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quarta-feira, 16 de julho de 2025

DANTE NOS ESTADOS UNIDOS: E então saímos para ver as estrelas e as listas (Parte 3/4)

Às portas da cidade de Dite | 30Giorni

DANTE NOS ESTADOS UNIDOS

Arquivo 30Dias nº 05 - 2006

E então saímos para ver as estrelas e as listas

O interesse por Dante nos Estados Unidos, explicado por uma docente da James Madison University da Virgínia.

de Giuliana Fazzion

Houve outras traduções melhores, como as de Cary e de Wright, mas eram traduções britânicas. A tradução de Longfellow era um tributo da América à genialidade do imortal florentino.

James Russell Lowell (1819-1891) herdou o lugar de Longfellow em 1855. Não ficou famoso por ter traduzido a Divina Comédia, mas é lembrado por ter escrito um ensaio muito importante sobre Dante. Em Harvard, era popular por seu curso sobre o poeta florentino. Em 1877, tornou-se ministro das Relações Exteriores e foi enviado à Espanha. Deixou o cargo de professor a outro colega e amigo, Charles Norton.

Norton (1827-1908), editor, professor de história da arte e grande amigo e admirador de Longfellow, tornou-se o novo professor de Dante em Harvard.

Sua paixão por Alighieri levou-o a entender intimamente o grande poeta e seu mundo. Sua grande sensibilidade à beleza artística, seu entusiasmo, que conseguia comunicar aos outros, lhe conquistaram muitos amigos e admiradores, não apenas nos Estados Unidos, mas também na Inglaterra e na Itália, e seu nome se tornou familiar aos estudiosos de Dante europeus.

Norton trabalhou muito na fundação da “Dante Society” em Cambridge. No mês de fevereiro de 1881, houve uma reunião na casa de Longfellow, onde já se formara, em 1865, o círculo para a tradução de Dante. Lá se decidiu formar a sociedade da qual Longfellow foi eleito presidente. Mas, dois meses depois, em maio de 1882, Longfellow morreu e a presidência passou a Lowell. Em 1891, com a morte de Lowell, a presidência da sociedade passou a Norton, que a manteve até sua morte, em 1908.

Em 1887 a “Dante Society” de Cambridge instituiu o prêmio que seria entregue todos os anos “a estudantes ou recém-formados de Harvard para o me­lhor ensaio sobre temas dantescos”. Essa tradição existe até hoje.

As aspirações americanas a aprender tudo o que dizia respeito à Itália, à sua arte, à sua literatura, como dissemos, derivavam da Inglaterra. Mas, a partir de 1830, os americanos começaram a viajar e a descobrir a Itália. Nos consulados americanos das maiores cidades italianas não havia muito o que fazer, e por isso os cônsules passavam o tempo aprendendo a língua, a literatura, a arte, a história, e todas essas experiências eram reunidas em livros, diários, que depois o público americano lia com grande interesse.

Na Europa ocorria outro fenômeno, que contribuiu para o enriquecimento do conhecimento da literatura italiana nos Estados Unidos. Na época pós-napoleônica, o fracasso de diversos movimentos revolucionários impeliu muitos italianos de uma certa cultura a buscarem asilo nos Estados Unidos, onde sobreviviam ensinando a língua e a literatura italianas. Foi por meio desses canais que o povo americano conheceu a Itália, apreciou suas belezas naturais e artísticas e aprendeu sua grande história.

Florença e Roma eram cidades irresistíveis para os americanos. Jovens artistas americanos chegavam a Florença e alguns passavam lá o resto de suas vidas. O nome de Florença era inevitavelmente associado a Dante, e aqueles que estudavam seriamente a Divina Comédia estavam convencidos de que não poderiam entendê-la se não visitassem Florença.

Em todo o século XIX aparecem constantemente ensaios sobre Dante em revistas literárias americanas. Não fazem, porém, nenhuma referência à alegoria ou ao simbolismo, mas à história de sua cidade, ao itinerário romântico de seu amor, a suas aventuras políticas, ao seu exílio.

O interesse por Dante recebeu um grande impulso no período entre 1880 e 1890, que corresponde a um momento de grande avanço na cultura geral dos Estados Unidos. Isso se nota pelo grande número de publicações sobre Dante produzidas nesses dez anos. Mas duas coisas em particular são muito importantes: uma é que essas publicações vêm de centros como Chicago, St. Louis, St. Paul e Denver, e também do Sul e do Far West; a outra é a contribuição das escritoras americanas, que sempre tiveram um lugar importante na história cultural local, mas dessa vez colaboraram de modo bastante relevante para a fortuna do poeta florentino. E isso porque, antes de todos os outros estudiosos, elas encararam a filosofia de Dante. Merece ser lembrada a escritora Susan E. Blow, cujos artigos foram reunidos e publicados num livro intitulado A Study on Dante. Esse livro representa a primeira tentativa feita por um estudioso de Dante americano de analisar a estrutura da Divina Comédia com o propósito de descobrir detalhadamente o significado filosófico e espiritual da sua alegoria.

Com a aproximação do final do século XIX e do Romantismo, e com a vida americana influenciada pelas descobertas científicas, mudanças ocorreram também na literatura e nas artes. A nova tendência era o Realismo, e Dante, o herói do Romantismo, parecia fadado a perder inevitavelmente sua grande força de atração entre o grande público. Em vez disso, o estudo de Dante ganhou em intensidade e profundidade nos círculos intelectuais e nos institutos universitários de todo o país. Novos livros, escritos não mais por diletantes, mas por estudiosos de grande reputação, encontraram um público entusiasmado entre as classes intelectuais. Portanto, apesar das mudanças nas idéias e no gosto, Dante permaneceu em seu alto pedestal americano, no qual havia sido posto pelos três grandes de Cambridge e por seus sucessores.

Fonte: https://www.30giorni.it/

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Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF