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segunda-feira, 13 de junho de 2022

OS SANTOS JUNINOS

diocesesa.org.br

OS SANTOS JUNINOS

O mês de junho é considerado o mês mais festivo do calendário dos santos. No nosso país, o mês de junho é um tempo feliz de vivência da piedade popular e de valorização de alguns elementos culturais do nosso povo. Tempo de quermesses, tríduos, novenas, trezenas e procissões que revelam a nossa fé, amizade e devoção a Santo Antônio, São João Batista e São Pedro, que são considerados os santos mais populares da Igreja Católica.

O mês de junho é também um tempo de resgate da cultura nordestina com suas comidas típicas, danças e cantos. Tempo de dançar quadrilha, ouvir música com sanfona e viola e de degustar canjica, pamonha, mingau de milho, pé de moleque, pipoca e batata doce. Tempo de demonstrar que, na vivência cotidiana da fé, o fiel cristão é alguém que comunica a alegria do Evangelho, valorizando suas raízes e os laços que evidenciam a pertença a um povo, a uma comunidade.         

Nos trinta dias que compõem o mês de junho, a nossa Mãe Igreja nos convida a aprofundar os nossos conhecimentos sobre a vida e a missão de Santo Antônio, São João Batista e São Pedro, a fim de que possamos celebrar suas festas com renovada alegria nos dias 13, 24 e 29 de junho, professando a certeza de que “o santo é um intercessor, alguém que reza por nós; nós rezamos a ele, e ele ora por nós, e o Senhor concede-nos a graça: o Senhor age através do santo.” (Papa Francisco)

Com seus ensinamentos, fidelidade e dedicação a Cristo, Santo Antônio, São João Batista e São Pedro nos recordam que a santidade é um caminho possível a todas as pessoas que procuram, entre sombras e luzes, quedas e avanços, dificuldades e acolhimento, permanecer em plena sintonia com o nosso Redentor e, por isso, celebrar a vida dos santos é fazer memória das maravilhas que Jesus operou em suas vidas.

No dia 13 de junho, nós celebramos a Memória de Santo Antônio, o padroeiro dos pobres, das mulheres grávidas e dos casais. Ele nasceu em Lisboa, Portugal, com o nome de Fernando, no dia 15 de agosto de 1191, e entrou para um convento de Ordem Agostiniana aos quinze anos. Aos 25 anos, em plena juventude, ele foi ordenado sacerdote. Logo após, ele entrou para a Ordem Franciscana, trocou o seu nome para Antônio e partiu para o Marrocos.

Chegando lá, ficou doente e, por isso, com o intuito de cuidar da saúde, ele foi à Itália, onde conheceu São Francisco de Assis e passou a fazer pregações em Pádua. Ali, em sintonia com Deus, ele pregou aos peixes e restaurou o pé amputado de um jovem. Pela sua fama de santidade, Santo Antônio foi beatificado e canonizado pelo Papa Gregório IX, apenas onze meses após o seu falecimento, que ocorreu no dia 13 de junho de 1231.

No dia 24 de junho, nós celebramos a Solenidade da Natividade de São João Batista que é, excepcionalmente, o único santo a quem a Igreja dedica duas de suas festas: o nascimento e o martírio. Esse fato singular já é suficiente para despertar nossa atenção acerca desse profeta que, por meio de sua voz, anunciava um reino iminente, renovando a promessa feita por Deus aos patriarcas do Antigo Testamento.

Ele é filho de Zacarias e de Isabel e nasceu quando os pais já estavam em idade avançada. Ele é o precursor do Messias que andava pelo deserto anunciando um batismo de arrependimento e de conversão.

Pelos relatos do Evangelho, nós adquirimos a consciência de que João Batista foi o profeta que preparou, com coragem, fortaleza e humildade, o caminho para o início da vida pública de Cristo; o último entre todos os profetas que anunciaram a vinda do Messias esperado e, por isso, ele é chamado de arauto do Messias, o profeta de um reino eminente que já está em nosso meio.

São João Batista viveu integralmente a sua vocação, pois sabia que devia “preparar o caminho do Senhor, aplainar as suas veredas”. Ele não se deixou levar pelos erros ou pelas imperfeições. Basta perceber que, quando diante de Herodes, todos se deixavam influenciar pelos respeitos humanos, ele, sem hesitar, denunciava: “Herodes, não te é lícito ficar com Herodíades, mulher de teu irmão.” (Mc 6,18)

São João Batista é, indubitavelmente, um exemplo de amor e de fidelidade ao Cristo, pois ele cumpriu plenamente sua vocação profética. E por meio de um gesto de carinho, o próprio Cristo demonstrou o Seu agradecimento, deixando-se batizar por João e tecendo-lhe um belo elogio: “Dentre os nascidos de mulher, não há ninguém maior do que João”. (Lc 7,28). Deus elogiou São João Batista e manifestou a importância desse profeta, pois um elogio divino é sempre grandioso. Cabe, então, a nós nos esforçarmos para conhecer melhor a pessoa e os ensinamentos de São João Batista.

No dia 29 de junho, nós comemoramos a Solenidade de São Pedro, o Padroeiro dos Papas e dos pescadores. No Brasil, visando uma maior participação do povo de Deus, essa solenidade é sempre transferida para o domingo seguinte.

Pedro, que tinha como primeiro nome Simão, era natural de Betsaida, irmão do Apóstolo André. Ele exercia a profissão de pescador, antes de ser chamado pelo próprio Jesus e, deixando tudo, seguiu o Mestre, estando presente nos momentos mais importantes da vida do Senhor, que lhe deu o nome de Pedro. Ele foi o Apóstolo que Cristo escolheu e investiu da dignidade de ser o primeiro Papa da Igreja, guiando e sustentando a primeira comunidade cristã. A ele Cristo disse: “Tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a Minha Igreja e as portas do inferno não prevalecerão contra ela; e Eu te darei as chaves do reino dos céus; e tudo o que ligares na terra será ligado nos céus, e tudo o que desligares na terra será desligado nos céus.” (Mt 16, 17-19)

Durante as perseguições que foram empreendidas contra os cristãos na Roma antiga, Pedro sofreu a prisão por testemunhar Jesus e a força do Evangelho. Pela sua fidelidade, doação e identificação com o nosso Redentor, Pedro selou o seu apostolado com o próprio sangue, pois foi martirizado sob o imperador Nero, no ano de 67 d.C. Ele foi crucificado de cabeça para baixo a seu próprio pedido, por não se julgar digno de morrer como seu Senhor, Jesus Cristo. Ele escreveu duas Epístolas e, provavelmente, foi a fonte de informações para que São Marcos escrevesse seu Evangelho.

Aproveitamos todos os dias desse mês de junho para crescermos em união a Cristo, motivados pelos exemplos desses santos que nos ensinam a corresponder ao amor de Deus por meio da obediência da fé. Quando as dificuldades na vida matrimonial e a santificação das realidades do lar se tornarem demasiadamente pesadas, recorramos à intercessão de Santo Antônio. Onde a perseguição e a indiferença tentarem impedir que o Evangelho seja proclamado, peçamos a São João Batista a fortaleza necessária para suportamos as cruzes cotidianas com renovada santidade. Onde percebermos que os ensinamentos do Papa estão sendo vilipendiados, recorramos a São Pedro, a fim de que possamos vencer o mal com a generosidade do amor. Enfim, a cada novo dia do mês de junho, vamos juntos com os santos juninos professar a alegria, o entusiasmo, o bom humor e a clareza da fé que são características inerentes aos fiéis cristãos que se deixam transformar pela presença de Cristo em suas vidas.

Aloísio Parreiras  

(Escritor e membro do Movimento de Emaús)

Fonte: https://arqbrasilia.com.br/

domingo, 12 de junho de 2022

A doutrina social da Igreja e os populismos: um tema do qual não podemos escapar

Shutterstock | David Peinado Romero
Por Francisco Borba Ribeiro Neto

A estratégia populista, com a vinculação direta da massa de eleitores a um líder que promete resolver os problemas gerados pelo fracasso do sistema democrático, pode ser utilizada tanto pela esquerda quanto pela direita.

O Observatório Socioantropológico Pastoral do CELAM acaba de publicar Democracia y neopopulismos: alternativas para superar la polarización en América Latina. Não se trata de um texto da própria Conferência Episcopal, mas sim de um documento de trabalho para ajudar a reflexão dos bispos e de toda a comunidade católica.

Salta aos olhos a pergunta: por que a Igreja deve se preocupar com um tema tão claramente político, tão problematicamente partidário? A doutrina social católica deixa claro que o amor cristão é muito concreto e nos impele a colaborar na construção do bem comum, que é a razão de ser da política. Nesse caminho, sem envolver-se com opções partidárias, a Igreja reconhece que a democracia é o sistema de governo que mais colabora com o bem comum. Sendo assim, vê com suspeita as tendências populistas que parecem pôr em risco nossas democracias.

O que é populismo?

O termo “populista” é muito aplicado, em sentido pejorativo, aos adversários, nunca aos aliados. Dos cinco presidentes brasileiros eleitos diretamente depois do regime militar, apenas Fernando Henrique Cardoso não foi criticado por seus adversários como “populista”. Lula e Bolsonaro foram os mais associados ao populismo, mas a crítica também foi aplicada a Collor e Dilma.

O populismo é uma estratégia de chegada ao poder em regimes democráticos. Caracteriza-se pela canalização, por parte de um líder social, da insatisfação e do ressentimento dos pobres e/ou da classe média contra as elites políticas e econômicas. É tão mais eficiente quanto maior o desencanto e a frustração com o desempenho dos políticos, geralmente tidos como interesseiros e corruptos, e a fragilidade da máquina pública em garantir a justiça e o bem-estar da população.

Democracia implica em controle social – e nossa democracia brasileira é fraca. A maioria dos eleitores não acompanha o desempenho dos políticos eleitos e os candidatos mais votados são frequentemente personalidades midiáticas, sem um histórico de engajamento social, ou lideranças comprometidas com esquemas de poder tradicionais. A ineficácia da justiça, quando se trata de condenar e punir corruptos, demonstra a força dos esquemas corporativistas, consolidados no próprio arcabouço legal, que em nome da defesa do indivíduo contra as arbitrariedades do Estado frequentemente criam condições para acobertar a corrupção. Apesar da insistência das mídias e até da justiça eleitoral, a maioria dos partidos continuam fragmentados, organizados numa perspectiva corporativista e não programática – e estão entre as instâncias consideradas menos confiáveis pela população. Nas eleições atuais, esse desencanto com os políticos e partidos se evidencia na dificuldade da chamada “terceira via”, que é, mais do que um caminho intermediário entre extremismos de esquerda e direita, a defesa das elites políticas institucionalizadas frente às lideranças personalistas de Lula e Bolsonaro.

Uma ameaça à construção democrática

A estratégia populista, com a vinculação direta da massa de eleitores a um líder que promete resolver os problemas gerados pelo fracasso do sistema democrático, pode ser utilizada tanto pela esquerda quanto pela direita. O lado perdedor é sempre a própria democracia, pois sua convicção de fundo é autoritária. O populismo atrela a mudança a uma determinada liderança pessoal, inibe o fortalecimento político das várias instâncias da sociedade organizada (tidas como ameaças a quem está no poder). Além disso, o governante populista, tendo se viabilizado sem o necessário suporte institucional e com uma base social forte, mas pouco articulada, termina enredado no corporativismo e no clientelismo das elites políticas tradicionais, repetindo esquemas fisiológicos que não consideram o bem comum.

O populismo pressupõe a lógica do “nós contra eles”, de certa forma inevitável em sua estrutura discursiva, dificultando a construção de consensos necessários à organização da sociedade, ao desenvolvimento social e econômico. Ao culpabilizar o outro por todos os problemas sociais e econômicos, inibe a reflexão crítica e a construção do realmente novo. Implica numa adesão acrítica ao discurso do líder e/ou de seu grupo, associando-se à disseminação de notícias falsas e à deturpação da realidade.

Menos evidente é o perigo que o populismo representa para os próprios valores que pretende defender. Numa sociedade livre e plural, o convencimento é muito mais convincente que a mera imposição. O controle dos meios de comunicação ou da máquina estatal só é realmente eficiente quando articulado com um discurso capaz de convencer a população, em particular os jovens. O populismo, porém, uma vez no poder, imagina que o simples controle social pode garantir os valores que defende. Com isso, no plano cultural, permite a erosão gradual desses valores e inibe a busca construtiva de novos caminhos.

A superação do populismo na doutrina social da Igreja

O termo “populismo” era pouco presente na doutrina social da Igreja até recentemente. Contudo, a valorização das organizações sociais (ou dos “corpos intermédios”, nos termos usados até a publicação do Compêndio de Doutrina Social da Igreja, CDSI 356-357), a insistência na participação (CDSI 189ss) e a ênfase da sociedade organizada como contrapeso ao poder tanto do Estado quanto dos mercados (Caritas in veritate, CV 38) indicam claramente uma desconfiança em relação ao populismo.

Com um bom senso tipicamente católico, Francisco, na Fratelli tutti observa que líderes populares que conseguem transformar as estruturas injustas são um bem para a sociedade (FT 169). Contudo, podem se revelar muitas vezes como demagogos que enganam o povo, ao invés de servirem ao bem comum (FT 156-162). Ideólogos de direita tendem a ver demagogia populista em qualquer tentativa de aumentar a participação popular e melhorar a distribuição de renda da população. Ideólogos de esquerda tendem a ver demagogia populista em qualquer defesa da ordem social ou dos valores morais tradicionais.

O fato é que a população quer justiça social, condições de vida dignas, respeito a seus valores morais e segurança. Grande parte de nossos problemas de engajamento vem da tendência dos grupos políticos de lutarem por algumas bandeiras e não levarem outras em consideração. É comum se dizer no Brasil que “o povo não sabe votar”. O problema maior, contudo, é que “as elites não sabem governar”, deixando o povo sem opções e entregue a líderes populistas de esquerda ou direita. Governos populistas são, de certa forma, um ponto de passagem no processo de amadurecimento democrático na América Latina. Isso não quer dizer que sejam obrigatórios, mas sua recorrência e duração depende em grande parte da capacidade de políticos e instituições democráticas conseguirem atender a população em suas reivindicações básicas.

A superação dessa situação só poderá acontecer com o aumento da participação; o fortalecimento, em todos os níveis, das organizações sociais e a formação de lideranças políticas cada vez menos personalistas e mais comprometidas com o bem comum. Por outro lado, implica em lideranças sociais realmente empenhadas em escutar a população, reconhecendo tanto suas necessidades quanto seus valores (FT 15-17).

Fonte: https://pt.aleteia.org/

Não leveis a humanidade à ruína

L'osservatore Romano

07 junho 2022

Um duplo apelo à paz na Ucrânia e no Iémen foi lançado pelo Papa Francisco no final do Regina caeli recitado ao meio-dia de 5 de junho, da janela do Palácio apostólico do Vaticano, com os fiéis reunidos na praça de São Pedro. Antes da oração mariana, o Pontífice comentou o Evangelho do domingo de Pentecostes. Eis a sua meditação.

Caros irmãos e irmãs
bom dia, bom domingo!

E hoje também boa festa, porque se celebra a Solenidade de Pentecostes. Celebra-se a efusão do Espírito Santo sobre os Apóstolos, que teve lugar cinquenta dias após a Páscoa. Jesus prometeu-o várias vezes. Na liturgia de hoje, o Evangelho regista uma destas promessas, quando Jesus disse aos discípulos: «O Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, ensinar-vos-á todas as coisas e recordar-vos-á o que vos disse» (Jo 14, 26). Eis o que faz o Espírito: ensina e recorda o que Cristo disse. Reflitamos sobre estas duas ações, ensinar e recordar, porque é assim que Ele faz entrar o Evangelho de Jesus nos nossos corações.

Antes de tudo, o Espírito Santo ensina. Desta forma, ajuda-nos a superar um obstáculo que se apresenta na experiência da fé: o da distância. Ele ajuda-nos a superar o obstáculo da distância na experiência da fé. De facto, pode surgir a dúvida de que entre o Evangelho e a vida quotidiana exista uma grande distância: Jesus viveu há dois mil anos, foram outros tempos, outras situações, e por isso o Evangelho parece ultrapassado, parece inadequado para falar aos nossos dias com as suas necessidades e problemas. Também a nós surge esta pergunta: o que pode o Evangelho dizer na era da internet, e na época da globalização? Como pode incidir a sua palavra?

Podemos dizer que o Espírito Santo é especialista em preencher distâncias, Ele sabe como transpor distâncias; Ele ensina-nos a superá-las. É Ele que liga o ensinamento de Jesus a cada tempo e a cada pessoa. Com Ele as palavras de Cristo não são uma memória, não: as palavras de Cristo pelo poder do Espírito Santo tornam-se vivas, hoje! O Espírito torna-as vivas para nós: através da Sagrada Escritura Ele fala-nos e orienta-nos no presente. O Espírito Santo não teme o passar dos séculos; pelo contrário, Ele torna os crentes atentos aos problemas e vicissitudes do seu tempo. De facto, quando o Espírito Santo ensina, atualiza: ele mantém a fé sempre jovem. Arriscamo-nos a fazer da fé uma peça de museu: é o risco! Ele, ao contrário, põe-na ao passo com os tempos, sempre atualizada, a fé em dia: esta é a sua tarefa. Pois o Espírito Santo não se prende a épocas nem a modas passageiras, mas traz aos dias de hoje a atualidade de Jesus, ressuscitado e vivo.

E como faz isto o Espírito? Fazendo-nos recordar. Eis o segundo verbo, recordar. O que significa recordar? Recordar significa trazer de volta ao coraçãorecordar: o Espírito traz o Evangelho de volta ao nosso coração. Acontece como com os Apóstolos: eles ouviram Jesus muitas vezes, no entanto tinham-no compreendido pouco. O mesmo acontece connosco. Mas a partir do Pentecostes, com o Espírito Santo, recordam e compreendem. Acolhem as suas palavras como feitas especialmente para eles e passam de um conhecimento exterior, de um conhecimento da memória, para uma relação viva, uma relação convicta e jubilosa com o Senhor. É o Espírito que faz isto, que nos faz passar do “ouvir dizer” para um conhecimento pessoal de Jesus, que entra no coração. Assim o Espírito muda a nossa vida: Ele faz com que os pensamentos de Jesus se tornem os nossos pensamentos. E fá-lo relembrando-nos as suas palavras, trazendo-nos ao coração, hoje, as palavras de Jesus.

Irmãos e irmãs, sem o Espírito para nos recordar Jesus, a fé fica esquecida. Tantas vezes a fé torna-se uma recordação sem memória: mas a memória está viva e a memória viva é trazida pelo Espírito. E nós — perguntemo-nos — somos cristãos esquecidos? Talvez seja suficiente uma adversidade, um cansaço, uma crise para esquecer o amor de Jesus e cair na dúvida e no nosso medo? Ai de nós! Tenhamos o cuidado de não nos tornarmos cristãos esquecidos. O remédio é invocar o Espírito Santo. Façamo-lo com frequência, especialmente em momentos importantes, antes de decisões difíceis e nas situações complicadas. Peguemos o Evangelho e invoquemos o Espírito. Podemos dizer: “Vem, Espírito Santo, recorda-me Jesus, ilumina o meu coração”. É uma bela oração, esta: “Vem, Espírito Santo, recorda-me Jesus, ilumina o meu coração”. Digamo-la juntos? “Vem, Espírito Santo, recorda-me Jesus, ilumina o meu coração”. Depois, abramos o Evangelho e leiamos um pequeno trecho, lentamente. E o Espírito fará com que ele falar à nossa vida.

Que a Virgem Maria, cheia do Espírito Santo, acenda em nós o desejo de rezar a Ele e de receber a Palavra de Deus.

No final da prece mariana o Papa recordou os dramas da Ucrânia e do Iémen e a beatificação no Líbano de dois frades capuchinhos mártires. E concluiu, rezando pelas vítimas das inundações no Brasil e pelos pescadores que sofrem por causa do aumento do custo do combustível.

Estimados irmãos e irmãs!

No Pentecostes o sonho de Deus sobre a humanidade torna-se realidade; cinquenta dias após a Páscoa, povos que falam línguas diferentes encontram-se e compreendem-se. Mas agora, cem dias após o início da agressão armada contra a Ucrânia, o pesadelo da guerra, que é a negação do sonho de Deus, desceu de novo sobre a humanidade: povos em confronto, povos a matarem-se, povos que, em vez de se aproximarem, são expulsos das próprias casas. E à medida que a fúria da destruição e da morte grassa e o conflito se reacende, alimentando uma escalada cada vez mais perigosa para todos, renovo o apelo aos líderes das nações: por favor, não leveis a humanidade à ruína! Não leveis a humanidade à ruína, por favor! Que se realizem verdadeiras conversações, negociações concretas para um cessar-fogo e para uma solução sustentável. Que o clamor desesperado do povo sofredor seja ouvido — vemo-lo todos os dias nos meios de comunicação social — que a vida humana seja respeitada e que tenha fim a terrível destruição de cidades e aldeias no leste da Ucrânia. Continuemos, por favor, a rezar e a trabalhar pela paz, sem nos cansarmos.

Ontem, em Beirute, foram beatificados dois frades menores capuchinhos, Leonard Melki e Thomas George Saleh, sacerdotes e mártires, assassinados por ódio à fé na Turquia respetivamente em 1915 e 1917. Estes dois missionários libaneses, num contexto hostil, deram provas de confiança inabalável em Deus e de abnegação para com o próximo. Que o seu exemplo reforce o nosso testemunho cristão. Eram jovens, tinham menos de 35 anos. Um aplauso aos novos Beatos!

Tomei conhecimento com satisfação que a trégua no Iémen foi renovada por mais dois meses. Graças a Deus e a vós. Espero que este sinal de esperança possa ser mais um passo para pôr fim a este conflito sangrento, que gerou uma das piores crises humanitárias do nosso tempo. Por favor, não esqueçamos de pensar nas crianças do Iémen: fome, destruição, falta de escolas, falta de tudo. Pensemos nas crianças!

Gostaria de assegurar as minhas orações pelas vítimas dos deslizamentos de terra causados pelas chuvas torrenciais na região metropolitana do Recife, no Brasil.

Saúdo todos vós, romanos e peregrinos! Saúdo a Associação “Advocacia em missão”; os membros do Movimento Internacional de Reconciliação e do Movimento não violento; o grupo escoteiro francês “Saint Louis”, a Sociedade de São Vicente de Paulo e a fraternidade Evangelii gaudium. Saúdo os fiéis de Piacenza d’Adige, o Coro de Castelfidardo, os jovens de Pollone e os de Cassina de’ Pecchi — lembro-me de quando visitei estes lugares há tantos anos — os peregrinos dos Santuários Antoniani de Camposampiero e os ciclistas de Sarcedo, e saúdo também os jovens da Immacolata.

Manifesto a minha proximidade aos pescadores, pensemos nos pescadores que, devido ao aumento do custo do combustível, correm o risco de ter de cessar a sua atividade; e estendo-a a todas as categorias de trabalhadores seriamente penalizados pelas consequências do conflito na Ucrânia.

Eu rezo por vós, vós rezai por mim. Desejo a todos bom domingo. Bom almoço e até à vista!

Fonte: https://www.osservatoreromano.va/pt

Santíssima Trindade: “o Pai é o que ama, o Filho é o amado e o Espírito Santo é o amor”

Zvonimir Atletic | Shutterstock
Por Mário Scandiuzzi

Como entender e acreditar no Deus que é Uno e Trino ao mesmo tempo.

Depois das celebrações da Ascensão de Jesus e de Pentecostes, a Igreja faz memória à Santíssima Trindade. 

Nós, católicos, professamos a nossa fé, dizendo: “Creio em Deus Pai, Todo Poderoso, criador do céu e da terra, e em Jesus Cristo, seu único Filho (…) Creio no Espírito Santo”. 

E se rezarmos o Símbolo Niceno-constantinopolitano, diremos: “Creio no Espírito Santo, Senhor que dá a vida e procede do Pai e do Filho, e com o Pai e o Filho é adorado e glorificado: Ele que falou pelos profetas”. 

Acreditamos em um Deus que é Uno e Trino ao mesmo tempo. É um mistério da nossa fé, um dogma, ou seja, uma verdade de fé proclamada pela Igreja. 

Nos Evangelhos encontramos passagens que nos mostram a manifestação do Pai, como no Monte Tabor (Mateus 17, 1-9). Os discípulos que acompanhavam Jesus ouviram uma voz que dizia: “Eis o meu Filho muito amado em quem pus toda minha afeição: ouvi-o”. 

E do Espírito Santo, como em Pentecostes (João 20, 19-23). Jesus pôs-se no meio dos discípulos que estavam reunidos a portas trancadas, por medo dos judeus e disse-lhes: “Recebei o Espírito Santo. Àqueles a quem perdoardes os pecados, ser-lhes-ão perdoados; àqueles a quem os retiverdes, ser-lhes-ão retidos”. 

A verdade sobre a Santíssima Trindade está presente desde as origens da Igreja. Na segunda carta aos Coríntios, São Paulo escreve: “A graça do Senhor Jesus Cristo, o amor de Deus e a comunhão do Espírito Santo estejam com todos vós!” (2Cor 13, 13). 

Para tentar explicar o mistério da Trindade Una, o Catecismo da Igreja Católica nos mostra que “não professamos três deuses, mas um só Deus em três pessoas: a Trindade consubstancial” (§253).  

No parágrafo seguinte, o Catecismo nos ensina que eles “são distintos entre si por suas relações de origem: é o Pai que gera, o Filho que é gerado, e o Espírito Santo, que procede” §254).

Para finalizar, uma explicação que eu ouvi de um padre numa aula sobre o catecismo: “o Pai é o que ama, o Filho é o amado e o Espírito Santo é o amor”. 

Fonte: https://pt.aleteia.org/

Santíssima Trindade

Dom Paulo Cezar | arqbrasilia

SANTÍSSIMA TRINDADE

Palavra do Pastor

Dom Paulo Cezar Costa

Arcebispo de Brasília

A Santíssima Trindade

Estamos celebrando o Domingo da Santíssima Trindade. Toda oração e ação da Igreja se dirigem ao mistério da Trindade, ao mistério do nosso Deus que é Pai, Filho e Espírito Santo. Sabemos que Deus é Trindade, pois Jesus nos revelou. Ele tinha uma relação singular com o Pai, a quem chamava Abá, Pai, (Paizinho) e era conduzido pelo Espírito. Jesus, quando se submeteu ao rito batismal de João Batista, o Espírito desceu sobre Ele e, depois, o conduziu durante todo o seu ministério. Ressuscitado, Jesus mandará sobre os apóstolos e sobre a Igreja o Espírito Santo. Jesus nos revelou que Deus é Trindade e a Igreja nascente experimentou a ação de Deus como Trindade. No Evangelho desta solenidade (Jo 16, 12-15) encontramos a ação da Trindade. Jesus, no seu discurso de despedida, afirma que o Espírito da Verdade conduzirá os apóstolos a verdade plena. Jesus mostra que é o Espírito que fará com que os discípulos penetrem no sentido mais profundo das suas Palavras, dos seus ensinamentos, e termina o trecho do Evangelho afirmando que “Tudo que o Pai possui é meu”, isto é, a sua comunhão profunda com o Pai.

A definição mais profunda que a Sagrada Escritura nos dá de Deus se encontra em 1 Jo, 4, 8. 16: “Deus é Amor”. O povo de Israel, durante todo o Antigo Testamento, tinha experimentado o amor de Deus no decorrer da sua história.  Deus o escolheu por amor, não cessou de oferecer-lhe a salvação perdoando seus pecados e infidelidades. São João, com esta definição nos mostra que o próprio ser de Deus é amor. “Ao enviar, na plenitude dos tempos, seu Filho único e o Espírito de Amor, Deus revela seu segredo mais íntimo: Ele mesmo é eternamente intercambio de Amor – Pai, Filho e Espírito Santo – e nos destinou a participar deste intercâmbio”(Catecismo da Igreja Católica 221). Bento XVI, nos ajuda a penetrar o mistério do amor trinitário: “Quando pensamos na Trindade, vem à mente, sobretudo o aspecto do mistério: são Três e são Um, um só Deus em três Pessoas. Na realidade, Deus só pode ser um mistério para nós na sua grandeza, e, todavia Ele revelou-se: podemos conhecê-lo no seu Filho, e assim conhecer também o Pai e o Espírito Santo. No entanto, a liturgia hodierna chama a nossa atenção não tanto para o mistério, mas para a realidade de amor que está contida neste primeiro e supremo mistério da nossa fé. O Pai e o Filho e o Espírito Santo são um só, porque são amor, e o amor é a força vivificadora absoluta, a unidade criada pelo amor é mais unidade do que uma unidade puramente física. O Pai doa tudo ao Filho; o Filho recebe tudo do Pai, com reconhecimento; e o Espírito Santo é como que o fruto deste amor recíproco do Pai e do Filho.” (Bento XVI, Homilia de 19 de junho de 2011).

Que celebrar a Santíssima Trindade nos ajude a sentirmos que o Pai de Jesus é também nosso Pai; a nos relacionarmos com Jesus como nosso irmão, nosso Salvador e Redentor e a nos deixarmos conduzir pelo Espírito Santo, que habita em nossos corações e nos santifica.

Fonte: https://arqbrasilia.com.br/

Comunidade brasileira que adota pessoas com deficiência inaugura fundação na Europa

Fundador da Jesus Menino, Tonio, com Judith e Maria Luiza, em Portugal.
Foto: Comunidade Jesus Menino
Por Natalia Zimbrão

REDAÇÃO CENTRAL, 09 jun. 22 / 03:30 pm (ACI).- A Comunidade Católica Jesus Menino, que tem como carisma o cuidado de pessoas com deficiência, deu início à sua fundação na Europa no dia 26 de maio. Inicialmente, o trabalho está sendo feito com um grupo de famílias em Portugal, mas a proposta é ampliar para a acolhida a pessoas com deficiência de todo o continente.

“A importância de chegarmos à Europa é sermos sinal de que a vida está acima de tudo e Deus é o Senhor da vida. Estamos ali para ser um contraponto à cultura da morte e implantarmos a cultura da vida”, disse à ACI Digital o fundador da comunidade, Antônio Carlos Tavares de Mello, conhecido como Tonio.

A Jesus Menino é uma comunidade católica de vida consagrada que tem como carisma acolher Jesus Menino presente nas pessoas com deficiências. O fundador, Tonio, adotou e adota crianças, jovens e adultos especiais abandonados, que na sua maioria vieram de gestações de alto risco ou até mesmo de tentativas de aborto e, por isso, tiveram sequelas físicas ou mentais. A sede fica em Petrópolis (RJ) e a comunidade também tem uma casa de missão em Brasília (DF).

Tonio disse que a ligação da Jesus Menino com Portugal começou em 2013, quando “uma jovem chamada Judith”, da cidade de Vila Real, conheceu a comunidade por meio de um programa da TV Canção Nova. “Ela demonstrou um grande amor filial, sentiu que eu poderia ser o pai dela, mesmo ela tendo pai e mãe, por ter uma deficiência psicológica”, contou.

Então, “a mãe de Judith, Maria Luiza, me escreveu uma carta. Naquele ano, eu tinha uma viagem à Europa e fui à Portugal para conhecê-la”. Nessa viagem, disse Tonio, foi possível “levar a mensagem da Jesus Menino ao coração daquela família”.

Na ocsião, Tonio assistiu à missa do então bispo de Vila real, dom Amândio José Tomás, que lhe pediu que falasse às pessoas presentes. “Ali, pais de outras pessoas especiais vieram nos conhecer e nasceu o primeiro grupo da Jesus Menino em Portugal, com pessoas que têm filhos com deficiência e gostariam de ter um apoio, uma palavra para sustentar a paternidade, pois muitos pais têm a dificuldade de conviver com a deficiência dos filhos”, disse Tonio.

Segundo ele, a partir desse grupo, “nasceu o desejo de criar um grupo de aliança, que caminhou até agora entre visitas, missas, celebrações, retiros”. Até que no mês passado, conseguiram fundar a Comunidade Jesus Menino Europa. “Foram feitos os estatutos, registros nacionais e internacionais, todos dimensionados para a Europa, feitos com o acompanhamento de advogados em cartório”, contou o fundador. Segundo Tonio, o trabalho também é acompanhado por “padre Manuel Coutinho, o sacerdote delegado pelo bispo de Vila Real [dom António Augusto de Oliveira Azevedo] para acompanhar o grupo, dando o discernimento necessário para esta fundação”.

O grupo em Portugal é composto por nove famílias, com filhos com deficiências. “Esses filhos vivem com seus pais e o desejo deles é que, futuramente, quando os pais não existirem mais, a comunidade os adote e também outras crianças que tiverem no caminho de orfandade”.

Atualmente, dois consagrados da Jesus Menino estão em Portugal. “Os trabalhos realizados são de acompanhamento das famílias, dando o respaldo psicológico, espiritual, afetivo, para que percebam que têm um grande presente que é a vida de seus filhos”, disse Tonio. Segundo ele, agora, buscam também por uma casa para ser sede da comunidade em Portugal e, quando for definida essa residência, mais quatro consagrados partirão para a Europa.

“Após a fundação em Vila Real, fomos à Fátima e, por obra de Deus, apareceu uma casa bem próxima ao santuário que comportaria toda a fundação da Jesus Menino como família que adota pessoas com deficiência”, disse. Segundo ele, tudo está sendo estudado e conversado, “para ver se é a vontade de Deus”.

“Vamos fazer lá o mesmo que fazemos no Brasil, amar sem medidas, ser família, ser sinal de Deus. Sabemos que nós não iremos resolver as situações de abandono de pessoas com deficiência no mundo, mas queremos ser esse sinal”, disse Tonio. A missão está começando em Portugal, mas, “ficaremos felicíssimos de ampliar cada vez mais por toda a Europa”.

Fonte: https://www.acidigital.com/

Dia de Combate ao Trabalho Infantil, o Papa: eliminar este flagelo

12 de junho: Dia Mundial de Combate ao Trabalho Infantil | Vatican News

São 160 milhões os afetados, particularmente entre os cinco e onze anos de idade. Um flagelo, lembrado por Francisco no Angelus deste domingo, 12 de junho.

Vatican News

O Papa no Angelus dominical lembrou que este 12 de junho é o Dia Mundial de Combate ao Trabalho Infantil.

"Comprometamo-nos a eliminar este flagelo, para que nenhuma criança seja privada de seus direitos fundamentais e forçada ou compelida a trabalhar. A realidade das crianças exploradas para o trabalho é uma realidade dramática que nos desafia a todos."

Trabalho infantil: no mundo afeta uma em cada 10 crianças

Pela primeira vez desde 2000, o número de crianças entre cinco e onze anos de idade envolvidas no trabalho infantil aumentou. Em todo o mundo, elas são agora cerca de uma em cada dez e metade delas está engajada em trabalhos perigosos. Quase 17 milhões a mais em 2020 do que quatro anos antes, para um total, segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT), de 160 milhões. Foi o que denunciado o Unicef em um comunicado para o Dia Mundial de Combate ao Trabalho Infantil, que é celebrado em 12 de junho no mundo inteiro.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

sábado, 11 de junho de 2022

Santo Antônio e o milagre dos peixes

Peixes | Cléofas
Por Prof. Felipe Aquino

“Irmãos peixes. Os homens esquecem-se de Deus. Por isso aqui estou para vos falar”, dizia Santo Antônio aos peixes ao perceber a ingratidão dos homens para com Deus…

Aos poucos foi ficando claro que a verdadeira missão de Santo Antônio estava no púlpito; tinha eloquência, amor às almas, grande poder de persuasão e uma voz boa. Irradiava santidade; dizia-se que bastava vê-lo que os pecadores caiam de joelhos. A todos os lugares que ia as multidões acorriam para ouvi-lo; hereges cátaros se convertiam e confessavam os seus pecados. Muitas vezes as igrejas eram pequenas para conter a multidão. E ele pregava nas praças públicas e nos mercados, como era comum na época.

Mas os hereges catáros não lhe davam sossego. Premeditaram uma vingança muito cruel em Rímini, na Itália. E foi essa vingança que proporcionou um dos milagres mais famosos de Santo Antônio.

O povo atraído pelos sermões brilhantes, corria em massa à igreja para ouvir a pregação. Os “cátaros” conseguiram afugentar os fiéis da igreja. Para isso atraíram o povo ao pecado e às festas onde não se observava nenhum princípio de moral.

Frei Antônio entrou no templo. Ficou surpreso. Nem, um fiel. Aquele templo que antes costumava ficar cheio de religiosos estava completamente vazio. Uma tristeza invadiu seu semblante. Os homens esqueciam-se de Deus.

Saindo do templo, percebendo que o povo não quis ouvir a palavra divina, preferindo seguir aos hereges, resolveu pregar aos peixes. “Estou certo de que eles me ouvirão com muito mais atenção do que esses hereges”. E tristemente afastou-se em direção ao rio Marecchia, onde ele desagua no mar Adriático, que passava próximo. Olhando as águas começou a chamar:

“Irmãos peixes. Os homens esquecem-se de Deus. Por isso aqui estou para vos falar”.

Os peixes foram surgindo, pondo a cabeça fora d’água. Só isso já era um milagre. Os peixes morrem, quando ficam muito tempo com a cabeça fora d’água. Mas eles não morreram. E ficaram ouvindo atentos, em ordem. O sol colocava reflexos estranhos naquelas cabeças de brilho metálico e molhado. Os peixes olhavam e ouviam atentos. E frei Antônio pregava. Falava de Deus. Dizia da ingratidão dos homens para com Deus.

Algumas pessoas que passavam viram o prodígio e foram chamar as outras. Dentro em pouco, atrás de frei Antônio havia toda uma verdadeira multidão assustada, vendo esse milagre, frei Antônio falava aos peixes.

Compreendendo o significado grandioso desse episódio, os homens caíram de joelhos arrependidos.

Não foi por acaso que lhe chamaram de “Arca do Evangelho”…

Este foi mais um dos muitos dos prodígios realizados por Santo Antônio durante sua vida. Você pode conhecer outros no livro: Santo Antônio – Arca do Evangelho –

Retirado do livro: “Santo Antônio – Arca do Evangelho -”. Prof. Felipe Aquino. Ed. Cléofas.

Fonte: https://cleofas.com.br/

"Cebola" ou "Batata"

Dreamstime

Dom Jacinto Bergmann
Arcebispo de Pelotas (RS)

Por que a humanidade de hoje gosta mais da “cebola” do que da “batata”? A pergunta é um tanto inusitada. Mas ela acaba por colocar-nos perante nossa realidade de forma bastante profunda. Ela pode ser feita numa cozinha por uma criança que está descobrindo o mundo, mas, pode ser proferida por pensadores nas suas reflexões. 

 A nossa história humana é uma “cebola” ou uma “batata”? A cebola contém cascas ininterruptas até o seu fim. Descascou-a e nada de “algo interior”. A batata apresenta uma casca e já se chegou ao seu cerne. Descascou-a e saboreamos o “seu interior”. 

As pessoas humanas que vão na linha da “cebola”, podem ser representadas pelo filósofo existencialista, Nietzsche. Ele afirmava que “tudo é interpretação”, isto é, não há um núcleo de Ser sustentando a nossa experiência de vida. Tudo são “cascas de cebola”: modos de ver, interpretações, perspectivas. Para além disso não há mais nada. 

Os que vão na linha da “batata”, são todos os pensadores com visão cristã de humanidade. Eles defendem que, mesmo escondida por uma crosta, existe uma realidade que é substanciosa e vital. 

Como nós nos colocamos diante da “cebola” e da “batata”? A verdade é que, mesmo sabendo que a vida humana é uma “batata”, nós a vivemos, muitas vezes, como se fosse uma “cebola”. Vivemos de opiniões de verdades parciais e provisórias, de paixões imediatas; vivemos aparências e modas como se a vida humana fosse isso. Esgotamo-nos desfilando cascas e camadas sem um centro que nos dê realmente acesso ao pleno sentido. Há uma escritora contemporânea, Susan Sontag, que diz que a nossa existência humana fica como que “sequestrada” neste sem-fim de interpretações que nos distraem da viagem essencial. Não habitamos em nós próprios, levados por ideias, pontos de vista, absolutizações das circunstâncias, cascas e mais cascas. Segundo ela, o mais urgente seria apuraraprofundar e afinar os nossos sentidos mais profundos e existenciais, aprendendo a ver melhor, a sentir melhor, a escutar melhor 

Segundo estudiosos atuais do ser humano é preciso, justamente, “trabalhar” à atenção. Ela, a atenção, é o grande desafio, que outra coisa não é que, confiadamente, ver melhorsentir melhorescutar melhor o que Deus revela em nós: sermos “sua imagem e semelhança” (cf. Gn 1). 

A “cebola” só faz ver, sentir e escutar cascas. A “batata” faz ver, sentir e escutar a beleza interior, essa que o grande Santo Agostinho coloca nas suas Confissões: “Tarde te amei, beleza tão antiga e tão nova, tarde te amei… Tu estavas comigo e eu não estava contigo” (Confissões X, XXVII). 

Barriga de aluguel é prática desumana, diz Francisco

Papa Francisco no Vaticano / Vatican Media

Vaticano, 10 jun. 22 / 03:37 pm (ACI).- “A dignidade do homem e da mulher também está ameaçada pela prática desumana e cada vez mais difundida da ‘barriga de aluguel’, em que as mulheres, quase sempre pobres, são exploradas, e as crianças são tratadas como mercadorias”, disse o papa Francisco hoje (10) ao receber os membros da Federação das Associações de Famílias Católicas da Europa.

Francisco também lamentou “a chaga da pornografia, que agora está se espalhando por toda parte pela Internet: ela deve ser denunciada como um ataque permanente à dignidade de homens e mulheres. Não se trata apenas de proteger as crianças – uma tarefa urgente das autoridades e de todos nós – mas também de declarar a pornografia como uma ameaça à saúde pública".

Da mesma forma, Francisco disse que “os Estados têm a tarefa de eliminar obstáculos à fertilidade das famílias e reconhecer que a família é um bem comum a ser recompensado, com consequências naturais positivas para todos”.

Francisco citou uma declaração de outubro de 2021 da federação que explicava que “ter filhos não deve ser considerado uma falta de responsabilidade para com a criação ou seus recursos naturais. O conceito de ‘impressão ecológica’ não pode ser aplicado às crianças, pois elas são um recurso indispensável para o futuro. Em vez disso, o consumismo e o individualismo devem ser abordados, olhando as famílias como o melhor exemplo de otimização de recursos”.

O papa disse que “o amor recíproco entre homem e mulher é reflexo do amor absoluto e indefectível com que Deus ama o ser humano, destinado a ser fecundo e realizado no trabalho comum de ordem e cuidado social criação".

“A família fundada no matrimônio está no centro. É a primeira célula de nossas comunidades e deve ser reconhecida como tal, em sua função generativa, única e indispensável. Não porque seja uma entidade ideal e perfeita, não porque seja um modelo ideológico, mas porque representa o lugar natural das primeiras relações e da geração: Quando a família acolhe e vai ao encontro dos outros, especialmente dos pobres e abandonados, é símbolo, testemunha e participação na maternidade da Igreja”, disse o papa.

Francisco destacou o compromisso diário da federação em favor das famílias em que prestam “um serviço duplo: vocês levam sua voz para as instituições europeias e trabalham para formar redes de famílias em toda a Europa”.

Ao mencionar que a federação europeia está comemorando 25 anos de fundação, o papa lamentou que "neste momento a Europa, e eu diria que especialmente as famílias da Europa, vivem um momento que para muitos é trágico e para todos é dramático por causa da guerra na Ucrânia”.

Por isso, o papa recordou outra declaração recente na qual dizia que “mães e pais, independentemente de sua nacionalidade, não querem guerra. A família é a escola da paz” e reconheceu que “as famílias e redes de famílias estiveram e estão na vanguarda do acolhimento de refugiados, especialmente na Lituânia, Polônia e Hungria”.

Francisco os encorajou a continuar seu serviço para responder às exigências do Evangelho “que o Senhor os abençoe e a Virgem cuide de vocês. Eu os abençoo de coração e peço que por favor rezem por mim. Obrigado!”

Fonte: https://www.acidigital.com/

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF