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quinta-feira, 12 de agosto de 2021

A ALEGRIA SACERDOTAL NO MUNDO

Aleteia

Dom Lindomar Rocha Mota
Bispo de São Luís de Montes Belos (GO)

Entre os possíveis exemplos de alegria sacerdotal, um chamou a minha atenção nestes dias, São Filipe Néri. Chamou a minha atenção por sua capacidade de confundir o mundo com o seu jeito alegre de ser. Uma alegria que não se expressava em rituais contínuos de estado psicológico; sua alegria era Christiana Laetitia, tão profundamente marcada pela ambiguidade do mundo que foi capaz de perturbar dois gênios da humanidade.

Goethe, o poeta alemão, pensava em São Filipe Néri como um milagre de harmonia entre renuncia e alegria (Laetitia); uma existência marcada pela presença da simplicidade imediata de quem produz uma ação prontamente regulada pelo puro desejo de imitação do seu Senhor.

De outro lado, Schopenhauer, filósofo alemão do século XIX, também se deixou impressionar pela imagem sacerdotal de Filipe Néri, mas, desta vez, a imagem do santo se transfigurou em uma forma caricatural da tragédia da mente diante da estrutura comum da humanidade e da tragédia comum da santidade.

Para Schopenhauer, a santidade exprimida por São Filipe é a forma autentica de um sacerdote, uma espécie peculiar de intuição do mistério do mal, que induz ao desejo de viver e a acentuação solidária pela dor do outro, que se exprime particularmente através da com-paixão.

Examinando as duas vias podemos concluir que a imagem da alegria sacerdotal corresponde, com mais razão, a esta apresentada sob a luz de Schopenhauer, que não propriamente àquela de Goethe. De fato, a vida sacerdotal não é a de um homem sereno, assegurado de sua salvação, nem certeza de operar de maneira ética. Ou seja, é convicto de não corresponder à Graça recebida. Entretanto, essa descoberta não deve vir por doce humildade ascética, mas por humildade ética, que é a consciência da infinita responsabilidade pelo irmão. Situação que só é superada nos atos de com-paixão, consigo mesmo e com os outros.

É difícil para o hedonismo atual perceber o motivo profundo da alegria sacerdotal, especialmente depois de encontrar este humano profundamente imerso nos mais latentes problemas da sua existência, aqueles tocantes diretamente à falta de sentido da vida e das expectativas desiludidas de uma multidão incalculável de homens e mulheres.

Entretanto, uma coisa é certa, o ser sacerdote confunde a mentalidade moderna do mesmo modo que São Filipe Néri confundiu Goethe e Schopenhauer, que geraram imagens discrepantes e opostas sobre a mesma pessoa.

Pode se dizer do sacerdote como um homem profundamente marcado pelas pré-disposições de um mundo sofredor, e esta caricatura se encontra com a definição de Schopenhauer. Mas, de outro lado, o sacerdote é também a perfeita Laetitia apresentada por Goethe e São Francisco, vivendo uma existência compenetrada de quem crê profundamente no seu Senhor e tem a certeza de não ser desiludido.

Por isso, podemos afirmar: o sacerdote vive a sua felicidade, sem, contudo, deixar de perceber os sofrimentos do mundo. Sua alegria não é um modo de esquecimento ou o disfarce das angustias latentes – Alegres sim, mas daquela alegria cheia de com-paixão que se exprime perfeitamente no capítulo 25 de Mateus – Uma forma de vida operosa, segundo a qual todos serão julgados. A ele não importa a análise complexa de um tratado intelectual que ousa definir o que é e o que não é alegria (laetitia), do momento que já pôs no centro de sua vida o amor na ação restauradora do mundo.

Esta concordância existencial entre com-paixão e laetitia do homem diante de Deus me fez entender o fato pelo qual, dois gênios literários, como Goethe e Schopenhauer tanto se interessaram pela figura sacerdotal de São Filipe Néri.

Fonte: CNBB

Tertuliano de Cartago: Tratado sobre a Oração (Parte 1/11)

Tertuliano de Cartago | Veritatis Splendor
Tratado sobre a Oração

I

Cristo ensina uma nova forma de oração

1. Jesus Cristo, nosso Senhor, que é tanto Espírito de Deus, como Palavra de Deus e Verbo de Deus, (Palavra do Verbo e Verbo da Palavra), instituiu para os novos discípulos do Novo Testamento uma nova forma de oração. Convinha, realmente, que também nesse plano se guardasse o vinho novo em odres novos e se costurasse um pano novo numa veste nova (cf. Mt 9,16-17Mc 2, 21-22Lc 5,36-39). De resto, tudo que viera antes, ou foi inteiramente abolido como a circuncisão, ou foi completado como o resto da Lei, ou cumprido como a profecia, ou levado à perfeição como a própria fé.

2. A nova graça de Deus renovou todas as coisas, fazendo-as passar de carnais a espirituais, mediante o Evangelho, que opera a revisão de todas as coisas antigas. Pelo Evangelho, nosso Senhor Jesus Cristo se fez reconhecer como Espírito de Deus, Palavra de Deus e Verbo de Deus: Espírito, por seu poder eficaz; Palavra, por seu ensinamento; Verbo, por sua vinda. Assim, pois, a oração instituída por Cristo reune três dimensões: a do Espírito, razão da sua grande eficácia; a da Palavra, em que ela se exprime; e do Verbo…[lacuna]

João já ensinara seus discípulos a orar

3. Também João Batista já ensinara seus discípulos a orar. Mas tudo em João era preparação à vinda de Cristo. Quando Cristo cresceu – e João já anunciara que era preciso que Cristo crescesse e ele mesmo diminuísse (cf. Jo 3,30) – toda a obra do precursor se transferiu para o Senhor, segundo o espírito de João. Por isso, nada nos resta das palavras com que João ensinou a orar, pois as coisas terrenas deram lugar às celestes. “Quem é da terra – diz João – fala o que é da terra, mas o que vem do céu fala daquilo que viu” (Jo 3,31-32). E o que não é celeste no Cristo Senhor, inclusive o seu ensinamento sobre a oração?

Como orar

4. Consideremos, pois, irmãos abençoados, a celeste sabedoria de Cristo, que se manifesta, em primeiro lugar, pelo preceito de orar em segredo (cf. Mt 6,6). Por aí Cristo induzia o homem a acreditar que o Deus Onipotente nos vê e nos escuta em toda parte, mesmo em casa e nos lugares mais escondidos. Ao mesmo tempo, ele queria que a nossa fé fosse discreta, de modo que, confiante na presença e no olhar de Deus em toda parte, reservasse o homem só a Deus a sua veneração.

5. Já no preceito seguinte (cf. Mt 6,7), se manifesta uma sabedoria que se refere tanto à fé, como ao discernimento da fé. Pois, certos de que Deus em sua providência olha pelos seus, não se deve pensar que para nos aproximarmos dele precisamos de muitas palavras.

Uma oração breve

6. Aqui chegamos, por assim dizer, ao terceiro grau da sabedoria. Com efeito, essa brevidade está apoiada na significação de palavras grandes e felizes, pois quanto mais curta, mais rica de sentido é esta oração. De fato, ela não compreende apenas a exigência própria da oração, isto é, a veneração de Deus e a súplica do homem, mas quase todas as palavras do Senhor. Constitui uma lembrança de todo o seu ensinamento, de tal modo que nela temos uma síntese de todo o Evangelho.

Fonte: https://www.veritatis.com.br/

Música: banda faz um punk-rock clássico do “Salve Rainha”

iQuilibrio
Por J-P Mauro

A banda The Thirsting se mantém fiel ao hino mariano, mas lhe dá uma nova roupagem musical.

Às vezes você ouve uma música que muda completamente sua opinião sobre um gênero. Essa foi a nossa reação quando ouvimos a versão que a banda católica The Thirsting fez do “Salve Rainha”. Nunca fomos particularmente fãs do Green Day ou dos Ramones, mas esta versão nos surpreendeu.

A banda The Thirsting apresenta o hino mariano atemporal em uma roupagem completamente moderna. A música é tudo o que se poderia esperar do gênero punk-rock — as guitarras tocam power chords ousados, enquanto os vocais parecem uma mistura entre cantar e gritar. Ainda assim, a energia dinâmica da versão traz uma sensação de diversão alegre ao hino.

A versão fica ainda melhor quando de repente os músicos quebram a velocidade mais ou menos na metade da canção. Lá, a música quase começa a assumir um ar do hino original. O intervalo é de curta duração, e a banda retorna ao punk-rock no refrão final.

Músico católico

De acordo com a Diocese de Duluth, a força criativa por trás de The Thirsting é o vocalista/compositor Daniel Oberreuter. O músico é católico de berço e, ao longo da vida, disse que começou a fundir fé e música. Ele tem o hábito de rezar o Terço todo dia, e isso o levou a uma maior devoção.

Oberreuter explicou que quando chegou a hora de lançar sua carreira musical, ele a tratou como uma vocação. “Percebi que poderia juntar a música com a minha fé. Eu realmente me senti chamado a promover o Terço e a Eucaristia, essas duas coisas”, disse.

Clique aqui para ouvir mais do The Thirsting.

Fonte: Aleteia

Os ensinamentos de São Josemaría sobre o sacerdócio (Parte 1/5)

Presbíteros

Os Ensinamentos de São Josemaría sobre o sacerdócio: uma resposta aos desafios de um mundo secularizado

Índice:

  1. “Todos os sacerdotes somos Cristo”. Eucaristia e identificação com Cristo
  2. “Empresto ao Senhor minha voz”. Familiaridade com a Palavra e disponibilidade para as almas
  3. “Empresto ao Senhor minhas mãos”. Amor a liturgia e obediência à Igreja
  4. “Empresto ao Senhor meu corpo e minha alma: todo meu ser”. Sacerdote cem por cento

Fazer a Deus presente em todas as atividades humanas é o grande desafio dos cristãos num mundo secularizado, e é a tarefa que São Josemaría recordou a milhares de pessoas – sacerdotes e leigos – durante a sua vida. Sua mensagem pode resumir-se em poucas palavras: santidade pessoal no meio do mundo.

Jesus Cristo se fará presente e ativo no mundo quando: nas famílias, na fábrica, nos meios de comunicação, no campo…, na medida em que Cristo vive no pai e na mãe de família, no trabalhador, no jornalista, no camponês…, isto é, na medida em que o trabalhador, o jornalista, o esposo ou a esposa sejam santos. Como afirmou João Paulo II, “é necessário arautos do Evangelho expertos em humanidade, que conheçam a fundo o coração do homem de hoje, participem de suas alegrias e esperanças, de suas angústias e tristezas, e ao mesmo tempo sejam contemplativos, enamorados de Deus. Para isto são necessários novos santos. Os grandes evangelizadores (…) foram os santos. Devemos suplicar ao Senhor que aumente o espírito de santidade na Igreja e nos mande novos santos para evangelizar o mundo de hoje”. (Discurso ao Simpósio de Bispos europeus, 11.10.1985).

Este é o segredo diante da indeferença e do esquecimento de Deus: nosso mundo precisa de santos, qualquer outra “solução” é insuficiente. O mundo atual, com a sua instabilidade e suas profundas mudanças, reclama a presença de homens santos, apostólicos, em todas as atividades seculares: “Um segredo. Um segredo em voz alta: estas crises mundiais são crises de santos. Deus quer um punhado de homens ‘seus’ em cada atividade humana. – Depois… ‘pax Christi in regno Christi’ – a paz de Cristo no reino de Cristo” (São Josemaría. Caminho, n. 301).

A ausência de Deus na sociedade secularizada traduz-se na falta de paz, e, como consequência, prolifera-se as divisões: entre as nações, nas famílias, no lugar de trabalho, na convivência diária… para encher de paz e de alegria estes ambientes, “temos que ser, cada um de nós, alter Christus, ipse Christus, outro Cristo, o mesmo Cristo. Somente assim poderemos empreender essa grande empresa, imensa, interminável: santificar desde dentro todas as estruturas temporais, levando aí o fermento da Redenção” (São Josemaría, É Cristo que passa, n. 183). Todos nós estamos chamados a colaborar nesta tarefa apaixonante, com uma visão otimista diante do mundo em que vivemos: “Para ti, que desejas formar-te num mentalidade católica, universal, transcrevo algumas características: (…) uma atitude positiva e aberta ante a transformação atual das estruturas sociais e das formas de vida” (São Josemaría, Sulco, n. 428).

Nesta tarefa de transformação do mundo, percebe-se também o importante papel do sacerdote. Porém, quem é o sacerdote na sociedade de hoje? Como pode converter-se em fermento de santidade? A esta pergunta pode-se responder desgranando umas palavras de São Josemaría que definem a identidade do sacerdote, também no mundo secularizado: “Todos os sacerdotes somos Cristo. Empresto ao Senhor minha voz, minhas mãos, meu corpo, minha alma: dou-lhe tudo” (São Josemaría, Anotações de uma reunião familiar em 10.05.1974, citado por J. Echevarría, Por Cristo, con Él y en Él, Ed. Palabra, Madrid 2007, p. 167).

+ Javier Echevarría / Prelado do Opus Dei

Fonte: https://www.presbiteros.org.br/

Dom Duffé: 4 anos de missão no Vaticano com experiência marcante em Brumadinho

A viagem do prelado em 2019, após rompimento da barragem |
Vatican News 

No final do seu mandato, o secretário do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral, dom Bruno-Marie Duffé, volta a percorrer os pontos marcantes dos seus 4 anos de trabalho, entre eles, como enviado ao Brasil após o rompimento da barragem que matou mais de 270 pessoas. Em entrevista ao Vatican News, o convite a novas formas de se relacionar num mundo frenético e angustiado para dar espaço à esperança.

Hélène Destombes, Gabriella Ceraso e Andressa Collet – Vatican News

A viagem feita por dom Bruno-Marie Duffé em 2019 a Brumadinho/MG, como enviado ao Brasil do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral do Vaticano, após o rompimento da barragem que causou a morte de mais de 270 pessoas, foi um dos marcos importantes na missão de 4 anos como secretário. Desde julho, dom Duffé, da diocese de Lyon, terminou o seu mandato no dicastério, liderado pelo cardeal Peter Turkson, um cargo ocupado em junho de 2017 com a nomeação do Papa Francisco.

Proximidade e reciprocidade, assim, são consideradas as palavras-chave da avaliação que dom Duffé faz destes anos, em entrevista concedida à redação francesa do Vatican News. Ele falou principalmente dos tempos modernos em que define como marcados pelo "grande desafio da convivência, do reconhecimento e do acolhimento recíproco" que nos coloca no cume, posicionados entre "violência e ruptura" ou "diálogo e encorajamento mútuo".

Convivência e acolhimento: desafios dos tempos modernos

Grande parte do trabalho do secretário do dicastério nos últimos anos foi relativo ao problema da "saúde", essencialmente por causa da pandemia e da decisão do Papa de criar uma Comissão Covid-19. Dom Duffé ressalta que essa experiência tem demostrado cada vez mais claramente como as questões de saúde, de ecologia e do social estejam profundamente ligadas e conduzam ao que Francisco pediu, ou seja, a uma "redescoberta da criação". E todos os atores, todas as esferas, todas as religiões, são importantes nesse sentido: todos podem contribuir para "construir, reconstruir e implantar um novo modo de relações entre nós e um novo modo de diálogo entre todos" em harmonia com a criação.

Memória dos valores, uma bússola para todos

Mas como implementá-la e por onde começar? Dom Duffé, também citando a experiência vivida na América Latina, enfatiza o conceito de "memória", de "revisitar a nossa memória". Ele afirma que, na nossa memória coletiva e pessoal, "temos um certo número de elementos que podem nos ajudar a pensar sobre esse novo modelo. Não se trata de voltar ao passado", explica ele, "mas de revisitar os valores e as referências que temos", começando por recuperar um sentido do ‘limite’ e do ‘ritmo’ em uma época que dom Duffé vê como ‘frenética’. Um dos desafios de hoje é justamente este. "Memória, esperança e solidariedade concreta", diz ele, "são como uma bússola que poderíamos oferecer a todos”.

Reforma do Vaticano: não só normas, mas identidade da Igreja

Finalmente, uma reflexão sobre a reforma iniciada pelo Papa, que, longe de ser puramente estrutural ou administrativa ou mesmo normativa, deve ser entendida em termos de "dinâmica da missão e da presença da Igreja no mundo contemporâneo". A imagem que o prelado adota é a do Pontífice abrindo "caminhos e perspectivas" para que todos os batizados possam ser atores na missão. "Somos uma Igreja”, diz ele, “em meio a um mundo ansioso, às vezes até angustiado. Somos uma Igreja que é chamada a oferecer presença, atenção, misericórdia e cuidado com as pessoas. E esse é o significado dessa reforma".

Fonte: Vatican News

Quem foi padre Olivier Maire, assassinado na França

Pe. Olivier Maire | ACI Digital

REDAÇÃO CENTRAL, 10 ago. 21 / 03:33 pm (ACI).- O padre Olivier Maire, assassinado na França nesta segunda-feira, foi o primeiro superior provincial local dos Missionários Monfortianos, congregação religiosa fundada por são Luís Maria Grignion de Montfort.

O sacerdote foi assassinado em Saint-Laurent-sur-Sèvre, no departamento de Vendée, região oeste da França. No povoado, fica a basílica de são Luís Maria Grignion de Montfort, onde o fundador está sepultado e o papa são João Paulo II pregou em 1996.

O padre Maire nasceu em Besançon, no leste da França, em 1961. Aos 25 anos, em 1986, ele fez sua profissão solene nos Missionários Monfortianos. Foi ordenado sacerdote em 1990.

Aos 60 anos, o padre Maire era conhecido pela sua liderança em retiros.

Um participante de um retiro em 2011 escreveu sobre o sacerdote: “Apreciei sua disponibilidade, sua escuta atenta às sugestões e sua liberdade para expressar seus interesses em diferentes campos. Cada Eucaristia foi um momento intenso de oração e de ação de graças”.

Outro participante comentou: “Vivi uma semana de calma e renovação graças à beleza do lugar, à qualidade dos momentos de oração, à profundidade e simplicidade de Olivier Maire”.

Em 2016, o sacerdote foi entrevistado na KTO, canal católico francês, em Saint-Laurent-sur-Sèvre, em um programa dedicado aos 300 anos da morte de Monfort, ocorrida em 1716.

Em 11 de outubro de 2020, o padre Maire pregou numa missa pelos 300 anos da chegada da beata Marie Louise de Jesus a Saint-Laurent-sur-Sèvre. Junto com Monfort, ela fundou as Filhas da Sabedoria, uma congregação religiosa feminina.

Na ocasião, o padre disse que “isto é o que Marie Louise poderia ter dito a todos esta manhã: compartilhe a sua vida. Viva uma vida compartilhando com os outros, não desperdice sua vida vivendo sozinho, isolado, protegido do mundo, protegido de outros. Tem que se proteger do vírus, mas não dos outros”.

“A simbiose com o mundo em que vivemos, esse mundo de exclusão, como diria o papa Francisco, este mundo da periferia, é o que Marie Louise experimentou. A vida fraterna, a última encíclica do papa (Fratelli tutti), nas faz lembrar disto: viver a simbiose com o outro, a vida fraterna e a vida em simbiose com o próprio Deus”.

“Ousemos sentar-nos um momento em partilha fraterna, ousemos sentar-nos com os mais pobres, os excluídos, os rejeitados pela humanidade”.

Fonte: ACI Digital

Santa Joana Francisca de Chantal

Sta. Joana Francisca de Chantal | Canção Nova
12 de agosto
Santa Joana Francisca de Chantal

Neste dia, queremos lembrar a vida da santa Joana Francisca de Chantal, modelo de jovem, mãe, irmã e, por fim, religiosa. Nasceu em Dijon, centro da França, em 1572, e foi pelas provações modelada até a santidade.

A mãe tão amada faleceu quando Joana era criança; o pai, homem de caráter exemplar, era presidente da câmara dos vereadores e, por causa de maquinações políticas, chegou a sofrer pobreza e muitas humilhações. Joana, que recebeu da família a riqueza da fé, deu com 5 anos um exemplo marcante quanto à presença de Jesus no Santíssimo Sacramente, pois falou a um calvinista que questionava o pai: “O Senhor Jesus Cristo está presente no Santíssimo Sacramento, porque Ele mesmo o disse. Se pretendeis não aceitar o que Ele falou, fazeis dele um mentiroso”.

Santa Joana Francisca, aos 20 anos, casou-se com um Barão (Barão de Chantal). Eles tiveram quatro filhos e, juntos, começaram a educá-los, principalmente com o exemplo. Joana era sempre humilde, caridosa para com o esposo, filhos e empregados; amava e era muito amada.

Tristemente perdeu seu esposo, que foi vítima de um tiro durante uma caça, e somente com a graça de Deus conseguiu perdoar os causadores, e corajosamente educar os filhos. Como santa viúva, Joana conheceu o Bispo Francisco de Sales, que a assumiu em direção espiritual e encontrou na santa a pessoa ideal para a fundação de uma ordem religiosa. Isso no ano de 1604. A partir disso, começou e se desenvolveu uma das mais belas amizades que se têm conhecido entre os santos da Igreja.

Santa Joana Francisca de Chantal, já com os filhos educados, encontrou resistência dos seus familiares, porém, diante do chamado de Cristo, tornou-se fundadora das Irmãs da Visitação de Nossa Senhora. Seguindo o exemplo de Maria, a santa de hoje com suas irmãs fizeram um grande bem à sociedade e a toda Igreja. A longa vida religiosa da Senhora de Chantal foi cheia de trabalhos, sofrimentos e consolações. Faleceu em Moulins, no ano de 1641. Nessa época, já existiam na França noventa casas da sua Ordem.

São Francisco de Sales nunca abandonou a filha espiritual; sobreviveu-lhe ela dezenove anos e repousa a seu lado na capela da Visitação, em Annecy (local da fundação da primeira casa da Ordem das Irmãs da Visitação de Nossa Senhora).

No dia 12 de agosto de 1767, santa Joana Francisca de Chantal foi canonizada para ser venerada como modelo de perfeição evangélica em todos os estados de vida.

Santa Joana Francisca de Chantal, rogai por nós!

Fonte: https://santo.cancaonova.com/

quarta-feira, 11 de agosto de 2021

A INFLUÊNCIA DE EVA E DE MARIA NA MULHER NA DOUTRINA PATRÍSTICA

CNBB

Dom Vital Corbellini
Bispo de Marabá (PA)

            A Igreja celebrará a Assunção da Virgem Maria. Nossa Senhora foi concebida sem o pecado original, de modo que após a sua morte ela foi elevada aos céus, por graça de Deus. Ela disse sim ao plano de salvação de modo que o Senhor Jesus Cristo pode entrar na realidade humana, em vista da redenção de todos. Eva, juntamente com Adão, disseram não ao Senhor, de modo que a desobediência, o pecado e a morte entraram no mundo.

As duas figuras bíblicas de Eva e de Maria, sem dúvida, influenciaram os Padres da Igreja nos primeiros séculos em relação à mulher na sua pessoa e na sua missão. É bom que se tenha em consideração que é impossível negar o contexto cultural, histórico que se formou tal visão. A visão de Eva era mais de inferioridade, pelo pecado, mas em Maria era de uma visão superior, de vida eterna, vida de graça porque Maria viveu sem o pecado original, gerando na carne o Filho de Deus, por obra do Espírito Santo (cfr. Mt 1,20)[1]. A seguir nós veremos como essas idéias influenciaram a vida dos padres na sua doutrina a respeito da mulher nos primeiros séculos do cristianismo.

            Desobediência e alegria.

            São Justino de Roma, padre do século II disse que as duas mulheres foram diferentes em relação à atitude de vida com o Senhor. Eva, quando era virgem e incorrupta, tendo recebido a palavra da serpente, deu à luz à desobediência e a morte. Maria concebeu fé e alegria[2], porque dela nasceu por obra do Espírito Santo, o Filho de Deus (cfr. Mt 1,20).

A diferença entre as duas mulheres.

            Santo Ireneu, bispo de Lião, séculos II e III afirmou a diferença entre as duas mulheres em relação ao Senhor e à sua Palavra. Enquanto Maria, a Virgem obediente, disse que ela era a serva do Senhor, faça-se nela segunda a sua palavra (cfr. Lc 1,38), em contraste, Eva desobedeceu quando ainda era virgem. Se Eva pela sua desobediência se tornou para si e para todo o gênero humano, causa de morte, Maria, pela sua obediência se tornou para si e para todo o gênero humano, causa da salvação[3].

            Santo Ireneu colocou as atitudes das duas mulheres em relação às ordens do Senhor. Enquanto Eva foi seduzida pela fala de um anjo e afastou-se de Deus, fazendo a transgressão de sua palavra, Maria recebeu a boa-nova pela boca de um anjo e trouxe Deus em seu seio, sendo obediente à sua palavra. Se uma deixou-se seduzir de modo a desobedecer a Deus, a outra obedeceu a Deus, para que, da virgem Eva, a Virgem Maria se tornasse advogada[4].

            A mulher, Eva, companheira de Adão.

            Santo Irineu também colocou o ponto na criação da mulher em que Deus decidiu dar-lhe uma auxiliar para o homem, porque não era bom que ele ficasse sozinho para que o pudesse corresponder (cfr. Gn 2,18). O fato era que entre todos os viventes, não foi encontrado um ajudante igual, similar a Adão. Deus, fez descer sobre Adão um êxtase no qual adormeceu um sono que não existia no paraíso. Deus tomou uma costela de Adão, preencheu-a de carne o vazio criado e, com a costela extraída, fez a mulher, no qual conduziu a Adão, de modo que pode exclamar que a mulher era osso dos seus ossos e carne de sua carne, chamada mulher, porque como a Escritura diz, foi tirada do homem (cfr. Gn 2,23)[5].

            As mulheres glorificam a Deus.

            São João Crisóstomo afirmou que as mulheres glorificam a Deus no corpo, na alma com as coisas que fazem no lar e na comunidade. Na verdade não existe de fato uma mulher que não queira ser amada, de modo que o homem ame a sua mulher. Deus a criou bonita, para que seja admirada, e não para que seja ofendida pelo homem, não porque a pessoa deveria retribuir com tais dons, mas com atitudes de continência, e de bem. Deus a fez bonita para aumentar nos homens os tesouros da honestidade de modo que a mulher deva ser respeitada, amada, na família e nos ambientes diversos[6].

            A conduta virtuosa da mulher atrai o marido à piedade.

            São João Crisóstomo ainda disse que o amor da mulher cristã pela casa e pelo marido afasta toda a discórdia. Se o marido for pagão, em breve ele vai deixar-se ser convencido; se é cristão, vai se tornar melhor. São João diz que a mulher que ama a casa é sábia, faz economia. A mulher que é virtuosa, a pregação apostólica adquire glória, graças a ela e às suas boas obras. Ela conquista os homens maus e não crentes, pela vida de suas virtudes, atraindo-os à piedade com o próprio comportamento[7].

            São João viu a importância da mulher no campo doméstico, civil e espiritual. A mulher carrega sobre si uma parte da organização civil, o cuidado doméstico. Sem ela, a vida política não poderia subsistir, porque se no governo da casa ela põe ordem, o será também na parte política. E o mesmo fato é dado na vida espiritual, muitas delas ajudam na organização das comunidades, enquanto outras foram martirizadas[8].

            A criação da mulher.

            São João Damasceno, monge e sacerdote, séculos VII e VIII, afirmou que a criação da mulher por Deus como imagem e semelhança de Deus (cfr. Gn 1,26) possibilitou a conservação do gênero humano. Ela é colaboradora ao lado do homem da obra da criação. Deus criou a mulher, semelhante ao homem. Desta forma, pela presença da mulher, se conserva através à geração, o gênero humano. No início deve-se falar de criação, não de geração, porque a criação é aquela antes da formação do ser humano que veio através da intervenção direta e pessoal de Deus. A geração constitui aquela sucessão por meio do qual, após a sentença de morte, somos gerados um ao outro[9].

            Eva penitente.

            Tertuliano, padre do século II e III disse que toda a mulher carrega em si a Eva penitente no sentido de uma vida melhor por causa do pecado, que conjuntamente com o homem, desobedeceram a Deus. Eles levaram o gênero humano ao pecado, mas Jesus Cristo redimiu a humanidade, morreu pelos pecados de todas as pessoas e deu-nos vida nova neste mundo e um dia na eternidade[10].

            A mulher cristã.

            São Gregório de Nazianzo, bispo de Constantinopla, século IV, tinha presente a mulher cristã, pessoa de fé no Senhor Jesus Cristo. Ela aconselha o marido para uma vida em comunhão, porque a sabedoria da mulher está em vista da vida matrimonial. O vinculo conjugal tornou os dois, mulher e homem, tudo em comum na vida. Os dois vivem o amor de Deus na família e na comunidade[11].

            A missão de Eva e de Maria colocou muito bem a doutrina dos padres da Igreja. A figura da mulher foi bastante desenvolvida nos primeiros tempos, como pessoa humana, e como missão de vida neste mundo e um dia na eternidade. A mulher colabora no plano de vida junto ao Deus criador, por gerar as pessoas e por viver o amor a Deus, ao próximo como a si mesmo. Ao lado do homem, a mulher procura realizar a vontade de Deus, pela vida e pelo amor. Assim são importantes políticas públicas, que salvaguardam a vida das mulheres, havendo menos violência contra as mesmas, mortes de mulheres, feminicídios, e todas sejam respeitadas e amadas como seres humanos ao lado dos homens, na família, na comunidade e na sociedade.

[1] Cfr. Maria Grazia Mara, Donna. In: Nuovo Dizionario Patristico e di Antichità Cristiane, A-E, diretto da Angelo Di Berardino.Marietti, Genova-Milano, 2006, pg. 1504-1505.

[2] Cfr. Justino de Roma, Diálogo com Trifão, 100,5. Paulus, SP, 1995, pg. 265.

[3] Cfr. Ireneu de Lião, III, 22,4. Paulus, SP, 1995, pgs. 351-352.

[4] Cfr. Idem, V,19,1, pg. 569.

[5] Cfr. Irineu de Lyon, Demonstração da pregação apostólica, 13. Paulus, SP, 2014, pg. 80.

[6] Cfr. Giovanni Crisostomo, Omelie sulla prima lettera a Timoteo, 4,3. In: La teologia dei padri, v. 1. Città Nuova Editrice, Roma, 1981, pg. 270-271. .

[7] Cfr. Giovanni Crisostomo, Omelie sulla lettera a Tito, 4,2. In: Idem, v. 3, pgs. 352-353.

[8] Cfr. Giovanni Crisostomo, Omelie sulla seconda lettera a Timoteo, 10,3. In: Idem, pg. 350.

[9] Cfr. Giovanni Damasceno, Esposizione della fede ortodossa, 2,30. In: Idem, pg. 186.

[10] Cfr. Tertulliano, L´abbigliamento delle donne, 1,1, v. 3. In: Idem, pg. 357.

[11] Cfr. Gregorio di Nazianzo, Letterametrica ad Olimpia. In: Idem, pg. 354.

Fonte: CNBB

A família ontem e hoje

Editora Cléofas
Por Prof. Felipe Aquino

A família é tão importante que Jesus quis entrar na nossa história por ela!

O Papa João Paulo II chamava a família de “Santuário da vida” (Carta às Famílias, 11), “lugar sagrado da vida”. Ao desejar que a humanidade existisse, Deus estabeleceu a sua base: a família, a união de um homem com uma mulher, crescendo mutuamente no seu amor e gerando os filhos para esta vida e a eternidade.

É na família que a vida humana surge como de uma nascente sagrada, e é cultivada e formada. É missão sagrada da família, guardar, revelar e comunicar ao mundo o amor e a vida. O Concílio Vaticano II já a tinha chamado de “a Igreja doméstica” (Lumen Gentium, 11) onde Deus reside, é reconhecido, amado, adorado e servido; e ensinou que: “A salvação da pessoa e da sociedade humana estão intimamente ligadas à condição feliz da comunidade conjugal e familiar” (Gaudium et Spes, 47). A Igreja ensina, enfim, que “a família é a comunidade na qual, desde a infância, se podem assimilar os valores morais, em que se pode começar a honrar a Deus e a usar corretamente da liberdade. A vida em família é iniciação para a vida em sociedade” (Catecismo, § 2207).

Disse João Paulo II, que a família hoje está ameaçada pela praga do divórcio; pelas uniões livres, pelo sexo livre, pelo aborto e eutanásia, pelas uniões de pessoas do mesmo sexo, pelas “famílias alternativas” que não estão de acordo com o modelo único de Deus, etc…

A família é tão importante que Jesus quis entrar na nossa história por ela; Ele não precisava disso, mas quis ter um pai (adotivo), uma mãe, e um lar em Nazaré. Ali ele viveu até os 30 anos, cultivando o amor a seus pais, trabalhando na carpintaria de José, aprendendo a amar e servir a Deus, sabendo ser Filho de Deus.

A família de Nazaré se tornou assim o modelo das famílias: o casal se ama com todo amor e fidelidade e vivem para fazer a vontade de Deus; e o Filho, mesmo sendo o criador deles, obedece e honra seus pais. Ali não há lugar para soberba, orgulho, vaidade, arrogância, prepotência, luxúria, gula, ira, inveja, ciúmes, maledicências, comilanças, bebedeiras e coisas semelhantes.

Cada família hoje precisa se debruçar sobre a Sagrada Família e aprender com ela os valores fundamentais da vida. Neste mundo atual onde o consumismo nos alucina, onde tudo é descartável, até a dignidade de uma criança ainda no ventre da mãe, onde a rivalidade e a competição prevalecem gerando cansaço, medo, stress, depressão e tantos outros males, é preciso aprender em Nazaré uma vida de simplicidade, de silêncio, de trabalho tranquilo, de oração profunda, de amor e fidelidade ao cônjuge e aos filhos.

A família moderna precisa aprender com a família de Nazaré que a verdadeira felicidade está dentro dela mesma e não na rua; que ser rico não é ter muito, mas precisar de pouco; que ser feliz não se encher de coisas, mas fazer o outro feliz; que a humildade é a fortaleza do homem; que pureza é a condição para se ver a Deus; que o desprendimento é que nos faz ricos; que a temperança é o caminho da felicidade; que o perdão gera a paz; que a verdade é a salvação; que o trabalho dignifica a pessoa; que a bondade nos faz semelhantes a Deus e que a santidade é a nossa alegria.

Como disse o Pe. Zezinho em uma de suas músicas antigas: que bom se as mães fossem como Maria, os pais como José; e a gente se parecesse com Jesus de Nazaré. Certamente o mundo seria outro. As misérias do mundo, no fundo, são as misérias das famílias; sem reconstruir a família conforme o coração e do desígnio de Deus, não haverá felicidade na terra.

Prof. Felipe Aquino

Fonte: https://cleofas.com.br/

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF