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quinta-feira, 3 de agosto de 2023

O Papa aos jovens: sejam mestres que defendam a vida do planeta

Encontro do Papa com os universitários  (VATICAN MEDIA Divisione Foto)

Francisco encontrou-se com os jovens universitários na Universidade Católica Portuguesa e em seu discurso destacou a figura do peregrino, pois nela "espelha-se a condição humana, pois todos somos chamados a confrontar-nos com grandes interrogativos para os quais não basta uma resposta simplista ou imediata, mas convidam a realizar uma viagem, superando-se a si mesmo, indo mais além".

Mariangela Jaguraba - Vatican News

O Papa Francisco encontrou-se, na manhã desta quinta-feira (03/08), com os jovens universitários na Universidade Católica Portuguesa (UCP), situada no centro de Lisboa, no âmbito da Jornada Mundial da Juventude.

A Universidade Católica Portuguesa foi criada, em 1967, com o decreto Lusitanorum Nobilissima Gens da Santa Sé, a pedido da Conferência Episcopal Portuguesa. O Instituto é reconhecido como uma das melhores universidades de Portugal. A reitora da Universidade Católica Portuguesa é a professora Isabel Capeloa Gil.

"Obrigado, senhora reitora, pelas suas palavras", disse o Papa no início de seu discurso, afirmando "que todos nos sentimos «peregrinos», palavra esta cujo significado merece ser meditado".

"Na imagem do «peregrino», espelha-se a condição humana, pois todos somos chamados a confrontar-nos com grandes interrogativos para os quais não basta uma resposta simplista ou imediata, mas convidam a realizar uma viagem, superando-se a si mesmo, indo mais além. Trata-se de um processo que um universitário compreende bem, pois é assim que nasce a ciência. E de igual modo cresce também a busca espiritual", frisou o Santo Padre.

O Papa Francisco durante o encontro com os jovens universitários (Vatican Media)

Procurar e arriscar, os dois verbos do peregrino

Segundo Francisco, "peregrino é caminhar em direção a uma meta ou buscando uma meta. Há sempre o perigo de caminhar num labirinto, onde não há meta. Também não há saída. Desconfiemos das fórmulas pré-fabricadas - elas são labirínticas -, desconfiemos das respostas que parecem estar ao alcance da mão, daquelas respostas tiradas da manga como cartas de baralho; desconfiemos das propostas que parecem dar tudo sem pedir nada. Desconfiemos. A desconfiança é uma arma para poder seguir em frente e não ficar andando em círculos". "Procurar e arriscar: são os dois verbos do peregrino", sublinhou Francisco.

“Neste momento histórico, os desafios são enormes e os gemidos dolorosos, mas abracemos o risco de pensar que não estamos numa agonia, mas num parto; não no fim, mas no início dum grande espetáculo. Por isso sede protagonistas de uma «nova coreografia» que coloque no centro a pessoa humana, sede coreógrafos da dança da vida.”

As palavras da senhora Reitora serviram-me de inspiração sobretudo quando afirmou que «a universidade não existe para se preservar como instituição, mas para responder com coragem aos desafios do presente e do futuro». A auto-preservação é uma tentação, um reflexo condicionado pelo medo, que nos faz olhar para a existência de forma distorcida. Se as sementes se preservassem a si mesmas, desperdiçariam completamente a sua força geradora e condenar-nos-iam à fome; se os invernos se preservassem a si mesmos, não existiria a maravilha da primavera. Por isso, tende a coragem de substituir os medos pelos sonhos: não administradores de medos, mas empreendedores de sonhos!

Uma geração de mestres

"À universidade que se comprometeu a formar as novas gerações, seria um desperdício pensá-la apenas para perpetuar o atual sistema elitista e desigual do mundo com o ensino superior que continua sendo um privilégio de poucos. Se o conhecimento não for acolhido como uma responsabilidade, torna-se estéril. Se quem recebeu um ensino superior – que hoje, em Portugal e no mundo, continua sendo um privilégio –, não se esforça por restituir aquilo de que beneficiou, significa que não compreendeu profundamente o que lhe foi oferecido. o título de estudo não deve ser visto apenas como uma licença para construir o bem-estar pessoal, mas como um mandato para se dedicar a uma sociedade mais justa e inclusiva, ou seja, mais avançada", disse ainda o Pontífice.

https://youtu.be/FGU0SOndd-U

O Papa recordou a grande poetisa portuguesa Sophia de Mello Breyner Andresen, que numa entrevista, à pergunta «o que gostaria de ver realizado em Portugal neste novo século?», respondeu sem hesitar: «Gostaria que se realizasse a justiça social, a diminuição das diferenças entre ricos e pobres». Então, o Santo Padre perguntou aos jovens:  "Caros estudantes, peregrinos do saber: Que quereis ver realizado em Portugal e no mundo? Quais mudanças, quais transformações? E como pode a universidade, especialmente a Católica, contribuir para isso?"

A seguir, Francisco agradeceu os testemunhos dos jovens Beatriz, Mahoor, Mariana e Tomás. "Em todos havia um tom de esperança, uma carga de entusiasmo realista, sem queixas nem escapatórias idealistas".

“Também este idoso que vos fala sonha que a vossa geração se torne uma geração de mestres: mestres de humanidade, mestres de compaixão, mestres de novas oportunidades para o planeta e seus habitantes, mestres de esperança. Mestres que defendam a vida do planeta, ameaçada neste momento por uma grave destruição ecológica.”

Redefinir o que chamamos progresso e evolução

"Como alguns de vós sublinharam, devemos reconhecer a urgência dramática de cuidar da casa comum. No entanto, isso não pode ser feito sem uma conversão do coração e uma mudança da visão antropológica subjacente à economia e à política. Não podemos contentar-nos com simples medidas paliativas ou com tímidos e ambíguos compromissos", disse o Papa, acrescentando:

Trata-se, pelo contrário, de tomar a peito o que infelizmente continua sendo adiado: a necessidade de redefinir o que chamamos progresso e evolução. É que, em nome do progresso, já abriu caminho muito retrocesso. Vós sois a geração que pode vencer este desafio: tendes instrumentos científicos e tecnológicos mais avançados, mas, por favor, não vos deixeis cair na cilada de visões parciais. Não esqueçais que temos necessidade de uma ecologia integral, de escutar o sofrimento do planeta junto com o dos pobres; necessidade de colocar o drama da desertificação em paralelo com o dos refugiados; o tema das migrações junto com o da queda da natalidade; necessidade de nos ocuparmos da dimensão material da vida no âmbito de uma dimensão espiritual. Não queremos polarizações, mas visões de conjunto.

A contribuição feminina é indispensável

A seguir, o Papa disse que "se a fé não gera estilos de vida convincentes, não faz levedar a massa do mundo. Não basta que um cristão esteja convencido, deve ser convincente; as nossas ações são chamadas a refletir a beleza jubilosa e simultaneamente radical do Evangelho".

Segundo Francisco, é interessante que na nova cátedra, na Universidade Católica Portuguesa, dedicada à «Economia de Francisco», tenha sido escolhida a figura de Santa Clara.

“No inconsciente coletivo quantas vezes se pensa que as mulheres são de segunda classe, são suplentes, não jogam como titulares. Isso existe no inconsciente coletivo. A contribuição feminina é indispensável.”

Educação para o acolhimento e a inclusão

A propósito do Pacto Educativo Global relançado na JMJ, o Papa frisou que "os sete princípios da sua arquitetura incluem temas, desde o cuidado da Casa comum à plena participação das mulheres, à necessidade de encontrar novas formas de entender a economia, a política, o crescimento e o progresso".

O Pontífice convidou os jovens a estudarem "o Pacto Educativo Global e a apaixonarem-se por ele". "Um dos pontos que trata é a educação para o acolhimento e a inclusão. Sempre que alguém pratica um gesto de hospitalidade, desencadeia uma transformação", sublinhou.

Amigos, sinto-me feliz por ver-vos uma comunidade educativa viva, aberta à realidade, com o Evangelho que não se limita a servir de ornamento, mas anima as partes e o todo. Sei que o vosso percurso engloba diversos âmbitos: estudo, amizade, serviço social, responsabilidade civil e política, cuidado da casa comum, expressões artísticas... Ser uma universidade católica significa antes de mais nada que cada elemento está em relação com o todo e o todo revê-se nas partes. Assim, ao mesmo tempo que se adquirem competências científicas, vai-se amadurecendo como pessoa, no conhecimento de si mesmo e no discernimento do próprio caminho.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

quarta-feira, 2 de agosto de 2023

Oppenheimer: quando os homens brincam de ser deuses

Oppenheimer 
Universal Pictures

Por José Ángel Barrueco

O novo filme biográfico sobre o "pai da bomba atômica" não deixa de trazer alusões religiosas.

Em uma das principais cenas do recém-lançado filme “Oppenheimer“, Kitty diz ao marido, J. Robert Oppenheimer (a tradução não é literal): “Você está achando que, ao se deixar humilhar, vai ser perdoado pelo mundo? Não vai”.

Após a destruição das cidades de Hiroshima e Nagasaki pelas bombas atômicas que ele tinha ajudado a fabricar durante o Projeto Manhattan, em Los Alamos, Oppenheimer opta por se tornar uma espécie de mártir: um homem dividido entre o sucesso (o médico que aparece nas capas das publicações de maior prestígio) e a consciência (o cientista atormentado porque se tornou um “destruidor de mundos”); uma figura devastada pela culpa e pela necessidade de perdão, embora, como testemunha uma das personagens do filme, nunca tenha demonstrado remorso em público.

O longa-metragem de Christopher Nolan, com três horas de duração, exige esforço do espectador – o que é habitual na sua filmografia. Os filmes de Nolan devem ser vistos como quebra-cabeças a ser montados com base em pistas e muita dedicação mental. É por isso que tantos espectadores rejeitam o seu cinema: eles odeiam que os créditos finais comecem a rolar pela tela enquanto a sua mente ainda tenta desvendar os peculiares andaimes que o diretor vai erguendo no espaço e no tempo. Para quem vê no cinema não apenas entretenimento, mas uma possibilidade de exploração complexa da condição humana, ainda que o diretor não a facilite, os filmes de Nolan são um completo deleite.

Não faltam as alusões religiosas

Quem ficar apenas na superfície não entenderá totalmente a reconstrução cinematográfica do personagem. Aqui, Oppenheimer é uma figura trágica, uma pessoa que desperta a nossa raiva e a nossa pena ao mesmo tempo. Um homem que, juntamente com militares, políticos e cientistas, brincou de se tornar um deus; mas um deus nocivo. Essa ambição de se tornarem deuses os degenera em demônios, destruidores de mundos – talvez o oposto do que pretendiam.

Em outro momento do filme, J. Robert faz alusão ao seu possível status de “profeta”. Mas Isidor Rabi, outro físico, adverte: “Um profeta não pode estar errado. Nem uma vez”. O próprio Albert Einstein também o alerta: diz a ele que, assim que o castigarem o suficiente, começarão a lhe dar medalhas e a lhe prestar homenagens, mas elas não serão para o seu benefício, e sim para o deles próprios.

Oppenheimer
Oppenheimer

Oppenheimer também é consumido pela rivalidade que tem com alguns colegas. A inveja dos outros, principalmente de Lewis Strauss, acabará por levá-lo à farsa de um julgamento privado em que nenhuma prova é apresentada – mas que servirá para os seus detratores o despojarem das suas funções. Como o próprio Nolan apontou, esta parte do filme é uma homenagem a “Amadeus”, dirigido por Milos Forman, com Oppenheimer como um Mozart bem-sucedido, brilhante e bem-humorado, e Strauss como um Salieri invejoso e menor, afundado nas sombras. Nolan reconstrói a sua história saltando continuamente pelos momentos essenciais do Projeto, os anos que se seguiram e as audiências e julgamentos dos dois protagonistas.

Oppenheimer” é um filme que não carece de referências religiosas, nem dos conceitos de culpa e perdão. É o caso da cena em que o cientista declama: “Strike my heart, God One and Triune“, citando um poema-oração de John Donne que Oppenheimer usa para apresentar a sua ideia de nomear o primeiro teste atômico no Novo México como Trinity – ou seja, a Trindade. Ou o momento em que Kitty, a mulher forte, mas traída pelo seu marido, declara: “Você não pode cometer um pecado e depois pedir que todos nós sintamos pena de você na hora das consequências”. Ou quando outro cientista afirma que a bomba cairá sobre justos e injustos.

Oppenheimer
Oppenheimer

Sem dúvida, “Oppenheimer” é uma das melhores obras de Christopher Nolan – uma cinebiografia atípica para a sua filmografia (como foram, por exemplo, “Lincoln“, de Steven Spielberg, e “Mank“, de David Fincher), com atuações magistrais de todo o elenco, da primeira à última estrela, passando por atores menos conhecidos e pelas celebridades em participações especiais, como Cillian Murphy, Emily Blunt, Robert Downey Jr., Matt Damon, Tom Conti, Kenneth Branagh e Jason Clarke. É também um filme que nos alerta para os perigos do poder, do controle e da corrida armamentista, além de um alerta sobre o quanto alguns homens acabam queimados pelas próprias ambições.

Fonte: https://pt.aleteia.org/

O Papa: o mundo precisa da Europa construtora de pontes e pacificadora

O Papa Francisco e o presidente português Marcelo Rebelo de Sousa (Vatican Media)

No oceano da história, estamos a navegar num momento tempestuoso e sente-se a falta de rotas corajosas de paz. Olhando com grande afeto para a Europa, no espírito de diálogo que a caracteriza, apetece perguntar-lhe: Para onde navegas, se não ofereces percursos de paz, vias inovadoras para acabar com a guerra na Ucrânia e com tantos conflitos que ensanguentam o mundo? – questionou o Papa em seu 1º discurso em terras portuguesas, no Encontro com Autoridades, a sociedade civil e o Corpo Diplomático.

Raimundo de Lima – Vatican News

Sonho uma Europa, coração do Ocidente, que use o seu engenho para apagar focos de guerra e acender luzes de esperança; uma Europa que saiba reencontrar o seu ânimo jovem, sonhando a grandeza do conjunto e indo além das necessidades imediatas; uma Europa que inclua povos e pessoas, sem correr atrás de teorias e colonizações ideológicas. Foi o desejo expresso pelo Papa em seu primeiro discurso em terras portuguesas, esta quarta-feira, 2 de agosto, no Encontro com as Autoridades, a sociedade civil e o Corpo Diplomático - no Centro Cultural de Belém -, no âmbito de sua 42ª viagem apostólica internacional, para a JMJ Lisboa 2023.

Já no início de seu discurso Francisco se disse feliz por estar em Lisboa, cidade do encontro que abraça vários povos e culturas e que, nestes dias, se mostra ainda mais universal; torna-se, de certo modo, a capital do mundo. Isto condiz bem, enfatizou o Pontífice, com o seu caráter multiétnico e multicultural e revela os traços cosmopolitas de Portugal, que afunda as suas raízes no desejo de se abrir ao mundo e explorá-lo, navegando rumo a novos e amplos horizontes.

Ineficácia da nossa resposta às grandes questões de hoje

Do oceano, Lisboa conserva o abraço e o perfume. À vista dele, os portugueses são levados a refletir sobre os imensos espaços da alma e sobre o sentido da vida no mundo. Nesta linha, disse Francisco, gostaria também eu de partilhar convosco algumas reflexões, deixando-me levar pela imagem do oceano.

O oceano não liga apenas povos e países, mas também terras e continentes. As grandes questões hoje, como sabemos, são globais e já muitas vezes tivemos de fazer experiência da ineficácia da nossa resposta às mesmas, precisamente porque o mundo, diante de problemas comuns, se mantém dividido ou pelo menos não suficientemente unido, incapaz de enfrentar juntos aquilo que nos põe em crise a todos. Parece que as injustiças planetárias, as guerras, as crises climáticas e migratórias correm mais rapidamente do que a capacidade e, muitas vezes, a vontade de enfrentar em conjunto tais desafios, observou Francisco.

O Papa Francisco e o presidente português Marcelo Rebelo de Sousa (Vatican Media)

Europa, para onde navegas?

Referindo-se à Jornada Mundial da Juventude, motivo desta sua viagem apostólica a Portugal, o Papa disse esperar que a mesma seja para o «velho continente», um impulso de abertura universal. Na verdade, o mundo tem necessidade da Europa, da Europa verdadeira: precisa do seu papel de construtora de pontes e de pacificadora no Leste europeu, no Mediterrâneo, na África e no Oriente Médio.

No oceano da história, estamos a navegar num momento tempestuoso e sente-se a falta de rotas corajosas de paz. Olhando com grande afeto para a Europa, no espírito de diálogo que a caracteriza, apetece perguntar-lhe: Para onde navegas, se não ofereces percursos de paz, vias inovadoras para acabar com a guerra na Ucrânia e com tantos conflitos que ensanguentam o mundo?

Mais investimento em armas do que no futuro dos filhos

E ainda, alargando o campo, prosseguiu Francisco: Que rota segues, Ocidente? A tua tecnologia, que marcou o progresso e globalizou o mundo, sozinha não basta; e muito menos bastam as armas mais sofisticadas, que não representam investimentos para o futuro, mas empobrecimento do verdadeiro capital humano que é a educação, a saúde, o estado social. Fica-se preocupado ao ler que, em muitos lugares, se investem continuamente os recursos em armas e não no futuro dos filhos.

Para onde navegais, Europa e Ocidente, com o descarte dos idosos, os muros de arame farpado, as mortandades no mar e os berços vazios? Para onde ides se, perante o tormento de viver, vos limitais a oferecer remédios rápidos e errados como o fácil acesso à morte, solução cômoda que parece doce, mas na realidade é mais amarga que as águas do mar?

Jornada Mundial da Juventude, ocasião para construir juntos

Mas Lisboa, abraçada pelo oceano, oferece-nos motivos para esperar, disse o Santo Padre, ressaltando que a Jornada Mundial da Juventude é ocasião para construir juntos.

Reaviva o desejo de criar coisas novas, fazer-se ao largo e navegar juntos rumo ao futuro. Vêm à mente algumas palavras ousadas de Fernando Pessoa: «Navegar é preciso; viver não é preciso (...); o que é necessário é criar» (Navegar é preciso). Trabalhemos, pois, com criatividade para construirmos juntos!

Lisboa, encontro com as Autoridades, 02 de agosto de 2023, Papa Francisco:

https://youtu.be/9rPLI5X9AZI

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

A imagem sugerida por Santo Afonso para quando tivermos que lidar com nossos pecados

Renata Sedmakova | Shuttersrtock

Por Philip Kosloski

Esse exercício pode nos ajudar a sentir o efeito espiritual dos nossos pecados, mesmo que não possamos entendê-los.

Quando pecamos contra Deus ou nosso próximo, normalmente não sentimos os efeitos disso. Às vezes, podemos perceber o erro que cometemos, mas persistimos em nosso pecado.

Uma história de Santo Afonso de Ligório ajuda a ilustrar o que realmente acontece quando pecamos:

“Na Índia, um jovem estava saindo de seu quarto com a intenção de cometer um pecado quando ouviu uma voz, dizendo: ‘Pare! Aonde você está indo?’. Ele se virou e viu uma imagem em relevo representando Nossa Senhora das Dores. Sacando a espada que estava em seu peito, ela disse: ‘Pegue esta adaga e perfure meu coração antes de ferir meu Filho, cometendo tal pecado’. Ao ouvir essas palavras, o jovem prostrou-se no chão e rompeu em prantos de profunda dor. Ele pediu e obteve o perdão de Deus e de Nossa Senhora.”

Esta é uma imagem poderosa, que pode ser usada em nossa vida diária.

Muitas vezes, há um pecado nosso que poderia ser chamado “pecado de estimação”. Sabemos que é errado, mas é difícil desistir dele. Então, pode ser útil para nós pararmos na próxima vez que estivermos à beira de pecar e imaginar diante de nós a Mãe Santíssima, entregando-nos uma espada e dizendo-nos para perfurar o coração dela.

Esse exercício pode nos ajudar a sentir o efeito espiritual do nosso pecado, mesmo que não possamos notá-lo. Esperançosamente, veremos a dor que a nossa falta incide em nós mesmos e nos outros, e iniciaremos o caminho para a renovação.

Deus quer nos libertar da escravidão do pecado e estende sua mão para nós, esperando que a aceitemos e sejamos recebidos de volta em seus braços amorosos.

Fonte: https://pt.aleteia.org/

Celibato eclesiástico: História e fundamentos teológicos (15/15)

Celibato eclesiástico (Presbíteros)

Celibato eclesiástico: História e fundamentos teológicos 

CARD. Alfons M. Stickler

        4. A Teologia do celibato sacerdotal

Não é  possível fazer aqui um completo desenvolvimento deste tema, nem este é o objetivo da nossa exposição histórica, mas esta permite dar uma palavra final sobre a Teologia do celibato sacerdotal, a qual está intimamente relacionada com a Teologia do sacerdócio. 

A principal motivação do celibato e da vontade da Igreja neste ponto é “a relação que o celibato tem com a sagrada Ordenação que configura o sacerdote com Jesus Cristo, Cabeça e Esposo da Igreja” (Pastores dabo Vobis, n. 29). Estas palavras podem ser consideradas o núcleo da Teologia do celibato desenvolvida pela Exortação Apostólica e é oferecida para ser meditada e colocada na base de qualquer desenvolvimento posterior. 

A partir desta afirmação central do documento papal, tentamos indicar, a partir do início desta quinta parte do nosso trabalho, os elementos da Teologia do celibato que já estavam presentes na Tradição, mas que tinham sido desenvolvidos de maneira insuficientes. Agora somos capazes de ver não só que todos estes elementos foram recolhidos e desenvolvidos sistematicamente na Exortação, mas também foram utilizados nela outros não considerados antes. 

Deve ser valorizado, acima de tudo, neste sentido, aquilo que é afirmado no capítulo três, especialmente nos números 22 e 23, acerca da “configuração com Jesus Cristo Cabeça e Pastor e a caridade pastoral”. Cristo nos é mostrado aqui no mesmo sentido de Ef 5, 23-32, como Esposo da Igreja, assim como ela é a única Esposa de Cristo. Em ligação com outros textos das Escrituras, nesta passagem da Exortação se contempla a profunda e misteriosa união entre Cristo e a Igreja, que é colocado imediatamente em relação com o sacerdote: “O sacerdote está chamado a ser uma imagem viva de Jesus Cristo, Esposo da Igreja… Está chamado, portanto, a reviver na sua vida espiritual o amor de Cristo Esposo pela Igreja Esposa.” Não lhe falta, por isso, ao sacerdote um amor esponsal, pois tem a Igreja como esposa. “Sua vida deve também estar iluminada e orientada por esta relação esponsal, que lhe pede ser testemunho do amor esponsal de Cristo, ser capaz de amar as pessoas com um coração novo, grande e puro, com autêntico desapego de si, com plena dedicação, contínua e fiel e, ao mesmo tempo, com uma forma especial de zelo (cf. 2 Cor 11, 2), com uma ternura que se reveste também com acentos do amor maternal, capaz de tomar a cargo das ‘dores de parto’ para que ‘Cristo’ seja formado nos fiéis (cf. Gal 4, 19)”. 

“O princípio interno, a força que anima e orienta a vida espiritual do presbítero, enquanto configurado a Cristo Cabeça e Pastor, é a caridade pastoral, participação da caridade pastoral do mesmo Jesus Cristo”. Seu conteúdo essencial “é o dom de si, o dom total de si à Igreja, à imagem e em união com o dom de Cristo”… “Com a caridade pastoral, que converte o exercício do ministério sacerdotal num amoris officium, o sacerdote que recebe sua vocação ao ministério está em condições de fazer disto uma escolha de amor, pela qual a Igreja e as almas se tornam seu principal interesse”. 

VI. CONCLUSÃO 

O sacerdócio da Igreja Católica se manifesta, pois, como um mistério inserido, por sua vez, no mistério da Igreja. Quaisquer das questões que estão relacionadas com ele, e, sobretudo o problema grave e sempre atual do celibato, não pode ser considerado e resolvido por argumentos puramente antropológicos, psicológicos, sociológicos e, em geral, profanos e terrenos. Este problema, aliás, não pode ser resolvido com puras disposições disciplinares. Todas as manifestações da vida e das atividades do sacerdócio, a sua natureza e identidade, requerem, acima de tudo, uma justificação teológica. Aqui, com o que diz respeito ao celibato, tentamos tratá-lo através da sua história, e em base a uma análise baseada nas fontes da revelação. 

Note-se, falando no plano formal, que uma explicação satisfatória deste mistério não pode ser compatível com um tipo de linguagem meramente profano. Exige, pelo contrário, um modo elevado de expressão, digna do mistério. Além disso, considerando a natureza do sacerdócio católico, não é suficiente recorrer à reflexão sobre este tema por razões, digamos assim, externas, ou seja, o que tornaria mais “funcional” o serviço da Igreja: a salvaguarda ou a renúncia do celibato? O sacerdócio do Novo Testamento não responde a una noção funcional, como sucedia no caso do Antigo Testamento, mas é uma realidade ontológica, à qual só corresponde uma forma adequada de agir: a derivada do axioma agere sequitur esse, quer dizer, a ação segue ao ser. 

Ante esta Teologia do sacerdócio neo-testamentário, que tem sido confirmada e aprofundada pelo Magistério oficial da Igreja, devemos nos perguntar: essas razões que têm sido expostas a favor do celibato, falam só de sua “conveniência” ou de algo realmente necessário e irrenunciável? Não existe realmente um iunctum – um vínculo de unidade – entre sacerdócio e celibato? Somente com uma resposta adequada a essa pergunta se poderá responder a esta outra: poderia a Igreja decidir um dia a modificação da obrigação do celibato, ou aboli-la? 

Para não correr riscos, na resposta a esta pergunta deverá se partir do fato de que o sacerdócio católico não foi estabelecido pelo Fundador da Igreja sobre os homens, que se transformam e mudam, mas sobre o mistério imutável da Igreja e do próprio Cristo. 

Alfons M. Stickler
Cardeal Diácono de São Giorgio in Velabro
CIDADE DO VATICANO 

Tradução para o português:

Pe. Anderson Alves.
Contato: 
amralves_filo@yahoo.com.br

Fonte: https://presbiteros.org.br/

Freiras de clausura que nunca saem do convento participam pela primeira vez de uma JMJ

(Da esquerda para a direita) Irmã Maria Grace da Dolorosa, irmã Mariana das Chagas de Jesus, a madre superiora Alma Ruth e irmã Maria Magdalena do Sagrado Coração (ACI Digital)

Por Walter Sánchez Silva

Lisboa, 02 Ago. 23 / 07:31 am (ACI).- Um grupo de freiras de clausura, que quase nunca ou nunca saem do convento, participa da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) Lisboa 2023.

As freiras pertencem à ordem das Adoradoras Perpétuas do Santíssimo Sacramento, e fazem parte da comunidade de San Francisco, na Califórnia, EUA. Falando à EWTN News, do grupo de comunicação católico EWTN ao qual pertence a ACI Digital, a madre Alma Ruth, de 63 anos, comenta que é a primeira vez que elas participam da JMJ.

“É a primeira vez que viemos a este belíssimo evento que nos animará ainda mais, chegando ao nosso mosteiro, a pedir por todos estes jovens. É uma alegria ver tantos jovens procurando ver o que Deus quer deles”, diz a superiora da comunidade de San Francisco.

Sobre sua história pessoal, a madre conta: “Eu acompanhava a uma de minhas irmãs de sangue que queria fazer uma experiência com as adoradoras. Ela não ficou, mas eu sim. Eu tinha 23 anos e estou na vida religiosa há 39 anos”.

Para ela, “a vida religiosa é a coisa mais linda que poderia me acontecer e não tenho palavras para agradecer a Deus, só a minha vida para agradecer a Ele por ter me escolhido”.

A irmã Maria Grace da Dolorosa, religiosa de 34 anos, americana de pais mexicanos, conta que só tem quatro meses de consagrada, mas três anos e quatro meses na comunidade.

“Eu nunca quis ser freira, mas minha irmã sim”, confessou. “Ela conheceu as madres, mas apesar de não ter se tornado freira, ela se apaixonou pelo carisma delas e organizou seus retiros e os levou para onde eu estava. Eu fui a um de seus retiros e senti algo muito forte, mas me assustou muito e o deixei para lá", continuou.

Ao participar de um segundo retiro, disse, ela não pôde resistir a “esse chamado tão forte” e fez uma experiência de 15 dias com as Adoradoras. "Ali vi que não precisava de mais nada, que nosso Senhor estava me dando tudo que eu precisava."

“Uma das coisas que mais me fez dizer sim foi ver a alegria delas, o desejo de santidade, de amar o Senhor, de salvar almas, que é o que fazemos. Eu disse sim graças a um guarda-chuva, a uma sombrinha porque um padre disse que se 'você reza para não chover e sai com guarda-chuva, você não tem fé'. Então eu disse 'eu não quero sair com guarda-chuva, sem fé' e disse sim ao nosso Senhor", contou.

A irmã Maria Magdalena do Sagrado Coração, mexicana de 30 anos, disse que está na comunidade há 10 anos e que conheceu a ordem quando tinha 20 anos. Uma tia dela a convidou para conhecê-las e "nosso Senhor me chamou naquele momento."

Alguns conselhos

Madre Alma Ruth aconselha os jovens a se darem “a oportunidade de fazer uma experiência onde quiserem, em qualquer mosteiro, para ver se não é realmente esse o seu chamado. Depois veremos o matrimônio, mas se você tem um chamado dentro da sua alma, dê a si mesmo a oportunidade de ser feliz com o que Deus quer de você!”.

Aos pais, a freira lhes diz: “Vocês não vão se arrepender porque não perdem um filho ou uma filha, pelo contrário, ganham uma comunidade inteira e ficam muito felizes em ver seus filhos felizes”.

Irmã Maria Grace, por sua vez, encoraja a não ter medo. “Se você tem medo, isso vai paralisá-lo. Se você acha que Deus está chamando, responda. A vocação tem dois pontos importantes: o chamado e a resposta. Se você ouve o chamado e não faz nada, esse ficará nulo; mas se você ouvir o chamado e responder, será verdadeiramente feliz.

A freira de clausura também encoraja os pais a não terem medo “de deixar ir o que na verdade não lhes pertence. Nós somos de Deus. Claro, deu-lhes filhos para cuidá-los, educá-los na fé e fazê-los crescer como bons cristãos, mas devem entregá-los onde quer que Deus os chame: seja na vida religiosa ou matrimonial”.

“Não tenham medo de entregar seus filhos à vontade de Deus e rezem muito para que sejam bons cristãos, que é o que tanto precisamos neste mundo”, exorta.

A irmã Mariana das Chagas de Jesus, mexicana com 10 anos de vida religiosa nas Adoradoras, recorda aos jovens que Jesus não obriga: "Ele não nos força, é um cavalheiro e eu daria aos pais o conselho de deixar que os seus filhos decidam por si mesmos, o que é bom, o que é santo, o que Deus os chama e que os apoiem 100 por cento".

Fonte: https://www.acidigital.com/

O Papa: espero que a complexa crise do Líbano encontre uma solução digna

Protestos por causa da crise econômica no Líbano (Vatican Media)

Três anos após a devastadora explosão no porto de Beirute, Francisco dirige seu pensamento às famílias das vítimas e a todos aqueles que ainda buscam a verdade sobre aquela tragédia. O Santo Padre olha para a grave crise econômica e política em andamento no país e pede uma solução.

Mariangela Jaguraba – Vatican News

Após a oração mariana do Angelus deste domingo (30/07), o Santo Padre recordou que "em 4 de agosto próximo completam-se três anos da devastadora explosão no porto de Beirute".

Renovo minhas orações pelas vítimas e suas famílias, que buscam a verdade e a justiça, e espero que a complexa crise do Líbano encontre uma solução digna da história e dos valores desse povo. Não nos esqueçamos de que o Líbano também é uma mensagem.

Pedido de justiça

Manifestações foram organizadas para a próxima sexta-feira pelos familiares das vítimas que denunciam os entraves na investigação, parada desde fevereiro passado. A explosão foi desencadeada por um incêndio num armazém do porto onde uma grande quantidade de nitrato de amônio estava guardada há algum tempo. A explosão destruiu o local, que faz parte da capital libanesa, causando mais de 220 mortos e mais de 6.500 feridos. Trezentas mil pessoas ficaram sem casa.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Santo Eusébio de Vercelli

Santo Eusébio de Vercelli (arquisp)

02 de agosto

Santo Eusébio de Vercelli

Eusébio nasceu na ilha da Sardenha, no ano 283. Depois da morte do seu pai, em testemunho da fé em Cristo, durante a perseguição do imperador Diocleciano, sua mãe levou-o para completar os estudos eclesiásticos em Roma. Assim, muito jovem, Eusébio entrou para o clero, sendo ordenado sacerdote. Aos poucos, foi ganhando a admiração do povo cristão e do papa Júlio I, que o consagrou bispo da diocese de Vercelli em 345.

Nessa condição, participou do Concílio de Milão em 355, no qual os bispos adeptos da doutrina ariana tentaram forçá-lo a votar pela condenação do bispo de Alexandria, santo Atanásio. Eusébio, além de discordar do arianismo considerou a votação uma covardia, pois Atanásio, sempre um fiel guardião da verdadeira doutrina católica, estava ausente e não podia defender-se. Como ficou contra a condenação, ele e outros bispos foram condenados ao exílio na Palestina.

Porém isso não o livrou da perseguição dos hereges arianos, que infestavam a cidade. Ao contrário, sofreu muito nas mãos deles. Como não mudava de posição e enfrentava os desafetos com resignação e humildade, acabou preso, tendo sido cortada qualquer forma de comunicação sua com os demais católicos. Na prisão, sofreu ainda vários castigos físicos. Contam os escritos que passou, também, por um terrível suplício psicológico.

Quando o povo cristão tomou conhecimento do fato, ergueu-se a seu favor. Foram tantos e tão veementes os protestos que os hereges permitiram sua libertação. Contudo o exílio continuou e ele foi mandado para a Capadócia, na Turquia e, de lá, para o deserto de Tebaida, no Egito, onde foi obrigado a permanecer até a morte do então imperador Constantino, a quem sucedeu Juliano, o Apóstata, que deu a liberdade a todos os bispos presos e permitiu que retomassem as suas dioceses.

Depois do exílio de seis anos, Eusébio foi o primeiro a participar do Concílio de Alexandria, organizado pelo amigo, santo Atanásio. Só então passou a evangelizar, dirigindo-se, primeiro, a Antioquia e, depois, à Ilíria, onde os arianos, com sua doutrina, continuavam confundindo o povo católico. Batalhou muito combatendo todos eles.

Mais tarde, foi para a Itália, sendo recepcionado com verdadeira aclamação popular. Em seguida, na companhia de santo Hilário, bispo de Poitiers, iniciou um exaustivo trabalho pela unificação da Igreja católica na Gália, atual França. Somente quando os objetivos estavam em vias de serem alcançados é que ele voltou à sua diocese em Vercelli, onde faleceu no dia 1o. de agosto de 371.

Apesar de ser considerado mártir pela Igreja, na verdade santo Eusébio de Vercelli não morreu em testemunho da fé, como havia ocorrido com seu pai. Mas foram tantos os seus sofrimentos no trabalho de difusão e defesa do cristianismo, passando por exílios e torturas, que recebeu esse título da Igreja, cujo mérito jamais foi contestado. Com a reforma do calendário litúrgico de Roma, de 1969, sua festa foi marcada para o dia 2 de agosto. Nesta data, as suas relíquias são veneradas na catedral de Vercelli, onde foram sepultadas e permanecem até os nossos dias.

*Fonte: Pia Sociedade Filhas de São Paulo Paulinas http://www.paulinas.org.br

https://arquisp.org.br/

terça-feira, 1 de agosto de 2023

JMJ em Lisboa será a primeira para 66% dos jovens

Peregrinos chegando no aeroporto de Lisboa para a JMJ 2023. Foto: Andreia Barroso/ JMJ Lisboa 2023

Por Monasa Narjara

Lisboa, 01 Ago. 23 / 11:09 am (ACI).- Para 66% dos jovens, Lisboa será a primeira JMJ de suas vidas, diz pesquisa internacional realizada nos dias 12 a 20 de julho, com 12.559 peregrinos e voluntários de quase 100 países de língua inglesa, espanhola, portuguesa, francesa e italiana. Segundo a empresa espanhola GAD3, responsável pela pesquisa, somente 34% participaram no Panamá, em 2019; 47% na Cracovia, Polônia, em 2016; 25% no Rio de Janeiro, Brasil, em 2013; 37% em Madrid, Espanha, em 2011.

Mesmo sendo a primeira JMJ para muitos, 96% dos jovens acham que as jornadas contribuem para a difusão da fé em Jesus Cristo e 97% acreditam que esta fé pode os ajuda a amadurecer, a serem melhores pessoas e a construírem um mundo melhor. E 94% da consideram a JMJ 2023 um local de encontro com Jesus Cristo. 92% querem viver novas experiências. 89% querem ajudar a difundir a mensagem de Jesus Cristo e participar de algum evento com o papa Francisco. O que menos os jovens querem nesta jornada é: satisfazer suas inquietudes espirituais, dialogar com jovens de outras religiões, descobrir o sentido da vida e conhecer Portugal.

A pesquisa também mostrou que 73% destes jovens são peregrinos e 27% voluntários; 62% são mulheres e 38% homens; 42% deles tem entre 18 a 25 anos; 31% tem mais de 35 anos e 27% tem entre 26 a 34 anos. 59% são estudantes e 34% trabalham. 23,3% destes peregrinos moram em Portugal, 10,7% estão vindo da Espanha, 10,2% da Itália e cerca de 7,2% do Brasil. 38% deles pretende visitar outros países durante esta viagem, como: Espanha, Itália, Alemanha e França.

Sobre a atuação diária na fé católica, 83% informaram que participam das missas aos domingos; 65% rezam diariamente; 62% são de algum grupo paroquial; 48% são voluntários; 39% rezam o terço; 26% fazem parte de um grupo de oração. Somente 3% não realizam essas atividades. 36% destes jovens vão acompanhar a JMJ com um grupo religioso ou associação; 29% com a paróquia; 14% vieram sozinhos; 13% com amigos; 6% com os familiares e 2% com a faculdade.

Até o momento 65% destes jovens já chegaram em Lisboa, 34% chegam a partir de hoje (1), no início da JMJ 2023, com o papa Francisco. A jornada terminará no domingo, 6 de agosto.

Fonte: https://www.acidigital.com/

5 sinais de que somos iguais aos fariseus

Aleteia

Por Aleteia Brasil

Se vamos à igreja, se conhecemos a nossa fé e se colocamos Deus em primeiro lugar, então estamos em perigo de nos comportarmos como fariseus.

“Jesus veio para colocar uma prostituta acima de um fariseu, um ladrão arrependido acima de um sumo sacerdote e um filho pródigo acima do seu irmão exemplar. A todos os impostores que diziam não poder aderir à Igreja porque ela não era santa o suficiente, Ele perguntaria: ‘Que grau de santidade a Igreja precisa ter para receber vocês?’”

Fulton J. Sheen

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Com frequência, as pessoas falam dos fariseus como se eles fossem apenas um exemplo histórico do que não fazer. Como se eles fossem algo alheio a nós. Na maioria das vezes em que as pessoas falam dos fariseus, elas estão, na prática, falando como eles:

“Graças a Deus, eu não sou como aquela gente!”.

Sim, é óbvio que Jesus não considera essas pessoas apenas como exemplos do que não fazer. É por algum motivo que Ele está tantas vezes perto dos fariseus. Ele vai às casas deles. Come sua comida. Passa tempo com eles. Responde às suas perguntas.

Jesus ama os fariseus.

São Paulo era fariseu. Ele é a maior prova de que o zelo mal orientado e a escrupulosidade podem ser redirecionados para um zelo genuíno de evangelização e santidade.

A crítica de Jesus ao comportamento dos fariseus é profunda. Se vamos à igreja, se conhecemos a nossa fé e se colocamos Deus em primeiro lugar, então estamos em perigo de nos comportarmos como fariseus (*). Aliás, podemos estar certos de que vamos agir como eles num momento ou em outro.

Se tentarmos reconhecer quando o nosso comportamento é semelhante ao deles no negativo, podemos tornar-nos cristãos com a intensidade de Paulo, encorajada por Jesus.

Com isso em mente, aqui vão 5 sinais de um fariseu de qualquer época, inclusive desta, com base nas Escrituras:

1. Fermento de discórdia

Jesus nos alerta: “Tenham cuidado com o fermento dos fariseus” (Mc 8,15).

A fermentação começa devagar, mas toma conta do pão inteiro. Uma das conotações da palavra fermentar é a de “incitar ou agitar”. Quando nos comportamos como os fariseus, incitamos a discórdia entre os fiéis. Muitas vezes, temos boas intenções, mas… As nossas ações incitam o “nós e eles”? Apontamos o dedo não para o pecado, mas para o pecador? Não nos disponibilizamos a ajudar, mas execramos quem não atende ao “nosso padrão de qualidade”? Então precisamos tomar cuidado.

2. “Eles o estavam vigiando”

Há uma passagem do Evangelho em que Jesus caminha por um campo com seus discípulos no sábado e os discípulos pegam espigas porque estão com fome. Surgem de repente fariseus e imediatamente acusam Jesus, porque os seus discípulos estão violando o sábado (Mc 2, 23-24).

De onde caíram esses fariseus? Estavam escondidos no meio do campo? Os esforços que os fariseus fazem para encontrar algo de errado em Jesus e nos seus seguidores chegam verdadeiramente ao absurdo. Algumas variações da frase “eles o estavam vigiando” são encontradas diversas vezes nos Evangelhos. Jesus se ocupa curando, fazendo milagres e pregando o Reino de Deus. Enquanto isso, os olhos dos fariseus estão sempre sobre Ele, mas não para aprender e dialogar, e sim para encontrar nele as mínimas coisas em que Ele esteja “errado”.

Tendemos a passar batido por todas as coisas boas e ir direito para o detalhe que não achamos bom. Tornamo-nos fariseus quando estamos sempre focados na crítica e na condenação. Nada é bom o suficiente para um fariseu. Nada merece alegria – a não ser a queda dos outros.

3. “Graças a Deus, eu não sou como… (insira aqui o nome dos “inferiores” a você)”

Todos nos lembramos do fariseu que se levantou e orou dizendo: “Eu vos dou graças, Deus, por não ser como Fulano!” (Lc 18,11).

Aquele fariseu acreditava genuinamente que a oração adequada envolvia levar o crédito de tudo o que ele fazia direito. O perigo é o de olharmos para os outros e assumir que somos melhores do que eles.

Podemos chegar a pensar: “Meus pecados podem ser ruins, mas, graças a Deus, não são tão ruins quanto os pecados de Beltrano! Graças a Deus, eu não sou como aquele herege progressista, como aquele decrépito tradicionalista, como aquele carismático espalhafatoso, como aquele hipócrita ultraconservador, como aquele pseudocatólico ignorante, como aquele lobo em pele de cordeiro que certamente tem a intenção clara disso e daquilo e mais aquilo, ou como… como… como aquele fariseu!”.

Com a graça de Deus, nós podemos ser como os santos, que olhavam para aquilo que precisavam melhorar em si mesmos. E eles, que eram santos, achavam um monte de coisas que precisavam melhorar…

4. A relação rígida com a lei pela lei

É muito interessante notar que Jesus pede ao povo que se submeta à autoridade dos fariseus. “Fazei o que eles vos dizem”, pede Ele, embora advertindo que o exemplo deles não deve ser seguido (Mt 23, 3).

Os fariseus, por outro lado, ficavam furiosos quando viam Jesus agindo com autoridade. Jesus demonstrava o seu poder mostrando quais práticas eram dispensáveis ​​e quais eram essenciais para o sentido da lei. Em resposta, os fariseus maquinaram a sua morte. Jesus reconhece a autoridade legítima; já os fariseus, cientes apenas de alguns aspectos da autoridade e da lei, se mostram cegos diante da própria Fonte da autoridade e da lei.

Nós, seres humanos pecadores, temos uma relação ambígua com a autoridade e com a lei. Temos dificuldade para distinguir o essencial do secundário, os fins dos meios, o conteúdo do recipiente, e, com frequência, achamos que sabemos melhor do que Deus o que é certo – que dirá então o que achamos quanto aos outros meros mortais, alvos da crítica que transformamos em obsessão da nossa vida.

5. As minúcias formais acima da misericórdia

Na parábola do fariseu e do publicano, enquanto o fariseu se dá tapinhas nas costas em reconhecimento dos próprios méritos, o publicano roga a Deus por misericórdia. É uma dinâmica muito interessante. O fariseu tem certeza de que é bom e não vê necessidade de pedir misericórdia. O publicano sabe que é frágil e que precisa de Deus.

Esta dinâmica interna se estende muitas vezes aos outros. Se nós nos vemos com “certa necessidade” de misericórdia, não temos misericórdia para com os outros. Se sabemos da nossa necessidade imensa da imensa misericórdia de Deus, então estendemos essa misericórdia aos outros. Por que é assim? Porque quando experimentamos o amor absoluto e incondicional do Pai, hesitamos menos em dar o mesmo amor aos outros.

Todos os corações ficam frios, às vezes, como o coração do fariseu. Para todos é difícil ter compaixão de “certas pessoas” (de tal ponto de vista, de tal religião, de tal lugar, de tal época, de tal…). Quando isso acontece, não faz mal pedir a Deus que nos ajude a ver o nosso próprio pecado de forma mais clara: não para nos afundarmos na culpa, e sim para enxergarmos a nossa própria necessidade de aceitar a misericórdia de Deus e estendê-la às outras pessoas, em vez de condenar os outros e dar graças a Deus “porque não somos como eles”.

Jesus, manso e humilde de coração, fazei o meu coração semelhante ao vosso!

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(*) É comum que esta frase seja lida como se contivesse uma relação lógica de causalidade entre ir à igreja e ser fariseu. Essa relação, porém, não consta na frase. Não está escrito “Vamos à igreja, conhecemos a nossa fé, colocamos Deus em primeiro lugar e, por causa disso, nos comportamos como fariseus”. O que está escrito é que vamos à igreja, conhecemos a nossa fé, colocamos Deus em primeiro lugar e, mesmo assim, corremos o risco de nos achar melhores que os outros e condená-los por não serem “tão bons quanto nós”. Em suma, o que está escrito é precisamente (e apenas) o que está escrito. A falta de raciocínio lógico, aliás, faz parte, necessariamente, do modo de pensar do fariseu.

Fonte: https://pt.aleteia.org/

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF