Translate

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2021

Hoje a Igreja celebra o 29º Dia Mundial do Doente

Papa Francisco abençoa um idoso doente. Crédito: ACI Prensa

Vaticano, 11 fev. 21 / 08:31 am (ACI).- Neste dia 11 de fevereiro, festa de Nossa Senhora de Lourdes, a Igreja celebra o 29º Dia Mundial do Doente sob o lema “‘Um só é o vosso Mestre e vós sois todos irmãos’. A relação de confiança, na base do cuidado dos doentes”.

A mensagem do Papa Francisco por ocasião do Dia Mundial dos Doentes inspira-se “no trecho evangélico em que Jesus critica a hipocrisia de quantos dizem mas não fazem (cf. Mt 23, 1-12). Quando a fé fica reduzida a exercícios verbais estéreis, sem se envolver na história e nas necessidades do outro, então falha a coerência entre o credo professado e a vida real”, explica.

Pelo contrário, Jesus propõe “deter-se, escutar, estabelecer uma relação direta e pessoal, sentir empatia e enternecimento, deixar-se comover pelo seu sofrimento até lhe valer e servir (cf. Lc 10, 30-35)".

Em sua mensagem, o Santo Padre sustenta que a atual pandemia “colocou em evidência tantas insuficiências dos sistemas sanitários e carências na assistência às pessoas doentes. Viu-se que, aos idosos, aos mais frágeis e vulneráveis, nem sempre é garantido o acesso aos cuidados médicos, ou não o é sempre de forma equitativa”.

Isso depende “das opções políticas, do modo de administrar os recursos e do empenho de quantos revestem funções de responsabilidade. O investimento de recursos nos cuidados e assistência das pessoas doentes é uma prioridade ditada pelo princípio de que a saúde é um bem comum primário”.

O Papa Francisco agradece “a entrega e generosidade” de “uma série silenciosa de homens e mulheres que optaram por fixar aqueles rostos, ocupando-se das feridas de pacientes que sentiam como próximo em virtude da pertença comum à família humana".

 “Com efeito, a proximidade é um bálsamo precioso, que dá apoio e consolação a quem sofre na doença” e “vivemos esta proximidade pessoalmente, mas também de forma comunitária: na realidade, o amor fraterno em Cristo gera uma comunidade capaz de curar, que não abandona ninguém, que inclui e acolhe sobretudo os mais frágeis”.

O serviço “fixa sempre o rosto do irmão, toca a sua carne, sente a sua proximidade e, em alguns casos, até ‘padece’ com ela e procura a promoção do irmão. Por isso, o serviço nunca é ideológico, dado que não servimos ideias, mas pessoas”.

Nesse sentido, frisou que “para haver uma boa terapia é decisivo o aspeto relacional, através do qual se pode conseguir uma abordagem holística da pessoa doente”.

O anterior “ajuda também os médicos, enfermeiros, profissionais e voluntários a ocuparem-se daqueles que sofrem para os acompanhar ao longo do itinerário de cura, graças a uma relação interpessoal de confiança”, (cf. Nova Carta dos Agentes de Saúde [2016], 4).

“Trata-se, pois, de estabelecer um pacto entre as pessoas carecidas de cuidados e aqueles que as tratam; um pacto baseado na confiança e respeito mútuos, na sinceridade, na disponibilidade, de modo a superar toda e qualquer barreira defensiva, colocar no centro a dignidade da pessoa doente, tutelar o profissionalismo dos agentes de saúde e manter um bom relacionamento com as famílias dos doentes".

“Uma sociedade é tanto mais humana quanto melhor souber cuidar dos seus membros frágeis e atribulados e o fizer com uma eficiência animada por amor fraterno. Tendamos para esta meta, procurando que ninguém fique sozinho, nem se sinta excluído e abandonado”.

Leia a mensagem na íntegra AQUI.

ACI Digital

PAIS DA IGREJA: Sobre a Vida de Moisés (Parte 18/20)

São GREGÓRIO DE NISSA

(Aprox. 330-395)

Sobre a Vida de Moisés

Tradução segundo a Patrologia Grega de Migne
com base na versão de D. Lucas F. Mateo

História de Moisés

Capítulo 44

Que a serpente levantada no deserto é símbolo do mistério da cruz o ensina abertamente a palavra do Senhor quando diz: Da mesma forma que Moisés levantou a serpente no deserto, assim é necessário que seja levantado o Filho do homem (Jo 3, 14). Novamente marcha o pecado por seu caminho habitual, avançando regularmente em uma concatenação malvada, com uma lógica perversa. E o Legislador, como um médico, amplia a cura conforme o progresso do mal. Posto que a mordida das serpentes se havia tornado ineficaz para os que olhavam para a figura da serpente, pelo já explicado entendes bem o simbolismo, aquele que maquina enganos tão diversos contra nós inventa outro caminho para o pecado. Também agora podemos observar que isto mesmo sucede a muitos. Com efeito, muitos que reprimem a paixão da concupiscência por meio de uma vida mais sensata, cheios de soberba, se lançam ao sacerdócio contra o plano de Deus, por esforços humanos e intrigas para ser escolhidos. Aquele a quem o relato acusa de fazer o mal aos homens é o que empurra a esta perversa cadeia de pecados. Com efeito, depois que, por causa da fé naquele que está elevado sobre o madeiro, cessou a terra de dar a luz serpentes contra os que estavam cheios de concupiscência, e eles se acreditaram mais fortes que as mordidas venenosas, então, quando se ultrapassa a paixão relativa à concupiscência, se apresenta a enfermidade do orgulho. Julgando que é pouco estar no lugar em que foram colocados, se lançam à dignidade do sacerdócio, intrigando para afastar aqueles que receberam por sorte esta função sagrada da parte de Deus. Estes desaparecem deglutidos pelo abismo. Os que haviam de seu grupo sobre a terra foram abrasados por raios (Nm 16, 31-35). Penso que com este relato a palavra ensina que o final da exaltação própria do orgulho é a descida para debaixo da terra. Talvez alguém, inspirando-se nestas coisas defina a soberba, não sem razão, como uma subida para baixo. Não estranhes se este pensamento está em contradição com o sentir de muitos. As pessoas pensam que com o nome soberba se designa o estar acima dos demais. A verdade do que foi aqui narrado confirma nossa definição. Com efeito, se os que se elevaram a si mesmos acima dos demais se afundaram no abismo da terra aberta debaixo deles, talvez ninguém repudie a descrição que define o orgulho como uma caída ao mais baixo. Moisés ensina a quem contempla estas coisas a ser comedidos e a não envaidecer-se com os êxitos, mas a administrar sempre bem o presente. Pois ainda que hajas sido mais forte que os prazeres, não por isso estás isento de ser preso por outra forma de paixão. Toda paixão é uma caída enquanto é paixão. Não há nenhuma diferença de caída na diversidade de paixões: quem resvalou na suavidade do prazer, caiu; e quem foi derrubado pelo orgulho, caiu. Para quem tem inteligência não é desejável nenhuma forma de caída, pois toda caída, enquanto caída, deve ser igualmente evitada. Por esta razão, se agora vês em algum lugar alguém que se purificou da debilidade dos prazeres, porem que se lança de novo com afã ao sacerdócio por julgar que está acima dos demais, pensa que, na mesma elevação do orgulho, o vês cair terra abaixo. No que segue a continuação, a Lei ensina que o sacerdócio é um assunto divino, não humano. O ensina desta forma: Havendo marcado as varas de cada tribo com o nome dos que as haviam oferecido, Moisés as colocou sobre o altar de Deus, de forma que a vara distinguida das outras por um prodígio divino fosse o testemunho da eleição do céu (Nm 17, 6 -11). Feito isto, as varas dos demais permaneceram como estavam, porem a vara do sacerdote, que havia lançado raízes em si mesma não por uma umidade vinda de fora, mas pela força metida por Deus dentro dela, germinou ramos e frutos, e o fruto, - era uma amêndoa-, chegou a amadurecer. Este acontecimento ensinou a todo o povo a permanecer submisso em boa ordem. No fruto que produziu a vara de Aarão, podemos ver como a vida no sacerdócio deve ser continente, severa e dura na manifestação externa da conduta, porem levando por dentro, no oculto e invisível, o fruto que se come, o qual se mostra quando, com o tempo, amadurece o comestível, parte-se a casca rugosa e se abre a envoltura lenhosa do fruto.

Capítulo 45

Se chegasses a saber que a vida de um sacerdote é doce, folgada e cor de rosa, como aqueles que se vestem de linho e púrpura e engordam em mesas esplêndidas (Lc 16, 19), que bebem vinho filtrado, estão ungidos com o melhores perfumes e reúnem para si tudo o que parece suave ao gosto superficial dos que desfrutam de uma vida mole, poderias aplicar com toda exatidão o dito evangélico: olhando o fruto, não reconheço a árvore sacerdotal, pois um é o fruto do sacerdócio e outro muito diferente este (Lc 6, 43-44). Aquele fruto é a continência, este é a moleza; aquele não está alimentado por umidade terrestre, a este regam muitos arroios de prazeres daqui de baixo, graças aos quais nesta hora o fruto de vida se colore de rosa. Uma vez que o povo se tenha purificado também desta paixão, atravessa a vida estrangeira guiando-o a Lei pelo caminho real, sem desviar-se de um lado ou de outro (Nm 20, 17). É perigoso para o caminhante desviar-se para qualquer lado. Quando dois precipícios se estreitam no caminho de um rompente elevado, é perigoso para quem marcha por ele desviar-se para uma parte ou outra, pois o abismo do precipício traga igualmente a quem se desvia de um lado ou de outro; assim a Lei quer que quem segue suas pegadas não abandone o caminho, o qual, como diz o Senhor, é estreito e empinado (Mt 7, 14), isto é, que não se desvie nem à esquerda, nem à direita. Esta palavra, ao definir que as virtudes se encontram no meio, contem este ensinamento: todo vício nasce ou por falta ou por excesso no fazer em relação à virtude. Assim com respeito ao valor, a covardia é uma falta de virtude, e a temeridade um excesso: o que está livre destes extremos se encontra situado no meio dos vícios que se encontram em seus flancos. Isto precisamente é a virtude. Da mesma forma todas as demais coisas se encontram, em sua relação com o bem, no meio de vizinhos perigosos. A sabedoria ocupa o lugar intermediário entre a astúcia e a candura: nem a astúcia da serpente é aprovada, nem a candura da pomba, se tomarmos cada uma delas separadamente em si mesma (Mt 10, 16), pois a virtude consiste na disposição intermediária que modera estas duas. O que está falho de temperança é um libertino, enquanto que quem se excede em sua prática cauteriza a própria consciência, como declara o Apóstolo (1Tm 4, 2): um, de fato, se entregou voluntariamente aos prazeres, enquanto o outro sente horror ante o matrimônio, como se fosse adultério. A disposição intermediária entre estes dois é a temperança. Posto que, como diz o Senhor, este mundo está sob o poder do maligno (1Jo 5, 19), e para quem segue a Lei tudo quanto se opões à virtude - isto é, a maldade - lhe resulta estranho, aquele que marcha através deste mundo levará a bom termo durante sua vida este caminho da virtude, se não perder a grande estrada, pisada e abrandada pela virtude, sem desviar-se pelo vício para caminhos impraticáveis que estão aos lados. Como já foi dito, a tentação do adversário - que, em qualquer situação, encontra ocasiões para desviar-nos para o mal - cresce juntamente com o progresso da virtude. Na hora que o povo cresceu muito na vida segundo Deus é quando o inimigo tenta atacar com outra forma de tentação segundo o uso de melhores estratégias. Estes quando julgam difícil vencer a frente do exército do inimigo, superior em forças, o combatem com emboscadas e enganos. Por esta razão, a estratégia do mal não apresenta frontalmente sua força contra aqueles que estão robustecidos pela Lei e a virtude, mas realiza a tentação veladamente, com emboscadas. Chama agora a magia como aliada para atacar. O relato diz que era um adivinho e um investigador do vôo das aves, o qual tinha um poder daninho contra os adversários, sem dúvida por alguma força dos demônios. Este estava sendo pago pelo chefe dos madianitas para danar com maldições os que viviam para Deus, porem trocou a maldição em benção (Nm 22, 2-35). Nós, por coerência com nossa exegese anterior, interpretamos que nem sequer a magia tem força contra quem vive na virtude; quem está fortalecido pela ajuda de Deus vence toda tentação.

ECCLESIA Brasil

Presidência da CNBB divulga nota sobre a Campanha da Fraternidade Ecumênica 2021

Presidência da CNBB 

Sobre o texto-base da CFE deste ano, os bispos afirmam que a publicação seguiu a estrutura de pensamento e trabalho do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs (CONIC), conselho responsável pela preparação e coordenação da campanha da fraternidade em seu formato ecumênico.

Vatican News

A presidência da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) divulgou, nesta terça-feira, 9 de fevereiro, uma nota na qual esclarece pontos referentes à realização da Campanha da Fraternidade Ecumênica deste ano, cujo tema é: “Fraternidade e Diálogo: compromisso de amor” e o lema: “Cristo é a nossa paz. Do que era dividido fez uma unidade”, (Ef 2,14a).

O documento reafirma a Campanha da Fraternidade como uma marca e, ao mesmo tempo, uma riqueza da Igreja no Brasil que deve ser cuidada e melhorada sempre mais por meio do diálogo. Iluminado pela Encíclica Ut Unum Sint, de 1999, do Papa São João Paulo II, o texto aponta também ser necessário cuidar da causa ecumênica. 

Sobre o texto-base da CFE deste ano, os bispos afirmam que a publicação seguiu a estrutura de pensamento e trabalho do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs (CONIC), conselho responsável pela preparação e coordenação da campanha da fraternidade em seu formato ecumênico. “Não se trata, portanto, de um texto ao estilo do que ocorreria caso fosse preparado apenas pela comissão da CNBB”, aponta a Nota.

No documento, a presidência da CNBB reafirma que a Igreja Católica tem sua doutrina estabelecida a respeito das questões de gênero e se mantém fiel a ela. “A doutrina católica sobre as questões de gênero afirma que ‘gênero é a dimensão transcendente da sexualidade humana, compatível com todos os níveis da pessoa humana, entre os quais o corpo, a mente, o espírito, a alma. O gênero é, portanto, maleável sujeito a influências internas e externas à pessoa humana, mas deve obedecer a ordem natural já predisposta pelo corpo” (Pontifício Conselho para a Família, Lexicon – Termos ambíguos e discutidos sobre família, vida e questões éticas., pág. 673).

A nota informa que os recursos do Fundo Nacional de Solidariedade (FNS) seguem rigorosa orientação, obedecendo não apenas a legislação civil vigente para o assunto, mas também a preocupação quanto à identidade dos projetos atendidos. “Os recursos só serão aplicados em situações que não agridam os princípios defendidos pela Igreja Católica”, reforça a nota.

A presidência da CNBB afirma, no parágrafo final, que apesar de nem sempre ser fácil cuidar das dificuldades levantadas pela realização de uma Campanha da Fraternidade e da caminhada ecumênica e de muitos outros aspectos da ação evangelizadora da Igreja, nem por isso se deve desanimar e romper a comunhão, o que segundo os bispos é uma das maiores marcas dos cristãos. “Não desanimemos. Não desistamos. Unamo-nos”, exorta a presidência da CNBB.

Conheça, abaixo, a íntegra do documento. Aqui a versão em PDF:

NOTA DA PRESIDÊNCIA DA CNBB

Irmãos e irmãs em Cristo Jesus,

“Não apagueis o Espírito, não desprezais as profecias,
mas examinai tudo e guardai o que for bom” (1 Ts 5,21)

1. No exercício de nossa missão evangelizadora, deparamo-nos com inúmeros desafios, diante dos quais não podemos esmorecer, mas, ao contrário, buscar forças para responder com tranquilidade e esperança.
2. Nosso país vive um tempo entristecedor, com tantas mortes causadas pela covid-19, um processo de vacinação que gostaríamos fosse mais rápido e uma população que se cansou de seguir as medidas de proteção sanitária. Nosso coração de pastores sofre diante de tantas sequelas que surgem a partir da pandemia, em especial o empobrecimento e a fome.

A Campanha da Fraternidade 2021 e suas características
3. Em meio a tudo isso e atendendo à solicitação de irmãos bispos, desejamos abordar a Campanha da Fraternidade deste ano. Algumas afirmações têm ocasionado insegurança e mesmo perplexidade.
4. Como sabemos, a Campanha da Fraternidade é uma riqueza da Igreja no Brasil, nascida e amadurecida não sem dificuldades e mesmo sofrimentos. A cada Campanha, o aprendizado se fortalece e se mostra continuamente necessário. Assim acontece com cada tema escolhido e assim acontece quando as Campanhas, desde o ano 2000, são feitas em modo ecumênico.
5. Para este ano, o tema escolhido foi o diálogo, com o tema, portanto, fraternidade e diálogo: compromisso de amor. Trata-se, como explicado nas formações feitas pelo nosso Setor de Campanhas, do recolhimento dos temas anteriores, em especial desde 2018, que tratou da superação da violência, até 2020, quando apresentou-se a proposta cristã do cuidado.
6. Para 2021, conforme aprovação em nossa Assembleia Geral de 2018, a Campanha foi construída ecumenicamente e, conforme costume desde o ano 2000, sob a responsabilidade do CONIC. Nas primeiras reuniões, discerniu-se pelo tema do diálogo, urgência num tempo de polarizações e fanatismos, cabendo então ao CONIC a construção do texto-base. Isso foi feito conforme está explicado na apresentação do mesmo, com detalhamento da equipe elaboradora, na pág. 9.
7. Consequentemente, o texto seguiu a estrutura de pensamento e trabalho do CONIC. Foram realizadas várias reuniões, o texto passou por revisão da assessoria teológica do CONIC, uma assessoria com membros das diversas igrejas, chegando, então, ao que hoje temos. Não se trata, portanto, de um texto ao estilo do que ocorreria caso fosse preparado pela comissão da CNBB, pois são duas compreensões distintas, ainda que em torno do mesmo ideal de servir a Jesus Cristo. O texto-base desse ano, por conseguinte, deve ser assim compreendido, como o foi nas Campanhas da Fraternidade levadas a efeito de modo ecumênico.

Algumas questões específicas
8. Nos últimos dias, reações têm surgido quanto ao texto. Apresentam argumentos que esquecem da origem do texto, desejando, por exemplo, de uma linguagem predominantemente católica. Trazem ainda preocupações com relação a aspectos específicos, a saber, as questões de gênero, conforme os números 67 e 68 do referido texto.
9. A doutrina católica sobre as questões de gênero afirma que “gênero é a dimensão transcendente da sexualidade humana, compatível com todos os níveis da pessoa humana, entre os quais o corpo, a mente, o espírito, a alma. O gênero é, portanto, maleável sujeito a influências internas e externas à pessoa humana, mas deve obedecer a ordem natural já predisposta pelo corpo” (Pontifício Conselho para a Família, Lexicon – Termos ambíguos e discutidos sobre família, vida e questões éticas., pág. 673).

Uma ajuda destacável
10. Já pronto o texto-base, fomos presenteados com a Fratelli Tutti, que recomendamos vivamente seja também utilizada como subsídio para a Campanha da Fraternidade deste ano. Ela estabelece forte conexão entre o tema de 2020 e o de 2021, cuidado e diálogo, e muito ajudará na reflexão sobre o diálogo e a fraternidade.

Coleta da Solidariedade
11. Junto com essas preocupações de conteúdo, surgiu ainda a sugestão de que não se faça a oferta da solidariedade no Domingo de Ramos, uma vez que existiria o risco de aplicação dos recursos em causas que não estariam ligadas à doutrina católica.
12. Lembramos que, em 2019, foi distribuída pelo Fundo Nacional de Solidariedade – FNS a quantia de R$3.814.139,81, fruto da generosidade de nossas comunidades, não se incluindo nessa quantia o que foi destinado aos fundos diocesanos. Em 2020, por causa da pandemia, não ocorreu arrecadação. Somente com a ajuda da instituição alemã Adveniat conseguimos atender a 15 projetos.
13. Sobre isso, recordamos que o FNS segue rigorosa orientação, obedecendo não apenas a legislação civil vigente para o assunto, mas também preocupação quanto à identidade dos projetos atendidos. Desde o início da construção da Campanha da Fraternidade de 2021, temos informado ao CONIC a respeito da dificuldade e até mesmo da impossibilidade de mantermos a estrutura do Fundo de Solidariedade como ocorrido nas Campanhas ecumênicas anteriores. Sobre este ponto, tendo como base a última dessas Campanhas, a de 2016, esta Presidência já manifestou ao CONIC as dificuldades e, por espírito de comunhão e corresponsabilidade, vai conversar sobre o assunto na próxima reunião do CONSEP. A conclusão será informada em seguida.

Desse modo:
14. Em consequência, respeitando a autonomia de cada irmão bispo junto aos seus diocesanos e como não poucos irmãos nos têm solicitado indicações para informar ao povo sobre a CF 2021, consideramos importante que sejam destacados os seguintes aspectos:
1) A Campanha da Fraternidade é um valor que não podemos descartar.
2) Alguns temas, conforme seu modo de ser apresentado, tornam-se mais difíceis que outros.
3) A Igreja tem sua doutrina estabelecida a respeito das questões de gênero e se mantém fiel a ela.
4) Os recursos do Fundo Nacional de Solidariedade serão aplicados em situações que não agridam os princípios defendidos pela Igreja Católica.
5) A causa ecumênica se mantém importante. “Uma comunidade cristã que crê em Cristo e deseja com o ardor do Evangelho a salvação da humanidade não pode de forma alguma fechar-se ao apelo do Espírito que orienta todos os cristãos para a unidade plena e visível … O ecumenismo não é apenas uma questão interna das comunidades cristãs, mas diz respeito ao amor que Deus, em Cristo Jesus, destina ao conjunto da humanidade; e criar obstáculos a este amor é uma ofensa a Ele e ao Seu desígnio de reunir todos em Cristo” (S. João Paulo II, Encíclica Ut Unum Sint, 99)
15. Concluímos lembrando a importância da Campanha da Fraternidade na história da evangelização do Brasil. É nossa marca. Cabe-nos cuidar dela, melhorá-la sempre mais por meio do diálogo, assim como nos cabe cuidar da causa ecumênica, um ideal que se nos impõe. Se nem sempre é fácil cuidar de ambos e de muitos outros aspectos de nossa ação evangelizadora, nem por isso devemos desanimar e romper a comunhão, uma de nossas maiores marcas, um tesouro que o Senhor Jesus nos deixou e do qual não podemos abrir mão. Não desanimemos. Não desistamos. Unamo-nos.

Brasília-DF, 09 de fevereiro de 2021

Dom Walmor Oliveira de Azevedo
Arcebispo de Belo Horizonte (MG)
Presidente da CNBB

Dom Jaime Spengler
Arcebispo de Porto Alegre (RS)
Primeiro Vice-Presidente da CNBB

Dom Mário Antônio da Silva
Bispo de Roraima (RR)
Segundo Vice-Presidente da CNBB

Dom Joel Portella Amado
Bispo auxiliar da arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro (RJ)
Secretário-geral da CNBB

Fonte: CNBB

Vatican News

Qual é a diferença entre proselitismo e evangelização?

Omar Montenegro/Panama 2019/Flickr

A palavra "proselitismo" refere-se ao zelo que alguém despende para converter os outros às suas ideias e especialmente à sua crença religiosa. Os cristãos que se engajam na evangelização se esforçam para desenvolver uma estratégia real para "alcançar" o maior número possível de pessoas. Proselitismo e evangelização, então, são a mesma coisa?

Foi em 1599 que foi fundada em Roma a Congregação pro Propaganda Fide, com o objetivo de “propagar” a fé cristã no mundo, especialmente na América que acabava de ser descoberta. Essa palavra está na origem da palavra “propaganda”, que passou a designar todos os meios implementados para divulgar desde as ideias de um partido político aos benefícios de um tratamento de spa.

Anteriormente, a palavra “prosélito” designava na Grécia um estrangeiro que viera se estabelecer no país e, entre os judeus, um pagão que, após se interessar pela religião de Israel, acabou adotando todas as suas observâncias – incluindo a circuncisão. Posteriormente, a palavra “proselitismo” designou o zelo que alguém desdobra para converter os outros às suas ideias e, em particular, à sua crença religiosa. Hoje, a palavra é frequentemente usada em um sentido depreciativo para estigmatizar a atitude daqueles que traçam estratégias para converter tantas pessoas quanto possível – voluntariamente ou pela força – às suas crenças.

Mas não é isso que os cristãos estão fazendo hoje ao se engajarem na nova evangelização? Eles também se empenham em desenvolver uma estratégia real para “alcançar” o maior número possível de pessoas: eles não hesitam em ir de porta em porta, pregar o Evangelho na rua, distribuir folhetos na saída das entradas do metrô para convidar os transeuntes para um evento religioso. Eles usam todas as técnicas de comunicação modernas para alcançar os que estão próximos e os que estão longe. Qual é a diferença então entre proselitismo e evangelização?

O objetivo da evangelização não é persuadir alguém sobre a excelência de uma doutrina

A diferença essencial vem do fato de que a evangelização não visa antes de tudo persuadir alguém sobre a excelência de uma doutrina, mas fazê-lo encontrar o Cristo vivo, presente no seio de sua Igreja. Também gostamos de fazê-lo descobrir alguns aspectos da Boa Nova que Deus veio nos revelar e porque acreditamos que ele é verdadeiramente nosso Salvador e Senhor!

A segunda diferença é que os cristãos estão convencidos de que somente Deus pode converter corações e que sua conduta não deve contradizer o evangelho que proclamam. A atitude prosélita, em sua aceitação negativa, acredita apenas em seus esforços, busca apenas convencer, sem ceder a Deus, até mesmo o servindo de contraponto. Como alguém pode acreditar na palavra de um cristão, por exemplo, se ele mostra uma irritação ao ver o pequeno número de pessoas que conseguiu alcançar?

Numa noite de inverno, São Francisco de Sales foi pregar em uma paróquia de Chablais (Suíça). Na plateia havia apenas uma pessoa de certa idade. São Francisco faz seu sermão como se uma multidão estivesse ali: gostava de dizer que uma alma era um campo grande o suficiente para semear a palavra de Deus! E foi assim que um pastor protestante foi convertido ao ouvir o sermão dado com entusiasmo na frente de uma única pessoa em uma igreja vazia e fria! A fecundidade de um apóstolo não se mede pelo número de evangelizados!

Aleteia

NOSSA SENHORA DE LOURDES

Nossa Senhora de Lourdes, França   (© Vatican News)

"Vocês não são obrigados a acreditar em mim, mas posso apenas lhes dizer o que vi e ouvi". (Bernadete Soubirous)

Bernadete encontrou Nossa Senhora 18 vezes no local determinado, na gruta de Massabielle, às margens do rio Gave.
Antes de receber a revelação da Virgem, a jovem pastora a chamou "Aquero", que, no dialeto local, significava "Senhora". Maria apareceu-lhe assim: vestida de branco, com um longo véu sobre os ombros, uma faixa azul nos quadris e os pés descalços, cobertos por duas rosas douradas, como o rosário dourado e branco em seu braço.

França, pátria do Positivismo

Não foi por acaso que a Providência escolheu o lugar para aquelas manifestações marianas repentinas.
Encontramo-nos na França, no século XIX, onde triunfava a filosofia positivista, segundo a qual o homem, em sua bondade ou, pelo contrário, em sua maldade, estava totalmente determinado de ser inserido em uma sociedade precisamente boa ou má.
Em Lourdes, Maria reverte tudo isso, recordando a existência do pecado original e do livre arbítrio. Por isso, antes de agir na sociedade, dizia Maria, era preciso agir no coração humano. Era preciso converter-se.

11 de fevereiro de 1858

Para lançar sua mensagem de oração e caridade ao mundo, Nossa Senhora escolheu Bernadete, uma pastora de 14 anos. Fazia muito frio, naquele dia, em Lourdes. Então a jovem, com sua irmã e uma amiga, foi catar lenha nas proximidades da gruta de Massabielle. Ficando para trás, sentiu, de repente, uma ventania, que, porém, não balançava as árvores. Depois, viu uma grande luz, em meio à qual estava a figura cândida de uma jovem mulher. Aquela Senhora não falou com ela, mas lhe ensinou a fazer corretamente o sinal da cruz e, juntas, em silêncio, rezar o Terço. No final da oração, a visão desapareceu.

"Eu sou a Imaculada Conceição"

Três dias depois, em 14 de fevereiro, Bernadete sentiu um desejo irresistível de voltar à gruta, mas levou consigo água benta. Quando a Senhora apareceu, ela tentou aspergi-la. Mas a Virgem ficou inerte e, sorrindo, começou a rezar o Terço novamente com ela.
Era o dia 18 de fevereiro, a primeira vez que a Senhora conversou com Bernadete, fazendo-lhe o seguinte pedido: voltar ali por 15 dias, pedir aos padres para irem àquele lugar em procissão e ali construir uma igreja.
Em 25 de fevereiro, a Senhora pediu a Bernadete para comer a grama e escavar um buraco: assim, começou a brotar a água da nascente milagrosa, na qual os enfermos ainda hoje se emergem, pedindo a sua cura.
Finalmente, em 25 de março, dia da Anunciação, Nossa Senhora revelou-se, dizendo: "Eu sou a Imaculada Conceição"! Bernadete transmitiu esta frase ao pároco. Uma pastora não podia saber que o Dogma da Imaculada Conceição de Maria havia sido proclamado, apenas quatro anos antes, pelo Papa Pio IX.
Maria revelou muitas coisas a Bernadete em suas aparições, mas, sobretudo, propôs a ela e ao mundo o “Céu e a santidade”, como únicos objetivos da vida terrena, como também a penitência, para eliminar o pecado do mundo.

Santuário mariano internacional de Lourdes

As aparições de Lourdes atraíram para Massabielle, desde o início, muitos curiosos, com sua bagagem inevitável de ceticismo. Até Bernadete foi submetida a exames médicos e interrogada pelas autoridades eclesiásticas. Somente assim Maria permitiu a realização de acontecimentos prodigiosos para que as pessoas acreditassem.
Ali foi construída uma igreja e, em 1862, com uma Carta Pastoral, o Bispo de Tarbes consagrou Lourdes como Santuário mariano internacional.

Vatican News

São Castrense

São Castrense | ArqSP
Castrense viveu no século V, era cristão e bispo de Cartagine, atual Tunísia, África. Durante a invasão dos Vândalos, comandados pelo rei Genserico, ele foi lançado ao mar, junto com outros sacerdotes e fiéis, dentro de um velho navio desprovido de velas, remos e leme. Com certeza, o intuito era que morressem afogados, mas milagrosamente ele sobreviveu, desembarcando na costa italiana, próxima a Nápolis.

Pelos registros, ele retomou sua missão apostólica e logo se tornou bispo de Castel Volturno. Depois, de acordo com o antiqüíssimo "Calendário Marmóreo" de Nápolis, ele também foi eleito bispo de Sessa, aceitando a difícil tarefa de conduzir os dois rebanhos, os quais guiou com amor e zelo paternal. Castrense era humilde e carismático, penitente e caridoso, durante a sua vida patrocinou dois episódios prodigiosos, registrados nos arquivos da Igreja: libertou um homem possesso pelo demônio e salvou um navio cheio de passageiros de uma grande tempestade.

Assim, a fama de santidade já o acompanhava, quando morreu como mártir de Jesus Cristo, em 11 de fevereiro de 450, em Sessa, Nápolis. Logo passou a ser venerado pela população em toda Campânia e em muitas outras cidades, inclusive na África.

As relíquias do Santo, foram transferidas, antes do século XII, de Sessa para Cápua e depois por determinação de Guilherme II o Bom, último rei normando da Sicília, foram enviadas para Monreale. Em 1637, foram transladadas para a Capela anexa à Catedral de Monreale, em uma urna de prata com uma placa onde se pode ler "São Castrense, eterno baluarte da cidade de Monreale".

As mais recentes informações sobre este Santo de origem africana, datam de 1881, e foram encontradas durante as escavações arqueológicas na gruta de Calvi, próximas de Monreale. São pinturas do século VII que retratam o bispo Castrense, nas duas dioceses e ao lado de outros mártires da mesma época e região.

Mas ainda hoje encontramos o efeito da sua presença na Catânia, seja na pequena região que leva o nome de São Castrense, seja nas diversas igrejas e no convento feminino beneditino erguido ao lado da Catedral, sendo tudo dedicado à sua memória. Inclusive nas manifestações de sua devoção quando da comemoração de sua passagem no dia 11 de fevereiro. Data oficializada pela Igreja, quando reconheceu o seu martírio e declarou o bispo Castrense, Santo e padroeiro da cidade de Monreale. Neste dia a sua estátua segue em procissão da Catedral de Monreale, indo para a de Sessa e retornando após o culto litúrgico. Dizem os devotos que durante este trajeto muito graças são alcançadas por sua intercessão.

*Fonte: Pia Sociedade Filhas de São Paulo Paulinas http://www.paulinas.org.br

Arquidiocese de São Paulo

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2021

PAIS DA IGREJA: Sobre a Vida de Moisés (Parte 17/20)

São GREGÓRIO DE NISSA

(Aprox. 330-395)

Sobre a Vida de Moisés

Tradução segundo a Patrologia Grega de Migne
com base na versão de D. Lucas F. Mateo

História de Moisés

Capítulo 42

Porém ele estava tão longe de participar da enfermidade que curou a doença de quem havia adoecido. Não só permaneceu quieto, sem se deixar levar pela vingança contra os que o haviam ferido, mas aplacou a Deus em favor deles, mostrando com sua ação - penso - que quem se encontra bem protegido com o escudo da virtude não é arranhado pelas pontas dos dardos. Ele, com efeito, engrossa a ponta das armas, e a solidez da armadura as faz voltar para trás. A armadura que protege destes dardos é o mesmo Deus, do qual se reveste quem combate pela virtude. Revesti-vos, diz, de nosso Senhor Jesus Cristo (Rm 13, 14 e Ef 6, 13), isto é, da armadura completa, sem fissuras. Moisés, bem protegido por ela, tornou ineficaz o malvado arqueiro. Com efeito, nem ele foi presa de um impulso de vingança contra os que o haviam feito dano, nem depois de eles serem condenados por um juiz irrepreensível, ignorou o que é justo segundo a natureza, mas se fez suplicante diante de Deus em favor dos irmãos. Certamente não haveria de ter feito isso se não tivesse estado atrás de Deus, que lhe havia mostrado suas costas como guia seguro da virtude. As coisas que seguem são parecidas. Posto que o inimigo natural dos homens não encontrou nele campo para o dano, volta a guerra contra os mais fáceis de caçar. E tendo lançado no povo, como um dardo, a paixão da gula, preparou-os para comportar-se ao modo egípcio no que concerne ao paladar, fazendo-os preferir as ansiadas carnes do Egito àquele alimento celestial. Porem ele, mantendo sua alma no alto, sobrevoava acima de semelhante paixão e estava todo inteiro pendente da herança futura, prometida por Deus aos que saíssem do Egito espiritual e marchassem para aquela terra na qual mana leite misturado com mel. Por esta razão constituiu exploradores que informassem dos bens daquela terra. Os portadores de boas esperanças são, a meu ver, as considerações nascidas da fé, que fortalecem a esperança com os bens que estão preparados; os que causam a desilusão das melhores esperanças são os pensamentos que provêm do inimigo, os quais debitam a fé na promessa. Sem levar em conta nenhuma palavra dos adversários, Moisés julgou digno de fé quem dava as melhores referências acerca daquela terra. Josué era o chefe da melhor exploração e o que com sua autoridade dava credibilidade às notícias. Ao vê-lo, Moisés teve como indubitáveis as esperanças destes bens futuros, tomando o ramo de uvas, transportado por ele em varas, como sinal das riquezas dali (Nm 13, 24). Evidentemente, ao ouvir que Jesus revela aquela terra e que levanta o ramo de videira no madeiro, entendes que coisa confirmava Moisés nas esperanças. O ramo de uvas pendurado no madeiro que outra coisa designa senão o ramo pendente do madeiro nos últimos dias, cujo sangue se converte em bebida salvadora para os crentes? Moisés nos anunciou isto como símbolo, dizendo: Bebiam vinho, sangue da uva (Dt 32, 14), referindo-se por meio disto à Paixão salvadora. Novamente o caminho através do deserto. O povo, que havia perdido a esperança nos bens da promessa, se vê incomodado pela sede.

Capítulo 43

Moisés novamente inunda o deserto para eles por meio da pedra (Nm 20, 2-11 e Ex 17, 1-7). Este relato, em sua interpretação espiritual, nos ensina como é o sacramento da penitência. Com efeito, aqueles que depois de haver experimentado a água da pedra se voltam para o ventre, a carne e os prazeres egípcios, são castigados com a ânsia da participação dos bens. Porem graças ao arrependimento lhes é possível encontrar de novo a rocha que abandonaram, e abrir de novo o veio de água e saciar-se novamente da fonte. A pedra o outorga isto àquele Moisés que acreditou que a exploração de Josué era mais verdadeira que a de seus adversários, que via o ramo de uvas (Jo 15, 1) pendente em nosso favor, e que de novo fez com a vara que a pedra manasse para eles. O povo ainda não havia aprendido a seguir as pegadas da grandeza de Moisés. Ainda se deixa arrastar para baixo, para os desejos servis, e se inclina aos prazeres egípcios. O relato mostra através destas coisas que a natureza humana é propensa a esta paixão acima de todas as demais, capaz de sucumbir à enfermidade por mil caminhos. Moisés, como médico que impede com sua arte que o mal vença sempre, não permite que a enfermidade predomine sobre eles a ponto de causar a morte (Nm 21, 6-9). Posto que a concupiscência de coisas absurdas engendrou serpentes cuja mordida era portadora de morte ao introduzir o veneno em quem era alcançado por seus dentes, o grande Legislador neutralizou com a imagem de uma serpente a força das feras verdadeiras. Talvez seja tempo de revelar mais claramente o enigma. Existe uma só proteção contra estas perversas paixões: a purificação de nossas almas que tem lugar através do mistério da piedade. Entre as coisas que cremos no mistério, é ponto capital a fé na Paixão Daquele que por nós aceitou o padecimento. A cruz, com efeito, é um padecimento; quem olha para ela, como explica o relato, não é atingido pelo veneno da concupiscência (Nm 21, 9 e Jo 3, 15). Olhar para a cruz não é outra coisa que converter a vida inteira de cada um em crucificação e morte ao mundo (Ga 6, 14), inamovível por qualquer pecado, crucificando verdadeiramente as próprias carnes com o temor de Deus, como diz o profeta (Sal 119, 120). O cravo que sujeita a carne é a continência. E posto que a concupiscência de coisas absurdas faz sair da terra serpentes portadoras de morte, - todo rebento da concupiscência é uma serpente-, a Lei nos mostra o que se revela no madeiro. Este é figura de serpente, porem não é serpente, como também disse o grande Paulo: Em semelhança da carne de pecado (Rm 8, 3). A verdadeira serpente é o pecado; quem marcha junto do pecado se reveste da natureza da serpente. Assim pois, o homem é libertado do pecado por aquele que tomou sobre si a aparência de pecado e se fez igual a nós que nos havíamos transformado em imagem da serpente. Por ele é evitada a morte proveniente das mordidas, porem não são aniquiladas as feras. Chamo feras à concupiscência. Com efeito, a má morte dos pecadores não tem força contra aqueles que olham para a cruz, ainda que a concupiscência contra o espírito, que está metida dentro da carne, não tenha sido destruída de tudo (Ga 5, 16-17). Também os crentes se deixam sentir muitas vezes as mordidas da concupiscência, porem quem olha para aquele que foi levantado no madeiro evita a paixão, dissolvendo o veneno com o temor do preceito, como se fosse um antídoto.

ECCLESIA Brasil

Como a cruz passou a ser o símbolo do cristianismo

Brian A Jackson | Shutterstock
por Lucien de Guise

Os primeiros cristãos hesitavam em usar um crucifixo, que consideravam degradante, na prática de sua fé.

Por dois séculos, os seguidores da nascente fé cristã evitaram fazer do instrumento da morte de Cristo uma medalha de honra. Muitos não católicos ainda comparam o uso de um crucifixo com algo como pendurar o símbolo de uma cadeira elétrica em volta do pescoço.

O crucifixo era visto como degradante

Assim também teriam pensado as primeiras comunidades cristãs. A crucificação era uma forma de execução destinada a ser excruciante e humilhante. Era uma degradação pública deliberada. Para os cristãos convertidos que vinham de formação judaica, a figura de um Deus crucificado era pior do que degradante: era contra séculos de sua religião e cultura.

No começo havia “a Palavra”

Cristo amava as palavras e contava histórias. “Eu sou o Alfa e o Ômega” é uma expressão usada várias vezes no Novo Testamento. Como o grego era a língua franca do Mediterrâneo oriental, os primeiros cristãos usaram o alfabeto grego para criar um símbolo escrito pelo qual podiam se identificar. As palavras também eram poderosas em hebraico. Até hoje, a palavra hebraica para Deus (abreviada para YHWH) raramente é falada ou escrita por completo. É referida como “O Nome”.

Os primeiros cristãos eram igualmente reticentes em promover o nome da imagem de Deus. “Peixe” foi sua primeira escolha como referência a Cristo. Em parte porque seu Salvador falou em ser um “pescador de homens”, e também porque a palavra grega para peixe (ichthus) pode ter um duplo significado: Jesus (Iesos) Cristo (Christos) de Deus (theou) Filho (uios) Salvador (soter).

Jogos de palavras com o nome de Cristo são discutidos com mais frequência do que as referências à Sua cruz. Isso mostra a importância do símbolo, antes de ser representado fisicamente. Por volta do ano 200, o teólogo Hipólito escreveu sobre fazer o sinal da cruz na testa “pois este é um sinal da Sua Paixão”. Logo depois, passou a ser recomendado como remédio para picadas de escorpião. A ideia da cruz havia claramente se consolidado.


O estaurograma

Um candidato à representação física mais antiga da cruz de Cristo é o estaurograma. Composto pelas letras gregas Tau e Rho, seu som lembrava a palavra grega para crucificar, “stauroo”. Usado principalmente em textos escritos do século 2, ele na verdade se assemelha a uma pessoa em uma cruz.

Aleteia

O Símbolo Chi Rho

Um pouco mais difundido era o símbolo Chi Rho, que combinava as duas primeiras letras do nome de Cristo em grego para formar uma imagem que parecia menos com uma cruz do que com o estaurograma. O Chi Rho é mais parecido com o símbolo papal das chaves cruzadas. Isso não é coincidência, já que os papas continuam a usar os dois. Esses símbolos transmitem um pouco do esplendor imperial de Constantino, o Grande, que primeiro adotou o Chi Rho.

Inscrições ou imagens sagradas?

À medida que o cristianismo viajou para o oeste, encontrou culturas que não apenas gostavam de imagens esculpidas, mas frequentemente não tinham linguagem escrita. O primeiro exemplo é, notoriamente, um tipo de graffiti de um semianalfabeto anônimo em Roma. Certamente não foi feito pela mão de um cristão e há muitos motivos para duvidar dessa imagem. Pode ser considerada uma crucificação, mas não a crucificação de Jesus.

Datar corretamente muitas dessas supostas cenas de crucificação é outro problema. Pensa-se que uma pedra preciosa esculpida no Museu Britânico pode ser a imagem não blasfema mais antiga da crucificação. É um item preocupante, no entanto. O amuleto pode ter sido produzido por uma seita herética e mostra claramente Cristo preso à cruz com cordas em vez de pregos.

O caixão de marfim representando a crucificação de Cristo

Meu símbolo favorito como a primeira representação inequívoca da morte de Nosso Senhor é um caixão de marfim, feito em Roma por volta de 420. Ele tem todos os atributos que reconheceríamos hoje. Maria e São João choram ao pé da cruz, enquanto o soldado romano Longinus está perfurando o tronco de Cristo. A vítima está presa com pregos. Podemos ainda ver o arrependido Judas pendurado em uma árvore. O mais convincente de tudo é que nos traz de volta à palavra escrita. Acima da cabeça do homem crucificado está metade do título em latim que conhecemos tão bem: “Rei dos Judeus”.

Aleteia

90 anos da Rádio Vaticano: as palavras dos Pontífices

Os Papas e a Rádio Vaticano na pintura da Sala Marconi,
na sede da Rádio, Palácio Pio 

Por ocasião do aniversário da nossa emissora, recordamos as palavras dos Papas nos microfones da Rádio. Dos apelos à paz às reflexões sobre comunicação. A voz dos Papas desde Pio XI a Francisco.

Vatican News

Oito pontífices em 90 anos falaram nos microfones da Rádio Vaticano, a "rádio do Papa", lembrando frequentemente, em aniversários e em reuniões com funcionários, sua missão evangelizadora e sua capacidade de unir os fiéis de todo o mundo e das comunidades mais isoladas. Uma voz de paz e amor que há quase um século acompanha os acontecimentos da humanidade desde 12 de fevereiro de 1931. A seguir apresentamos a voz dos Papas nos microfones da Rádio Vaticano, desde Pio XI até Francisco. 

Pio XI e os primórdios da Rádio Vaticano

Foi o inventor do rádio Guilherme Marconi, encarregado pelo Papa Pio XI, o responsável pela execução da estação de rádio e foi o primeiro a falar no microfone, deixando logo a palavra para o Pontífice, que gravou esta primeira radiomensagem em latim:

Sendo, pelo misterioso desígnio de Deus, Sucessores do Príncipe dos Apóstolos, isto é, daqueles cuja doutrina e pregação por ordem divina é destinada a todos os povos e a toda criatura (Mt 28, 19; Mc 16, 15), e podendo nos valer por primeiro desta admirável invenção de Marconi, Nos dirigimos antes de tudo a todos os homens.

Pio XII e o seu apelo à paz

Em 24 de agosto de 1939, uma semana antes da invasão da Polônia pela Alemanha nazista, o Papa Pio XII gravou uma radiomensagem dirigida aos governantes e aos povos avisando "o perigo de guerra é iminente". "Nada se perde com a paz. Tudo pode ser perdido com a guerra", são suas históricas e proféticas palavras.

João XXIII e a fraternidade entre os povos

Era 1961, o ano que começou com o juramento de John Fitzgerald Kennedy, com a estreia dos Beatles, e terminou com a intervenção dos EUA no Vietnã. Em 12 de fevereiro, o Papa João XXIII fez um discurso por ocasião do 30º aniversário da Rádio Vaticano, um exemplo de técnica a serviço da fraternidade dos povos.

Paulo VI e a voz de consolação para os fiéis

Em 27 de fevereiro de 1971, o Papa Paulo VI encontra-se com os funcionários da Rádio Vaticano para o 40º aniversário de sua fundação e recorda a importância de chegar aos fiéis em todas as partes do mundo.

João Paulo I e seu encontro com a imprensa internacional

Em setembro de 1978 foram assinados os Acordos de Camp David entre Israel e Egito nos EUA. Alguns dias antes, em 1º de setembro, João Paulo I encontrou-se com representantes da imprensa internacional e lembrou o compromisso de divulgar as notícias sobre a Igreja.

João Paulo II: informação, evangelização, catequese

Em agosto de 1980 nasceu o sindicato Solidarnosc na Polônia após uma greve nos estaleiros de Gdansk. Em 5 de março daquele ano, o Papa João Paulo II visitou as instalações da Rádio Vaticano e recordou a missão da Rádio a partir de seu lema: Laudetur Iesus Christus

Bento XVI e os ouvintes: a família de Deus

Aproximando-se aos nossos dias, em 3 de março de 2006, por ocasião do 75º aniversário de fundação da Rádio Vaticano, Bento XVI visitou as instalações do Palazzo Pio. Do estúdio o Papa se dirigiu diretamente aos ouvintes, uma família de Deus que não conhece fronteiras.

Francisco: comunicar-se como testemunhas de Cristo

Após a reforma da mídia do Vaticano em 2015 desejada pelo Papa Francisco, a Rádio Vaticano começou a fazer parte do novo Dicastério para a Comunicação. Comunicar é testemunhar, recorda Francisco Em 23 de setembro de 2019, na plenária do dicastério.

Vatican News

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF