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quinta-feira, 23 de março de 2023

Via - Sacra

Via - Sacra | catequizar

VIA – SACRA

Dom Carmo João Rhoden
Bispo Emérito de Taubaté (SP) 

Textos inspiradores: Então, Jesus disse aos seus discípulos: “Se alguém quiser vir em meu seguimento, renuncie a si mesmo, pegue sua cruz e siga-me” (Mt 16,24). “Pois resolvi nada saber entre vós, a não ser Jesus Cristo, e este crucificado”, escreveu São Paulo (1Co 2,2). “Nós, porém, pregamos um Messias crucificado, escândalo para os judeus e loucura para os pagãos… Mas, para nós, Ele é o Cristo, poder de Deus e sabedoria de Deus” (1Co 1,23-25). 

1º Ao falarmos da via-sacra, não podemos desvinculá-la da cruz e nem esta, do amor de Cristo, por nós. Ele não nos salvou por decreto divino: encarnou-se. Assumiu nossa natureza humana, em tudo igual a nossa, menos no pecado. Jesus não brincou de salvar-nos. Mostrou-nos que, quem ama mesmo, vai até às últimas consequências: até à morte, na cruz ou através de outra forma, não excluso o martírio. A cruz mostrou toda a maldade do pecado: rejeição de Deus… ou blasfêmia contra Ele. Jesus não foi obrigado pelo Pai, a assumir cruz. Não foi um carrasco para o Filho. Foi e continua sendo Pai. Nossa salvação foi ato Trinitário. O crucificado foi Jesus Cristo, mas o ato salvífico foi das três pessoas trinitárias. 

2º Jesus veio fundar o Reino de Deus. não uma empresa religiosa. Mandou obedecer ao Pai e evangelizar, peregrinando pelo mundo. (Mt 28,19-20). Não prescreveu tudo, nos mínimos detalhes, mas enviou o Espírito Santo para completar Sua obra. Além disso, deixou Pedro como o Primaz. (Mt 16,18-19; Jo 21,15-19). A organização da Igreja foi acontecendo aos poucos. Ademais, os apóstolos não eram intelectuais, mas pescadores, que se tornaram pastores. Mandou-os evangelizar e orar. Mais: pediu-lhes que fossem fiéis, até o fim. Foram. 

3º Via-sacra. É um comovente exercício de piedade cristã. A cruz, instrumento imposto a Jesus, para nossa salvação, foi sendo, aos poucos, descoberta, em sua importância, pelos fiéis. A Via-sacra consiste então, em rezando meditar os diversos passos da caminhada de Cristo, para o calvário. São 14 estações. Refazem de certo modo a caminhada de Jesus Cristo, do Pretório de Pilatos, até ao monte calvário, carregando nossa cruz. Participar da via-sacra, não deixa de ser, um grande exercício de piedade cristã. Recordar é viver. Viver, como cristão, é seguir Jesus Cristo: e este crucificado. A via-sacra é de modo especial, vivenciada na quaresma, como tempo de preparação para a Páscoa, o acontecimento maior do cristianismo (Ressureição). O Papa a realiza na quarta-feira Santa, no coliseu de Roma. 3.1 A devoção da via-sacra nasceu na idade média. É veneração e não adoração da cruz e nem simples exaltação do sofrimento. A adoração se dirige a Cristo, que crucificado, morreu e ressuscitou. Essa devoção se estendeu à toda Igreja, no século XV. No século XVII, se fixou em 14 o número de estações. Nos tempos atuais, se acrescenta a décima quinta: a Ressureição. De fato, de nada teria adiantado Cristo morrer, se morrendo, não ressuscitasse. Não seguimos um vencido, um derrotado, mas um vencedor. Jesus não foi um mero sentenciado. Ele assumiu um programa: uma missão. Foi fiel. 

4º É preciso, por isso, participar da via-sacra, sem cair no dolorismo. Cristo sofreu e nós na vida sofreremos, querendo ou não. Não encontramos, apenas, cruzes em nossas rodovias, mas também em nossas próprias vidas. A pós-modernidade não gosta de refletir sobre a morte: a finitude humana. Por isso, constatamos, mormente na Europa, a presença do sentimento de angústia, quando não de desespero na existência. Nós cristãos, também, percebemos um mistério na realidade da morte, tal qual experenciamos. Mas, para nós, ninguém chega à casa do Pai, sem passar pela morte. Não precisamos ter pressa de morrer, mas sim de entrarmos, mais profundamente, no mistério do sofrimento que circunda nossas vidas. Boas reflexões.

Na consagração ao Imaculado Coração de Maria a esperança da paz

Basílica de São Pedro  (Vatican Media)

A 25 de março de 2022, foi em ligação especial com o Santuário de Fátima que, em Roma, na Basílica de S. Pedro, o Papa consagrou a humanidade ao Imaculado Coração de Maria. Recordamos todas as palavras de Francisco.

Rui Saraiva – Portugal

No Santuário de Fátima, em representação do Papa Francisco, esteve o cardeal Konrad Krajewski para um momento especial de oração mundial. No regresso da guerra à Europa na invasão da Rússia à Ucrânia, o Santo Padre consagrou estes países e toda a humanidade ao Imaculado Coração de Maria.

Passado um ano recordamos aqui todas as palavras de Francisco em jeito de prece contínua na esperança da paz.

Foi numa Celebração Penitencial na Basílica de S. Pedro, na sexta-feira dia 25 de março de 2022, que o Papa Francisco consagrou a humanidade ao Coração Imaculado de Maria. Por todo o mundo foi seguido este Ato de Consagração que teve na celebração em simultâneo com Fátima uma especial ligação espiritual.

Ato de Consagração ao Imaculado Coração de Maria

Foram estas as palavras do Papa Francisco:

Ó Maria, Mãe de Deus e nossa Mãe, recorremos a Vós nesta hora de tribulação. Vós sois Mãe, amais-nos e conheceis-nos: de quanto temos no coração, nada Vos é oculto. Mãe de misericórdia, muitas vezes experimentamos a vossa ternura providente, a vossa presença que faz voltar a paz, porque sempre nos guiais para Jesus, Príncipe da paz.

Mas perdemos o caminho da paz. Esquecemos a lição das tragédias do século passado, o sacrifício de milhões de mortos nas guerras mundiais. Descuidamos os compromissos assumidos como Comunidade das Nações e estamos a atraiçoar os sonhos de paz dos povos e as esperanças dos jovens. Adoecemos de ganância, fechamo-nos em interesses nacionalistas, deixamo-nos ressequir pela indiferença e paralisar pelo egoísmo. Preferimos ignorar Deus, conviver com as nossas falsidades, alimentar a agressividade, suprimir vidas e acumular armas, esquecendo-nos que somos guardiões do nosso próximo e da própria casa comum. Dilaceramos com a guerra o jardim da Terra, ferimos com o pecado o coração do nosso Pai, que nos quer irmãos e irmãs. Tornamo-nos indiferentes a todos e a tudo, exceto a nós mesmos. E, com vergonha, dizemos: perdoai-nos, Senhor!

Na miséria do pecado, das nossas fadigas e fragilidades, no mistério de iniquidade do mal e da guerra, Vós, Mãe Santa, lembrai-nos que Deus não nos abandona, mas continua a olhar-nos com amor, desejoso de nos perdoar e levantar novamente. Foi Ele que Vos deu a nós e colocou no vosso Imaculado Coração um refúgio para a Igreja e para a humanidade. Por bondade divina, estais conosco e conduzis-nos com ternura mesmo nas situações mais apertadas da história.

Por isso recorremos a Vós, batemos à porta do vosso Coração, nós os vossos queridos filhos que não Vos cansais de visitar em todo o tempo e convidar à conversão. Nesta hora escura, vinde socorrer-nos e consolar-nos. Repeti a cada um de nós: «Não estou porventura aqui Eu, que sou tua mãe?» Vós sabeis como desfazer os emaranhados do nosso coração e desatar os nós do nosso tempo. Repomos a nossa confiança em Vós. Temos a certeza de que Vós, especialmente no momento da prova, não desprezais as nossas súplicas e vindes em nosso auxílio.

Assim fizestes em Caná da Galileia, quando apressastes a hora da intervenção de Jesus e introduzistes no mundo o seu primeiro sinal. Quando a festa se mudara em tristeza, dissestes-Lhe: «Não têm vinho!» (Jo 2, 3). Ó Mãe, repeti-o mais uma vez a Deus, porque hoje esgotamos o vinho da esperança, desvaneceu-se a alegria, diluiu-se a fraternidade. Perdemos a humanidade, malbaratamos a paz. Tornamo-nos capazes de toda a violência e destruição. Temos necessidade urgente da vossa intervenção materna.

Por isso acolhei, ó Mãe, esta nossa súplica:

Vós, estrela do mar, não nos deixeis naufragar na tempestade da guerra;

Vós, arca da nova aliança, inspirai projetos e caminhos de reconciliação;

Vós, «terra do Céu», trazei de volta ao mundo a concórdia de Deus;

Apagai o ódio, acalmai a vingança, ensinai-nos o perdão;

Libertai-nos da guerra, preservai o mundo da ameaça nuclear;

Rainha do Rosário, despertai em nós a necessidade de rezar e amar;

Rainha da família humana, mostrai aos povos o caminho da fraternidade;

Rainha da paz, alcançai a paz para o mundo.

O vosso pranto, ó Mãe, comova os nossos corações endurecidos. As lágrimas, que por nós derramastes, façam reflorescer este vale que o nosso ódio secou. E, enquanto o rumor das armas não se cala, que a vossa oração nos predisponha para a paz. As vossas mãos maternas acariciem quantos sofrem e fogem sob o peso das bombas. O vosso abraço materno console quantos são obrigados a deixar as suas casas e o seu país. Que o vosso doloroso Coração nos mova à compaixão e estimule a abrir as portas e cuidar da humanidade ferida e descartada.

Santa Mãe de Deus, enquanto estáveis ao pé da cruz, Jesus, ao ver o discípulo junto de Vós, disse-Vos: «Eis o teu filho!» (Jo 19, 26). Assim Vos confiou cada um de nós. Depois disse ao discípulo, a cada um de nós: «Eis a tua mãe!» (19, 27). Mãe, agora queremos acolher-Vos na nossa vida e na nossa história. Nesta hora, a humanidade, exausta e transtornada, está ao pé da cruz convosco. E tem necessidade de se confiar a Vós, de se consagrar a Cristo por vosso intermédio. O povo ucraniano e o povo russo, que Vos veneram com amor, recorrem a Vós, enquanto o vosso Coração palpita por eles e por todos os povos ceifados pela guerra, a fome, a injustiça e a miséria.

Por isso nós, ó Mãe de Deus e nossa, solenemente confiamos e consagramos ao vosso Imaculado Coração nós mesmos, a Igreja e a humanidade inteira, de modo especial a Rússia e a Ucrânia. Acolhei este nosso ato que realizamos com confiança e amor, fazei que cesse a guerra, providenciai ao mundo a paz. O sim que brotou do vosso Coração abriu as portas da história ao Príncipe da Paz; confiamos que mais uma vez, por meio do vosso Coração, virá a paz. Assim a Vós consagramos o futuro da família humana inteira, as necessidades e os anseios dos povos, as angústias e as esperanças do mundo.

Por vosso intermédio, derrame-se sobre a Terra a Divina Misericórdia e o doce palpitar da paz volte a marcar as nossas jornadas. Mulher do sim, sobre Quem desceu o Espírito Santo, trazei de volta ao nosso meio a harmonia de Deus. Dessedentai a aridez do nosso coração, Vós que «sois fonte viva de esperança». Tecestes a humanidade para Jesus, fazei de nós artesãos de comunhão. Caminhastes pelas nossas estradas, guiai-nos pelas sendas da paz. Amém.

Oito princípios para que os médicos defendam a vida

María José Mancino com uma criança com síndrome de Down na
marcha de 26 de março em Buenos Aires / Cortesia doutora
Mancino
Por Walter Sánchez Silva / ACI Prensa

Buenos Aires, 23 Mar. 23 / 06:00 am (ACI).- María José Mancino, fundadora e presidente da organização Médicos pela Vida na Argentina, propôs oito princípios para que os médicos sempre defendam a vida, especialmente diante da ameaça do aborto e eutanásia.

No sábado, 26 de março de 2022, Mancino publicou uma carta aos médicos no Instagram, no dia de uma grande marcha pela vida, que pedia a revogação da lei do aborto aprovada pelo senado em dezembro de 2020 e que foi promovida pelo presidente da Argentina, Alberto Fernández.

Os participantes exigiram na época a implementação urgente e integral da "lei dos mil dias" para dar "uma resposta real aos problemas que vivem tantas mulheres e famílias em nossa província" e transformar em políticas públicas as ações que a sociedade civil faz para o cuidado da gravidez vulnerável.

Os manifestantes também pediram o "fim imediato de todas as perseguições aos profissionais de saúde que se opõem à prática do aborto, sejam ou não objetores de consciência".

Os oito princípios propostos pela doutora Mancino para seus colegas médicos são os seguintes:

1.- Que em todos os momentos nos vejam sempre consolando e abraçando toda a vida humana desde a concepção até a morte natural.

2.- Que as crianças e todas as pessoas vulneráveis ​​sejam a nossa prioridade.

3.- Que saibamos aliviar a tristeza de nossos pacientes.

4.- Que não discriminemos nenhum tipo de paciente por suas convicções ou decisões.

5.- Que respeitemos a dignidade da pessoa em todas as fases da vida.

6.- Que não ajamos contra a vida dos doentes justificando a morte em nome de uma suposta piedade ou em pesquisas científicas: todas as vidas valem muito.

7.- Que sejamos autênticos promotores da vida e que demos conselhos a outros amigos, colegas, objetando consciência e não participando de atos ilegítimos contra a vida.

8.- Que possamos estar unidos e orgulhosos de viver com convicção estes princípios inalienáveis.

https://www.instagram.com/dramariajosemancino/?utm_source=ig_embed&ig_rid=f9ff41b0-68c1-440f-8e72-697a315c5456

Fonte: https://www.acidigital.com/

São Turíbio de Mongrovejo

São Turíbio de Mongrovejo | Instituto Hesed
23 de março
São Turíbio de Mongrovejo

Origens

Turíbio Alfonso de Mongrovejo nasceu em 1538 na cidade de Majorca de Campos, Espanha. Era filho de uma família rica e nobre. Fez seus estudos nas cidades de Salamanca, Valadolid e Santiago de Compostela. Formou-se em Direito e, como advogado, teve participações na inquisição. Desde jovem, as grande marca de sua vida eram a honestidade e a justiça.

Numa reviravolta da vida, é lançado na vida religiosa

O rei Felipe II percebeu as qualidades de Turíbio de Mongrovejo pediu ao Papa Gregório XIII que o nomeasse arcebispo da América Espanhola e o papa atendeu. Por isso, após um discernimento, Turíbio recebeu todas as ordens sagradas de uma só vez, inclusive a ordenação sacerdotal. Assim, em 1580 ele foi sagrado Arcebispo de Lima, no Peru. Foi dessa maneira, aparentemente improvisada, que nasceu um dos maiores apóstolos da América Latina.

Passando para o outro lado

O bispo Dom Turíbio chegou a Lima em 1581 e ficou estarrecido com a miséria material e espiritual em que os índios viviam. Mas isso o fez agir. Começou aprendendo a língua desses índios. Depois, começou a defendê-los das arbitrariedades dos colonizadores, que os tratavam como animais. Por isso, Dom Turíbio passou a ser venerado pelos fiéis. Todos o viam como um defensor da justiça, contra os opressores europeus.

Evangelização

Com o apoio de todo o povo indígena, Dom Turíbio organizou inúmeras comunidades em sua imensa diocese. Depois disso, realizou assembleias e até mesmo sínodos, isto é, reunião com todos os bispos em atividade na América Espanhola. Assim, todos foram convocados para a evangelização.

Visão e organização

Dom Turíbio realizou e coordenou dez concílios da diocese e três concílios provinciais. Esses eventos formaram a principal estrutura organizacional da Igreja Católica da América espanhola. Essa organização dura até hoje. Um Sínodo Provincial realizado em Lima ganhou destaque. Foi o de 1582. Historiadores o comparam ao famoso Concílio de Trento dada a sua importância. Conta-se que neste encontro, Dom Turíbio chegou a desafiar os espanhóis resistentes, que se achavam muito inteligentes, a aprenderem a língua dos índios. Todos se calaram.

Apóstolo incansável

No ano de 1594, Dom Turíbio já tinha percorrido quinze mil quilômetros em missão pela América Espanhola. Ensinava, pregava, convertia, devolvia dignidade e administrava os sacramentos aos índios. Até este ano, segundo os livros das paróquias, tinha administrado a crisma a nada menos que sessenta mil fiéis.

Formando santos. Dom Turíbio teve a graça de formar e crismar três cristãos peruanos que, mais tarde, foram canonizados: Santa Rosa de Lima, São Francisco Solano e São Martinho de Porres. Estes são frutos preciosos de sua grande missão na América Espanhola.

Legado para o futuro

São Turíbio procedeu a fundação do primeiro seminário instituído nas Américas. Ali, vários missionários ardorosos foram formados, o que ajudou sobremaneira no processo de evangelização da América Espanhola.  

Amor e desapego

Pouco tempo antes de sua morte, São Turíbio doou todas as suas roupas, até mesmo as que cobriam seu próprio corpo. Tudo foi para os pobres e àqueles que trabalhavam a seu serviço. Este gesto resumiu o comportamento de toda sua vida. São Turíbio morreu no dia 23 de março do ano 1606. Ele estava na pequenina cidade chamada Sanã, no Peru. Sua canonização foi celebrada pelo Papa Bento XIII, em 1726. Na ocasião, o Papa declarou São Turíbio de Mongrovejo como o Apóstolo e Padroeiro do Peru.

Oração a São Turíbio de Mongrovejo

“Ó Deus, que aos vossos pastores associastes São Turíbio de Mogrovejo, animado de ardente caridade e da fé que vence o mundo, daí-nos, por sua intercessão, perseverar na caridade e na fé, para participarmos de sua glória. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso filho, na unidade do Espírito Santo. Amém. São Turíbio de Mongrovejo, rogai por nós.”

Fonte: https://cruzterrasanta.com.br/

quarta-feira, 22 de março de 2023

Papa Francisco: a água não pode ser objeto de desperdício ou abuso

Papa Francisco na Audiência Geral  (Vatican Media)

No Dia Mundial da Água o apelo do Papa Francisco: “a água não pode ser objeto de desperdício ou abuso ou motivo de guerra, mas deve ser preservada para nosso benefício e para as gerações futuras”.

Vatican News

A água é um recurso natural vital para o ser humano, mas tem se tornado cada vez mais escassa em diversos países do mundo. Em alguns deles, particularmente os mais pobres, ela vem sendo utilizada como arma de guerra, e os ataques a instalações de abastecimento de água se multiplicam como tática para desalojar as comunidades. Vale ainda ressaltar que já estão na casa dos milhões o número de crianças que acabam sofrendo mais com as doenças por falta de saneamento básico, entre outros efeitos negativos desta escassez. 

Um apelo universal

O Pontífice ainda relembrou nesta quarta-feira, as palavras de São Francisco de Assis: “Louvado sejas, meu Senhor, pela irmã água, que é muito útil e humilde, preciosa e casta”. Comentando que nesta oração “sentimos a beleza da criação e a consciência dos desafios que implicam o seu cuidado”.

A Conferência de Nova Yorque

Ao final, recordou a segunda conferência sobre a água da organização das Nações Unidas que está sendo realizada nestes dias em Nova York:
"Rezo pelo sucesso dos trabalhos e espero que este importante evento acelere as iniciativas em favor daqueles que sofrem com a escassez de água, deste bem primário. A água não pode ser objeto de desperdício ou abuso ou motivo de guerra, mas deve ser preservada para nosso benefício e para as gerações futuras”.

Como a misericórdia de Deus supera a nossa fé imatura

Brooklyn Museum
A parábola do filho pródigo, por Tissot

A parábola do filho pródigo destaca dois tipos de fé imatura - e a misericórdia divina supera as duas.

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A parábola do filho pródigo nos oferece muitas lições diferentes, mas é tentador pensar que ela se destina a outras pessoas – e não a nós.

No entanto, Jesus apresentou a nós essa parábola para examinarmos a nossa própria vida e avaliar se a nossa fé é mais parecida com a do filho “perdido” ou com a do filho que tinha ficado em casa.

Ambos, segundo o Papa Bento XVI, representam dois tipos diferentes de fé “imatura”. Ele explica esta lição numa alocução do ângelus em 2010.

Na parábola, os dois filhos comportam-se de modo oposto: o menor vai embora de casa e cai muito em baixo, enquanto o maior permanece em casa, mas também ele tem um relacionamento imaturo com o Pai; de facto, quando o irmão volta, o maior não é feliz como o pai, ao contrário irrita-se e não quer entrar em casa. Os dois filhos representam dois modos imaturos de se relacionar com Deus: a rebelião e a hipocrisia“.

Em diferentes momentos da nossa vida, podemos ver-nos em aberta rebelião, optando por afastar-nos de Deus, ou podemos vir a ser muito orgulhosos, achando-nos de alguma forma melhores que os “pecadores” da Igreja.

A boa notícia é que a misericórdia de Deus pode vencer essas duas iterações da fé imatura, como aponta Bento XVI:

Estas duas formas superam-se através da experiência da misericórdia. Só experimentando o perdão, só reconhecendo-nos amados por um amor gratuito, maior do que a nossa miséria, mas também maior do que a nossa justiça, entramos finalmente num relacionamento deveras filial e livre com Deus“.

Onde quer que estejamos em nossa jornada de fé, precisamos abrir o nosso coração à misericórdia de Deus e deixar que o seu amor vença todos os obstáculos que se interpõem em nosso caminho.

Qual é a diferença entre um monsenhor, um bispo e um cardeal?

Monsenhor Janus Urbanczyk (à esquerda), Dom David R. Choby 
(centro), Cardeal José de Jesús Pimiento / Crédito: © Vatican 
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REDAÇÃO CENTRAL, 21 Mar. 23 / 05:00 am (ACI).- Embora monsenhores, bispos e cardeais usem uma batina com cores relacionadas ao seu cargo, nem sempre a maioria dos católicos consegue diferenciá-los.

A seguir, confira um guia rápido de ‘BeeCatholic’ para identificar cada cor e o seu simbolismo.

1. Monsenhor

Durante muitos séculos, o papa costumava conceder títulos honoríficos aos sacerdotes dentro da sua casa pontifícia. O título foi usado ao longo dos anos e logo foi dado a sacerdotes fora de Roma com a recomendação de um bispo; entretanto, há alguns anos foi limitado pelo papa Francisco, voltando à prática anterior.

Alguns sacerdotes que têm o título de monsenhor não necessariamente são bispos.

Ao ser membros da casa pontifícia, os monsenhores vestem a cor púrpura (que está mais próximo do magenta), uma batina com botões, uma faixa e geralmente não tem um solidéu ou uma cruz peitoral que os distingue de bispos e cardeais.

A cor púrpura está ligada à tradição no Império Romano para vestir novos dignitários com um manto púrpura. Na heráldica medieval, esta cor simbolizava a justiça, a majestade real e a soberania.

2. Bispo

Na maior parte da história da Igreja, o verde era a cor dos bispos. Esta cor ainda pode ser vista no brasão tradicional que cada bispo escolhe quando é eleito. Entretanto, no século XVI, a cor foi mudada para “vermelho amaranto”, chamada assim fazendo referência à cor da flor do amaranto. Parece a cor fúcsia.

Como tem uma cor semelhante à púrpura, tem um valor simbólico que está relacionado à tarefa do bispo de governar a diocese local.

Além disso, os bispos se identificam ao usar a mesma cor no solidéu e têm uma cruz peitoral.

3. Cardeal

O nome técnico da cor utilizada pelos cardeais é “escarlate”. Esta cor os diferencia como membros do colégio cardinalício e como “príncipes” da Igreja.

Quando o papa coloca o barrete (um chapéu com 3 ou 4 pontas que faz parte da vestimenta litúrgica) na cabeça do cardeal, ele diz: “(Isto é) Escarlate, como sinal da dignidade do cardinalato, o que significa a sua disposição para agir com coragem, e mesmo para derramar o seu sangue, em prol do aumento da fé cristã, da paz e tranquilidade do povo de Deus, e da liberdade e exaltação da Santa Igreja Romana”.

Fonte: https://www.acidigital.com/

Papa: a Igreja vira peça de museu se não evangelizar a si mesma

Papa Francisco: É preciso evangelizar a si mesmo (Vatican News)

Você acredita verdadeiramente naquilo que anuncia? Vive aquilo em que acredita? Prega verdadeiramente aquilo que vive? Estas são três perguntas, feitas por São Paulo VI, que o Papa repropôs aos fiéis ao dar prosseguimento ao ciclo de catequeses sobre a evangelização.

Bianca Fraccalvieri – Vatican News

Uma obra-prima, a “magna carta” da evangelização no mundo contemporâneo: assim o Papa definiu a a Exortação apostólica Evangelii Nuntiandi, de São Paulo VI, tema de sua catequese na Audiência Geral deste 22 de março.

Na Praça São Pedro, diante de milhares de fiéis, Francisco deu continuidade ao ciclo sobre o zelo apostólico, recordando que evangelizar não é uma mera transmissão doutrinal ou moral, mas o testemunho de um encontro pessoal com Jesus Cristo.

"Não se pode evangelizar sem testemunho", recordou o Pontífice. A coerência é fundamental. A credibilidade não vem ao se proclamar uma doutrina ou uma ideologia.

“Uma pessoa é crível se há harmonia entre aquilo que crê e aquilo que vive: como crer e como viver. Muitos cristãos só dizem crer, mas vivem de outra coisa, como se não fossem. E isto é hipocrisia. O contrário do testemunho é a hipocrisia.”

O Papa então repropôs três perguntas contidas no documento de Paulo VI: você acredita verdadeiramente naquilo que anuncia? Vive aquilo em que acredita? Prega verdadeiramente aquilo que vive?

Para o Papa, não podemos contentar-nos com respostas fáceis, predefinidas. Somos chamados a aceitar até o risco desestabilizador da busca, confiando plenamente na ação do Espírito Santo que age em cada um de nós.

Uma peça de museu

A evangelização, prosseguiu, pressupõe um caminho de santidade. Aliás, a santidade é fulcral: sem a santidade, a evangelização corre o risco de ser vã e infecunda. "Palavras, palavras, palavras", acrescentou o Francisco. 

Da santidade, nasce o zelo pela evangelização, que, por sua vez, faz crescer cada um dos fiéis em santidade na medida em que, antes de levar o Evangelho aos outros, ele próprio se reconhece como seu destinatário. 

Em outras palavras, devemos estar conscientes de que os destinatários da evangelização não são somente os outros, aqueles que professam outras crenças ou que não as professam, mas também nós mesmos, Povo de Deus.

“E devemos nos converter todos os dias, acolher a Palavra de Deus e mudar de vida: todos os dias. E assim se faz a evangelização do coração. (...) Para dar este testemunho, também a Igreja enquanto tal deve começar com a evangelização de si mesma. Se a Igreja não evangeliza a si mesma permanece uma peça de museu.”

Sem o Espírito Santo, a Igreja faz só propaganda

Uma Igreja que se evangeliza para evangelizar é uma Igreja que, guiada pelo Espírito Santo, é chamada a percorrer um caminho exigente, de contínua conversão e renovação. Isto implica também a capacidade de mudar os modos de compreender e viver a sua presença evangelizadora na história, evitando refugiar-se nos âmbitos protegidos da lógica do “sempre se fez assim”, uma mentalidade que o Papa definiu como "refúgios que adoecem a Igreja". "A Igreja deve ir adiante, deve crescer continuamente, assim permanecerá jovem."

Francisco então concluiu:

"A Igreja deve ser uma Igreja que dialoga com o mundo contemporâneo, que encontra todos os dias o Senhor e dialoga com o Senhor, e deixa entrar o Espírito Santo que é o protagonista da evangelização. Sem o Espírito Santo, nós podemos somente fazer propaganda da Igreja, não evangelizar. É o Espírito em nós que nos impulsiona para a evangelização e esta é a verdadeira liberdade dos filhos de Deus."

terça-feira, 21 de março de 2023

Sessenta anos atrás o primeiro ato do Concílio, porta da Igreja aberta para o mundo

Abertura do Concílio Vaticano II (Vatican News)

Desejado vivamente por São João XXIII e concluído por São Paulo VI, o Concílio Vaticano II iniciou seus trabalhos em 11 de outubro de 1962, evento cuja força propulsora não se esgotou, como tem sido constantemente reafirmado pelo magistério de todos os pontificados posteriores. A direção da caminhada nas palavras do Papa Rocalli: descer "ao tempo presente" com o "remédio da misericórdia mais do que o da severidade".

Amedeo Lomonaco – Vatican News

Já se passaram 60 anos da abertura do Concílio Vaticano II, um evento que mudou o rosto da Igreja. Um Concílio ecumênico, ou seja, universal, é a convocação feita pelo Papa para reunir o colégio dos bispos para enfrentar juntos, à luz do Evangelho, as novas questões colocadas pela história.

O anúncio

O Papa João XXIII foi quem anunciou o 21° Concílio da Igreja de Roma, em 25 de janeiro de 1959, na Basílica de São Paulo Fora dos Muros: "Veneráveis Irmãos e Amados Nossos Filhos! Nos pronunciamos diante de vós, certamente tremendo um pouco pela emoção, mas ao mesmo tempo com humilde resolução de propósito, o nome e a proposta da dupla celebração: de um Sínodo Diocesano para a Urbe, e de um Concílio Ecumênico para a Igreja universal". Três anos mais tarde, em 2 de fevereiro de 1962, na Festa da Apresentação de Jesus no Templo, o Papa João anunciou a data de início desta grandiosa assembleia: "Esta data é 11 de outubro do ano de 1962; e é uma lembrança do Concílio de Éfeso, e precisamente a partida da igreja de São Pedro in Vincoli do padre Filipe - huius tituli presbyter - para Éfeso como representante do Papa Celestino”. A Igreja abre as fontes de sua doutrina para promover a concórdia, a paz e a unidade invocadas por Cristo.

Abertura do Concílio Vaticano II:

https://youtu.be/ltE9y3U3GvQ

A abertura

Portanto o Concílio Vaticano II foi inaugurado em 11 de outubro de 1962. Naquele dia, mais de 3 mil participantes, entre os quais cardeais, arcebispos, bispos, superiores de famílias religiosas desfilaram na Praça São Pedro. Eles vieram de todo o mundo e representavam todos os povos da Terra. A Basílica do Vaticano transformou-se em uma Sala Conciliar. Neste grande espaço com momentos de grande intensidade, ressoaram as palavras do Papa João XXIII para a solene abertura: “As situações e problemas gravíssimos que a humanidade enfrenta não mudam; de fato – afirmou o Papa pronunciado seu discurso em latim – “Cristo continua sempre a brilhar no centro da história e da vida”. “Todas as vezes que são celebrados, os Concílios Ecumênicos proclamam esta solene correspondência com Cristo e com a sua Igreja e levam à irradiação universal da verdade, à reta direção”. “Agora, porém – sublinha o Papa João XXIII - a Esposa de Cristo prefere usar mais o remédio da misericórdia do que o da severidade. Julga satisfazer melhor às necessidades de hoje mostrando a mais a validez da sua doutrina do que renovando condenações”. A Igreja é a Mãe amorosa de todos. O Concílio, através de apropriadas atualizações, dá um salto adiante no compromisso apostólico para apresentar a mensagem do Evangelho a todos os homens.

https://www.youtube.com/watch?v=g_0cOvPT4ZQ

(Cearemoniale Romanum)

O discurso da Lua

Outro momento gravado na história daquele dia da inauguração do Concílio Vaticano II foi a saudação, naquela mesma noite, que João XXIII dirigiu aos fiéis lotados na Praça São Pedro. Palavras ditas, espontâneas, que ficaram na história como "o discurso da Lua". A multidão em meio às luzes de mais de 100 mil tochas foi uma cena que comoveu o Pontífice, que decidiu olhar para fora da janela. Disse aos seus colaboradores mais próximos que só iria dar uma bênção. Mas depois, naquele momento tão excepcional para a vida da Igreja, pronunciou um discurso improvisado que tocou o coração de todos. "Queridos filhos, ouço suas vozes. A minha é apenas uma voz, mas condensa a voz do mundo inteiro; todo o mundo está aqui representado. Parece que até a lua antecipou-se esta noite – observai-a para o alto! - para contemplar este espetáculo". “Esta manhã", explicou o Papa João, "foi um espetáculo que nem a Basílica de São Pedro, que tem quatro séculos de história, alguma vez pôde contemplar". Em seguida, ressoam outras palavras que ficarão marcadas para sempre. "Quando regressarem à casa, vocês encontrarão seus filhos; façam uma carícia nas suas crianças e digam: ‘esta é a carícia do Papa’. Encontrarão algumas lágrimas por enxugar. Façam alguma coisa, digam uma boa palavra. ‘O Papa está conosco, especialmente nas horas tristes e de amargura’".

Papa João XXIII durante o discurso de abertura (Vatican News)

Os documentos do Concílio

Os trabalhos do Concílio Ecumênico Vaticano II foram articulados em quatro sessões. Deste capítulo fundamental da história da Igreja resultaram quatro Constituições, nove Decretos e três Declarações. A Constituição Dogmática sobre a Igreja é o documento mais solene de todo o Concílio. Abre-se com as palavras "Lumen gentium" (luz dos povos): "Mas porque a Igreja, em Cristo, é como que o sacramento, ou sinal, e o instrumento da íntima união com Deus e da unidade de todo o gênero humano, pretende ela, na sequência dos anteriores Concílios, pôr de manifesto com maior insistência, aos fiéis e a todo o mundo, a sua natureza e missão universal. A Constituição Dogmática sobre a Revelação Divina, que inicia com as palavras 'Dei Verbum', toca nos próprios fundamentos da fé da Igreja: a palavra de Deus, a sua revelação e a sua transmissão. A Constituição 'Sacrosantum Concilium' delineia os princípios gerais para a reforma e promoção da liturgia. A Constituição sobre a Igreja no mundo contemporâneo consiste de uma primeira parte sobre a vocação do homem, e uma segunda parte sobre alguns problemas mais urgentes.

Abertura do Concílio Vaticano II (Vatican News)

Os Papas e o Concílio

"Um evento de graça para a Igreja e para o mundo".  Escreveu o Papa Francisco no prefácio do livro intitulado "João XXIII. Vaticano II um Concílio para o Mundo". "Do Concílio Ecumênico Vaticano II recebemos muito. Aprofundamos, por exemplo, a importância do povo de Deus, categoria central nos textos conciliares, recordada até 184 vezes, o que nos ajuda a compreender o fato de que a Igreja não é uma elite de sacerdotes e consagrados e que cada batizado é um sujeito ativo para a evangelização". Para Bento XVI, o Concílio Vaticano II foi um "novo Pentecostes". Esperávamos que tudo se renovasse", disse aos sacerdotes de Roma em 14 de fevereiro de 2013, "que viria verdadeiramente um novo Pentecostes, uma nova era na Igreja (...) sentia-se que a Igreja não estava indo adiante, que se reduzia, que parecia uma realidade do passado e não a portadora do futuro". E naquele momento, esperávamos que esta relação fosse renovada, que mudasse; que a Igreja fosse novamente uma força para amanhã e uma força para hoje". São João Paulo II em sua carta apostólica Novo Millennio Ineunte chama o Concílio de "a grande graça da qual a Igreja se beneficiou no século XX: nele nos é oferecida uma bússola segura para nos orientarmos no caminho do século que agora começa".

No encerramento do Concílio, em 8 de dezembro de 1965, em sua "saudação universal", São Paulo VI enfatizou que "para a Igreja Católica ninguém é estranho": "Eis que esta é a nossa saudação": Que ela acenda em nossos corações esta nova centelha da divina caridade; uma centelha que pode incendiar os princípios, doutrinas e proposições que o Concílio preparou e que, assim inflamada de caridade, possam realmente operar na Igreja e no mundo aquela renovação dos pensamentos, de atividade, dos costumes, da força moral e da alegria e esperança, que foi o próprio propósito do Concílio".

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF