Cerith
Gardiner - publicado em 15/07/25
Em uma mensagem impactante aos jovens peregrinos em Roma,
o Papa Leão XIV destacou algo simples, mas profundo: a fé cresce no silêncio —
e ouvir Deus começa ao desligar as distrações.
Em nosso mundo acelerado, cheio de ruído e
notificações, é fácil esquecer que Deus ainda fala — e
geralmente, o faz na voz suave e silenciosa dentro de nossos
corações. O Papa recordou que cada um de nós foi criado “com um
propósito e uma missão nesta vida”, e que Deus nos chama de dentro
para fora.
“Tantas vezes perdemos a
capacidade de ouvir, de ouvir de verdade.”
Vivemos de alarme em alarme, de reunião virtual a redes
sociais, com os fones nos ouvidos e a mente saturada de estímulos
digitais. No meio dessa confusão, perdemos a voz de Deus — e até o som
do nosso próprio coração.
O caminho da escuta
“Aquietai-vos e sabei que Eu
sou Deus” (Salmo 46,10)
O Papa não pede que todos entrem num mosteiro, mas que
aprendamos a pausar, a encontrar momentos de silêncio real.
Como explicou a jornalista Francesca Pollio Fenton: “No
silêncio, reconhecemos a presença de Deus e damos a Ele a chance de responder
às nossas orações.” Quando cessam os ruídos externos, percebemos os
sussurros do Espírito Santo.
Até o Catecismo da Igreja Católica observa
que as distrações na oração revelam a que estamos apegados —
um lembrete útil de que, se a tela do celular brilha mais do que o Coração de
Jesus, algo precisa mudar.
Silêncio como raiz da fé
Inspirado pela carta de São Paulo aos Colossenses (2,7), o
Papa Leão comparou a fé a uma árvore: sem raízes profundas, ela não se
sustenta. E o silêncio é a água e a luz que alimentam essas raízes.
“Ao escutarmos em oração,
permitimos que a graça de Deus fortaleça nossa fé em Jesus, para que possamos
partilhar esse dom com os outros.”
Isso pode se traduzir em pequenas escolhas diárias:
– Uma manhã sem celular
– Uma caminhada de oração sem fones
– Um “agora não” para a Alexa ou o Google Assistente
– Um tempo para simplesmente estar com Deus
Até Jesus disse a seus discípulos:
“Vinde comigo para um lugar
deserto e descansai um pouco” (Mc 6,31)
O silêncio que acende
“Desligar não é se desconectar da
vida, mas se conectar com a presença de Deus.”
O Papa lembrou aos peregrinos que a viagem até Roma
não termina no aeroporto — ela deve continuar como uma “peregrinação
diária de discipulado”.
Ou seja, a rotina também pode ser sagrada, se
nela soubermos escutar o Senhor no silêncio. Quando a vida parecer
um canteiro de obras barulhento, lembre-se: Deus ainda fala — e fala ao
seu coração. Basta a coragem de desligar, silenciar e escutar.
Do discurso do Papa Leão XIV
“Lembrem-se de que Deus criou
cada um de vocês com um propósito e uma missão nesta vida.
Aproveitem esta oportunidade para
escutar, para rezar, para que possam ouvir mais claramente a voz de Deus que os
chama, lá no fundo do coração.
Às vezes esquecemos de escutar o
nosso próprio coração — e é nele que Deus fala, que Ele nos chama e nos convida
a conhecê-Lo melhor e a viver em Seu amor.
E através dessa escuta, vocês
poderão se abrir para que a graça de Deus fortaleça sua fé em Jesus, para então
partilharem esse dom com os outros.”
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