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domingo, 13 de dezembro de 2020

A exposição 100 presépios volta ao Vaticano com uma importante novidade

O Papa visita a exposição. 
Foto: EWTN-CNA / Daniel Ibáñez / Vatican Pool

Vaticano, 12 dez. 20 / 10:00 am (ACI).- A exposição "100 Presépios no Vaticano" retorna neste Natal de 2020 à Santa Sé com uma edição especialmente adaptada ao contexto da pandemia do coronavírus.

A principal novidade é que, nesta ocasião, os mais de 100 presépios de todo o mundo serão exibidos ao ar livre, debaixo da Colunata de Bernini que circunda a Praça de São Pedro.

A exposição, promovida pelo Pontifício Conselho para a Nova Evangelização, será inaugurada no domingo, 13 de dezembro, e encerrada no dia 10 de janeiro de 2021.

Este ano será a Embaixada da Ucrânia junto à Santa Sé que se encarregará de divulgar e animar o evento, por isso contará com uma delegação oficial acompanhada por uma representação da comunidade ucraniana em Roma.

A exposição será inspirada no conteúdo da Carta Apostólica do Papa Francisco Admirabile signum, aprovada em dezembro de 2019. Nela, o Pontífice explica que “o Presépio faz parte do suave e exigente processo de transmissão da fé”.

“A partir da infância e, depois, em cada idade da vida, educa-nos para contemplar Jesus, sentir o amor de Deus por nós, sentir e acreditar que Deus está conosco e nós estamos com Ele, todos filhos e irmãos graças àquele Menino Filho de Deus e da Virgem Maria. E educa para sentir que nisto está a felicidade”.

Publicado originalmente em ACI Prensa. Traduzido e adaptado por Nathália Queiroz.

ACI Digital

III DOM DO ADVENTO - B

Dom Paulo Cezar Costa
Arcebispo de Brasília

João Batista, Profeta do Advento

A Palavra de Deus, no Evangelho de hoje, continua a falar da figura de João Batista. Ele, como profeta da espera, encarna em si o espírito do Advento. Hoje, João Batista, dando testemunho de si, afirma: “Eu sou a voz que clama no deserto; endireitai os caminhos do Senhor” (Jo 1, 23).

Em todas as culturas o deserto assumiu a idéia de lugar do vagar humano sem rumo, lugar de isolamento e de perda das condições de vida, mas os desertos são também aqueles criados pela nossa civilização, que habitam nossas cidades e casas. O deserto recorda a Israel e a cada um de nós, a situação de precariedade da existência humana, de fragilidade dos projetos e construções históricas. Ele é um convite àquilo que verdadeiramente faz viver a pessoa humana, porque conduz ao essencial, àquela pergunta de sentido que fazemos do início ao fim da existência. Para quem deseja uma vida cheia de significados, buscando uma resposta às interrogações profundas, a boa notícia do Evangelho é a voz: “Eu sou a voz que clama no deserto; endireitai os caminhos do Senhor” (Jo 1, 23).

Parece paradoxal que a resposta à busca do homem seja a voz. A voz nos remete aos profetas, como João Batista, mas conduz antes de tudo à Aliança que une Deus e o seu povo no monte Horeb, quando Israel vem reconhecido como Povo de Deus: “do céu, Ele fez com que ouvisses a sua voz, para te instruir…” (Dt 4, 36). Aos que vivem no deserto, que buscam a Deus, Ele não deixa faltar a sua voz. Tanto na Judeia, como também no deserto de cada povo, de cada cidade, de cada pessoa, ressoa a voz divina que grita, chama, consola, coloca a caminho: Jesus Cristo. Ele é a voz de Deus que entra na história do mundo e que ressoa em meio às desolações humanas.

Mas Israel é o povo da escuta (Sl 95). A voz clama por escuta, como se percebe sempre na Bíblia. A escuta vem expressa pelo verbo (shama`), que diz ao mesmo tempo escuta e obediência. É uma escuta empenhativa, e é próprio a este empenho que se dirige o pedido: “Endireitai o caminho do Senhor…” (Jo 1, 23). A mesma ideia de João Batista como aquele que prepara o caminho do Senhor está presente no Benedictus: “Tu menino, serás chamado profeta do Altíssimo, pois irás à frente do Senhor para preparar-lhe os caminhos” (Lc 1, 76). Jesus, falando de João Batista, o relembra com este texto de Malaquias: “Eis que eu envio o meu mensageiro à tua frente, ele preparará o teu caminho diante de ti” (Lc 7, 27). Sabemos que no tempo de Jesus, os essênios tinham ido habitar no deserto para preparar-lhe a estrada. Jesus não pertencia aos essênios. Para Ele a estrada do Senhor se abre e se prepara no meio dos homens: no meio dos seus afazeres, tragédias, doenças, hipocrisia e pecados…

João não é o Messias, ele reconhece que o Messias é maior do que ele. O Messias vem depois, com mais autoridade e direito. Ele não é digno nem de desamarrar as suas sandálias. O profeta tem consciência clara de que o seu caminho é aquele de preparar e de apontar para o Messias.

Como João Batista, ajudemos as pessoas no deserto da vida, entre pandemia e isolamento, a se encontrarem com Jesus, vivendo um tempo para apostas de confiança Naquele que é o Senhor da Vida. Juntos preparemos o Caminho do Senhor.

Folheto: "O Povo de Deus"

Arquidiocese de Brasília

S. LUZIA, VIRGEM E MÁRTIR DE SIRACUSA

Santa Lucia  (© Biblioteca Apostolica Vaticana)

A sua história é narrada nos atos do seu martírio, tradições, contos populares e lendas. Luzia nasceu no fim do Século III, na cidade de Siracusa, em uma nobre família. Educada cristianamente, ficou órfã de pai, quando ainda era criança. A mãe, Eutíquia, a criou com amor e dedicação. Ainda jovem, Luzia queria consagrar-se a Deus e manteve este desejo em seu coração. Ignorando as intenções da filha, Eutíquia, como era de costume na época, prometeu que Luzia se casaria com um jovem de boa família, mas não cristão. Luzia não quis revelar seu desejo de consagrar a sua virgindade a Cristo e, com vários pretextos, adiou o casamento, confiando na oração e na ajuda divina.

Viagem a Catânia e a intercessão de Santa Ágata

No ano 301, Luzia e sua mãe vão a Catânia em peregrinação à sepultura de Santa Ágata. Eutíquia sofria de hemorragia e, não obstante diversos e onerosos tratamentos, nada resolveu. A mãe e a filha foram pedir à jovem mártir de Catânia a graça da cura. Em 5 de fevereiro, dies natalis de Ágata, chegaram à cidade e participaram da celebração Eucarística, diante da sepultura da santa. “Então, Luzia se dirigiu à sua mãe e lhe disse: ‘Mãe, se a senhora acreditar no que foi lido, também irá acreditar que Ágata, que sofreu o martírio por Cristo, teve livre acesso ao tribunal divino. Por isso, se quiser ser curada, toca, com confiança, a sepultura dela’”. Eutíquia e Luzia se aproximaram da sepultura de Ágata. Luzia reza pela mãe e pede a graça para si de poder dedicar a sua vida a Deus. Concentrada, teve um sono suave, como se fosse raptada em êxtase, e viu Ágata entre os anjos, anunciando: “Luzia, minha irmã e virgem do Senhor, por que pedir a mim o que você mesma pode fazer? A sua fé serviu de grande benefício para a sua mãe, que ficou curada. Como para mim a cidade de Catânia é cheia de graça, assim para você será preservada a cidade de Siracusa, porque Nosso Senhor Jesus Cristo apreciou seu desejo de manter a virgindade”. Ao voltar a si, Luzia contou à mãe o que aconteceu e lhe disse que queria renunciar ao marido terreno e vender seu dote para fazer caridade aos pobres.

O martírio

Decepcionado e irado, o jovem, que queria Luzia como sua esposa, a denunciou ao prefeito Pascasio, acusando-a de oferecer culto a Cristo e de desobedecer ao decreto de Diocleciano. Presa e conduzida ao prefeito, Luzia, interrogada, recusou o pedido do jovem e, orgulhosa, professou a sua fé: “Sou a serva do Eterno Deus, que disse: ‘Quando forem levados diante dos reis e dos príncipes, não se preocupem o que devem dizer, porque não serão vocês a falar, mas o Espírito Santo falará por vocês’”. Pascasio, retrucou: “Você acredita ter o Espírito Santo?”. Luzia respondeu: “O Apóstolo disse: ‘Os castos são santuários de Deus e o Espírito Santo mora neles’”. Para desacreditá-la, Pascasio manda levá-la ao prostíbulo. Mas, Luzia continua a declarar que não iria ceder à concupiscência da carne; e, qualquer violência que seu corpo tivesse que sofrer, continuaria casta, pura e incontaminada no espírito e na mente. De modo extraordinariamente imóvel, os soldados não conseguem levá-la; com as mãos e os pés amarrados, não conseguem arrastá-la nem com os bois. Irritado com este acontecimento excepcional, Pascasio mandou queimar a jovem, mas o fogo não a atingiu. Furioso, Pascasio decidiu matá-la com um golpe de espada. Assim, Luzia foi decapitada em 13 de dezembro de 304.

Vatican News

sábado, 12 de dezembro de 2020

Excelente ajuda para refletir e meditar: os números do Catecismo que nos falam do Advento

Aleteia

A nossa vida toda é advento: é espera pelo encontro eterno com o Deus que vem a nós e nos leva a Si.

O Catecismo da Igreja Católica nos ajuda a meditar sobre o tempo de espera que é o Advento – e não apenas em relação à preparação para celebrar o Santo Natal, mas também para a vinda definitiva de Jesus, que faz parte, afinal, do mesmo mistério: a nossa vida toda é advento, é espera pelo encontro eterno com o Deus que vem a nós e nos leva a Si.

Em nossa oração e contemplação durante este Advento, podem ser de intensa ajuda espiritual estes números do Catecismo:

Preparação para a vinda de Cristo (Natal)

522. A vinda do Filho de Deus à terra é um acontecimento de tal imensidão que Deus quis prepará-lo durante séculos. Ritos e sacrifícios, figuras e símbolos da “Primeira Aliança”, tudo Ele faz convergir para Cristo; anuncia-o pela boca dos profetas que se sucedem em Israel. Desperta, além disso, no coração dos pagãos a obscura expectativa desta vinda.

523. São João Batista é o precursor imediato do Senhor, enviado para preparar-lhe o Caminho. “Profeta do Altíssimo” (Lc 1,76), ele supera todos os profetas, deles é o último, inaugura o Evangelho; saúda a vinda de Cristo desde o seio de sua mãe e encontra a sua alegria em ser “o amigo do esposo” (Jo 3,29), que designa como o “Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo” (Jo 1,29). Precedendo a Jesus “com o espírito e o poder de Elias” (Lc 1,17), dá-lhe testemunho por sua pregação, seu batismo de conversão e, finalmente, seu martírio.

524. Ao celebrar cada ano a liturgia do Advento, a Igreja atualiza esta espera do Messias: comungando com a longa preparação da primeira vinda do Salvador, os fiéis renovam o ardente desejo de sua Segunda Vinda. Pela celebração da natividade e do martírio do Precursor, a Igreja se une a seu desejo: “É preciso que Ele cresça e que eu diminua” (Jo 3,30).

Preparação para a segunda vinda de Cristo

672. Cristo afirmou antes de sua Ascensão que ainda não chegara a hora do estabelecimento glorioso do Reino messiânico esperado por Israel, que deveria trazer a todos os homens, segundo os profetas, a ordem definitiva da justiça, do amor e da paz. O tempo presente é, segundo o Senhor, o tempo do Espírito e do testemunho, mas é também um tempo ainda marcado pela “tristeza” e pela provação do mal, que não poupa a Igreja e inaugura os combates dos últimos dias. É um tempo de expectativa e de vigília.

673. A partir da Ascensão, o advento de Cristo na glória é iminente, embora não nos “caiba conhecer os tempos e os momentos que o Pai fixou com sua própria autoridade” (At 1,7). Este acontecimento escatológico (*) pode ocorrer a qualquer momento, ainda que estejam “retidos” tanto ele como a provação final que há de precedê-lo.

(*) A palavra “escatologia” tem dois significados sem conexão entre si:

Usada neste contexto, ela tem origem no grego antigo εσχατος, “último”, e se refere à parte da teologia e da filosofia que trata dos “últimos eventos” da história do mundo ou do destino final do gênero humano. Abrange, portanto, os conceitos de morte, alma, juízo pessoal, juízo final, inferno e paraíso.

O mesmo termo, no entanto, também surgiu a partir do grego σκωρ (genitivo σκατος) e se refere ao ramo da fisiologia que estuda os resíduos corporais, como a matéria fecal. A partir desta significação, os termos “escatologia” e “escatológico” se popularizaram como relacionados com o que é desagradável, asqueroso, repugnante. Em nossa cultura laicista, infelizmente, este é praticamente o único sentido que a maioria das pessoas entende do termo.

674. A vinda do Messias glorioso depende a todo momento da história do reconhecimento dele por “todo Israel”. Uma parte desse Israel se “endureceu” (Rm 11,25) na “incredulidade” (Rm 11,20) para com Jesus. São Pedro o afirma aos judeus de Jerusalém depois de Pentecostes: “Arrependei-vos, pois, e convertei-vos, a fim de que sejam apagados os vossos pecados e deste modo venham da face do Senhor os tempos de refrigério. Então enviará ele o Cristo que vos foi destinado, Jesus, a quem o céu deve acolher até os tempos da restauração de todas as coisas, das quais Deus falou pela boca de seus santos profetas” (At 3,19-21). E São Paulo lhe faz eco: “Se a rejeição deles resultou na reconciliação do mundo, o que será o acolhimento deles senão a vida que vem dos mortos?” A entrada da “plenitude dos judeus” na salvação messiânica, depois da “plenitude dos pagãos”, dará ao Povo de Deus a possibilidade de “realizar a plenitude de Cristo” (Ef 4,13), na qual “Deus será tudo em todos” (1Cor 15,28).

840. De resto, quando se considera o futuro, o povo de deus da Antiga Aliança e o novo Povo de Deus tendem para fins análogos: a espera da vinda (ou da volta) do Messias. Mas o que se espera é, do lado dos cristãos, a volta do Messias, morto e ressuscitado, reconhecido como Senhor e Filho de Deus, e do lado dos hebreus, a vinda do Messias – cujos traços permanecem encobertos —, no fim dos tempos, espera esta acompanhada do drama da ignorância ou do desconhecimento de Cristo Jesus.

2771 – Na Eucaristia, a Oração do Senhor manifesta também o caráter escatológico de seus pedidos. É a oração própria dos “últimos tempos”, dos tempos da salvação que começaram com a efusão do Espírito Santo e que terminarão com a Volta do Senhor. Os pedidos ao nosso Pai, ao contrário das orações da Antiga Aliança, apóiam-se sobre o mistério da salvação já realizada, uma vez por todas, em Cristo crucificado e ressuscitado.

2772 – Desta fé inabalável brota a esperança que anima cada um dos sete pedidos. Estes exprimem os gemidos do tempo presente, este tempo de paciência e de espera durante o qual “ainda não se manifestou o que nós seremos” (1Jo 3,2). A Eucaristia e o Pai-Nosso apontam para a vinda do Senhor, “até que Ele venha” (1Cor 11,26).

2816 – No Novo Testamento o mesmo termo “Basiléia” pode ser traduzido por realeza (nome abstrato), reino (nome concreto) ou reinado (nome de ação). O Reino de Deus existe antes de nós. Aproximou-se no Verbo encarnado, é anunciado ao longo de todo o Evangelho, veio na morte e na Ressurreição de Cristo. O Reino de Deus vem desde a santa Ceia e na Eucaristia: ele está no meio de nós. O Reino virá na glória quando Cristo o restituir a seu Pai: o Reino de Deus pode até significar o Cristo em pessoa, a quem invocamos com nossas súplicas todos os dias e cuja vinda queremos apressar por nossa espera. Assim como Ele é nossa Ressurreição, pois nele nós ressuscitamos, assim também pode ser o Reino de Deus, pois nele nós reinaremos.

2817 – Este pedido é o “Marana Tha”, o grito do Espírito e da Esposa: “Vem, Senhor Jesus”! Mesmo que esta oração não nos tivesse imposto um dever de pedir a vinda deste Reino, nós mesmos, por nossa iniciativa, teríamos soltado este grito, apressando-nos a ir abraçar nossas esperanças. As almas dos mártires, sob o altar, invocam o Senhor com grandes gritos: “Até quando, Senhor, tardarás a pedir contas de nosso sangue aos habitantes da terra?” (Ap 6,10). Eles devem, com efeito, obter justiça no fim dos tempos. Senhor, apressa portanto a vinda de teu reinado.

2853 – A vitória sobre o “príncipe deste mundo” foi alcançada, de uma vez por todas, na Hora em que Jesus se entregou livremente à morte para nos dar sua vida. É o julgamento deste mundo, e o príncipe deste mundo é “lançado fora”, “Ele põe-se a perseguir a Mulher”, mas não tem poder sobre ela: a nova Eva, “cheia de graça” por obra do Espírito Santo, é preservada do pecado e da corrupção da morte (Imaculada Conceição e Assunção da Santíssima Mãe de Deus, Maria, sempre virgem). “Enfurecido por causa da Mulher, o Dragão foi então guerrear contra o resto de seus descendentes” (Ap 12,17). Por isso o Espírito e a Igreja rezam: “Vem, Senhor Jesus” (Ap 22,17.20), porque a sua Vinda nos livrará do Maligno.

2854 – Ao pedir que nos livre do Maligno, pedimos igualmente que sejamos libertados de todos os males, presentes, passados e futuros, dos quais ele é autor ou instigador. Neste último pedido, a Igreja traz toda a miséria do mundo diante do Pai. Com a libertação dos males que oprimem a humanidade, ela implora o dom precioso da paz e a graça de esperar perseverantemente o retorno de Cristo. Rezando dessa forma, ela antecipa, na humildade da fé, a recapitulação de todos e de tudo naquele que “detém as chaves da Morte e do Hades” (Ap 1,18), “o Todo-Poderoso, Aquele que é, Aquele que era e Aquele que vem” (Ap 1,8): Livrai-nos de todos os males, ó Pai, e dai-nos hoje a vossa paz. Ajudados por vossa misericórdia, sejamos sempre livres do pecado e protegidos de todos os perigos, enquanto, vivendo a esperança, aguardamos a vinda do Cristo Salvador.

Fonte: http://pt.aleteia.org/2015/12/04/excelente-ajuda-para-refletir-e-meditar-os-numeros-do-catecismo-que-nos-falam-do-advento/

Editora Cléofas

Santa Sé divulga calendário de celebrações de Natal com o Papa

Guadium Press

Cidade do Vaticano (10/12/2020 11:00, Gaudium Press) Na manhã desta quinta-feira, 10, a sala de imprensa da Santa Sé divulgou o calendário de celebrações que serão presididas pelo Papa Francisco nos meses de dezembro e janeiro.

Por conta da pandemia de Covid-19, a participação nas celebrações será limitada, seguindo o modelo já utilizado em meses anteriores, respeitando as medidas de proteção determinadas pelas autoridades sanitárias.

Guadium Press

Dezembro de 2020

Na quinta-feira, 24 de dezembro, véspera de Natal, Francisco presidirá a Missa do Galo na Basílica de São Pedro às 19h30 (horário local, 15h30 em Brasília). A mudança de horário deve-se ao toque de recolher estabelecido em toda a Itália às 22h.

Na sexta-feira, 25 de dezembro, celebração do Natal, o Santo Padre dará a tradicional Benção “Urbi et Orbi” às 12h (8h em Brasília), na Basílica de São Pedro. Como forma de evitar possíveis multidões na Praça de São Pedro, a tradicional saudação papal de Natal junto com a Bênção “Urbi et Orbi” não será realizada da sacada central da fachada da Basílica Vaticana.

Na quinta-feira, 31 de dezembro, o Pontífice participará das Primeiras Vésperas e do Te Deum em agradecimento pelo ano, por ocasião da Solenidade de Santa Maria Mãe de Deus. Este momento de oração ocorrerá às 17h (13h em Brasília) na Basílica de São Pedro.

Guadium Press

Janeiro de 2020

Na sexta-feira, 1º de janeiro de 2021, Solenidade de Maria Mãe de Deus e Dia Mundial da Paz, o Papa presidirá a celebração na Basílica de São Pedro às 10h (horário local, 6h em Brasília).

Já na quarta-feira, 6 de janeiro, Solenidade da Epifania do Senhor, Francisco presidirá uma Celebração Eucarística na Basílica de São Pedro às 10h (horário local, 6h em Brasília).

No sábado, 12 de dezembro, por ocasião da Solenidade da Bem-Aventurada Virgem Maria de Guadalupe, o Pontífice celebrará uma Missa às 11h na Basílica de São Pedro. (EPC)

https://gaudiumpress.org/

Você tem medo do futuro? Siga o conselho de Moisés

Guido Reni | Public Domain
por Philip Kosloski

Para combater o medo do futuro, de acordo com Moisés, é preciso viver o hoje e renovar a aliança com Deus.

Você sempre tem medo do futuro? O desconhecido cria ansiedade em seu coração?

Moisés lidou com uma situação semelhante com o povo de Israel. Ele os conduziu pelo deserto e eles estavam à beira de entrar na Terra Prometida. No entanto, muitos estavam céticos e com medo do futuro.

De acordo com o Instituto de Estudos Bíblicos de Israel,

“A palavra ‘hoje’ aparece 59 vezes em Deuteronômio – muito mais do que em qualquer outro livro bíblico. Em alguns casos, Moisés usa ‘hoje’ com o significado de ‘em nossos tempos’, mas, sobretudo, ‘hoje’ é usada com o significado de ‘neste exato momento’. A palavra hebraica original para ‘hoje’, falada por Moisés, é ha-iom (הַיּוֹם), que literalmente significa ‘o dia’. Moisés repetia essa palavra para acalmar as pessoas: viva um dia de cada vez.”

Combatendo o medo do futuro

O povo de Israel tinha muito com que se preocupar, já que seu passado recente não era tão grande e eles continuamente duvidavam de Deus e de sua bondade. E, para combater o medo do futuro entre os seus, Moisés sugeria que eles renovassem sua aliança com Deus “hoje”.

Além disso, as palavras de Moisés também têm uma qualidade “eterna” e referem-se ao “hoje” de quem as lê / ouve. O professor Everett Fox explica esse aspecto: “O eternamente renovado ‘hoje’ busca conectar as gerações e uni-las em um destino comum…”

Da mesma forma, o professor Benjamin D. Sommer expande essa ideia em um artigo para o The Jewish Theological Seminary:

“Em última análise, o “hoje” de que fala Deuteronômio inclui o “hoje” do público do livro – isto é, os muitos “hoje” de cada pessoa ao qual o texto se dirige … Deuteronômio deseja que a aceitação dos mandamentos de Deus pelo público ocorra “hoje”, não no passado. O significado religioso parece reservado para um momento que não conhece as gerações passadas nem as futuras, mas apenas um eterno agora.”

Portanto, ao olharmos para o futuro, procuremos não permitir que todas as incertezas nos dominem. Tudo o que Deus quer de nós é que o aceitemos em nosso coração “hoje”, não amanhã ou ontem, mas “hoje”.

Que possamos, então, nos concentrar mais no momento presente, buscando caminhos para seguir a Deus, ao invés de ficarmos presos no passado ou sempre preocupados ou com medo do futuro.

Aleteia

Vaticano inaugura presépio e árvore de Natal na Praça de São Pedro

Inauguração do Presépio e da árvore de Natal do Vaticano.
Foto: Daniel Ibáñez / ACI Prensa

Vaticano, 11 dez. 20 / 02:49 pm (ACI).- O Vaticano inaugurou o presépio e a árvore de Natal na Praça de São Pedro, em uma cerimônia dirigida pelo Presidente do Governatorato do Estado da Cidade do Vaticano, Cardeal Giuseppe Bertello; e o Secretário-Geral do Interior, Dom Fernando Vérgez Alzaga.

A árvore, de 30 metros de altura e 70 centímetros de diâmetro, vem da região de Kočevje, na Eslovênia.

O presépio, por sua vez, é uma instalação monumental que não deixa ninguém indiferente. Originário da localidade de Castelli, na região italiana de Abruzzo, é composto por estátuas de cerâmica de tamanho maior que o natural, erguidas sobre uma plataforma luminosa de quase 125 metros quadrados que circunda o obelisco central da Praça.

Na manhã desta sexta-feira, 11 de dezembro, o Papa recebeu as delegações da Eslovênia e de Castelli de Abruzzo no Palácio Apostólico do Vaticano. Diante deles, destacou que a árvore e o presépio são "um sinal de esperança para os romanos e para os peregrinos que terão a oportunidade de vir admirá-los".

Explicou que “a árvore e a manjedoura ajudam a criar um clima natalino favorável para viver com fé o mistério do Nascimento do Redentor. No presépio, tudo fala de pobreza ‘boa’, a pobreza evangélica, que nos torna beatos”.

O Papa afirmou que “contemplando a Sagrada Família e os vários personagens, somos atraídos por sua humildade que desarma”.

Do mesmo modo, assinalou que “Nossa Senhora e São José vieram de Nazaré até Belém. Não há lugar para eles, nem mesmo um pequeno quarto. Maria escuta, observa e guarda tudo em seu coração. José procura um lugar para ela e o menino que está prestes a nascer”.

“A festa de Natal”, recordou o Santo Padre, “nos lembra que Jesus é a nossa paz, nossa alegria, nossa força, nosso conforto. Mas, para acolher estes dons da graça, precisamos nos sentir pequenos, pobres e humildes como os personagens do presépio”.

Publicado originalmente em ACI Prensa. Traduzido e adaptado por Nathália Queiroz.

ACI Digital

S. Gregório de Nissa: Vida de Macrina (Parte 3/3)

S. Gregório de Nissa
Veritatis Splendor

As irmãs lamentam por sua abadessa

Agora minha mente estava tornando-se debilitada de duas maneiras, pela visão que encontrava o meu olhar fixo, e o triste lamento das virgens que soava em meus ouvidos. Até então lembravam-se [986 D] quietas e suprimiam sua dor, contendo seu impulso de lamentar, por medo dela como se temessem a sua censura, mesmo quando a voz dela estava em silêncio, para que, de nenhuma maneira um som irrompesse delas contrário ao seu comando, e sua senhora sofresse em conseqüência disso.

Mas quando elas não puderam mais subjugar sua angústia em silêncio, e a dor, como algum fogo interior, ardia lentamente em seus corações, imediatamente um forte e irrepreensível grito brotou de forma que meu raciocínio não permaneceu mais calmo, mais uma corrente de emoção, como um curso d?água em inundação varreu, e então, negligenciando meus deveres, eu me entreguei à lamentação.

De fato, a causa do pranto das virgens parecia-me justo e razoável, pois elas não estavam lamentando a perda de um guia e companheiro humano, ou qualquer outra coisa que faz os homens sofrer quando o desastre acontece. Mas parecia como se elas estivessem perdido sua esperança em Deus e na salvação de suas almas, e por isso elas choravam e gritavam dessa maneira:

?A luz dos nossos olhos foi embora
A luz que guiava nossas almas foi levada
A segurança de nossas vidas foi destruída
O selo da imortalidade foi removido
O vínculo da prudência foi retirado
O suporte dos fracos foi quebrado
A cura dos doentes removida
Em vossa presença a noite se tornou para nós como dia
Iluminada com a pura vida,
Mas agora mesmo o nosso dia se tornará escuridão?

Mais triste que todas em sua dor eram aqueles que [988B] a chamavam de mãe e ama-sêca, eram eles que ela pegava, expostos de um lado da estrada em tempo de fome. Ela cuidou deles e os criou e levou-os para a vida pura e sem mancha.
 Mas como se fosse das profundezas, eu recobrei meus pensamentos. Eu olhei na direção daquela santa face e me pareceu como se ela me censurasse pela confusão das barulhentas lamentadoras. Então eu chamei as irmãs com uma voz alta:

?? Olhai para ela e lembrai suas ordens, pelas quais ela vos treinou para serem ordeiras e decentes em tudo. Uma ocasião para lágrimas fez essa alma divina ordenar-vos, recomendando-vos para chorar no momento da oração que agora nós iremos realizar, transformando as lamentações na mesma melodia.?

Vestiana vem para ajudar Gregório

[988C] Eu tive que gritar para ser ouvido no barulho das lamuriantes. Então eu supliquei-lhes para ir embora por um tempo para a casa nas vizinhanças, mas pedi que algumas daquelas cujos serviços ela usava para o seu bem-estar quando ela estava viva ficassem. Entre estas, estava uma senhora de nascimento nobre, que tinha sido famosa na juventude pela riqueza, boa família, beleza física e todas as outras distinções. Ela havia se casado com um homem de alta posição e vivido com ele um curto período.

Então, quando seu corpo ainda era jovem, ela foi liberada do casamento, e escolheu a grande Macrina como protetora e guardiã de sua viuvez, e passou seu tempo principalmente com as virgens, aprendendo delas a vida de virtude. O nome da senhora era Vestiana, e seu [988D] pai era um dos que compunham o Conselho de Senadores. Para ela, eu disse que não poderia haver nenhuma objeção de nenhum modo em colocar roupas mais finas no corpo (de Macrina) e adornar aquela forma pura e sem mácula com roupas de bom linho. Mas ela me disse que alguém deve saber que a santa tinha pensado de maneira correta nesses assuntos, porque não era certo que nada que fizéssemos fosse contrário ao que ela desejasse. Mas como era agradável a Deus, seria seu desejo também.

Agora havia uma senhora chamada Lampádia, líder do grupo das irmãs, uma diaconisa. Ela declarou que sabia exatamente os desejos de Macrina [990A] sobre o sepultamento. Quando perguntei-lhe sobre eles (pois ela estava presente em nossas deliberações) ela disse com lágrimas:

?A santa resolveu que a vida pura deveria ser o seu adorno, que isso deveria ser o seu ornamento na vida e o seu sepultamento na morte. Mas tanto como as roupas que adornam o corpo se vão, ela não procurou nenhuma quando estava viva, nem guardou-as para o momento presente. De forma que, nem mesmo se quiséssemos haveria nada mais do que temos aqui, já que nenhuma preparação foi feita para essa necessidade.?

?Não é possível?, eu disse, ?encontrar em nenhum baú alguma coisa para fazer um funeral conveniente??

?Baú de fato?, ela disse, ?tu tens na tua frente todo o teu tesouro! Existe um manto, a cobertura para a cabeça, os sapatos usados nos pés. esta é toda a tua riqueza, estas são todas as tuas riquezas. Não há nada guardado em locais secretos além do que tu vês, ou colocados em caixas seguras ou no quarto. Ela conhecia um único depósito [990B] para sua riqueza, o tesouro no céu. Lá, ela guardava tudo. Nada foi deixado na Terra.?

?Suponha?, falei, ?que eu trouxesse algumas das coisas que eu já tenho para o funeral. Eu estaria fazendo alguma coisa que ela não teria aprovado??

?Eu não acho?, disse ela, ?que seria contra o seu desejo, pois se ela estivesse viva ela teria aceito tal honra de ti em dois níveis: sua religiosidade, que ela sempre elogiou tanto, e o seu relacionamento, pois ela não repudiaria o que veio de seu irmão.? Foi por isso que ela deu ordens que tuas mãos iriam preparar o corpo para o sepultamento.

Eles encontram no corpo marcas da santidade de Macrina

Quando decidimos isso, e foi necessário que o corpo sagrado fosse enrolado em linho, dividimos o trabalho e nos dedicamos às nossas diferentes tarefas. Ordenei que um de meus homens trouxesse o vestido. Mas Vestiana [990C], mencionada acima, ornava aquela cabeça santa com suas próprias mãos quando colocou sua mão no pescoço.

?Veja?, disse, ?que tipo de ornamento está pendurado no pescoço da santa!? Enquanto falava, ela afrouxou o fecho e depois esticou a mão dela e nos mostrou uma representação da cruz de ferro e um anel do mesmo material. Ambos estavam fechados por um fino fio e ficavam continuamente no coração.?
 ?Deixe-nos dividir o tesouro?, eu disse. ?Tu tens um estilete da cruz, ficarei contente em herdar o anel?? pois a cruz estava traçada no selo do anel também [990 D].

Olhando para isso, a senhora me disse outra vez ?? Tu não erraste em escolher este tesouro, pois o anel é largo no aro e foi escondido num pedaço da Cruz da Vida.

A história de uma cicatriz

Então, quando foi a hora do corpo puro ser envolvido em suas vestimentas, a ordem da grande mulher que tinha partido tornou necessário que eu me incumbisse do ministério; mas a irmã, que dividia comigo aquela grande herança estava presente e juntou-se ao trabalho.

?Não deixes que as grandes maravilhas realizadas pela santa passem desapercebidas?, ela enfatizou, pondo descoberto parte do peito (da Macrina).
 ?Que queres dizer??, eu disse.

[992A] ?Vês?, ela disse, ?esta pequena marca apagada abaixo do pescoço? Era como uma cicatriz feita por uma pequena agulha. Enquanto falava, ela trouxe a lâmpada próximo do local que estava me mostrando. ?O que é surpreendente?, eu falei, ?como se o corpo tivesse sido marcado com algum sinal fraco neste lugar?. ?Isso?, ela replicou, ?foi deixado no corpo como uma prova da poderosa ajuda de Deus.

Pois ali cresceu uma vez uma doença cruel, e havia perigo que o tumor exigisse uma operação ou que a enfermidade se tornasse incurável, se ela se espalhasse para próximo do coração. Sua mãe implorava-lhe freqüentemente e pedia-lhe que recebesse a atenção de um médico, uma vez que a arte médica, ela [992B] disse, havia sido enviada por Deus para salvar os homens. Mas ela julgava pior do que a dor descobrir qualquer parte de seu corpo aos olhos de um estranho.?

Então, quando a noite chegou, depois de cuidar de sua mãe como sempre, ela foi para o santuário e suplicou por toda a noite a Deus a cura. Uma torrente de lágrimas caiu de seus olhos no chão, e ela utilizou a lama feita de suas lágrimas como um remédio para sua doença. Quando sua mãe sentiu-se desanimada e outra vez insistiu que ela permitisse que o médico viesse, ela disse que seria suficiente para a cura de sua doença se sua mãe fizesse o sinal sagrado no local com sua própria mão. Mas quando a mãe colocou sua mãe em seu seio para fazer o sinal da cruz, o sinal agiu e o tumor desapareceu.?

?Mas isto?, ela disse, ?é um minúsculo traço da marca; apareceu no local da terrível [992C] chaga e permaneceu até o final o que poderia ser, como imagino, uma memória da visita divina, uma ocasião e lembrança da perpétua ação da graça de Deus.?

Quando nosso trabalho chegou ao fim e o corpo foi embelezado com o melhor que tínhamos no lugar, a diaconisa falou de novo, insistindo que não era correto que ela fosse vista aos olhos das virgens vestida como uma noiva. ?Mas eu coloquei?, ela disse, ?um dos vestidos negros de tua mãe que acho que ficaria bem posto nela, para que essa beleza santa não fosse adornada com o desnecessário esplendor da roupa.?

Seu conselho prevaleceu, e o vestido foi posto no corpo. Mas ela estava resplandecente, mesmo naquele vestido negro, o poder divino sendo acrescentado, penso, por esta graça final do corpo, de forma que, como na visão de meu sonho, raios pareciam realmente brilhar de sua beleza.

Vigília por toda a noite: chega uma multidão de visitantes

 Mas enquanto estávamos assim ocupados, e as vozes das virgens cantando salmos mesclavam-se às lamentações que iam enchendo o lugar, as notícias espalharam-se de alguma maneira rapidamente por toda a vizinhança, e todas as pessoas que viviam próximo correram para ao local, de forma que a entrada não dava mais conta da afluência de pessoas.

Quando a vigília de toda a noite por ela acompanhada pelo cantar de hinos, como no caso (da morte) de mártires, e as festividades tinham acabado, a noite veio, e a multidão de homens e mulheres que havia chegado de todas as regiões vizinhas interrompiam os salmos com lamentações. Mas, embora eu estivesse angustiado devido à calamidade, planejava, de acordo com as possibilidades que tínhamos, que não deveria ser omitido um acompanhamento adequado [994 A] a tal funeral.

Gregório faz os preparativos para o funeral

Dividi os visitantes de acordo com seu sexo, e coloquei as multidões de mulheres com o grupo de virgens, enquanto os homens do lugar pus nas fileiras dos monges. Preparei para que os salmos fossem cantados por ambos os sexos de modo ritmado e harmonioso, como num canto coral, de forma que todas as vozes se harmonizassem apropriadamente.

Mas, à medida em que o dia progredia, e todo o espaço do retiro ia ficando mais cheio com a multidão de chegadas, o bispo daquela comarca (de nome Araxius, que havia vindo com todo o conjunto de seus padres), ordenou que a procissão do funeral começasse devagar, [994 B], pois havia um longo caminho a percorrer, e a multidão parecia querer impedir um movimento rápido. Ao mesmo tempo que dava essa ordem, convocou a si todos os presentes que dividiam com ele o sacerdócio para que transportassem o corpo.

Quando isso foi estabelecido e suas ordens realizadas, postei-me debaixo do esquife e chamei Araxius para o outro lado; dois outros renomados bispos tomaram a parte de trás do leito. Então segui adiante lentamente como era esperado, nosso progresso sendo apenas gradual. Pois as pessoas aglomeravam-se ao redor da sepultura e todos estavam insaciáveis em ver aquela visão, de forma que não nos era fácil completar o nosso caminho. De ambos os lados éramos flanqueados por um número considerável de [994 C] diáconos e servos, acompanhando o esquife em ordem, todos segurando velas.

Tudo lembrava uma procissão mística e do início ao fim as vozes se misturavam no canto de salmos, como, por exemplo, aqueles que vem no hino das Três Crianças.

Sete ou oito domicílios interpunham-se entre o retiro e a residência dos Mártires Sagrados, onde os corpos de nossos pais também repousavam. Realizamos com dificuldade a viagem na melhor parte do dia porque as multidões que vinham conosco, e aqueles que constantemente juntavam-se a nós, não permitiam que o nosso progresso fosse como desejávamos.

Chegada na Igreja: o sepultamento

Quando chegamos dentro da igreja, colocamos o esquife e viramos primeiramente para rezar. Mas nossa oração foi o sinal para que as lamentações das pessoas se reiniciasse. Pois no momento em que a voz da salmodia silenciou, e as virgens fitavam fixamente aquela santa face, e o túmulo dos nossos pais já sendo aberto, (onde fora decidido que Macrina seria colocada), [994D] uma mulher gritou impulsivamente que depois desta hora não veríamos aquela santa face outra vez. Então o resto das virgens gritou o mesmo, e uma desordenada confusão perturbou o ordeiro e solene canto dos salmos, e todos ficaram entristecidos com as lamentações das virgens. Conseguimos com dificuldade encontrar o silêncio pelo nosso gesto e graças a  fala do precentor, (que) tomando a liderança e entoando as costumeiras orações da Igreja, (levou) as pessoas a se controlarem finalmente para rezar.

O túmulo da família é aberto

Quando a prece chegou ao seu devido fechamento, o medo entrou em minha mente, pela transgressão ao divino mandamento que nos proíbe de descobrir o pudor de pai e mãe. ?E como?, eu disse, escaparei de tal condenação se olhar a vergonha comum da natureza humana manifesta no corpo de meus pais? Uma vez que eles estão todos decadentes e dissolvidos, conforme deve ser esperado, e se tornaram pútridos e disformes??

Enquanto pensava essas coisas, e a ira de Noé contra seu filho me lançava pavor, a história de Noé me aconselhou o que deveria ser feito. Antes que a tampa do túmulo fosse suficientemente levantada, revelando os corpos ao nosso olhar, eles foram cobertos por um puro tecido de linho esticado de lado a lado.

E agora que [996 B] os corpos estavam escondidos debaixo do pano, nós ? eu e os acima mencionados bispos da região ? tomamos aquele santo corpo do leito e o pusemos ao lado da mãe, entoando assim a oração comum de ambas. Pois ambas eram uma única voz pedindo a Deus por esta dádiva por toda as suas vidas, que seus corpos ficassem mesclados um com o outro após a morte e que seu companheirismo em vida não fosse quebrado na morte.

Com o término do funeral, Gregório retorna para casa

Mas quando completamos todos os ritos costumeiros do funeral, e tornou-se necessário retornar à casa, atirei-me primeiramente ao túmulo e agarrei a poeira, e então comecei meu caminho de volta, deprimido e lacrimoso, ponderando sobre a grandeza da minha perda.

No caminho encontrei um distinto militar que detinha o comando numa pequena cidade Pontus chamada Sebastópolis, e morava lá com seus subordinados. Ele recebeu-me de maneira agradável quando cheguei à cidade, e ficou muito perturbado ao ouvir a calamidade porque estava ligado a nós por laços de afinidade e de amizade. Contou-me a história de um maravilhoso episódio na vida de Macrina, que devo incorporar à minha história e então encerrá-la. Quando cessamos nossas lágrimas e iniciamos a conversa, ele me disse: ?Aprenda sobre a bondade que foi tirada da vida humana.?

A história do militar

 ?Minha esposa e eu tínhamos um fervoroso desejo de fazer uma visita à escola da virtude. Porque assim penso que o lugar deveria ser chamado, no qual aquela alma abençoada residia. Conosco [996 D] vivia também naquela época nossa pequena filha, que possuía uma moléstia no olho após uma doença infecciosa. E sua aparência era repulsiva e causava pena, a membrana em volta do olho era mais larga e embranquecida pela doença.

Mas quando entramos naquele domicílio divino, minha mulher e eu nos separamos, visitamos aqueles buscadores de filosofia de acordo com nosso sexo. Fui para a ala dos homens, presidida por Pedro, seu irmão, enquanto minha esposa foi para a ala feminina e conversou com a santa. E quando um intervalo apropriado se passara, achamos que era hora de partir do retiro, e já fazíamos nossas preparações para isso, mas doces protestos foram levantados por ambos os lados igualmente.

Seu irmão estava insistindo para que eu ficasse [998 A] e compartilhasse a mesa dos filósofos, e a santa senhora não queria deixar que minha mulher se fosse antes que preparasse uma refeição para elas e as  entretivesse com as riquezas da filosofia.  E beijando a criança, como era natural, e colocando seus lábios nos olhos dela, ela viu a enfermidade da pequena e disse ? se me concederes o favor de dividir a nossa refeição, darei a ti em troca uma recompensa não imerecida por tal honra.?

?O que é??, disse a mãe da criança.

?Eu tenho um remédio?, disse a grande senhora, ?que é poderoso para curar doenças nos olhos.?

?E então notícias me foram trazidas dos aposentos femininos, me contando sobre essa promessa?, e permanecemos alegremente, pensando pouco na premente necessidade de começar a nossa viagem.

[998 B] ?Mas quando a festa terminou e havíamos dito a prece, o grande Pedro, que havia nos servido com as próprias mãos e nos animado, e quando a santa Macrina despediu-se de minha mulher com toda a cortesia, então enfim fomos para casa juntos, com alegria e corações animados, contando um ao outro, enquanto viajávamos, o que acontecera conosco. Descrevi-lhe o que aconteceu nos aposentos masculinos, o que vi e ouvi. Ela contou todos os detalhes como numa história, e achou que nada deveria ser omitido, mesmo os mínimos pontos. Contou tudo em ordem, mantendo a seqüência da narrativa.

[998 C] Quando chegou ao ponto em que a promessa de curar a doença fora feita, ela interrompeu a narrativa.

?Oh, o que fizemos??, gritou. ?Como pudemos negligenciar a promessa daquela cura que a senhora disse que ia nos dar??

?Eu estava envergonhado pelo descuido e pedi que alguém voltasse depressa para buscá-la. Assim que foi feito, a criança, que estava nas mãos da ama, olhou para a mãe e a mãe olhou nos olhos da criança.?

?Parem?, disse, envergonhada pela desatenção, gritando com alegria e medo.

?Vejam! Nada do que foi prometido está faltando! Ela realmente deu à menina o verdadeiro remédio que cura a doença; é a cura que vem da oração. Já deu ambos e ele já provou a sua eficácia; nada da doença [998 D] ficou nos olhos. Tudo foi purificado pelo remédio divino.?

E enquanto dizia isso, tomou a criança e a colocou em meus braços. E eu  entendi as maravilhas do evangelho, que até este ponto pareciam inacreditáveis para mim, e falei:

?O que pode ser surpreendente na recuperação da visão dos cegos pelas mãos de Deus, quando Suas criaturas, executando essas curas pela fé Nele, realizaram algo não inferior  a aqueles milagres??

Tal foi a história dele; foi interrompida por soluços, e lágrimas engasgaram o que proferiu. Tanto pelo militar como para a sua história.

Conclusão

Não considero aconselhável acrescentar à minha narrativa todas as coisas similares que ouvimos daqueles que viveram com ela e conheceram sua vida precisamente. Muitos homens julgam o que [1000 A] é crível numa história pela medida da sua própria experiência. Mas o que excede a capacidade do ouvinte, os homens recebem com insulto e suspeita de falsidade, (como algo) muito remoto da realidade.

Consequentemente, omito aquela extraordinária ação agrícola na época da fome, (do modo) como o milho, para aliviar as necessidades, embora distribuído constantemente, não sofreu nenhuma diminuição perceptível, permanecendo sempre em quantidade o mesmo que era antes de ser distribuído às necessidades dos suplicantes.

E depois disso, houve acontecimentos ainda mais surpreendentes, os quais eu poderia contar. Curas de doenças, expulsões de demônios e previsões verdadeiras sobre o futuro. Acredita-se que todos sejam reais, mesmo que aparentemente inacreditáveis, por aqueles que os investigaram com acuidade. Mas pela mente carnal são julgados fora do possível. Aqueles, quero dizer, que não sabem que de acordo com a proporção da fé tanto é dado em distribuição das dádivas espirituais, enquanto pouco para aqueles de pouca fé, (saibam que) muito é dado aos [1000B] que possuem plena crença em sua religião.

Então, temendo que o descrente seja afligido por descrer nas dádivas de Deus, abstenho-me de uma narrativa bem encadeada para descrever estas sublimes maravilhas, pensando ser suficiente para concluir minha vida de Macrina com o que já foi dito.

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NOSSA SENHORA DE GUADALUPE

Nossa Senhora de Guadalupe  (© Vatican Media)

Encontro com Juan Diego

Em 1531, a Bem-aventurada Virgem de Guadalupe apareceu a Juan Diego, um índio asteca que se converteu ao cristianismo. Naquele período, reinava no México uma onda de violências e, sobretudo, de contínuas violações da dignidade humana. A população indígena era a que mais sofria graves discriminações.

As aparições marianas confirmam o encontro dos nativos com Cristo. Maria apresenta-se como a “Mãe do verdadeiro Deus”. A Bem-aventurada Virgem escolheu Juan Diego como seu mensageiro. O homem contou que Nossa Senhora lhe pediu para construir um santuário naquele lugar. O Bispo não acreditou nas suas palavras. Por isso, no dia 12 de dezembro de 1531, Nossa Senhora fez nascer, naquele terreno e em pleno inverno, rosas perfumadas. Juan Diego as colheu e as colocou no seu manto. Quando o abriu diante do Bispo, para mostrar as flores, apareceu, no tecido, a imagem de Maria, representada como uma jovem indígena. Por isso, os fiéis a chamaram “Virgem Morena”.

O manto

O manto, chamado tilma, é constituído por duas capas de ayate: um tecido de fibras da planta agave usado pelos índios mexicanos para fazer roupas. A Virgem, de pele escura, aparece com uma túnica rósea, circundada por raios de sol e, aos seus pés, um anjo segura uma meia-lua.

O olhar de Maria

Na imagem impressa no manto, os olhos de Maria apresentam ramificações venosas como o olho humano. Nas pálpebras aparecem detalhes de extraordinária precisão. Trata-se de imagens tão pequenas que, para ser vistas, foram necessárias técnicas, com lentes de aumento, até duas mil vezes maiores. No olho direito aparece uma família indígena: uma mulher, com uma criança nas costas, e um home com um chapéu, tipo sombreiro, que os observa. No olho esquerdo aparece um homem barbudo idoso, identificado como o Bispo. Esta última cena é precisamente aquela quando Juan Diego abriu o manto diante do Bispo, desvendando, pela primeira vez, a imagem mariana.

O Santuário

O olhar de Maria dirige-se, de modo particular, aos oprimidos e sofredores. Todos os anos, milhões de peregrinos visitam o Santuário de Nossa Senhora de Guadalupe, onde se conserva o manto (tilmátli) de Juan Diego, proclamado santo, em 31 de julho de 2002, pelo Papa João Paulo II. A atual Basílica foi construída em 1976.

Vatican News

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF