A ORIGEM DE JESUS
18/12/2025
Dom Rodolfo Luís Weber
Arcebispo de Passo Fundo (RS)
O Natal está próximo. O tempo litúrgico do Advento
proporcionou fazer a memória das promessas sobre a vida do Messias, sobre sua
identidade e missão. O evangelho do 4º domingo do Advento responde sobre “a
origem de Jesus Cristo”, segundo o evangelista Mateus. (Isaías 7,10-14; Salmo
23, Romanos 1,1-7 e Mateus 1,18-24). O evangelista Lucas ressalta mais Maria e
Mateus acentua a participação de José. As narrações não são contraditórias, mas
complementares. Maria e José cooperaram ativamente no plano salvador de
Deus.
Mateus começa o Evangelho com uma genealogia,
desde Abraão até José, ressaltando a humanidade de Jesus Cristo. A
seguir, argumenta sobre a origem divina de Jesus: Maria “estava
grávida pela ação do Espírito Santo”. Portanto, o evangelista ensina,
desde o início, que Jesus Cristo é verdadeiramente Deus e
homem.
“Maria estava prometida em casamento a José”. O casamento
dos judeus, naquela época, acontecia em dois momentos distintos. O noivado
durava um ano e já era um vínculo jurídico que comprometia as partes, mas
continuavam vivendo na casa dos pais. Passado um ano realizava-se o casamento e
o casal passava a conviver. “Antes de viverem juntos, Maria ficou grávida pela
ação do Espírito Santo”. Situação que configura ruptura do noivado, deixando
José numa situação delicada e obrigando-o a tomar uma decisão de repúdio
ou de condenação pública de Maria.
Porém, “José, seu marido, era justo”. Caracterizar José como
justo é apresentar um retrato completo da sua pessoa e, ao mesmo
tempo, inseri-lo entre as grandes figuras do Antigo Testamento. No Novo
Testamento, normalmente se resume a vida de uma pessoa religiosa, como “fiel”.
No Antigo Testamento o termo “justo” sintetiza o conjunto de uma vida vivida em
intenso contato com a Palavra de Deus, e que “encontra o prazer na Lei do
Senhor”. O justo é como a árvore plantada às margens das águas correntes
produzindo frutos continuamente, isto é, tem as raízes da sua existência na
Palavra viva de Deus. Realiza a vontade de Deus não como uma lei imposta a
partir de fora, mas a vive numa abertura pessoal e cheia de amor para com Deus,
e assim aprende a compreendê-la e vivê-la a partir de dentro. Isto o torna um
homem feliz, bendito e cheio de esperança.
José sendo um homem justo pôde tomar uma decisão conforme a
vontade de Deus em relação a Maria. Enraizado na Palavra de Deus, José não fica
no legalismo, mas vai ao amor. Vive a lei como evangelho, procura o
caminho da unidade entre direito e amor. E assim está preparado interiormente
para a mensagem nova, inesperada e humanamente inacreditável, que lhe virá de
Deus.
Ao filho adotivo, José dará o nome de Jesus, que significa,
“O Senhor é Salvação”. Desde o começo é dito qual será a missão de Jesus: “Ele
salvará o seu povo dos seus pecados”. O menino tem uma missão
divina: salvar e perdoar pecados. Em vários momentos da vida
pública houve controvérsias sobre a messianismo de Jesus. Ele sempre afirmou
que veio salvar os pecadores.
O perdão é o fundamento da verdadeira cura do homem. O
homem é um ser relacional. Se fica perturbada a primeira relação
fundamental do homem – a relação com Deus – então nada mais pode estar
verdadeiramente em ordem. É dessa prioridade que trata a mensagem e
atividade de Jesus. Ele quer, em primeiro lugar chamar a atenção do homem
para o cerne do seu mal, fazendo-lhe ver: se não estiveres curado nisso, então,
apesar de todas as coisas boas que possa encontrar, verdadeiramente não estarás
curado.
Mateus acentua que tudo o que está acontecendo é cumprimento
da profecia: “Eis que a virgem conceberá e dará à luz a um filho. Ele será
chamado pelo nome de Emanuel, que significa: Deus está conosco”. A prova maior
do fato está nas Escrituras, é sustentado por ela e toda ela é permeada
pelo anúncio do Messias e toda ela apresenta as ações
salvadoras de Deus. Portanto, são as Escrituras que nos fazem
compreender a origem de Jesus, sua identidade e missão.

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