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segunda-feira, 25 de agosto de 2025

Homem e mulher na sociedade e na Igreja (Parte 2/2)

Foto/Crédito: Opus Dei.

Homem e mulher na sociedade e na Igreja

Como São Josemaria compreendia o papel do homem e da mulher na sociedade? Ambos “se hão de sentir justamente protagonistas da história da salvação” Este texto, do “Diccionario de san Josemaria Escrivá de Balaguer” explica algumas chaves dos seus ensinamentos.

20/08/2025

3. Homem e mulher na sociedade e na Igreja

Da consideração precedente sobre igualdade e diferença entre homem e mulher se deduzem consequências práticas no campo da atividade humana. Os ensinamentos contidos nos escritos de São Josemaria levam, a nosso parecer, às seguintes afirmações: homem e mulher têm capacidade para cumprir as mesmas tarefas na sociedade, se bem que por suas diferenças específicas como mulher ou homem têm mais facilidade para algumas atividades ou capacidades diversas no desempenho de variadas tarefas; esta diferença não impede, porém, que possam realizar as mesmas funções, embora de modo diferente e complementar (cfr. Entrevistas com Mons. Josemaria Escrivá, 90). Ele nos situa assim diante de um critério que permite acolher eficazmente a diversidade pessoal como homem ou como mulher. São Josemaria fala concretamente deste possível ganho nos dois âmbitos principais em que atuam os seres humanos: a família e a sociedade civil.

“Da mesma forma que na vida do homem, embora com matizes bem peculiares, o lar e a família ocuparão sempre um lugar central na vida da mulher: é evidente que a dedicação a tarefas familiares representa uma grande função humana e cristã” (Entrevistas com MonsJosemaria Escrivá, 87). Na mulher destaca-se o conjunto de qualidades ligadas à maternidade, que se podem resumir na sensibilidade, no cuidado das pessoas, imprescindível nas famílias e extensível a toda a sociedade.

Em virtude dos dotes naturais que lhe são próprios, a mulher pode estar presente também na vida civil, com particular eficácia: “Isto salta à vista, se olhamos para o vasto campo da legislação familiar ou social. As qualidades femininas serão a melhor garantia de que os autênticos valores humanos e cristãos serão respeitados quando se devem tomar medidas que de alguma forma afetem a vida da família, o ambiente educativo, o porvir dos jovens” (Entrevistas com Mons. Josemaria Escrivá, 90).

São Josemaria supera a divisão entre esfera privada e esfera pública, entendidas como mundos separados e reservados cada um a um tipo de pessoa. Em qualquer um dos dois âmbitos, os homens e as mulheres desenvolvem sua personalidade e contribuem para o progresso. Ele ensina que a dedicação às pessoas no lar é uma das tarefas de maior projeção social (cfr. Entrevistas com Mons. Josemaria Escrivá, 106); que os filhos são “mais importantes que os negócios, que o trabalho, que o descanso” (É Cristo que passa, 27); e aconselha, com relação à educação dos filhos, que tanto os meninos como as meninas devem aprender a colaborar nas tarefas do lar (cfr. Entrevistas com Mons. Josemaria Escrivá, 89). Esposos e esposas, pais e mães devem viver uma entrega reciproca que traz consigo idêntica série de esforços e tarefas (cfr. É Cristo que passa, 23, 25; Entrevistas com Mons. Josemaria Escrivá, 107), embora sejam realizadas do modo peculiar de cada sexo (cfr. Entrevistas com Mons. Josemaria Escrivá, 90)

Com relação à participação na vida social e pública, São Josemaria insiste especialmente no papel da mulher, que é o que mais mudou. Como o homem, a mulher deve formar-se para desempenhar qualquer trabalho – todos gozam de igual dignidade – e defende concretamente a presença dela na atividade política (cfr. Entrevistas com Mons. Josemaria Escrivá, 87, 90). Mencionemos ainda o alento dado às iniciativas apostólicas desenvolvidas pelo Opus Dei para a promoção social da mulher (cfr. Entrevistas com Mons. Josemaria Escrivá, 27).

Sua reflexão sobre o laicado dá-lhe oportunidade para comentar que a igualdade essencial de homens e mulheres tem repercussão na vida da Igreja (cfr. Entrevistas com Mons. Josemaria Escrivá, 14). Assim ele o manifesta num texto claro no qual, tendo mencionado essa exceção do acesso ao sacerdócio ministerial, que por direito divino positivo é reservado ao homem, acrescenta que em todo o resto “penso que, à mulher, deve-se reconhecer plenamente na Igreja – em sua legislação, em sua vida interna e em sua ação apostólica – os mesmos direitos e deveres que aos homens: direito ao apostolado, a fundar e a dirigir associações, a manifestar responsavelmente a opinião própria em tudo o que se refira ao bem comum da Igreja, etc. (Entrevistas com Mons. Josemaria Escrivá, 14). Quanto ao resto São Josemaria não só insiste muitas vezes na colaboração imprescindível da mulher no apostolado, fazendo-se eco das afirmações de São Paulo a esse respeito (cfr. Caminho, 980), mas ainda insiste na plena participação da mulher na vocação e na missão da Igreja.

Ao tratar deste tema, comenta que, apesar da clara fundamentação teológica desta realidade, trata-se de uma afirmação que encontra resistência em algumas mentalidades. Refere-se a quais mentalidades? À falta de entendimento sobre a missão dos leigos e aos preconceitos acerca da capacidade da mulher. Ocupa-se deste tema no estudo sobre a Abadesa de Las Huelgas, onde analisa historicamente – e critica – uma série de doutrinas de teólogos e canonistas que punham em dúvida a capacidade das mulheres para desempenhar tarefas de governo, ao mesmo tempo que louva os que intervieram no debate sustentando opinião contrária (cfr. La Abadesa de Las Huelgas, pp. 82, 84, 85, 90, 93, 112). Com relação à época contemporânea basta aludir – num texto amplamente conhecido – à sua grande contribuição para a teologia do laicado, e concluir com uma citação na entrevista concedida à revista espanhola Telva 1968: “Dediquei minha vida a defender a plenitude da vocação cristã do laicado, dos homens e das mulheres comuns que vivem no meio do mundo e, portanto, a procurar o pleno reconhecimento teológico e jurídico de sua missão na Igreja e no mundo (...). Cristianizar o mundo inteiro a partir de dentro, mostrando que Jesus Cristo redimiu toda a humanidade: essa é a missão do cristão. E a mulher participará dela do modo que lhe é próprio, tanto no lar, como nas outras ocupações que tenha, realizando as virtualidades peculiares que lhe correspondem” (Entrevistas com Mons. Josemaria Escrivá, 112).

Aurora Bernal Martínez De Soria

Fonte: https://opusdei.org/pt-br/article/homem-e-mulher-na-sociedade-e-na-igreja/

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Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF