ENCONTRO DOS BISPOS DA AMAZÔNIA É CONCLUÍDO, EM BOGOTÁ,
COM CHAMADO A CUIDAR DOS POVOS E DO BIOMA
21/08/2025
Um encontro histórico reuniu mais de 90 bispos de 76
circunscrições eclesiásticas da Pan-Amazônia, entre os dias 17 e 20 de agosto,
em Bogotá, na Colômbia. O evento foi voltado para a reflexão sobre os desafios
pastorais, sociais e ambientais da região. Do Brasil, participaram 47 prelados,
os quais estão à frente de arquidioceses, dioceses e prelazias nos regionais
Norte 1, 2 e 3, Noroeste, Nordeste 5 e Oeste 2 da Conferência Nacional dos
Bispos do Brasil.
Realizado na sede do Conselho Episcopal Latino-Americano e
Caribenho (Celam), o encontro reuniu ainda representantes da Conferência
Eclesial da Amazônia (Ceama), entre líderes indígenas, religiosos e religiosas,
e cristãos leigos. Os debates apontaram como eixos centrais da ação da Igreja
na Amazônia a sinodalidade, a defesa dos povos originários, o cuidado do bioma
e o compromisso da Igreja em acompanhar a vida no território considerado
decisivo para o planeta.
Ao final do encontro, foi apresentado o documento “Ceama,
sinal de esperança – cinco anos após os Sínodo para a Amazônia”. No material,
os bispos da região reafirmam ressaltam a conferência eclesial como “espaço
privilegiado de comunhão, discernimento e missão”:
Renovação do compromisso
O cardeal Pedro Barreto, arcebispo emérito de Huancayo, no
Peru, e presidente da Ceama, afirmou que o encontro “renovou o compromisso de
anunciar o Evangelho em diálogo com as culturas originárias, ao tempo que
enfrenta os efeitos das mudanças climáticas e o desmatamento”.
Ouvir o bioma e os povos
A líder indígena Patrícia Gualinga Montalvo, vice-presidente
da Ceama, destacou que esta assembleia foi uma experiência de sinodalidade,
onde os bispos puderam ouvir a voz do bioma amazônico e de seus povos. Ela
mencionou que as ameaças diárias aos territórios ancestrais — como o
desmatamento, a criminalização e as violações dos direitos humanos — continuam
afetando de forma permanente não apenas as comunidades, mas toda a humanidade.
Ela também alertou que a Amazônia se encontra atualmente em um ponto de não retorno devido à crise climática provocada pelo próprio ser humano, o que exige respostas urgentes da Igreja e da sociedade. Para ela, o encontro permitiu descobrir realidades comuns e, ao mesmo tempo, a grande diversidade do bioma, motivando a caminhar juntos na defesa da vida e na evangelização inculturada.
Amazônia, um dom de Deus
O encontro teve a participação do prefeito do Dicastério
para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral, cardeal Michael Czerny. Ele
parabenizou a Ceama pela iniciativa do encontro e recordou que a Igreja
já articula há mais de dez anos uma resposta comum aos desafios amazônicos,
começando com seus povos e estendendo-se à defesa da natureza.
Ele também observou que os dias de encontro serviram como um
momento de amadurecimento para a Conferência Eclesial, que se consolida como um
organismo a serviço do povo de Deus na Amazônia. Czerny manifestou seu desejo
de que os frutos se tornem visíveis na vida das comunidades e que os meios de
comunicação possam multiplicar esse desejo e reconhecer como a Igreja continua
acompanhando o grande dom de Deus que é este bioma.
A sinodalidade como sinal de esperança
Bispo brasileiro na presidência da Ceama, dom Zenildo Lima
da Silva é bispo auxiliar da arquidiocese de Manaus (AM) e vice-presidente do
organismo regional. Para ele, o encontro foi um grande sinal de esperança em
meio a um contexto marcado pela violência e pela exploração do território. Ele
ressaltou que a Igreja percorreu um caminho de novas relações de cuidado e
proximidade, onde a sinodalidade é vivida de forma concreta nas dioceses,
prelazias e vicariatos.
Além disso, destacou que os bispos trouxeram consigo os
testemunhos de suas igrejas locais, confirmando que o Sínodo para a Amazônia de
2019 continua sendo uma realidade viva. Ele afirmou que, apesar dos grandes
desafios, a experiência do encontro trouxe a convicção de que a Igreja
amazônica é forte e capaz de oferecer sinais de novidade, consolo e alegria
para seus povos.
Outras partilhas dos bispos do Brasil
Foi um momento de sinodalidade onde reafirmamos o valor
de dar continuidade ao Sínodo para a Amazônia. Os ritos da Amazônia ganharam
destaque, e ficou claro como, enquanto Igreja, podemos realizar muito mais
estando juntos. Este é o nosso compromisso, e contamos com a participação de
toda a Igreja para que isso se concretize”.
Dom Paulo Andreolli, bispo auxiliar de Belém (PA)
A Igreja atua na Amazônia em meio a um contexto
maravilhoso de vida, povos, culturas e nações, mas também enfrenta problemas
como a devastação florestal, a questão mineral, a pobreza e desafios pastorais,
como a carência de sacerdotes, a questão vocacional, o protagonismo dos leigos
e a importância da presença da mulher na catequese. Todos esses assuntos e
desafios foram abordados aqui, tanto na plenária quanto nos grupos. Saímos
daqui felizes, sabendo que a Igreja Católica na Amazônia é significativa e quer
cada vez mais abraçar o compromisso de Jesus ‘Eu vim para que todos tenham vida
e vida em abundância’. Que possamos crescer na sinodalidade, na comunhão e na
ação conjunta em todas as nossas igrejas, lutando pela promoção do Reino de
Deus nesta nossa querida Amazônia”.
Dom Antônio de Assis Ribeiro
Bispo de Macapá (AP)
Secretário do Regional Norte 2 da CNBB
Esse encontro é muito importante. A Ceama recolhe a vida
das Igrejas Particulares que estão na Pan-Amazônia. Reunir os bispos é reunir
as dioceses. A reflexão dos bispos quer ajudar a Ceama a ser profundamente
encarnada na realidade amazônica e estar a serviço das Igrejas Particulares, de
todas as nossas comunidades católicas que estão na Pan-Amazônia. É muito
importante porque visa também [refletir] como podemos, entre nós dioceses, nos
ajudar a, cada vez mais, sermos uma Igreja sinodal, encarnada e libertadora.
Cardeal Leonardo Steiner
Arcebispo de Manaus
Presidente do Regional Norte 1
Um encontro fraterno, acolhedor e muito enriquecedor por
causa das experiências que são vivenciadas nos diversos países. Além disso,
estamos vendo quais são os avanços que as nossas Igrejas Particulares estão
conquistando, e ao mesmo tempo os desafios, as dificuldades, as resistências a
essa inculturação, a esse novo jeito de ser Igreja e, sobretudo, a essa
espiritualidade dessa Igreja em Saída.
Dom Gilberto Pastana Oliveira
Arcebispo de São Luís (MA)
Presidente do Regional Nordeste 5
Luiz Lopes Jr - com informações da ADN Celam, CNBB Norte 2, CNBB Nordeste 5 e arquidiocese de
Manaus
Fotos: CEAMA e ADN Celam
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