MÊS DA BÍBLIA E JUBILEU: A MESMA ESPERANÇA
25/08/2025
Dom Leomar Antônio Brustolin
Arcebispo de Santa Maria (RS)
Setembro é, no Brasil, o Mês da Bíblia. É o tempo em que as
comunidades são convidadas a colocar a Palavra de Deus no centro da vida,
escutando-a, estudando-a e deixar-se iluminar por ela. Este ano, nosso olhar se
voltam para a Carta de São Paulo aos Romanos, com o lema: “A
esperança não decepciona” (Rm 5,5).
Curiosamente, o Papa Francisco escolheu o mesmo versículo
para inspirar o Jubileu da Encarnação de 2025, na bula Spes non
confundit. Mais que coincidência, trata-se de consonância eclesial: um
convite do Espírito Santo para que toda a Igreja reflita, reze e viva a força
da esperança cristã.
Da tribulação à esperança
A Carta aos Romanos é um dos textos mais profundos de Paulo.
Nela, a palavra “esperança” aparece sempre ligada à fé e ao amor: não é simples
otimismo, mas certeza de que Deus cumpre o que promete.
Paulo recorda a história de Abraão e Sara, que creram contra
toda esperança humana, partiram para uma terra desconhecida e receberam, já
idosos, o filho prometido. A fé sustentou a esperança, e a esperança fortaleceu
a fé. E esse é o caminho do cristão: acreditar no Deus que é fiel e nunca
abandona.
O versículo escolhido para este ano está em Rm 5,5: “A esperança não
decepciona, porque o amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo
Espírito Santo”. Paulo explica que a vida do cristão passa por tribulações
que geram perseverança, experiência; e a experiência, esperança. Sofrimentos
vividos com Deus amadurecem a fé e sustentam uma esperança sólida, não ingênua
nem frágil.
Esperança para toda a criação
No capítulo 8, Paulo amplia essa visão. Ele diz que toda a
criação “geme como em dores de parto”, esperando a manifestação dos filhos de
Deus. A esperança é pessoal e também compartilhada, com alcance cósmico: abre
um olhar novo sobre a realidade, que nos move a cuidar da vida, da justiça e da
paz – e a assumir responsabilidade contrata com a criação.
Para Paulo, viver na esperança é viver no Espírito
Santo. Ele sustenta a fé, fortalece na luta, consola nas quedas e guia no
discernimento. Por isso, o apóstolo exorta: “Alegres na esperança,
fortes na tribulação, perseverantes na oração” (Rm 12,12).
Vive a Palavra
O Mês da Bíblia convida a reabrir as Escrituras para
reacendam a esperança em tempos de crises e incertezas. Precisamos aprender
novamente que a esperança cristã não nasce de circunstâncias favoráveis, mas da
certeza de que Cristo venceu a morte e caminha conosco.
Paulo encerra sua exortação com uma prece que serve de
inspiração para todos nós neste mês: “Que o Deus da esperança vos encha
de toda alegria e paz na fé, para que transbordeis de esperança pelo poder do
Espírito Santo” (Rm 15,13).
Que nossas comunidades renovem a alegria de crer, a força de
amar e a coragem de esperar, sob o olhar de Maria, Mãe da Esperança.
Pois a esperança que vem de Deus jamais decepciona.
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