílio, alguns estudiosos católicos tiveram o cuidado de aprofundar as perspectivas deutero-vaticanas sobre Maria e divulgá-las entre o povo de Deus. Assim surgiram cerca de trinta comentários ao capítulo VIII, um trabalho de documentação, informações e explicações que desempenhou o papel de instrumento em vista da passagem da habitual abordagem mariológica àquela inaugurada pelo Concílio.

No novo capítulo deste nosso espaço, padre Gerson Schmidt* nos propõe hoje a reflexão "Eclesiologia mariana na Lumen Gentium":

"O teólogo Pe. Geraldo Borges Harckmann, professor da PUC-RS, hoje a serviço pela Arquidiocese de Porto Alegre no Pio Brasileiro em Roma, escrevia um artigo numa importante revista teológica do Rio Grande do Sul¹, apresentando três elementos eclesiológicos presentes nesse importante e rico documento da Lumen Gentium, ou seja, a dimensão eclesiológica, pneumática e mariana. Aqui já aprofundamos as duas primeiras. O terceiro elemento presente na LG é a inserção do capítulo da Mariologia no documento sobre a Igreja, o capítulo oitavo, intitulado “A bem-aventurada Virgem Maria, Mãe de Deus, no mistério de Cristo e da Igreja”. Tal inserção não foi fruto do acaso, mas corresponde à orientação presente na Constituição. A relação entre Maria e a Igreja só é possível de ser compreendida enquanto a Mariologia se insere na eclesiologia, enquanto Maria é a imagem da Igreja. A Igreja é virgem e mãe, concebida sem pecado e carrega o peso da história, e já possui uma dimensão escatológica. A Igreja é antecipada em Maria. Ela é a Igreja já realizada, ou ela é aquilo que a Igreja deverá ser um dia, quando terminar seu percurso na terra. Por essa razão, a Mariologia insere-se na eclesiologia do Vaticano II, para apontar um ideal a ser perseguido pela Igreja. Maria, a Mãe de Deus, é, assim, modelo para a Igreja e mãe da Igreja.

O título atribuído à Nossa Senhora como Mãe da Igreja – Mater Ecclesia - se deve justamente ao teor teológico sintetizado pelo Concilio Vaticano II a partir de expressão utilizada pelo Papa Paulo VI no decorrer do concílio. O título foi utilizado pela primeira vez por Santo Ambrósio de Milão, no Século IV e redescoberto por Hugo Rahner, um jesuíta irmão do grande teólogo Karl Rahner. A Mariologia de Rahner segue a doutrina de Ambrósio, sobre o papel de Maria Santíssima na Igreja. Sua interpretação, fundamentada exclusivamente em Ambrósio, influenciou grandemente o Concílio Vaticano II, sendo que na constituição Dogmática Lumen Gentium declara que Maria é Mãe da Igreja, uma perspectiva continuada pelos próximos Papas, João Paulo II que utiliza o termo em sua encíclica Redemptoris Mater e Bento XVI que credita aos Rahner especificamente essa atribuição.

Maria é vista como mãe da Igreja e de todos os cristãos, membros da Igreja e parte do corpo místico de Cristo. Os membros do Corpo de Cristo compartilham da paternidade de Deus e também da maternidade de Maria. O Catecismo da Igreja católica afirma assim: “A Virgem Maria é reconhecida e honrada como sendo verdadeiramente a Mãe de Deus e do Redentor... Ela é claramente a mãe dos membros de Cristo... Maria, Mãe de Cristo, Mãe da Igreja”( CIC, 963).

A memória litúrgica da bem-aventurada Virgem Maria, com o título de Mãe da Igreja, foi instituída no calendário Romano na segunda-feira depois da Solenidade de Pentecostes, para lembrar que Maria, presente no cenáculo, é mãe e cristã que mergulha nas ações da comunidade da Igreja primitiva, na descida do Espírito Santo no dia de Pentecostes. Foi em 2018 que se afirmou essa data litúrgica que foi firmado pelo Decreto da Congregação para o culto Divino, aparecendo nos livros litúrgicos para a celebração da Missa e da Liturgia das Horas."

*Padre Gerson Schmidt foi ordenado em 2 de janeiro de 1993, em Estrela (RS). Além da Filosofia e Teologia, também é graduado em Jornalismo e é Mestre em Comunicação pela FAMECOS/PUCRS.
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¹ Hackmann, Pe. Geraldo Luiz. A IGREJA DA LUMEN GENTIUM E A IGREJA DA GAUDIUM ET SPES Borges FATEO – PUCRS. Revista Trim. Porto Alegre v. 35 Nº 150 Dez. 2005 p. 657- 676.

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF