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quarta-feira, 8 de junho de 2022

Santo Efrén o Sírio

S. Efrém | Templário de Maria

Hino Contra Bar Daisan

Santo Efrém da Síria (~306-373), conhecido como «A Lira do Espírito Santo», pela beleza e profundidade de suas poesias, se preocupou em refutar os erros que, pouco mais de um século antes, o doceta Bar Daisan (~154-222) havia propagado por meio de seus populares hinos, tratando de unir seus conhecimento de ocultismo com o cristianismo, e que seus seguidores, na época de Efrém, continuavam difundindo.

Há um Ser, que se conhece a Si mesmo
e se vê a Si mesmo.

Ele habita em Si mesmo
e a partir de Si mesmo se desdobra.

Glória ao seu Nome.

Este é um Ser que,
por sua própria vontade,
está em todo lugar,
é invisível e visível,
manifesto e escondido.

Ele está em cima e embaixo.
Familiar e condescendente
por sua graça entre os pequenos;
mais sublime e mais exaltado que os importantes,
como convém à sua glória.

O veloz não pode exceder sua presteza,
nem o retardatário ir além da sua paciência.

Ele está antes de tudo e depois de tudo,
em meio a tudo.

Ele é como o mar,
e toda a criação se move n'Ele.

Como as águas envolvem os pés
em todos seus movimentos,
assim o Criador está vestido com toda a criatura,
com o grande e o pequeno.

E como os pés estão escondidos na água,
assim estão escondidos em Deus
a altura e a profundidade,
o distante e o próximo,
e os seus habitantes.

E como a água se encontra com os pés
onde quer que vão,
assim Deus se encontra com todo o que caminha.

E como a água toca o peixe em cada volta que faz,
assim Deus acompanha e observa
cada homem em todos seus atos.

Os homens não podem mover a terra,
que é seu carro,
assim tampouco ninguém
se afasta do Único Justo, que é seu sócio.

O Único Bom está unido ao corpo,
e é a luz dos olhos.

Um homem não é capaz de escapar de sua alma,
pois ela está com ele.

Nem tampouco há homem escondido do Bom,
pois Ele o envolve.

Como a água envolve o peixe e este o sente,
assim também todas as naturezas sentem a Deus.

Ele se difunde no ar,
e com teu alento ingressa no mais íntimo de ti.

Ele está unido à luz,
e ingressa quando tu vês, por teus olhos.

Ele está unido ao teu espírito,
e te examina a partir de dentro, para saber quem és.

Ele habita em teu espírito,
e nada do que está no teu coração lhe é oculto.

Como a mente precede o corpo em todo lugar,
assim Ele examina tua alma antes de tu a examinares.

E como o pensamento precede em muito o ato,
assim seu pensamento conhece de antemão
o que tu planejarás.

Comparado com sua impalpabilidade,
tua alma é corpo e teu espírito carne.

Ele, que te criou,
é alma de tua alma,
espírito de teu espírito,
distinto de tudo,
e unido a tudo,
e manifesto em tudo,um grande prodígio
e um esconderijo maravilhosamente insondável.

Ele é o Ser cuja essência
nenhum homem é capaz de explicar.

Este é o Poder cuja profundidade é inexpressável.

Entre as coisas visíveis e entre as coisas ocultas,
não há nada que se compare a Ele.

Este é Aquele
que criou e formou do nada tudo o que és.

Deus disse:
- Faça-se a luz!
Uma coisa criada.
Ele fez a escuridão e se fez a noite.

Observa: uma coisa criada.
Fogo nas pedras,
água nas rochas:
o Ser os criou.

Há um Poder que os tirou do nada.

Contempla, também hoje,
o fogo não está armazenado na terra.

Olha! É continuamente criado
por meio de pederneiras.

É o Ser quem ordena sua existência
por meio d'Ele mesmo, que o sustenta.

Quando Ele quer, o acende,
quando Ele quer, o apaga,
para chamar à atenção ao obstinado.

Em uma grande alameda
se acende o fogo pela fricção de um madeiro.

A chama consome,
se move forte,
e ao final se apaga.

Se fogo e água são seres e não criaturas,
então, antes que a terra fosse,
onde estavam ocultas suas raízes?

Quem quiser destruir sua vida,
abra sua boca para falar de tudo.

Quem quiser odiar a si mesmo
e não se circunscrever a Deus
pensa ser uma grande impiedade
alguém crer em um erudito.

E se pensa que disse a última palavra,
alcançou o Paganismo.

Ó Bar Daisan,
filho do rio Daisa,
cuja mente é líquida como seu nome!

Mais sobre Santo Efrén, o Sírio, em SOPHIA.

FONTE:

VE Multimedios \ Veritatis Esplendor

Tradução: Carlos Martins Nabeto

https://www.ecclesia.org.br/

Arquidioceses espanholas querem fim do celibato, ordenação de mulheres e aceitação de uniões do mesmo sexo

Logo do Sínodo da Sinodalidade

BARCELONA, 07 jun. 22 / 03:36 pm (ACI).- Duas arquidioceses espanholas querem propor ao Sínodo sobre a Sinodalidade de 2023 a abolição do celibato sacerdotal, a ordenação de mulheres e mudança na moral sexual da Igreja. A arquidiocese de Saragoça propõe "acompanhar e acolher todos os modelos de família (cristãos divorciados recasados civilmente, homossexuais...)" e “revisar e esclarecer alguns ensinamentos sobre a moral pessoal, renovando a moral sexual e familiar, à luz dos sinais dos tempos”.

A arquidiocese de Barcelona, do arcebispo Juan José cardeal Omella Omella, atual presidente da Conferência Episcopal Espanhola (CEE), quer "uma Igreja que adapte os diferentes ministérios, abrindo a possibilidade de celibato facultativo ou a possibilidade de acesso ao sacerdócio de homens casados (como já acontece nas Igrejas do mundo oriental latino-católico)”.

O Sínodo dos Bispos, que terá como tema “Por uma Igreja sinodal: comunhão, participação e missão”, será em outubro de 2023 no Vaticano.

A preparação para o Sínodo tem três etapas. A primeira, feita em nível diocesano, aconteceu entre outubro de 2021 e abril de 2022.

Uma segunda fase será "continental", e ocorrerá entre setembro de 2022 e março de 2023.

A terceira etapa, da "Igreja Universal", ocorrerá quando a secretaria geral do Sínodo enviar aos participantes da Assembleia Sinodal, que se reunirá no Vaticano em outubro de 2023, o texto do segundo Instrumentum Laboris, ou documento do Sínodo.

A arquidiocese de Baarcelona publicou a "Síntese da fase diocesana do Sínodo 2021-2023", publicada em 29 de maio de 2022.

Na seção "Perspectivas: próximos passos a que o Espírito nos convida", o documento diz que o papel "das mulheres deve ser fortalecido, avançando no reconhecimento real e efetivo da igualdade e dignidade de todos os batizados, especialmente delas, (...) e que se avance na reflexão sobre o acesso delas ao diaconato e, se possível, magisterialmente, ao presbiterado”.

Entre os grupos que participaram da fase diocesana em Barcelona está a Associação Cristã de Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transexuais da Catalunha, que se define em seu site como "um espaço de encontro ecumênico para todos os cristãos LGBT que desejam compartilhar suas experiências, viver sua fé e sua homossexualidade com naturalidade, promovendo o crescimento integral do ser humano".

Segundo o documento da arquidiocese de Barcelona, ​​​​que atende mais de 2 milhões de fiéis católicos, foram recolhidas contribuições de "cerca de 7 mil pessoas" para a preparação das propostas.

A arquidiocese de Saragoça, cuja catedral-basílica de Nossa Senhora do Pilar abriga a coluna sobre a qual a Virgem Maria, segundo a tradição, apareceu ao Apóstolo Santiago por volta do ano 40 depois de Cristo, em plena evangelização da atual Espanha, propõe “abrir o diálogo e o debate teológico sobre o acesso das mulheres aos ministérios, incluindo o diaconato e o sacerdócio”.

As propostas recolhidas em cada diocese foram enviadas à Conferência Episcopal Espanhola, que por sua vez preparará um resumo que será apresentado oficialmente no sábado, 11 de junho.

Fonte: https://www.acidigital.com/

O Papa: a Igreja na Amazônia testemunha a sinodalidade

Amazônia Legal | Vatican News

Francisco se alegra pelo compromisso "das Igrejas Particulares da Amazônia Brasileira, por meio de suas comunidades, em levar adiante as indicações da última Assembleia Sinodal, testemunhando ao mesmo tempo, pela já enraizada e bela tradição dos encontros das Igrejas Locais, a vivência da sinodalidade – como expressão de comunhão, participação e missão – à qual toda a Igreja é chamada".

Vatican News

O Papa Francisco enviou uma carta aos participantes do IV Encontro da Igreja Católica na Amazônia Legal – 50 anos do Encontro de Santarém (1972 – 2022). O evento teve início nesta segunda-feira (06/06) e prossegue até o próximo dia 9, no Seminário Pio X, em Santarém (PA), com o objetivo de celebrar e recordar o Documento de Santarém que, 50 anos atrás, traçou linhas pastorais importantes para a missão da Igreja na Amazônia.

"Com o coração repleto de alegria e esperança, dirijo-me a todos os participantes do IV Encontro da Igreja Católica na Amazônia Legal, pois é motivo de especial alento para mim saber que sonhamos juntos “com comunidades cristãs capazes de se devotar e encarnar de tal modo na Amazônia, que deem à Igreja rostos novos com traços amazônicos”. Ao mesmo tempo, saber que esse encontro faz memória daquele ocorrido nesse mesmo local há 50 anos, é ocasião de intensa ação de graças ao Altíssimo pelos frutos da ação do Divino Espírito Santo na Igreja que está na Amazônia – durante estas últimas 5 décadas – e por quanto a mesma inspira", escreve o Papa na mensagem.

Francisco recorda que "aquele “Encontro de Santarém” propôs linhas de evangelização que marcaram a ação missionária das comunidades amazônicas e que auxiliaram na formação de uma sólida consciência eclesial. As intuições daquele encontro serviram também para iluminar as reflexões dos padres sinodais, no recente Sínodo para a região Pan-Amazônica, como recordei na Exortação Apostólica Pós-Sinodal Querida Amazônia, ao descrevê-lo como uma das “expressões privilegiadas” do caminhar da Igreja com os povos da Amazônia. De fato, nas conhecidas “linhas prioritárias”, frutos do recordado encontro, encontram-se esboçados os sonhos para a Amazônia que foram reafirmados no último sínodo".

O Papa se alegra pelo compromisso "das Igrejas Particulares da Amazônia Brasileira, por meio de suas comunidades, em levar adiante as indicações da última Assembleia Sinodal, testemunhando ao mesmo tempo, pela já enraizada e bela tradição dos encontros das Igrejas Locais, a vivência da sinodalidade – como expressão de comunhão, participação e missão – à qual toda a Igreja é chamada". Francisco recorda "com carinho e gratidão a participação intensa dos que vieram do Brasil a Roma trazendo vitalidade, força e esperança para as sessões do Sínodo de 2019".

"Sejam corajosos e audaciosos", exorta Francisco, "abrindo-se confiadamente à ação de Deus que tudo criou, nos deu a si mesmo em Jesus Cristo, e nos inspira através do Espírito a anunciar o Evangelho com novo empenho e a contemplar a beleza da criação, ainda mais exuberante nessas terras amazônicas, onde se experimenta a presença luminosa do Ressuscitado".

"Ao depositar tais votos aos pés de Nossa Senhora de Nazaré, Rainha da Amazônia – que jamais nos abandona nas horas escuras, envio-lhes, queridos irmãos e irmãs, de todo o coração, a Benção Apostólica, pedindo também que, por favor, continuem a rezar por mim e pela missão que o Senhor me confiou", conclui o Papa.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

terça-feira, 7 de junho de 2022

Garrafa do molho “Tabasco” fica escondida em pintura da Última Ceia por 15 anos

KATC | YouTube | Fair Use
Por J-P Mauro

Só agora o pequeno objeto chamou a atenção da maioria dos fiéis.

Um pequeno elemento inserido em uma pintura da Última Ceia está chamando a atenção numa igreja da Louisiana, EUA. A obra de arte, que retrata Cristo sentado entre seus discípulos, também apresenta uma pequena garrafa do que parece ser molho da marca “Tabasco”.

A pintura adorna a parede da igreja católica de São José há 15 anos, mas poucos notaram o pequeno objeto na cena até agora. A KATC entrevistou o Pe. Bryce Sibley, que encomendou o trabalho quando era pároco da igreja. Ele achava que as pessoas estavam cientes da garrafa de Tabasco, e ficou surpreso ao vê-la só agora nas manchetes.

“Há um humor. Jesus era bem-humorado. Há humor nas escrituras. Muitas vezes eu acho que ser engraçado é uma ótima ferramenta para a evangelização. Se as pessoas vão à igreja só para ver isso, talvez elas se sentem e tirem um tempinho para orar… Quem sabe, as pessoas podem ser trazidas de volta à igreja”, disse Pe. Sibley.

https://youtu.be/rQEDHWVz3bA

Confirmação

Nem mesmo o atual pároco, Pe. Nicholas DuPré, havia notado a garrafa de Tabasco na pintura da Última Ceia. Segundo o USA Today ele só foi procurá-la quando recebeu uma mensagem de Shane Bernard, que trabalha para a empresa a Tabasco. Bernard tinha ouvido rumores de que uma garrafa de Tabasco estava nesta pintura da Última Ceia e desejava confirmar.

O Padre DuPré disse que teve que pegar uma escada para poder ver de perto a pintura, que foi colocada perto do teto da igreja. DuPré rapidamente foi ao Facebook, onde anunciou que não havia rumores, havia, de fato, uma garrafa de molho Tabasco no quadro.

“Acho que isso nos dá um lado humano do que fazemos. Como católicos, temos uma refeição no coração da forma como adoramos a Deus. Portanto, vejo isso como um casamento belo e bem-humorado de nossa cultura católica e da cultura cajun local”, comentou o Pe. DuPré.

A resposta da Tabasco

Não demorou muito para que os fabricantes do molho mundialmente famoso reconhecessem a honra. Em agradecimento, eles enviaram ao Pe. DuPré uma grande garrafa de Tabasco. Com bom humor, o padre compartilhou a gentileza com seu rebanho nas mídias sociais.

ALETEIA

Fonte: https://pt.aleteia.org/

Em parceria com TSE, CNBB assina termo de cooperação para as Eleições 2022

TSE

EM PARCERIA COM TSE, CNBB ASSINA TERMO DE COOPERAÇÃO EM PROL DO DIÁLOGO E DA PAZ NAS ELEIÇÕES 2022

Em busca do diálogo saudável e do livre trânsito de ideias e propostas dentro do processo eleitoral das Eleições 2022, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) procura canais de diálogo com as mais diversas instituições públicas e privadas do país.

Para dar seguimento a esse objetivo, o TSE e representantes de diversas entidades religiosas, entre elas a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), assinaram nesta segunda-feira, 6 de junho, acordos de cooperação para realizar ações e projetos no sentido de preservar a normalidade e o caráter pacífico do pleito de outubro.

Ministro Luiz Edson Fachin, presidente do TSE

Na ocasião, o ministro Luiz Edson Fachin, presidente do TSE, saudou a todos os presentes pela pronta disposição em colaborar de maneira “irmanar com uma causa fundamental e urgente relacionada com a preservação do clima de serenidade e de natureza não conflituosa das eleições que se aproximam, a fim de que o  rito da cidadania se possa cumprir e acatar”.

Segundo o ministro, o acordo de cooperação visa a divulgação dos ideais de respeito, de solidariedade e de harmonia social como forma de debelar a perspectiva de conflitos durante e após a vontade popular, no contexto das eleições 2022.

Ao assinar o termo de cooperação, as entidades parceiras declararam, entre outras coisas, a intenção de promover, em prédicas, debates, declarações públicas, publicações ou por qualquer outro meio, ações de conscientização relacionadas com a tolerância política, a legitimação do pensamento divergente e a consequente exclusão da violência, como aspectos indispensáveis à preservação da paz social.

Da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) participou do ato de assinatura o secretário-geral da CNBB, dom Joel Portella Amado.

Dom Joel agradeceu o serviço prestado por todos os presentes por cumprir uma missão que é condição indispensável para a democracia. “A CNBB trazendo aqui a voz dos católicos manifesta a sua alegria e esperança em poder se unir aos irmãos e irmãs de diversas denominações religiosas e na união expressar o compromisso já vivenciado por paz e tolerância nas eleições seja nas próximas eleições ou em todas as eleições”.

Dom Joel relembrou que em vários momentos de sua história a CNBB se manifestou sobre o processo eleitoral, e que inclusive divulgou uma nota recente, em abril, em apoio às instituições da República e aos servidores públicos alertando contra a manipulação religiosa dos processos inerentes à democracia.

“Com os pés no chão firmamos o nosso compromisso pela paz em todas as instâncias, incluindo o convite que essa Casa nos fez hoje à paz nas eleições. A CNBB não enxerga esse convite como uma questão apenas pontual. Estamos sem dúvida diante de uma questão específica e desafiadora – o processo eleitoral de 2022 -, mas nós podemos com essa questão específica ratificar nosso irrenunciável compromisso por respeito mútuo e por tudo mais que está subdjacente à paz”, enfatizou dom Joel em seu discurso.

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

Setor de Juventude organiza peregrinação para JMJ 2023

arqbrasilia

O Setor de Juventude publicou em suas mídias sociais, na tarde do último domingo (05/6), o comunicado oficial da primeira peregrinação da Arquidiocese de Brasília para a Jornada Mundial da Juventude 2023. O embarque será no dia 24 de julho de 2023, com destino a Itália e Portugal.

Fazendo parte da comitiva, está prevista a participação do Arcebispo de Brasília, Dom Paulo Cezar, e a do Padre Silas César, coordenador do Setor de Juventude.

“Serão dias de uma experiência formidável de oração, vivência da fé, comunhão com os jovens de todo o mundo, conhecendo lugares super especiais para nossa fé na Itália e em Portugal”, segundo a organização.

Os interessados deverão entrar em contato  com o Setor Juventude pelo WhatsApp (61) 9 9248-6428 ou pelo e-mail comjuventudebrasilia@gmail.com.

Fonte: https://arqbrasilia.com.br/

Católicos recuperam a catedral de Kiev, tomada pela União Soviética

Catedral de São Nicolau, Kiev. Crédito: Konstantin
Brizhnichenko (CC BY-SA 4.0).

KIEV, 06 jun. 22 / 03:32 pm (ACI).- A catedral de São Nicolau em Kiev foi transferida oficialmente para a comunidade católica da Ucrânia em 1º de junho.

Em novembro de 2021, a Conferência Episcopal da Ucrânia informou que havia chegado a um acordo com as autoridades ucranianas para que a catedral de São Nicolau, a segunda igreja de rito latino mais antiga de Kiev, voltasse a pertencer à comunidade católica da capital ucraniana.

De templo católico a sala de concertos

A catedral de São Nicolau em Kiev foi consagrada em 1909 e serviu como local de culto até 1938, quando foi tomada pelo governo soviético. A Ucrânia era uma das 15 repúblicas que formaram União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS).

 Em 1980, o altar foi removido e o templo foi convertido em sala de concertos. Ante disso, os comunistas já tinham usado o templo como sede do Ministério da Administração Interna da União Soviética.

Depois da queda do regime comunista e da dissolução da URSS em 1991, o prédio da igreja passou a ser supervisionada pelo departamento de cultura do município e os católicos tinham que alugá-lo para poder celebrar a missa.

Um processo interrompido pela guerra

Dom Vitalii Kryvytskyi, bispo da diocese de Kiev-Zhitomir, Ucrânia, disse à ACI Prensa, agência em espanhol do grupo ACI, que "a igreja de São Nicolau ainda não passou totalmente para as mãos da comunidade católica, pois é necessário completar algumas questões legais porque um incêndio e a eclosão da guerra tornaram este processo difícil e prolongado”.

“Em 6 de novembro de 2021, a paróquia e o Ministério da Cultura assinaram um memorando no qual o Ministério da Cultura se comprometeu a devolver a igreja à comunidade antes de 1º de junho de 2022.”

"No entanto, o princípio exato da operação não foi especificado, e a guerra arruinou todos os planos nos últimos três meses", lamentou o bispo. “Desde o início da guerra até a Semana Santa, por razões de segurança, a missa foi celebrada no porão da igreja, e a igreja superior tornou-se um centro de ajuda. Até hoje, nas naves laterais, além das atividades litúrgicas, é distribuída ajuda aos pobres e necessitados”.

No dia 1º de junho, o ministro da Cultura disse que tudo está avançando para devolver integralmente o prédio à comunidade católica.

“Nesse dia, a chave e as portas da igreja foram abençoadas, e foi decidido que a igreja permanecesse aberta o dia todo para ser um local de oração acessível a todos os crentes”, explicou o bispo.

Além disso, destacou que esse esforço e a luta dos católicos para recuperar o que era deles "já dura mais de 30 anos" e disse que "a decisão de devolver a igreja à comunidade e transformá-la de monumento arquitetônico em monumento religioso foi uma grande alegria para todos nós”.

“A igreja foi construída em 1909 e em 1938, na época da repressão soviética, passou para as mãos do Estado. Muitas pessoas que se opuseram foram perseguidas, algumas também deram a vida.

“Os esforços para devolver o edifício aos católicos duraram desde a declaração de independência da Ucrânia até hoje, quase 31 anos”, explicou.

“A paróquia tem um comitê especial de proteção composto por arquitetos leigos, advogados e estudiosos da cultura que acompanharam todo o processo de devolução do edifício à diocese quase desde o início”, disse dom Vitalii Kryvytskyi.

Segundo ele, muitos edifícios religiosos da diocese ainda estão nas mãos do Estado, “alguns deles estão muito deteriorados e em outros lugares não há mais comunidade de fiéis”.

“Seria muito caro reconstruí-los e mantê-los, por isso não estamos buscando a devolução de todos os prédios. Existem vários processos em andamento para devolver os imóveis confiscados às suas comunidades, esses casos costumam ser muito complicados”, concluiu.

"A vitória da Justiça"

O embaixador ucraniano junto da Santa Sé, Andrii Yurash, publicou uma mensagem através da rede social Twitter na qual manifestou a sua satisfação pelos avanços da comunidade católica, destacando a dificuldade do processo.

“Depois de muitos anos de discussões e inclusive de oposição, a principal igreja católica de Kiev, São Nicolau, foi devolvida ao seu proprietário histórico, a comunidade católica da capital. O bispo Vitalii Kryvytskyi, ordinário de Kiev, celebrou com os fiéis este momento essencial do triunfo da justiça", lê-se na mensagem publicada pelo embaixador.

"Muitos edifícios ainda não foram restaurados".

Falando à ACI Prensa, padre Andriy Soletskyy, secretário em Roma do arcebispo-mor de Kiev, sua beatitude Sviatoslav Shevchuk, explicou que "a igreja há muito tempo era propriedade do Estado e, portanto, a comunidade católica de rito latino estava pedindo seu retorno".

"Mesmo após a dissolução da União Soviética, quase não houve restituição de propriedade da igreja, há muitos edifícios da igreja que ainda não foram devolvidos, e esta é uma boa notícia para os católicos de Kiev", disse ele.

Promessas não cumpridas

ACI Prensa também conversou com o padre ucraniano Jurij Blazejewski, estudante de Comunicação Institucional na Universidade de Santa Croce em Roma, que lamentou que "o governo central todo ano dizia que ia entregar e todo ano atrasava”.

Ele também disse que "alguns elementos de pedra da fachada já estavam começando a desmoronar e eles também bloquearam as propostas do bispo para realizar todos os trabalhos de restauração necessários".

"No verão passado, um grande incêndio deflagrou durante a noite porque os velhos cabos dentro do órgão não eram bem cuidados e mantidos", explicou ele.

"Finalmente, a situação encontrou uma solução. Só agora o Ministério da Cultura finalmente entregou o edifício à diocese", concluiu.

Fonte: https://www.acidigital.com/

Sacerdote peregrina no "Caminho das Missões", uma experiência de fé e história

Pe. Mauro Argenton nas ruínas de São Miguel (Foto: Pe. Edejalmo Rubert)

Pe. Mauro Argenton contou que uma das experiências mais marcantes ao peregrinar no Caminho das Missões foi pensar no altar em São Miguel onde eram celebradas as Missas pelos jesuítas: “Aqui vieram alguns jesuítas em alguns momentos, quase sempre dois jesuítas, dois padres apenas, europeus que estavam aqui em meio a 5 mil indígenas, e aqui celebravam a Missa, do mesmo jeito que eu estou celebrando agora (...), pensar que essa história vivida lá em 1600 está acontecendo agora de forma diferente".

Jackson Erpen – Cidade do Vaticano

Conhecimento da história e vivência da fé, aliados ao gosto pela oração profunda que permeia suas longas caminhadas e peregrinações, levou o sacerdote da Diocese de Frederico Westphalen (RS), padre Mauro Argenton, a percorrer o Caminho das Missões, um percurso de 3, 9, 14 ou 30 dias que permite uma imersão na região que abrigou uma "grande utopia da humanidade" – como a definiu Voltaire -, ou seja, as Missões Jesuítico-Guaranis dos séculos XVII e XVIII.

“Quem puder, faça esse caminho”, recomenda o sacerdote alpestrense, que estava acompanhado pelo padre Edejalmo Rubert, e que devido à pandemia optaram em fazer um roteiro adaptado, com sete dias de caminhada. Em visita aos nossos estúdios, padre Mauro falou sobre suas impressões ao percorrer o trajeto entre São Nicolau e Santo Ângelo e contou que outro objetivo da caminhada era buscar inspiração para o “Caminho dos Mártires”, ou “Caminho dos Beatos” – não existe ainda um nome definido – um percurso de 200 km na Diocese de Frederico para recordar o martírio e o legado de fé de padre Manuel e do coroinha Adílio, beatificados em 2007.

A motivação para a peregrinação

O primeiro deles é pela vivência religiosa, histórica, daquele lugar. Muito antes de pensar em fazer caminho, conhecendo as Missões, conhecendo a história, conhecendo no estudo da teologia, aquilo me encanta, me comove, me arrepia de pensar e de lembrar o que foi vivido lá. Aquele lugar para mim é mágico, e não é para mim, claro que não é para mim isso, sabe-se que é pela sua história e pela vivência religiosa. Na minha compreensão, como tantas pessoas têm essa compreensão, aquela experiência de evangelização das Missões jesuíticas é um grande modelo. Para mim é um grande modelo de inculturação, de levar a Palavra de Deus sem impor a Palavra de Deus. Aquilo é lindo, é muito mais do que lindo, é de fato divino. Então esse é o primeiro motivo. Estar lá era importante. Claro, eu já tinha ido lá muitas vezes, mas a peregrinação também era importante. Depois tem a questão de experiência pessoal. A oração, a oração de um peregrino – eu faço essa experiência, eu gosto muito de caminhadas, de peregrinações - a oração de um peregrino é diferente da oração de um turista, da oração de um fiel que vai numa igreja alguns minutos, algumas horas, não, aquela oração de quem está caminhando e sabe que vai caminhar o dia inteiro, e não vai ter muita coisa para fazer além de oração, aquela oração é profundíssima, e eu vivi isso. Também por isso.

Também um outro aspecto é uma busca que na minha diocese estamos fazendo, de construir também um caminho de peregrinação, porque em Frederico nós temos uma riqueza imensa que é a presença lá dos beatos Manuel e Adílio, padre Manuel [Padre Manuel Gómez González (1877-1924)] e o coroinha Adílio [Adílio Daronch (1908-1924)], são os beatos. O Adílio foi o primeiro brasileiro beatificado, é o primeiro gaúcho, é o único gaúcho até então, que é beato. O padre Manuel é espanhol, nascido na Espanha, mas viveu muito tempo no Brasil, foram martirizados lá em Três Passos, que pertence à Diocese de Frederico. E temos um plano lá, alguns padres da diocese em si, de organizar também um caminho, um caminho - ainda não existe um nome propriamente -, ainda está em sua origem, esse caminho talvez o Caminho dos Beatos, o Caminho dos Mártires, de Três Passos até Nonoai, cerca de 200 km. Então a experiência lá nas Missões também foi para pensar nisso, para entender um pouco a estrutura, o processo de uma peregrinação, olhando o exemplo dos outros que a gente aprende. Então junta tudo isso, por isso juntamente com um colega padre, nós fizemos em dois, o padre Edejalmo Rubert - foi em tempo de pandemia -, nós tínhamos plano de reunir mais gente, fazer um grupo, não foi possível porque era proibido naquele momento, foi em junho do ano passado, estava no auge da pandemia, digamos assim, então nós fizemos uma peregrinação muito adaptada, nós não ocupamos os espaços porque estavam fechados, por exemplo, não nos hospedamos lá no Caaró, que é um lugar muito importante, precisamos adaptar um pouco. Como era só em dois foi possível. Mas mais do que tudo, estar lá e viver essa experiência é incomparável. É indescritível também - todo mundo que faz esse caminho vai dizer isso, as palavras não são suficientes -, mas ajuda, sim, definir e propor e convidar e dizer, “quem puder, faça esse caminho, faça esse caminho como tantos outros, sem dúvida, essas peregrinações são incríveis.

Peregrinação em meio à pandemia

Foi um pouco adaptada, nós fizemos em 8 dias, 7 dias na verdade, é aquele caminho de oito dias, é o caminho menor de São Nicolau a Santo Ângelo. Em função da pandemia não conseguimos fazer todo o caminho, aquela questão de fazer o caminho internacional era impossível no momento e também por questão de tempo, a vida paroquial não permitia ficar tanto tempo fora. Fizemos esse caminho, forçando um pouquinho, o caminho de nove dias em sete, juntamos dois dias dando uma caminhada, por isso foi esse caminho, digamos, menor, mas certamente suficiente para experimentar e viver o que é essa proposta dessa peregrinação.

Caminhada ou peregrinação

Sim, em primeiro lugar é isso, é o que a pessoa quer fazer. Bem, eu vejo, conversando, lendo, muitas pessoas que fazem como um bom exercício físico, legal também, vai lá, queima caloria, cuida da saúde, está bom também, vale, mas a opção de viver aquele momento com profundidade é o que faz toda a diferença. Claro, que isso é uma vivência de fé. Porque a gente pode começar lá em São Nicolau e ver aquelas ruínas, que não estão tão preservadas quanto em São Miguel, mas já começa em São Nicolau, onde eu comecei, a gente pode encostar naquelas pedras e pensar: “Ah, que história bonita”, ou pode encostar naquela pedra e pensar: “Como Deus age na nossa vida. Como Deus agiu aqui nessa região, com essa realidade de vida tão importante, tão bonita que é, ainda é, sim, dos povos indígenas, tão sofridos, injustiçados muitas vezes, como era bonita essa vida e como a presença do Evangelho não fez dessa vida, menor ou desigual, fez da vivência, da experiência aqui, a ação de Deus. Esse é o diferencial. Posso tirar uma foto das ruínas de São Miguel e dizer “Que lindo!”, ou posso estar lá e dizer: “Que história de fé foi vivida aqui”. É claro que tudo isso exige conhecimento histórico, talvez muitas pessoas fazem peregrinações, ou fazem mesmo turismo, olhando as aparências, mas é muito mais do que isso, né? A gente pode vir aqui, inclusive, pode vir aqui em Roma olhar o Coliseu, tirar uma foto do Coliseu, dizer “Que lindo!”. E vai pensar bem: “mas é lindo o que, um monte de pedra aí”, mas a história, a vivência disso, faz ser lindo. E ir lá na nossa região das Missões, principalmente. Então é uma experiência pessoal sim, mas que não se desliga da experiência histórica da experiência de fé que foi vivida. E isso para mim, já dando um passo além, estamos deixando a desejar muito também como meios de comunicação, como Igreja, principalmente eu aqui bato no peito como Igreja dizendo: nós desleixamos muito com o valor daquela região, daquela história, tudo isso precisa ser feito mais.

Como Igreja valorizar mais essa experiência histórica

Como sacerdote, qual a percepção da peregrinação, o que poderia ser acrescentado, até para incentivar ainda mais a espiritualidade do caminho...

Um aspecto que sempre vai pesar aqui - e deve-se levar em conta o momento que eu fiz o caminho, a pandemia, estava difícil - mas, apesar disso, um dos aspectos que eu senti falta – claro, nós estamos dois padres, mas pensando no povo em geral que faz o caminho -  nós não conversamos com nenhum padre nesse período dessa caminhada. Todas as paróquias que nós passamos – claro, era pandemia, e acredito que em outro momento é um pouco melhor nesse sentido -, mas como um acompanhamento religioso, isso me parece que falta. Por que que eu falo isso? Porque a grande experiência, o que me tocou mais profundamente, que tu pergunta, é a experiência religiosa. E a experiência religiosa aqui ela vai além da experiência espiritual, porque tem muita gente, talvez, que não é nem cristão, que vai lá e faz aquele caminho, e que bom que façam, com todo o respeito por quem o faz, nesse sentido, nessa compreensão de energia, vai lá encosta na pedra, sente uma energia, é uma compreensão espiritual também. Mas a história que aconteceu lá, ela pesa, não é só uma experiência espiritual, é uma experiência religiosa que foi vivida de uma Igreja. E volto a dizer isso aqui, com todo respeito a todas as religiões - nós não estamos dizendo que então só quem é católico que faz uma referência boa de fé lá nas Missões, é óbvio que não -, mas a história não pode ser ... Então como igreja falta isso.

A minha experiência mais marcante foi essa, foi de pensar lá numa grande pedra que era o altar lá em São Miguel, por exemplo, nas ruínas de São Miguel, e dizer: “Aqui vieram alguns jesuítas em alguns momentos, quase sempre dois jesuítas, dois padres apenas, europeus que estavam aqui em meio a cinco mil indígenas -  que normalmente eram cinco mil cada Redução - e aqui eles celebravam a Missa, do mesmo jeito que eu estou celebrando agora, que estávamos lá dois padres celebrando a Missa, faltavam os cinco mil indígenas, mais ou menos como os jesuítas. A mesma Missa, não era uma outra Missa, porque com o tempo esquecemos tudo o que os jesuítas rezavam, agora se reza diferente, não, é a mesma Missa, a Missa de Jesus. Isso foi mais marcante para mim, foi pensar que essa história vivida lá em 1600, essa história ela tá acontecendo agora, de modo diferente, sim, claro, momentos históricos, e nesse sentido então que eu me cobro: falta-nos como Igreja valorizar essa história, juntar um pouco esse momento vivido, e eu entendo que são dificuldades da nossa região lá, nesse caso Diocese de Santo Ângelo – Diocese de Frederico Westphalen é muito próxima, muito vizinha – falta-nos material humano, falta-nos muitas vezes também conhecimento, falta-nos como Igreja valorizar mais essa experiência histórica, é minha opinião, e eu preciso deixar isso bem claro, que não estou dizendo aqui, que precisamos mudar nosso modo de atuar na Igreja. É óbvio que não. Eu tô dizendo uma opinião pessoal, muito pessoal, por essa experiência de ter feito essa caminhada, essa peregrinação, senti um pouco da falta da Igreja nessa peregrinação. E daí aqui vai um louvor ao processo de organização turística - com quem eu conversei bastante foi a Marta, foi o Zé Roberto -, parabéns, muitos parabéns a eles por todo esse trabalho, uma organização muito bem feita. E, eu vejo que poderia, e talvez eu possa fazer isso no futuro, ir lá e dizer: “Bom, permita que a Igreja participe dessa organização um pouco mais, é claro que eles querem isso. Podemos fazer isso, é um outro desafio, cheio de desafios aqui hoje, mas é um outro desafio, não sei como fazer isso, talvez alguém vai dizer: “Ah, tá fácil falar de longe, né!” É um desafio, precisamos pensar nisso.

Vista panorâmia do sítio arqueológico de São Miguel das Missões (Foto: Bruno Ceretta)

Construir o Caminho dos Beatos Mártires da Diocese de Frederico Westphalen

Como é a devoção aos Beatos padre Manuel e ao Adílio e que legado deixam..

Esse é um processo que ainda está iniciando. Há pouco tempo que se pode falar assim publicamente, porque a beatificação, faz muito tempo que aconteceu – 2007 foi a beatificação - ainda precisa amadurecer muito, mas a experiência de fé do nosso povo, ela é marcante. Nós temos a Romaria, que acontece em Nonoai, sempre no terceiro fim de semana de maio, que é próximo quando foram martirizados, 21 de maio, essa Romaria mostra o quanto o povo tem devoção. Também em Três Passos acontece a Romaria, que é o lugar do martírio, onde eles foram martirizados - para entender um pouquinho desse contexto, quem não sabe dessa história, que não é muito conhecida - o padre Manuel é um espanhol que viveu em Nonoai. Nonoai é uma cidade antiga na Região Norte do Rio Grande do Sul. Lá o padre Manuel e o coroinha Adílio - principalmente o padre Manuel nesse sentido, porque era o padre -, ele tinha uma vivência de luta, de luta pela evangelização, mas que envolvia também um pouco de uma luta social, política, naquele momento difícil, 1920, em torno disso. Dia 21 de maio de 1924 eles foram martirizados. Revoluções, chimangos e maragatos, a história do Rio Grande é longa e não poderemos contá-la aqui. Mas o padre Manuel ele se posicionou sempre contra a guerra, contra a morte, contra aquilo que não é vontade de Deus. E por causa disso foi perseguido, por causa disso não era bem visto pelos poderes políticos que estavam em guerra. Era assim, né? Tem que ter um pouco de cuidado de usar os termos certos, mas de fato era isso. Eram as revoluções que aconteceram no Rio Grande. O padre Manuel sempre defendendo a paz, foi perseguido por quem fazia a guerra. Em função disso foram martirizados. Numa ocasião, padre Manuel, com o coroinha Adílio – o coroinha Adílio era um jovem 14-15 anos, ele já estava ajudando, a gente diz coroinha hoje, ele ajudava lá como sacristão, ajudava nas Missas, enfim, e acompanhava o padre nas suas peregrinações. Era uma região grande, tudo o que é a Diocese de Frederico Westphalen era o padre Manuel que atendia religiosamente. Então ele estava numa dessas viagens a cavalo, muito tempo que ele passava, um mês dois meses andando para celebrar Missas nos diversos lugares. Numa dessas viagens, então foi organizado lá pelos poderes - não podemos dizer exatamente quem, porque não se sabe exatamente quem -, mandou – mas sim os nomes de quais foram os assassinos do padre e do coroinha, sim esses fazem parte da história - numa emboscada foram martirizados lá em Três Passos, o padre Manuel e o coroinha Adílio. Logo depois disso, o povo de Três Passos, o povo de Nonoai, quando conseguiu entender o que estava acontecendo, logo viu os sinais que aquilo era um sinal de santidade. Porque o padre e o coroinha já viviam a santidade, não é que foi assim “Ah, então porque eles morreram daquele jeito eles são Santos”, não, eles viviam a santidade. O padre Manuel dedicou a vida dele para cuidar dos mais carentes, para cuidar dos que mais sofriam, ele trabalhava construindo casas para os que não tinham, cuidando das adolescentes que eram abandonadas - consequência de guerra -, o padre Manuel e o coroinha Adílio de fato viveram a santidade e morreram em santidade, mártires. Depois de um tempo, com toda dificuldade histórica daquela região naquele momento, foram levados os corpos do padre e do coroinha, 40 anos depois do martírio, de volta para Nonoai, então começou a se organizar essa devoção, que o povo sempre teve, mas era uma devoção muito pessoal. Algumas pessoas viviam essa devoção, viam a santidade, mas não se falava muito dela. Então, começou-se um processo de divulgação, processo de trabalhar essa experiência de devoção, para que ela fosse conhecida. E estamos nesse processo.

Depois de muito tempo, então, foi reconhecido, como foram reconhecidos como Servos de Deus, foram beatificados, um momento muito lindo, muito importante para nossa diocese. E agora estamos no caminho de canonização. Para isso precisa muita coisa, claro, precisa de divulgação, precisa de que a Igreja perceba a importância do padre e do coroinha para o nosso povo, para a vivência da fé, e estamos nesse caminho. E nesse contexto, então - essa história que é muito longa, não posso cantá-la toda né?, eu tentei resumir aqui -, nesse contexto um dos modos de fazer com que essa devoção seja vivida - mais do que conhecida, vivida, porque uma peregrinação não é propaganda, uma peregrinação é uma experiência de fé - a proposta que a gente vá construindo um caminho de peregrinação. Já fizemos algumas experiências, tem muita gente que faz a peregrinação no período da Romaria, inclusive indo de Chapecó. Chapecó é uma cidade um pouco maior que já é Santa Catarina, é outro Estado. Então tem muita gente que vai de Chapecó a Nonoai caminhando no período da Romaria, em maio, e de outros tantos lugares, mas nós queremos organizar isso como o Caminho das Missões, por exemplo, Três Passos-Nonoai, juntar esse caminho. Fizemos esse ano - padre Dejalmo, com quem fiz o Caminho das Missões -, junto com padre Marco Antônio Jardinello, nós fizemos esse caminho, uma primeira experiência, Três Passos-Nonoai, ainda se hospedando nas paróquias, não havia uma organização turística, somente a religiosa, mas já foi possível perceber como esse caminho é rico. Rico de natureza, porque costeando o Rio Uruguai - como a gente costuma dizer por lá - é um caminho muito lindo, um caminho belíssimo, com uma natureza impressionante, como é nas Missões, também ali, e de uma riqueza de fé que passa por muitas comunidades, muitas igrejas, aquela nossa região é muito rica religiosamente, porque a cada pouco é uma comunidade religiosa, uma comunidade católica, uma igreja - não é como Roma, a cada esquina -, mas assim a gente vai caminhando e vai sempre encontrando as comunidades, pequenas comunidades muito lindas.

Estamos nesse processo então de construir esse caminho. Muitas pessoas lá daquela região já disseram – com quem a gente ia conversando – “nós queremos fazer esse caminho, nós queremos fazer”. Eu acredito que logo esse caminho vai acontecer. Atrasa um pouco a pandemia, como tudo está acontecendo, mas esse caminho tá bem próximo, com um projeto diocesano, que esperamos que possa ser realizado, uma grande força que o Santuário lá em Nonoai tem feito, o padre Tiago que está lá como reitor do Santuário tem essa proposta, esse projeto de fazer isso acontecer. Então é um projeto que eu acredito que em breve poderemos lançar. Por enquanto é só uma experiência bem pessoal, de algumas pessoas, mas em breve eu acredito que vamos lançar um grande projeto com uma organização estrutural, que nos falta, mas a essência já tem. Onde o padre Manuel e o coroinha Adílio passaram, em sua última viagem, agora somos convidados a passar, vivendo a experiência de fé que eles viveram. Não precisamos morrer, como eles morreram, mas precisamos sim doar nossa vida para Deus e para ajudar quem precisa. É nesse sentido, essa é a essência desse caminho.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

segunda-feira, 6 de junho de 2022

São Marcelino Champagnat

S. Marcelino Champagnat | arquisp
06 de junho

São Marcelino Champagnat

Marcelino José Benedito Champagnat nasceu na aldeia de Marlhes, próxima de Lion França, no dia 20 de maio de 1789, nono filho de uma família de camponeses pobres e muito religiosos. O pai era um agricultor com instrução acima da média, atuante e respeitado na pequena comunidade. A mãe, além de ajudar o marido vendendo o que produziam, cuidava da casa e da educação dos filhos, auxiliada pela cunhada, que desistira do convento. A família era muito devota de Maria, despertando nos filhos o amor profundo à Mãe de Deus.

Na infância, logo que ingressou na escola, Marcelino sofreu um grande trauma quando o professor castigou um dos seus companheiros. Ele preferiu não freqüentar os estudos e foi trabalhar na lavoura com o pai. E assim o fez até os quatorze anos de idade, quando o pároco o alertou para sua vocação religiosa.

Apesar de sua condição econômica e o seu baixo grau de escolaridade, foi admitido no seminário de Verrièrres. Porém, a partir daí, dedicou-se aos estudos enfrentando muitas dificuldades. Aos vinte e sete anos, em 1816, recebeu o diploma e foi ordenado sacerdote no seminário de Lion.

Talvez por influência da sua dura infância, mas movido pelo Espírito Santo, acabou se dedicando aos problemas e à situação de abandono por que passavam os jovens de sua época, no campo da religião e dos estudos. Marcelino rezou e meditou em busca de uma resposta a esses problemas que antecederam e anunciavam a Revolução Francesa.

Numa visita a um rapaz doente, descobriu que este, além de analfabeto, nada sabia sobre Deus e sobre religião. Sua alma estava angustiada com tantas vidas sem sentido e sem guia vagando sem rumo. Foi então que liderou um grupo de jovens para a educação da juventude. Nascia, então, a futura Congregação dos Irmãos Maristas, também chamada de Família Marista, uma Ordem Terceira que leva o nome de Maria e sua proteção.

Sua obra tomou tanto vulto que Marcelino acabou por desligar-se de suas atividades paroquiais, para dedicar-se, completamente, a essa missão apostólica. Determinou que os membros da Congregação não deveriam ser sacerdotes, mas simples irmãos leigos, a fim de assumirem a missão de catequizar e alfabetizar as crianças, jovens e adultos, nas escolas paroquiais.

Ainda vivo, Marcelino teve a graça de ver sua Família Marista crescendo, dando frutos e sendo bem aceita em todos os países aonde chegaram. Ainda hoje, temos como referência a criteriosa e moderna educação marista presente nas melhores escolas do mundo.

Marcelino Champagnat morreu aos cinqüenta e um anos, em 6 de junho de 1840. Foi beatificado em 1955 e proclamado santo pelo papa João Paulo II em 1999. Ele é considerado o "Santo da Escola" e um grande precursor dos modernos métodos pedagógicos, que excluem todo tipo de castigo no educando.

*Fonte: Pia Sociedade Filhas de São Paulo Paulinas http://www.paulinas.org.br

https://arquisp.org.br/

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF