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sábado, 22 de julho de 2023

Uma boa ação para todos os dias: tratar bem os colegas de trabalho

Ivan Kruk | Shutterstock

Por Cecilia Zinicola

Relacionamentos fortes são a base de um ambiente de trabalho positivo, do qual todos se beneficiamo.

Em nossa ânsia de atingir objetivos profissionais, podemos facilmente cair no desequilíbrio de colocar muito foco no trabalho e não dar atenção suficiente aos nossos colegas, mesmo quando estamos interagindo com eles o tempo todo.

Quando o trato diário com os colegas de trabalho esfria, é importante voltar a considerá-lo e fazer algo por eles, mostrando que nos importamos com nossos amigos.  

Por quê?

Relacionamentos fortes são a base de um ambiente de trabalho positivo, do qual todos nós nos beneficiamos. Cuidar dessas relações com os colegas de trabalho é um ato de amor, uma tarefa profundamente humana e revitalizante.

Cada vez que fazemos o bem a outras pessoas, não estamos apenas construindo valores nos outros, mas também em nós mesmos, colocando em prática virtudes como a temperança , o respeito e a empatia. Viver de acordo com esses valores no local de trabalho nos ajuda a ser pessoas melhores e ajuda os outros a desfrutar de nossa presença.

Assim, é mais provável que o desejo de trabalhar em equipe seja eficaz e nos sintamos acompanhados em momentos de pressão ou estresse. Um ambiente de trabalho acolhedor gera uma força produtiva que permite que as coisas sejam feitas através de um mútuo aprendizado e com a possibilidade de formar amizades que se tornam significativas com o passar do tempo.

Além disso, como cristãos, nosso amor por Deus se manifesta na maneira como tratamos os outros. E os colegas de trabalho são aquelas pessoas que Deus permitiu que estivessem em nossa jornada de fé. Se o nosso relacionamento com eles for cheio de caridade, eles se tornam um verdadeiro instrumento da graça de Deus em nossas vidas.

Como?

Existem muitas maneiras de se importar com o seu colega de trabalho. Abaixo estão algumas delas:

1.Ofereça seu tempo. Procure oportunidades para fomentar a interação e dedicar tempo a um colega, sabendo encontrar o momento certo para falar e aproveitando, por exemplo, alguns minutos a mais para cumprimentá-lo ou acolhê-lo. Um alegre “bom dia” e um sorriso deixam as pessoas de bom humor e é um pequeno gesto que pode fazer uma grande diferença no humor das pessoas;

2.Reconheça. Não se trata de inventar nada, trata-se de prestar mais atenção a pequenas contribuições que os colegas fazem e comunicá-las de forma autêntica. Tome a iniciativa e aproveite uma reunião para dar os parabéns, escrever um e-mail, enviar uma mensagem ou encontrar um momento para conversar durante o almoço para elogiar um colega;

3.Enfatize a aparência pessoal. Reconheça as capacidades da pessoa e não apenas aquelas ligadas a benefícios econômicos, como a forma de comunicar ou a eficácia na abordagem de um tema. Colegas de trabalho apreciam elogios sinceros e a aprovação de seus pares;

4.Transmita confiança. Os processos são tão importantes como o resultado final. Deixe seu parceiro saber que você os aprecia mesmo quando eles não estão contribuindo diretamente para os resultados. Isso gera confiança no outro e o encoraja a querer continuar progredindo;

5. Pense nas necessidades. Levar em consideração os colegas implica também identificar os problemas que surgem e assumi-los, cobrindo as lacunas e buscando redirecionar essas energias para melhorar uma situação que pode ser difícil. Em vez de apontar o dedo para os erros, é melhor cooperar, oferecendo sua dedicação e disponibilidade para ajudar;

6.Agradeça. Agradecer por fazer algo que tornou o trabalho de outra pessoa um pouco mais fácil costuma ser suficiente para comunicar um trabalho bem feito. Talvez você conheça alguém recentemente que corrigiu um problema de internet ou deu a todos dias extras de folga. Seja específico e concentre-se nesses detalhes usando boas maneiras;

7. Priorize as pessoas. Ao fazer uma pergunta técnica, comece com uma saudação ou uma pergunta mais pessoal sobre como o colega está, como está a família dele ou como foi o fim de semana. Interessar-se por um colega de trabalho faz com que ele se sinta valorizado, mesmo que a conversa seja breve;

8. Lembre-se de datas especiais. Guarde no calendário as datas de aniversário dos seus colegas para parabenizá-los pelo dia ou organize um pequeno presente para quando a ocasião chegar. Outras datas festivas ao longo do ano também podem ser oportunidades para relembrar o quanto os apreciamos ou até mesmo quebrar a rotina com uma pequena ação, como partilhar uns doces ou servir um bom café.

Fonte: https://pt.aleteia.org/

EUCARISTIA DE SÉTIMO ANIVERSÁRIO DA PÁSCOA DE CARMEN HERNÁNDEZ

Eucaristia de 7º aniversário de Páscoa de Carmen Hernández (rmater)

No dia 19 de julho, sétimo aniversário da Páscoa da Serva de Deus Carmen Hernández, coiniciadora do Caminho Neocatecumenal, a celebração eucarística em nosso Seminário foi presidida por Dom Giambattista Diquattro, Núncio Apostólico no Brasil. Ele conheceu Carmen Hernández em Roma no momento da elaboração dos Estatutos do Caminho. Em sua homilia, Dom Giambattista dizia: “Deus se apresenta: Eu sou o Deus de Abraão, o Deus de Isaac, o Deus de Jacó. Moisés não pode entender o nome da essência de Deus, ele não pode entender o nome da onipotência eterna de Deus. Eu sou o Deus de Abraão, o Deus de Isaac, o Deus de Jacó. Mas o que sou é eterno; Isaac e Jacó também eternos; ou melhor, não eternos, mas eternizados por Deus”. Após a celebração, na qual também esteve presente Mons. Joseph Antony, primeiro conselheiro da Nunciatura Apostólica, compartilhamos o jantar e visitamos as instalações do Seminário. Nosso Núncio Apostólico repetiu algumas vezes que no momento da elaboração dos Estatutos se tocava a ação do Espírito Santo em Kiko e Carmen, e em toda obra que Deus suscitou por meio deles. Ficamos muito agradecidos e honrados com a presença de Dom Giambattista Diquattro em nossa Casa de Formação.
Dom Giambattista Diquattro, padres e seminaristas (rmater)

Fonte: https://www.rmater.org.br/

A beleza da Moral Católica

A beleza da Moral Católica (Cléofas)

A beleza da Moral Católica

 POR PROF. FELIPE AQUINO

“Viver a Moral católica é ser fiel a Jesus Cristo e a tudo o que Ele ensina através da sua Igreja”

A moral católica tem como objetivo levar o cristão à realização da sua vocação suprema que é a santidade. Ela tem como objetivo dirigir o comportamento do homem para o seu Fim Supremo que é Deus, que se revelou ao homem de modo especial em Jesus Cristo e sua Igreja.

A Moral vai além do Direito que se baseia em leis humanas; mas nem sempre perscruta a consciência. Pode acontecer de alguém estar agindo de acordo com o Direito, mas não de acordo com a consciência. Nem tudo que é legal é moral.

A Moral cristã leva em conta que o pecado enfraqueceu a natureza humana e que ela precisa da graça de Deus para se libertar de suas tendências desregradas e viver de acordo com a vontade de Deus.

Portanto, a Moral cristã e a Religião estão intimamente ligadas, tendo como referência Deus Pai, Filho e Espírito Santo. Ser cristão é viver em comunhão com Cristo, vivendo Nele, por Ele e para Ele. É de dentro do coração do cristão que nasce a vontade de viver a “Lei de Cristo”, a Moral cristã, e isto é obra do Espírito Santo. Não é um peso, é uma libertação.

O comportamento do cristão é uma resposta ao amor de Deus. Dizia S. João da Cruz que “amor só se paga com amor”.

“Deus é amor” (1Jo 4, 16) e Ele “nos amou primeiro” (1Jo 4, 19).

Ninguém deve viver a Lei de Cristo, por medo, mas por amor ao Senhor que desceu do céu, e imolou-se por cada um de nós. Nosso amor a Deus não deve ser o amor do escravo que lhe obedece por medo do castigo, e nem do mercenário que o obedece por amor ao dinheiro, mas sim o amor do filho que obedece ao pai simplesmente porque é amado por ele.

São Paulo dizia: “O amor de Cristo me constrange” (2Cor 5,14).

Ninguém será verdadeiramente espiritual enquanto não viver a lei de Deus simplesmente por amor a Deus e não por medo de castigos.

Por outro lado, devemos viver a lei de Deus porque ela é, de fato, o caminho para a nossa verdadeira felicidade. Ele nos ama e é Deus; não erra e não pode nos enganar; logo, sua Lei, é o melhor para nós.

Quem não obedece ao catálogo do projetista de uma máquina, acaba estragando-a; assim, quem não obedece a Lei de Deus, acaba destruindo a sua maior obra que é a pessoa humana.

A Lei de Cristo se resume em “amar a Deus e amar ao próximo como a si mesmo” (cf. Mt 22, 37-40). Mas esse amor ao próximo não é apenas por uma questão de simpatia ou afinidade com ele, mas pelo exemplo de Cristo, que “nos amou quando ainda éramos pecadores”, como disse S. Paulo. Por isso, o cristão odeia o pecado mas sempre ama o pecador. A Igreja ensina que não se deve impor a verdade sem caridade, mas também não se deve sacrificar a verdade em nome da caridade.

Deus sempre exigiu do povo escolhido, consagrado a Iahweh (Dt 7,6; 14,2.21), a observância das Suas Leis, para que este povo fosse sempre feliz e abençoado.

“Observareis os mandamentos de Iahweh vosso Deus tais como vo-los prescrevo” (Dt 4,2).

“Iahweh é o único Deus… Observa os seus estatutos e seus mandamentos que eu hoje te ordeno, para que tudo corra bem a ti e aos teus filhos depois de ti, para que prolongues teus dias sobre a terra que Iahweh teu Deus te dará, para todo o sempre” (Dt 14,40).

Deus tem um grande ciúme do seu povo, e não aceita que este deixe de cumprir suas Leis para adorar os deuses pagãos.

“Eu, Iahweh teu Deus, sou um Deus ciumento…” (Dt 5,9).

O Apóstolo São Tiago, lembra-nos esse ciúme de Deus por cada um de nós, ao dizer que: “Sois amados até ao ciúme pelo Espírito que habita em vós” (Tg 4,5).

Deus não aceita ser o segundo na nossa vida, Ele exige ser o primeiro, porque para Ele cada um de nós é o primeiro.

Esse amor a Deus se manifesta exatamente na obediência aos mandamentos: “Andareis em todo o caminho que Iahweh vosso Deus vos ordenou, para que vivais, sendo felizes e prolongando os vossos dias na terra que ides conquistar” (Dt 5,33).

E as bençãos que Deus promete são abundantes:

“Se de fato obedecerdes aos mandamentos que hoje vos ordeno, amando a Iahweh vosso Deus e servindo-o com todo o vosso coração e com toda a vossa alma, darei chuva para a vossa terra no tempo certo: chuvas de outono e de primavera. Poderás assim recolher teu trigo, teu vinho novo e teu óleo; darei erva no campo para o teu rebanho, de modo que poderás comer e ficar saciado” (Dt 11.13-15; Lv 26; Dt 28).

Jesus disse aos Apóstolos: “Se me amais guardareis os meus mandamentos” (Jo 14,23).

“Nem todo aquele que diz Senhor, Senhor, entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai…” (Mt 7,21).

O nosso Papa Emérito Bento XVI já falava do perigo da “ditadura do relativismo”. Na homilia que proferiu na missa que precedeu o início do Conclave que o elegeu, ele deixou claro as suas maiores preocupações:

“…que nos tornemos adultos em nossa fé. Não devemos permanecer crianças na fé, em estado de menoridade. Em que consiste sermos crianças na fé? Responde São Paulo: ‘Significa sermos arrastados para lá e para cá por qualquer vento doutrinário. Uma descrição muito atual!’”.

“Quantos ventos doutrinários experimentamos nesses últimos decênios, quantas correntes ideológicas, quantos modos de pensamentos… O pequeno barco do pensamento de muitos cristãos se viu freqüentemente agitado por essas ondas arremessado de um extremo ao outro: do marxismo ao liberalismo, e até mesmo a libertinagem; do coletivismo ao individualismo radical; do agnosticismo ao sincretismo, e muito mais. A cada dia nascem novas seitas, e as palavras de São Paulo sobre a possibilidade de que a astúcia nos homens, seja causa de erros são confirmadas”.

“Ter uma fé clara, de acordo com o Credo da Igreja, muitas vezes foi rotulado como fundamentalista. Enquanto que o relativismo, ou seja, o deixar-se levar «guiados por qualquer vento de doutrina», parece ser a única atitude que está na moda. Vai-se construindo uma ditadura do relativismo que não reconhece nada como definitivo e que só deixa como última medida o próprio eu e suas vontades. Nós temos outra medida: o Filho de Deus, o verdadeiro homem. Ele é a medida do verdadeiro humanismo. «Adulta» não é uma fé que segue as ondas da moda e da última novidade; adulta e madura é uma fé profundamente arraigada na amizade com Cristo”.

O relativismo religioso é aquele em que cada um faz a “sua” própria doutrina moral, e não mais segue os Mandamentos dados por Deus. E quem não age segundo esta perversa ótica, é então menosprezado e chamado de retrógrado, obscurantista, etc.

Mas a Igreja nunca trairá o seu Senhor. Demos graças a Deus por este novo Pedro que Ele pôs à frente do Seu Rebanho! Caminhemos com alegria e coragem, pois: “Ubi Petrus, ibi Ecclesia, ubi Ecclesia ibi Christus” – Onde está Pedro está a Igreja, onde está a Igreja está Jesus Cristo. (São Basílio Magno)

Viver a Moral católica é ser fiel a Jesus Cristo e a tudo o que Ele ensina através da sua Igreja.

Prof. Felipe Aquino

Fonte: https://cleofas.com.br/

Celibato eclesiástico: História e fundamentos teológicos (4/15)

Celibato eclesiástico (Presbíteros)

Celibato eclesiástico: História e fundamentos teológicos 

CARD. Alfons M. Stickler

             3.  O testemunho da Igreja de Roma

No contexto do testemunho africano sobre o celibato já escutamos uma voz muito autorizada por parte de Roma: o legado pontifício Faustino manifestou em Cartago a plena correspondência de Roma sobre esta questão, suscitada ali incidentalmente. 

Roma, aliás, já tinha enviado uma carta aos bispos da África, na época do Papa Sirício, que comunicava as decisões do Sínodo romano de 386, nas que se insistia novamente em algumas importantes disposições apostólicas. Esta carta tinha sido comunicada durante o Concílio de Telepte do ano 418. A última parte da mesma (can. 9.) trata precisamente da continência do clero. 

Com este documento nos introduzimos no segundo conjunto de testemunhos sobre o celibato – presentes nas disposições dos Romanos Pontífices sobre esse tema – que têm claramente um maior peso, não só quanto à consciência da tradição observada pela Igreja universal, mas também para o desenvolvimento posterior e para a observância do celibato clerical. 

Uma afirmação geral sobre a importância da posição de Roma sobre qualquer assunto e, portanto, também sobre o celibato é proveniente de Santo Irineu, que, tendo sido discípulo de São Policarpo, estava relacionado com a tradição joanica que ele – como bispo de Lião, a partir do ano 178 – transmitia também para a Igreja na Europa. Se na sua principal obra “Contra as heresias” afirma que a tradição apostólica é preservada na Igreja de Roma, fundada pelos apóstolos Pedro e Paulo, e é por isso que todas as outras igrejas devem concordar com ela, podemos dizer que isso vale também para a tradição sobre a continência dos eclesiásticos. 

Os primeiros testemunhos explícitos a respeito provêm de dois Papas: Sirício e Inocêncio I. Ao predecessor do primeiro, o Papa Dâmaso, tinha sido apresentado pelo bispo Himério de Tarragona algumas questões às quais só o seu sucessor, ou seja, Sirício tinha dado uma resposta. Quando perguntado sobre a obrigação dos clérigos maiores à continência o Papa respondeu na carta Directa em 385, dizendo que os sacerdotes e diáconos que, depois da Ordenação, geram filhos atuam contrariamente a uma lei irrenunciável, que obriga os clérigos maiores desde o início da Igreja. A apelação ao fato de que no Antigo Testamento os sacerdotes e levitas podiam usar do matrimônio, fora do tempo do seu serviço no Templo, foi refutada pelo Novo Testamento no qual os clérigos maiores devem prestar culto sagrado todos os dias; por isso a partir do dia da sua Ordenação deve viver continuamente a continência. 

Uma segunda carta do mesmo Papa, referindo-se à mesma questão e que já mencionamos, é a enviada aos bispos africanos em 386, que relatou as deliberações de um Sínodo romano. Esta carta é especialmente ilustrativa sobre o tema do celibato. O Papa assinalou, acima de tudo, que os pontos tratados no Sínodo não se referem a novas obrigações, mas sim a pontos de fé e de disciplina, que, por causa da preguiça e da inércia de alguns, têm sido negligenciados. Devem, portanto, ser revitalizados, pois, segundo as palavras da Sagrada Escrituras “Sê forte e observa as nossas tradições que recebestes, quer oralmente, que por escrito” (2. Tes 2, 15), se trata de disposições dos Padres Apostólicos. O Sínodo romano é, portanto, consciente de que as tradições recebidas apenas oralmente são vinculativas. E aludindo ao juízo divino, observa que todos os bispos católicos devem observar nove disposições que são enumeradas.  

A nova delas é exposta com detalhes: os sacerdotes e levitas não devem ter relações sexuais com suas esposas, porque devem estar ocupados diariamente com o seu ministério sacerdotal. São Paulo escreveu aos Coríntios que eles deviam se abster das relações sexuais para se dedicar à oração. Se aos leigos a continência é imposta, a fim de serem ouvidos na sua oração, com muito maior razão deve estar disposto em todo momento o sacerdote para oferecer, com castidade verdadeira o Sacrifício e para administrar Batismo. Depois de outras considerações ascéticas, é rejeitada – que eu saiba, pela primeira vez no Ocidente – pelos oitenta bispos reunidos, uma objeção, ainda hoje viva, que visa provar a continuidade no uso do matrimônio em base às palavras do Apóstolo São Paulo segundo as quais, o candidato às Sagradas Ordens, só podia ter estado casado uma vez. Estas palavras, apontaram os bispos, não querem dizer que se pode continuar vivendo na concupiscência e gerando filhos, mas foram precisamente ditas em favor da futura continência. É ensinado, por conseguinte, oficialmente – e será repetido continuamente – que as segundas núpcias ou o matrimônio com uma viúva, não oferecem segurança de continência futura. A carta conclui com uma exortação a obedecer estas disposições que estão sustentadas pela tradição. 

 O seguinte Romano Pontífice que se ocupou amplamente da continência do clero é Inocêncio I (401 417). Provavelmente é sua uma carta sobre essa matéria, atribuída primeiro a Dâmaso e depois a Sirício. Quando foram apresentadas algumas questões pelos bispos da Gália, foram examinadas num Sínodo romano uma série de questões práticas, cujos resultados ou respostas foram comunicadas na carta Dominus inter no começo do século IV. A terceira das dezesseis perguntas se referia à “castidade e pureza dos sacerdotes”. Na introdução, o Papa constata que “muitos bispos em várias igrejas particulares têm mudado temerariamente a tradição dos Padres, e caíram na escuridão da heresia, preferindo a honra que vem dos homens, ao mérito diante de Deus”. 

E como o demandante, movido não pela curiosidade, mas pelo desejo de estar seguro na fé, tratava de alcançar da autoridade da Sé Apostólica informações sobre as leis e sobre as tradições, comunica-lhes com uma linguagem simples, mas de conteúdo seguro, o que se deve saber para poder corrigir todas as deficiências que a arrogância humana causou. 

À terceira das questões propostas, dá a seguinte resposta: “Em primeiro lugar, no que diz respeito aos bispos, sacerdotes e diáconos, que devem participar nos sacrifício divinos, por cujas mãos se comunica a graça do batismo e se oferece o Corpo de Cristo, decidiu-se que estão obrigados, não só por nós mas pelas divinas Escrituras à castidade: aos quais também os Padres ordenaram que observassem a continência corporal”. Continua então uma ampla exposição – que ainda hoje é digna de ser recordada – dos motivos, sobretudo bíblicos de dita prescrição, e se conclui dizendo que, ainda que só fosse pela veneração devida à religião, não se deve confiar o ministério divino aos desobedientes. 

Outras três cartas do mesmo Papa repetem os conceitos de seu antecessor Sirício, aos quais se une plenamente. Trata-se da carta a Victricio de Rouen, de 15 de fevereiro de 404; da dirigida a Exupério de Tolosa, de 20 de fevereiro de 405; e da dirigida aos bispos Máximo e Severo de Calábria, de data incerta. É importante notar que sempre se pede sanções contra os impenitentes, que devem ser afastados do ministério clerical. 

Os seguintes Pontífices Romanos também se esforçaram para preservar a estrita observância da tradicional continência do clero. Basta recordar, entre os mais importantes destes séculos, os depoimentos de dois deles: Leão Magno e Gregório Magno. 

 Leão Magno, em 456, escreveu ao bispo Rústico de Narbona: “A lei da continência é a mesma para os ministros do altar (diáconos) que para os sacerdotes e bispos. Quando eram ainda leigos e leitores podiam se casar e gerar filhos. Mas, ao ser elevados aos graus anteriormente citados, começou a não ser lícito para eles o que antes o era. De fato, para que o matrimônio carnal chegue a ser um matrimônio espiritual não é necessário que as esposas sejam afastadas, mas sim que se considerem como se não as tivesse, deste modo de salva o amor conjugal e ao mesmo tempo cessa o uso do matrimônio”. 

 O Papa confirmou assim outro ponto relacionado com a continência dos clérigos casados, que na legislação precedente era também mencionado, a saber: que as esposas dos clérigos casados, após a Ordenação de seus maridos, devem ser sustentadas pela Igreja. A posterior coabitação com o marido, então obrigado à continência, não era geralmente tolerada pelo perigo de faltar à obrigação assumida. Foi permitida apenas nos casos em que esse risco estava excluído. Qualquer texto contra o abandono das esposas deve ser interpretado nesse mesmo sentido, como é evidente neste fragmento de Leão Magno. 

Deve acrescentar-se que este Papa estendeu aos sub-diáconos a obrigação à continência posterior à sagrada Ordenação, que até agora não estava claro, por causa da dúvida que existia sobre se o Ordem do sub-diaconado pertencia ou não às Ordens maiores. 

Gregório Magno (590 604) faz compreender nas suas cartas, ao menos indiretamente, que a continência dos eclesiásticos era substancialmente observada na Igreja Ocidental. Dispôs simplesmente que também a ordenação de subdiácono comportava, definitivamente e para todos, a obrigação de perfeita continência. Ele também sugeriu repetidamente que a coexistência entre clérigos maiores e mulheres não autorizadas para isso continuava estando absolutamente proibida, e devia, portanto, ser impedida. E como as esposas não pertenciam normalmente à categoria das autorizadas, dava com isso uma significativa interpretação ao cânon 3 do Concílio Nicéia. 

Do acima exposto, podemos já deduzir uma primeira constatação de singular importância: na Igreja Ocidental, ou seja, na Europa e nas regiões da África pertencentes ao Patriarcado de Roma, a unidade da fé era e permanecia sempre viva, junto com a unidade também da disciplina, algo que se manifesta pela comunicação, mais ou menos intensa, mas nunca interrompida, entre as várias igrejas regionais. Assim, os representantes de outras regiões eram admitidos nos Concílios Provinciais. Em Elvira, por exemplo, esteve presente, entre outros Eutiques como representante de Cartago, e no Concílio de Cartago de 418, que tratou da questão dos pelagianos estavam também bispos da Espanha. 

Essa consciência de unidade e de substancial uniformidade é encontrada explicitamente nas atas conciliares da época. O primado romano cada vez mais operativo desde o momento em que as perseguições tinham terminado era atualização e posta em prática do princípio da unidade. Esta realidade reflete-se sobretudo nas questões essenciais para a fé da Igreja universal, mas nós podemos constatá-las também nas questões disciplinares, especialmente no ambiente do patriarcado romano. 

Uma prova de primeira ordem desta unidade disciplinar é precisamente a que se adverte na questão que nos ocupa, sobre a continência do clero. Junto à práxis conciliar, que é eficaz desde o início, afirmando-a e confirmando-a, surge a ação orientadora e o cuidado universal em sua conservação por parte dos Romanos Pontífices, começando pelo Papa Siríaco. Se o celibato eclesiástico corretamente entendido foi conservado claramente em conformidade com a consciência clara de sua origem e da sua antiga tradição, apesar das dificuldades que surgem sempre e em toda a parte, o devemos sem dúvida à solicitude ininterrupta do Papas. Uma prova a sensu contrario desta afirmação nos virá dada pela história do celibato na Igreja Oriental. Mas antes de entrar nela, devemos ainda prosseguir com outras fases do seu desenvolvimento na Igreja do Ocidente.

Alfons M. Stickler
Cardeal Diácono de São Giorgio in Velabro
CIDADE DO VATICANO 

Tradução para o português:

Pe. Anderson Alves.
Contato: 
amralves_filo@yahoo.com.br

Fonte: https://presbiteros.org.br

Festival da Juventude da JMJ Lisboa 2023 terá mais de 500 eventos

Coro COD Coimbra / Agência Ecclesia

Lisboa, 21 Jul. 23 / 04:41 pm (ACI).- A Fundação Jornada Mundial da Juventude (JMJ) Lisboa 2023 apresentou o programa do Festival da Juventude, com a divulgação de um vídeo. Serão mais de 500 eventos culturais, religiosos e esportivos, entre os dias 1º e 6 de agosto, com entrada gratuita.

Segundo os organizadores, a JMJ Lisboa 2023 recebeu 520 candidaturas de mais de 50 países. No total, foram selecionadas 230 candidaturas que representam mais de 35 países e 2.500 participantes. O Festival da Juventude acontecerá em cerca de 100 espaços de Lisboa, com o apoio de entidades públicas e privadas que vão acolher diversos eventos em áreas distintas.

Entre as atividades, haverá 290 apresentações musicais, com mais de 100 bandas, em nove palcos. Terá também 27 projeções de documentários, longas-metragens e outros filmes, 17 exposições, sete espetáculos teatrais, seis exibições de dança.

Nos esportes, a JMJ promoverá um torneio de Voleibol de Praia, em Carcavelos, com 320 participantes, e um torneio de futebol, no Estádio Universitário de Lisboa, com 360 participantes. Haverá também demonstrações de esporte inclusivo.

A programação também contará com 80 encontros religiosos, incluindo a oportunidade de rezar junto a relíquias de santos, como são João Paulo II, santa Teresinha do Menino Jesus, santo Tomás de Aquino, santa Maria Madalena, santa Joana d’Arc, beato Pier Giorgio Frassatti, beato Carlo Acutis e beato Marcel Callo.

Haverá ainda conferências com reflexões e testemunhos de quem segue Jesus, conversas sobre vocação e missão e palestras sobre desafios atuais da sociedade, da cidadania e do mundo profissional.

Além disso, 35 espaços museológicos se associaram à JMJ Lisboa 2023 e oferecem aos peregrinos e voluntários com entrada gratuita ou condições especiais.

O programa do Festival da Juventude pode ser consultado aqui e estará no aplicativo oficial da JMJ Lisboa 2023 que, segundo os organizadores, estará disponível em breve.

Fonte: https://www.acidigital.com/

SANTA MARIA MADALENA

Santa Maria Madalena (Vatican Media)

22 de julho

Santa Maria Madalena

A festa litúrgica de Maria Madalena foi instituída em 3 de junho de 2016 pelo Papa Francisco, durante o Jubileu da Misericórdia. Eis uma parte do Decreto: “Esta decisão insere-se no contexto eclesial atual, que exige uma reflexão mais profunda sobre a dignidade da mulher, a nova Evangelização e a grandeza do mistério da Misericórdia divina”.

«No primeiro dia, que se seguia ao sábado, Maria Madalena foi ao sepulcro, de manhã cedo, quando ainda estava escuro. Viu a pedra removida do sepulcro. Correu e foi dizer a Simão Pedro e ao outro discípulo a quem Jesus amava: “Tiraram o Senhor do sepulcro, e não sabemos onde o puseram!”. Entretanto, Maria se conservava do lado de fora perto do sepulcro e chorava. Chorando, inclinou-se para olhar dentro do sepulcro. Viu dois anjos vestidos de branco, sentados onde estivera o corpo de Jesus, um à cabeceira e outro aos pés. E eles lhe perguntaram: “Mulher, por que choras?”. Ela respondeu: “Porque levaram o meu Senhor e não sei onde o puseram”. Ditas essas palavras, voltou-se para trás e viu Jesus em pé, mas não o reconheceu. Perguntou-lhe Jesus: “Mulher, por que choras? Quem procuras?”. Supondo que fosse o jardineiro, respondeu-lhe: “Senhor, se tu o tiraste, dize-me onde o puseste e eu o irei buscar”. Disse-lhe Jesus: “Maria!” Voltando-se ela exclamou em hebraico: “Rabôni!” - que significa Mestre! -. Disse-lhe Jesus: “Não me retenhas, porque ainda não subi a meu Pai, mas vai aos meus irmãos e dize-lhes: subo para meu Pai e vosso Pai, meu Deus e vosso Deus”. Maria Madalena correu para anunciar aos discípulos que tinha visto o Senhor e lhes contou o que ele lhe tinha falado». (Jo 20,1-2.11-18).

Maria Madalena para São João Paulo II

São João Paulo II dedicou grande atenção, não só à importância das mulheres na sua missão peculiar de servir a Cristo e a Igreja, mas também, com especial ênfase, à função particular de Maria Madalena como primeira testemunha por ver o Ressuscitado e primeira mensageira por anunciar a ressurreição do Senhor aos apóstolos (cf. Mulieris dignitatem, 16). Esta importância continua ainda hoje na Igreja – demonstrado pelo atual compromisso de uma nova evangelização - que acolhe, sem nenhuma distinção, homens e mulheres, de qualquer raça, povo, língua e nação (cf. Ap 5, 9), para anunciar-lhes a Boa Nova do Evangelho de Jesus Cristo, acompanhá-los na sua peregrinação terrena e oferecer-lhes as maravilhas da salvação de Deus. Santa Maria Madalena é um exemplo de verdadeira e autêntica evangelizadora, isto é, de uma evangelista que anuncia a alegre mensagem central da Páscoa (cf. coleta de 22 de julho e novo prefácio).

Maria Madalena para o Papa Francisco

O Santo Padre Francisco tomou a decisão de instituir a festa litúrgica de Santa Maria Madalena, precisamente, no contexto do Jubileu da Misericórdia para destacar a atualidade desta mulher, que mostrou seu grande amor a Cristo e que foi tão amada por Cristo... A tradição eclesial no Ocidente, sobretudo depois de São Gregório Magno, identifica esta pessoa com Maria de Magdala, a mulher que derramou perfume nos pés do Senhor, na casa de Simão, o fariseu, e com a irmã de Lázaro e Marta. Esta interpretação continuou e influenciou os autores eclesiásticos do Ocidente, na arte cristã e nos textos litúrgicos relativos à Santa...

Maria Madalena, primeira testemunha da Ressurreição

Sabe-se que Maria Madalena fazia parte do grupo dos discípulos de Jesus, o seguiu até ao pé da cruz e no jardim onde se situava o sepulcro: ela foi a primeira, segundo São Gregório, “testis divinae misericordiae”. O Evangelho de João diz que Maria Madalena chorou quando não encontrou o corpo do Senhor (cf. Jo 20,11), mas Jesus teve misericórdia dela, fazendo-se conhecer como o Mestre e transformando suas lágrimas em alegria pascal.

Por um lado, Madalena teve a honra de ser a "prima testis" da ressurreição do Senhor, a primeira a ver o túmulo vazio e a primeira ao ouvir a verdade sobre a sua ressurreição. Cristo teve misericórdia e uma consideração especial por esta mulher, que demonstrou seu amor por Ele, o procurou no jardim, com angústia e sofrimento, com "lacrimas humilitatis", como diz Santo Anselmo em sua oração...

Além do mais, foi precisamente no jardim da ressurreição que o Senhor disse a Maria Madalena: "Noli me tangere". Trata-se de um convite dirigido não só a Maria, mas também a toda a Igreja, para fazer uma experiência de fé, que ultrapassa toda e qualquer apropriação materialista e compreensão humana do mistério divino. Tal convite tem um significado eclesial e uma boa lição para todos os discípulos de Jesus: não buscar seguranças humanas e títulos mundanos, mas a fé em Cristo, Vivo e Ressuscitado.

Maria Madalena, a primeira apóstola

Além de ter sido testemunha ocular de Cristo Ressuscitado, Madalena foi também a primeira a dar testemunho da sua ressurreição aos apóstolos, cumprindo, assim, o mandato do Senhor: "Vai aos meus irmãos e dize-lhes... Maria Madalena correu para anunciar aos discípulos: "Eu vi o Senhor!"... e o que ele lhe havia dito” (Jo 20,17-18). Desta forma, ela se tornou, como dissemos acima, uma evangelista, ou seja, uma mensageira que anuncia a Boa Nova da ressurreição do Senhor; ou como diziam Rabano Mauro e São Tomás de Aquino "apostolorum apostola", porque anuncia aos apóstolos o que eles, por sua vez, deviam anunciar ao mundo inteiro. O Doutor Angélico tem razão ao utilizar este termo e aplicá-lo a Maria Madalena: ela é a testemunha de Cristo Ressuscitado e anuncia a mensagem da ressurreição do Senhor, como os outros apóstolos.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

sexta-feira, 21 de julho de 2023

O que dar de presente a um padre, além de minha oração?

Krakenimages.com | Shutterstock / #image_title

Por Mia Schroeder

A escolha de um presente para um padre geralmente se torna um pouco mais difícil do que para um amigo ou familiar. Veja aqui algumas ideias de como presentear um padre.

Escolher um presente para um padre pode parecer uma tarefa complicada, pois muitas vezes esquecemos que eles também são seres humanos que se vestem, calçam sapatos e usam aparelhos eletrônicos, entre outras coisas.

Às vezes, podemos pensar que um sacerdote é um ser raro ou diferente, que vive “em outro mundo”, que faz coisas que a maioria dos humanos não faz… quando isso não é verdade. E então pensamos apenas em sua vida espiritual e de oração.

Sabemos que devemos orar pelos padres e apoiá-los em seu ministério; poderíamos pensar em dar-lhes algum presente espiritual, como os famosos “buquês espirituais”, em que os fiéis anotam o número de rosários, sacrifícios, jejuns e missas oferecidos para suas necessidades.

Há ocasiões especiais em que se deseja dar algo material ao pároco, padre amigo ou religioso para agradecê-lo pelo trabalho paroquial, para demonstrar apreço ou para comemorar um momento especial com ele, como sua ordenação, aniversário de ordenação ou aniversário.

Os padres, como todos nós, têm seus gostos específicos. Alguns podem gostar de futebol, outros gostam de beber um bom vinho em celebrações especiais, outros gostam de música, leitura, pintura ou cinema.

Para escolher o presente, considere os seguintes pontos

  1. O padre foi ordenado recentemente?
  2. Qual é a idade dele?
  3. Qual é o estilo dele?
  4. O que ele gosta de fazer?
  5. Quais são seus gostos?
  6. Você conhece suas necessidades materiais?
  7. O que ele mais usa e precisa?

Levando isso em conta, qual seria um bom presente para um padre?

A Aleteia consultou o Padre Daniel Trujillo, vigário da paróquia María Auxiliadora, na cidade de Guadalajara, e ele compartilhou conosco o seguinte. “Quando você é recém-ordenado, geralmente não tem nada, então qualquer coisa que você possa dar de presente é bom”, disse ele com uma risada.

Indispensável para sua missão

“Algo que é indispensável para o sacerdote é uma estola, roxa ou branca, com uma bela decoração. Quando vamos ungir um doente ou levar a comunhão, é isso que usamos; mesmo quando vamos em missões. Algo que seria muito significativo para mim seria um recipiente de crisma para guardar os óleos dos santos óleos”.

“Se você optar por um presente em grupo, poderá escolher, por exemplo, um cálice ou uma patena. Eles vêm em vários preços e são coisas do próprio padre. Eu uso um cálice muito bonito que me foi dado, é feito de madeira, e toda vez que o uso me lembro das pessoas que me apoiaram”, diz o Padre Daniel.

Para sua vida cotidiana

Não nos esqueçamos de que os padres têm uma vida “civil” fora da missa e, como eles não têm ninguém para mencionar coisas pessoais a eles, como o fato de seu moletom estar gasto, sua camisa não estar dobrada ou seus sapatos com solas abertas, pode ser razoável dar a eles uma peça de roupa de seu agrado ou um novo par de sapatos… apenas seja discreto quando se trata de descobrir o tamanho ou a medida de seus sapatos.

Lembremos também que os padres de hoje em dia precisam de ferramentas modernas para a evangelização e a organização da paróquia: por que não dar a eles um tablet ou um smartphone para ajudá-los em suas tarefas diárias? Tantas coisas que eles poderiam fazer mais facilmente com esses meios de comunicação!

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Outras ideias

Um dos símbolos externos mais populares usados pelos católicos são as cruzes; você poderia dar um colar, pulseira ou anel no formato de uma cruz, representando Jesus Cristo crucificado. Alguns são feitos de materiais como madeira, ouro, prata ou alumínio. Outros itens a serem considerados são:

  • Um peso de papel
  • Um livro
  • Imagens para sua mesa ou escritório
  • Uma assinatura de uma plataforma digital
  • Um relógio
  • Um item de alimento
  • Uma doação

A oportunidade de socializar

Dar um presente é de fato muito bom e muito gentil, mas não se esqueça de interagir e conviver com eles. Além do presente, convide o padre para uma refeição em sua casa. É muito importante que sejamos próximos e que o sacerdote se sinta acompanhado, acolhido por seus amigos; inclusive, se for uma ocasião especial de comemoração, você pode organizar uma pequena festa surpresa na comunidade. A atenção amigável às vezes é mais agradável do que o próprio presente!

Fonte: https://pt.aleteia.org/

Crise, crítica e critério: o que sobra de nós?

Crise, crítica e critério (Revista Cidade Nova)

O que sobra de nós quando tudo desmorona e as coisas não são mais como eram antigamente?

por Gustavo Monteiro.   publicado em 20/07/2023

Deus e o diabo moram nos detalhes. E é verdade. São pequenos olhares e meias palavras, detalhes, que fazem com que um casal se apaixone. E são pequenas permissões, deslises, que fazem com que o amor se traia e vire qualquer outra coisa menos digna de nota e fadada à indiferença que é pior que o fracasso. 

    Foi um detalhe, talvez (daqueles quase imperceptíveis, justamente porque parecem óbvios demais, despretensiosos) em um dos últimos capítulos de The Last of Us, que me catapultou de volta para o mundo em que vivemos. Tendo mergulhado até a cabeça na trama muito bem construída de um mundo que há vinte anos tenta sobreviver e resistir a uma pandemia de fungos que transformam os seres humanos em zumbis, foi fácil esquecer que tudo o que eu via não era uma leitura possível da realidade que experimento. 

    Vejamos: o prólogo da série da HBO Max traz um programa do meio do século passado, em preto e branco, em que especialistas discutem quais seriam, provavelmente, as piores tragédias que poderiam acontecer no futuro. Um deles levanta a hipótese de uma pandemia viral que seria responsável pela morte de milhares de pessoas − o que de fato aconteceu em 2020, e se você está lendo esse texto é porque sobreviveu. Outro entrevistado, no entanto, fala sobre a possibilidade um pouco mais sofisticada, mas nem por isso mirabolante: uma epidemia de fungos que controlam o sistema nervoso humano. Quando questionado sobre como seria possível, visto que tais espécies não sobrevivem à temperatura do nosso corpo, o pesquisador diz algo como: “mutações acontecem, suponha que a temperatura do planeta suba...”

    Fungos desse tipo existem, mas, até agora, controlam insetos, como formigas. Elas viram marionetes responsáveis pela difusão do parasita que controla todos os seus movimentos. Formigas, desde as fábulas infantis, são sinônimo de trabalho árduo, ordem, rotinas e esforços sem fim, produtividade mil, marcha em uniformidade. Não estamos nós vivendo como formigas?

    Em um determinado ponto da série, os dois protagonistas entram nas ruínas de uma universidade. Ele tem quase 50 anos e já sobreviveu a muita coisa desde o dia 1; coleciona uma série de lutos: de pessoas e de sonhos. Ela tem 14 anos, e também coleciona decepções, mas nasceu imune ao fungo, e, como se isso não bastasse, tem a capacidade de se admirar com o mundo, de encontrar beleza nas coisas, mas sem breguices: apenas aquelas típicas de qualquer pessoa aos 14 anos de idade que se permite viver. A diferença é que faz isso durante um apocalipse zumbi. 

    Curiosa, vendo os prédios da cidade universitária norte-americana, pergunta ao homem o que as pessoas faziam ali. “Eles moravam e estudavam no mesmo lugar”. Ela acha o máximo, e ele completa: “Mas eles só iam pra festas e tentavam entender o que fazer com a vida”. Com uma ironia dilacerante, a menina repete: “Tentavam entender o que fazer com a vida... hum”.

    É um detalhe, eu sei. Mas por trás tem um contraste cruel. Nesse ponto da série, já vimos tudo de bom e de ruim que o ser humano é capaz de fazer em situações extremas. De seitas religiosas asfixiantes, revoltas contra um sistema opressor que é dez vezes pior que o próprio sistema; a comunidades muito bem-organizadas democraticamente e pequenos oásis, no fim do mundo e de cerca elétrica, que protegem um forte amor. Da capacidade de se sacrificar por alguém ou por um fiasco de esperança, a um canibalismo disfarçado de bondade. 

    Tendo visto tudo isso, imaginar que alguém um dia foi capaz de empregar alguns anos “tentando entender o que fazer com a vida” realmente parece narrativa daquelas mesmas fábulas, história pra boi dormir.

    Na série, os vilões mais aterrorizantes não são os infectados pelo fungo, mas algumas pessoas “saudáveis” que sobraram. É mais automático traduzir o título da série que foi inspirada em um videogame e coproduzida pelo criador do jogo como “Os que sobraram de nós”. Mas, nesse ponto da trama, na minha mente fez-se um click: talvez “The Last of Us” possa ser, na verdade, “O que sobra de nós”. 

    O que sobra de nós quando tudo desmorona e as coisas não são mais como eram antigamente? O que sobra quando perdemos tudo o que acreditamos e nesse bolo vai junto até a mínima porcentagem daquilo que nos fazia querer estar vivos? O que sobra quando vemos a injustiça e a maldade de frente e não podemos fazer nada? 

    Esses dias, em um canal no youtube de crítica de cinema, me deparei com a frase: “todo filme é um problema que virou metáfora”. É óbvio que a série The Last of Us está falando não sobre um hipotético planeta terra destruído por um fungo, mas pelo mundo em que vivemos hoje: tendo aparentemente superado uma pandemia e vivendo como se ela nunca tivesse existido. 

    É louco pensar que hoje, exatamente agora, tem um grande grupo de pessoas que pode se dar ao luxo de pensar o que fazer com a vida, enquanto existe um número ainda maior de gente que precisa lutar para sobreviver, de uma maneira selvagem mesmo, seja em desastres naturais ou políticos.  

    “Crise”, “crítica” e “critério” têm o mesmo radical, disse certa vez uma professora minha. Quando as coisas mudam, os velhos critérios para enxergar as coisas (e poder, então, criticá-las positivamente ou não) passam a não funcionar mais. E é aí que chega a crise. As crises são momentos de instabilidade em que é preciso trocar os critérios de ver e de estar no mundo. 

    Pois bem, tendo aparentemente superado uma pandemia, olhando ao meu redor, percebo que ainda carrego comigo critérios antigos, da década de 90, quando eu nasci, e é aí que a peça de lego não encaixa mais. Dentro de mim parece que vivem dois personagens: o homem de 50 anos calejado pela vida, apático, e a adolescente curiosa que é capaz de esquecer o próprio luto vendo uma girafa que fugiu do zoológico. Existe a desilusão e o fio de esperança. 

    E eu torço para encontrar o critério certo, ou, pelo menos, que sobre de mim a melhor parte.

Por Gustavo Monteiro, jornalista e escritor.

Fonte: https://www.cidadenova.org.br/

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF