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sábado, 5 de agosto de 2023

Papa reza o Terço em Fátima: “temos Mãe neste lugar”

Papa Francisco em Fátima  (VATICAN MEDIA Divisione Foto)

O Papa Francisco retornou na manhã deste sábado, 05 de agosto, ao Santuário de Nossa Senhora de Fátima, após a sua última visita em 2017 que o “tocou profundamente”. A oração pelos jovens e pela paz.

Silvonei José, Fátima – Vatican News

Em meio a uma multidão de mais de 200 mil jovens e fiéis de todas as partes do mundo, que o aguardava desde as primeiras horas de hoje, Francisco - que chegou de helicóptero proveniente de Lisboa - percorreu de papamóvel as ruas de Fátima e a grande praça da fé diante da Capelinha das Aparições, abençoando os presentes e acariciando as crianças. Diante da imagem de Nossa Senhora o silêncio de Francisco em oração e a homenagem floreal.

O Papa Francisco rezou o Terço com os jovens doentes na Capelinha das Aparições, no âmbito da Jornada Mundial da Juventude.

Antes da benção final a saudação do bispo de Leiria-Fátima, dom José Ornelas, e a mensagem do Papa Francisco aos peregrinos. Francisco falou de “Nossa Senhora apressada, que está sempre conosco”.

"A pequena capela na qual nos encontramos é uma bela imagem da Igreja: acolhedora e sem portas, é um santuário aberto, no coração desta praça que evoca um grande abraço materno. Que assim seja na Igreja, - disse Francisco - que é mãe: portas abertas para todos, para facilitar o encontro com Deus; e espaço para todos, porque todos são importantes aos olhos do Senhor e de Nossa Senhora". O Papa Francisco disse isso em Fátima em seu discurso no final da recitação do Rosário com os Jovens Doentes na Capelinha das Aparições.

O Papa retomou o tema da JMJ: "Maria se levantou e foi apressada" (do Evangelho de Lucas). Nossa Senhora "é a Senhora da pressa", porque com a pressa ela responde imediatamente às orações. "Ela se apressa para estar perto", e "sempre nos aponta para Jesus". "Olhemos para a imagem de Maria e nos perguntemos: "O que há em minha vida que me preocupa?" O Papa nos convida a apresentar os problemas a Maria, porque "Ela, com seu coração, sinaliza a Jesus para que venha".

O bispo de Leiria-Fátima saudou o Papa na Cova da Iria, associando-se à oração pela paz, na Ucrânia e no mundo, e evocando as crianças vítimas de abusos.

“Juntamo-nos à oração de vossa santidade pela paz, com a qual este Santuário profundamente se identifica, tendo particularmente em atenção a guerra na Ucrânia e em tantos outros focos de conflito no mundo, que atingem dramaticamente a vida e o futuro, sobretudo das nossas crianças e jovens”, disse dom José Ornelas.

“Acolhemos vossa santidade, acompanhando-o no seu desígnio de ser peregrino orante junto de Maria, Mãe de Jesus e Mãe da Igreja, que orou com os discípulos, implorando o dom do Espírito Santo para a missão que eles iam iniciar”, destacou o bispo diocesano.

O Papa na Capelinha das Aparições

O Papa Francisco quis vir à Capelinha das Aparições para rezar e refazer a experiência do encontro com a Mãe e lhe apresentar as grandes intenções de oração e rezar pela paz.

Segundo o reitor do Santuário de Fátima, padre Carlos Cabecinhas, o Santuário se preparou durante um período longo para acolher da melhor forma os jovens que durante a JMJ visitariam Fátima. “Nos preparamos para receber todos os jovens que querem visitar o Santuário. A visita do Papa Francisco ao Santuário de Fátima é significativa. Preparamo-nos também espiritualmente no sentido de promover uma intenção fundamental: a oração pela paz", disse o reitor do Santuário.

Jovens com deficiência e seus acompanhantes, leigos e consagrados rezaram em várias línguas, os cinco mistérios gozosos do Terço, junto com o Papa.

O primeiro mistério, em português, foi rezado por Daniela Sá, jovem com deficiência, e por Joana Cardoso, sua acompanhante, e teve como intenção os jovens presidiários, “para que, com o auxílio de Maria, possam sentir a ternura de Deus Pai nas suas vidas e vivam na confiança de que Ele nunca os abandona”, informa o Santuário.

Os jovens que participam na Jornada Mundial da Juventude foram a intenção do segundo mistério, “para que estimulados pela atitude de Maria, se levantem apressadamente e anunciem a todos a Boa Nova de Jesus.”

A oração, em castelhano, foi feita por Jesus Sanchez Cossio.

O terceiro mistério foi rezado pelos jovens doentes e com deficiência, “para que, à semelhança do carinho de Maria por Jesus, sintam o apoio e o conforto de todos e não sejam vítimas de discriminação”.

Samantha Numerato, jovem com deficiência, rezou em italiano este mistério, com Giovanna Picone, sua acompanhante.

A primeira parte do quarto mistério foi rezada em inglês pela Irmã Brittany Culver, enquanto a segunda parte foi rezada em alemão por Ana Reis e a intenção foi a Paz.

Rezemos pela paz, para que a Virgem Santa Maria, que em Fátima pediu "quero que rezem o terço para alcançarem a paz", apresente as nossas orações ao Senhor e seja concedido ao mundo um duradouro tempo de paz.

O quinto e último mistério foi rezado por intenção do Papa Francisco, “para que Nossa Senhora de Fátima lhe faça sentir a sua presença materna, o envolva na luz imensa que é Deus e o guarde no seu Imaculado Coração”.

A primeira parte rezada em polonês por Emilia Hanzel, jovem com deficiência, e por Teresa Hanzel, sua acompanhante; Christophe Thuillard rezou a segunda parte em francês.

Ao sair da Capelinha, o Papa abençoou a pedra da nova sede da Santa Casa da Misericórdia de Ourém-Fátima e saudou 15 jovens que representam os jovens reclusos e os jovens doentes e portadores de deficiência que o acompanharam na oração do Terço.

Francisco regressou a Lisboa de helicóptero onde no início da noite hoje encontrará os jovens durante a Vigília de oração da JMJ

O Papa foi acompanhado na recitação do Terço por 97 jovens com deficiência e jovens reclusos que “não podem participar na Jornada Mundial da Juventude” em Lisboa.

Ligação de Francisco com Fátima

Na perspectiva desta visita a jornalista portuguesa, Carmo Rodeia, Diretora do Gabinete de comunicação do Santuário, entrevistou o Reitor do Santuário, Padre Carlos Cabecinhas, sobre as expectativas desta visita.

Padre Cabecinhas sublinhou a ligação entre o Santo Padre e Fátima, porque, por um lado, o Papa Francisco é um homem profundamente mariano e, por outro lado - disse ele -, “porque vejo que desde o início do seu pontificado houve uma ligação muito grande entre o Papa Francisco e Fátima”.

Desde o início, acrescentou ainda o Reitor, quando ele pediu ao então cardeal Patriarca de Lisboa, que em Fátima se consagrasse o seu pontificado, o que foi feito, até aos diversos momentos em que por vontade do Papa, houve união entre o Santuário e o Sumo Pontífice. Ele recorda 2013, a ida da imagem da capelinha para Jornada Mariana do Ano da Fé, mas também em outros momentos de oração em que o Santuário de Fátima se associou a iniciativa do Papa, nomeadamente a última consagração da Rússia e da Ucrânia ao Imaculado Coração de Maria em que o Papa realizou esse ato em Roma e enviou ao Santuário de Fátima o seu legado ao cardeal Konrad Krajewski para fazer no Santuário de Fátima essa consagração.

O Reitor do Santuário de Fátima disse ainda que é um regresso do Papa a este lugar, um lugar que o marcou profundamente, um lugar que o marcou antes de mais pelo ambiente de oração e pelo contacto com o povo de Deus. O povo crente reunido em multidões em Fátima, mas que é capaz de fazer silencio para rezar.

Padre Cabecinhas recorda ainda que talvez foi um dos momentos mais fortes da peregrinação der 2017, no contexto do centenário, depois da canonização dos Santos Franciscos e Jacinta, a chegada do Papa à capelinha e do profundo silêncio que reinou no meio de uma multidão de milhares de peregrinos que o acolhiam.

E é essa experiência que o Papa, de alguma forma, quis repetir ou refazer agora na capelinha das aparições; Francisco quis vir ao Santuário de Fátima para rezar; quis vir à Capelinha das aparições para refazer essa experiencia do encontro com essa Mãe, ele que proclamou com veemência, “temos Mãe neste lugar”, ele veio ao encontro dessa Mãe para lhe apresentar as grandes intenções deste mundo, as grandes intenções deste momento e as grandes intenções que ele traz no coração.

Veja o Papa no Santuário de Fátima:

https://youtu.be/xcabCQYd9fQ

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

sexta-feira, 4 de agosto de 2023

Caridade é a origem e a meta do caminho cristão, diz o papa Francisco

O papa Francisco visita o Centro Paroquial de Serafina, sexta-feira, 4 de agosto de 2023 / Daniel Ibañez (ACI Prensa)

Por Ary Waldir Ramos Díaz

Lisboa, 04 Ago. 23 / 09:14 am (ACI).- “A caridade é a origem e a meta do caminho cristão”, disse o papa Francisco durante o encontro com os Centros de Assistência e Caridade de Lisboa hoje (4), no Centro Paroquial do bairro Serafina. “A vossa presença, realidade concreta de ‘amor em ação’, ajuda-nos a não esquecer a rota, o sentido daquilo que estamos fazendo sempre”, disse Francisco no evento que ocorreu no âmbito da Jornada Mundial da Juventude JMJ Lisboa 2023.

Deixando as páginas do seu discurso, o papa perguntou: “Eu, quando estendo a mão a uma pessoa necessitada, a um doente, a uma pessoa marginalizada, depois de estender a mão, faço isso em seguida (limpando), para que não me 'contagie'? Tenho nojo de pobreza, da pobreza dos outros? Procuro sempre a vida destilada, aquela que existe na minha fantasia, mas que não existe na realidade?”.

Francisco falou da necessidade de um amor concreto: “Quantas vidas destiladas inúteis, que passam pela vida sem deixar marca”.

Assim que o papa chegou, cumprimentou uma criança em uma cadeira de rodas e passou vários minutos com as crianças e os idosos. Estiveram presentes no encontro os representantes do Centro Paroquial Serafina, da Casa Familiar Ajuda de Berço e da Associação Acreditar.

Após a música de abertura e as boas-vindas, o papa fez o seu discurso. “Juntos” é a palavra-chave, disse o papa. “Viver, ajudar e amar juntos: jovens e adultos, sãos e doentes… juntos”, acrescentou.

Não somos uma doença ou um problema

O papa ouviu os testemunhos, inclusive daqueles que atendem pacientes com câncer. “É verdade! Não devemos deixar-nos «definir» pela doença ou pelos problemas, porque nós não somos uma doença, não somos um problema”, disse ele ao se referir ao testemunho que ouviu antes.

“Cada um de nós é um presente, é um dom, um dom único com os seus limites, mas um dom precioso e sagrado para Deus, para a comunidade cristã e para a comunidade humana. E, assim como somos, enriquecemos o conjunto e deixamo-nos enriquecer pelo conjunto!”, acrescentou Francisco.

Igreja não é um museu de arqueologia

Em segundo lugar, o papa exortou a ações concretas, citando são João XXIII, “a Igreja não é um museu de arqueologia”.

A Igreja “é o antigo fontanário da aldeia que dá água às gerações de hoje, como a deu às do passado. O fontanário serve para matar a sede das pessoas que chegam com o peso da viagem ou da vida. E são concretização, portanto, atenção ao “aqui e agora”, como vocês já estão fazendo, com o cuidado nos detalhes e sentido prático, belas virtudes típicas do povo português”.

Imediatamente depois, o papa Francisco deixou as páginas de seu discurso preparado: “São muitas as coisas que eu gostaria de dizer-lhes agora, mas acontece que meus refletores não estão funcionando e eu não consigo ler bem”, disse ele, provocando risos entre os presentes.

“Vou dá-lo a vocês para que o publiquem depois, e não forçar a vista ou ler mal, isso não pode ser feito”, disse o papa.

O amor é concreto e suja as mãos

O papa disse que não existe "amor abstrato, não existe. O amor platônico está em órbita". "Amor concreto é aquele que suja as mãos".

E perguntou: "Eu, quando estendo a mão a uma pessoa necessitada, a um doente, a uma pessoa marginalizada, depois de estender a mão, faço isso em seguida (limpando), para que não me 'contagie'? Tenho asco de pobreza, da pobreza dos outros? Procuro sempre a vida destilada, aquela que existe na minha fantasia, mas que não existe na realidade?” 

“Quantas vidas destiladas -continuou o papa- inúteis, que passam pela vida sem deixar marca, porque sua vida não tem peso!"”.

Em seguida, o papa disse que estas associações de caridade são uma realidade – que, por exemplo, apoiam crianças com câncer ou idosos abandonados – e estão deixando uma marca e inspiram outras pessoas. “Não poderia existir Jornada Mundial da Juventude sem levar em conta esta realidade”.

Francisco exortou a seguir em frente e não desanimar: " e se desanimarem, tomem um copo de água e sigam adiante”. O papa parou para saudar os idosos, brincar com as crianças e apertar a mão dos funcionários e voluntários dos centros de caridade.

O cônego Francisco Crespo, pároco do Centro Social Paroquial de São Vicente de Paulo, agradeceu ao papa Francisco em nome das associações reunidas: Centro Paroquial Serafina, Casa Familiar Ajuda de Berço e Associação Acreditar.

O centro social nasceu em 1959 com o objetivo de ajudar uma população carente e desprotegida. Com o apoio da comunidade, de doadores e do Estado, desenvolveram vários serviços sociais para quase 800 pessoas, como creche, centro juvenil e atendimento a famílias carentes.

Embora a vida das pessoas tenha melhorado, reconhecem que ainda há muito a fazer. Inspiram-se no exemplo de são Vicente de Paulo e procuram seguir a sua mensagem de amor e serviço ao próximo. Agradecem a visita do papa Francisco e lhe desejam bênçãos em sua missão de guiar e apascentar o rebanho.

Antes do encontro com os representantes dos Centros de Assistência e Caridade, o papa confessou três jovens da Jornada Mundial da Juventude, às 9h45 (hora de Portugal).

No final do encontro, após a oração do Pai Nosso, a bênção final e a interpretação de um hino, o papa Francisco voltou à Nunciatura Apostólica de Lisboa onde almoçou com o patriarca de Lisboa, cardeal Manuel Clemente, acompanhado de dez jovens de vários países, entre eles, um brasileiro.

Fonte: https://www.acidigital.com/

São João Maria Vianney, o “santo burro” e sua resposta genial

Creative Commons

Por Aleteia Brasil

Vários de seus colegas o menosprezavam por suas limitações nos estudos, mas ele demonstrou algo muito mais importante.

Filho de camponeses, o futuro São João Maria Vianney, também conhecido hoje como o Santo Cura d’Ars, sentiu-se chamado ao sacerdócio ainda bem jovem – só que foi impedido de ir à escola por causa da Revolução Francesa.

Quando as tensões se abrandaram na França, ele finalmente foi matriculado em uma escola local. Embora fosse o mais velho da classe, João Maria sofreu bastante com o currículo. Ele era constantemente provocado como “ignorante“, para usar um termo relativamente brando. Certa vez, a propósito, um estudante o humilhou porque João Maria não soube responder a uma pergunta e, como se não bastasse, ainda lhe deu um soco na cara. O aluno era Mathias Loras. João Maria acabou por transformá-lo em seu amigo. Anos depois, Mathias se tornaria o primeiro bispo de Dubuque, Iowa, nos Estados Unidos.

João Maria Vianney foi autorizado a estudar no seminário, mas era considerado “muito lento” pelos instrutores. Depois de ser reprovado em mais um exame, ouviu do reitor o seguinte:

“João, os professores não o consideram apto para a sagrada ordenação ao sacerdócio. Alguns o chamaram de ‘burro que nada sabe de teologia’. Como podemos promovê-lo ao sacramento do sacerdócio?”.

A resposta que São João Maria Vianney lhe deu se tornou célebre:

“Monsenhor, Sansão matou cem filisteus com a queixada de um burro. O que acha que Deus poderia fazer com um burro inteiro?”.

João Maria acabou sendo ordenado sacerdote não por causa das suas luzes intelectuais, que de fato não eram o seu forte, mas sim por conta do que mais importa em qualquer sacerdote: a santidade de vida.

Ele se tornou nada menos que um dos mais santos e extraordinários párocos já conhecidos em toda a história da Igreja – e isso que é uma história de dois milênios!

O Papa Bento XVI (que, aliás, é uma das mentes mais sublimes já conhecidas em toda a história da Igreja) o nomeou, não por acaso, padroeiro de todos os sacerdotes.

São João Maria Vianney, rogai por todos nós!

Fonte: https://pt.aleteia.org/

Para todos!

Papa Francisco com os jovens na Cerimônia de Acolhida em Lisboa  (Vatican Media)

“Deus nos ama como somos”, disse Francisco. A misericórdia é a mensagem-chave da evangelização.

Andrea Tornielli

«A Igreja é o lugar para todos... Todos, todos, todos!»., repetiu várias vezes o Papa Francisco ao meio milhão de jovens que o acolheram ontem no Parque Eduardo VII em Lisboa. Um Papa que apareceu rejuvenescido e revigorado pelo contágio de entusiasmo dos jovens que, juntamente com os seus pastores e educadores, chegaram a Portugal vindos de todas as partes do mundo. “Para todos, para todos”, disse com veemência Francisco. É uma mensagem que pode representar quase uma síntese destes primeiros dez anos de pontificado. Um pontificado que se abriu no sinal da misericórdia.

O que significa reafirmar que há espaço para todos na Igreja? Disse Francisco: “Ninguém é inútil, ninguém é supérfluo, há espaço para todos. Assim como somos, todos... "Padre, mas eu sou um desgraçado, sou uma desgraçada: há lugar para mim?": há lugar para todos». Porque «Deus nos ama, Deus nos ama como somos, não como gostaríamos de ser ou como a sociedade gostaria que fôssemos: como somos. Ele nos ama com os defeitos que temos, com as limitações que temos e com o desejo que temos de seguir em frente na vida. Deus nos chama assim: tenham confiança porque Deus é pai, e é um pai que nos ama, um pai que nos quer bem».

Em um tempo em que todos comentam e ninguém escuta, em uma época em que tantos procuram aparentar o que não são, não há mensagem mais atraente e revolucionária: Alguém nos ama assim como somos, perdoa-nos sempre, está ali à espera de braços abertos, vai à nossa frente disposto a nos cobrir de misericórdia. É a lógica nada humana e inteiramente divina que aprendemos com o episódio do Evangelho de Zaqueu, o pecador publicano mal visto por todos na cidade de Jericó que, curioso em relação ao profeta nazareno, sobe em um sicômoro e meio escondido entre as folhas o espera passar. Mas é Jesus a olhar primeiro para ele, ama-o primeiro, se auto-convida para ir a sua casa, independentemente dos comentários escandalizados dos presentes. Não há condições prévias para encontrar o abraço misericordioso de Jesus, não há "instruções" a serem colocadas em prática, nem cursos de preparação a frequentar, nem técnicas a aprender. Basta estar ali quando ele passa, render-se ao seu olhar cheio de amor e misericórdia. Basta deixar cair as barreiras e permitir que ele nos abrace, reconhecendo-o no rosto das testemunhas que Ele coloca no nosso caminho todos os dias.

Na Igreja há lugar para todos, assim como houve lugar para o publicano Zaqueu que teve o privilégio de receber o Nazareno na própria casa, a sua mesa. Uma surpresa sem precedentes, uma dádiva gratuita, acontecida por pura graça. Aquele olhar, aquele chamado mexeram com a vida do publicano de Jericó: precisamente porque foi amado como nunca na sua vida, pode compreender quanto pecado e quanta corrupção estavam incrustados em sua existência. Mas a conversão para Zaqueu não foi o pré-requisito indispensável para ser amado e perdoado. A dinâmica é outra: precisamente porque se sentiu pela primeira vez acolhido, amado e perdoado, pode dar-se conta do seu pecado e da sua corrupção. Fazer experiência da misericórdia divina o tornou consciente de ser um pobre pecador.

O convite entre os jovens que repetiu o Papa "jovem", contagiado por seu entusiasmo, é a chave para a evangelização hoje. De fato, do que mais precisamos senão de Alguém que nos aceite como somos, fazendo-nos sentir esperados, desejados, amados e perdoados? O que mais precisamos senão que nos digam: há espaço também para ti, seja qual for a tua condição?

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

São João Maria Vianney: para se admirar e tomar como modelo

São João Maria Vianney (Guadium Press)

São João Maria Vianney foi santo, taumaturgo, grande pregador e verdadeiro pastor de seu rebanho. No entanto, seu perfil moral jamais estaria completo se ignorássemos outros predicados que especialmente brilharam ao longo de sua vida: perseguido, difamado e caluniado. E por quê? Íntegro, buscou o bem das almas.

Redação (02/08/2020 15:18, Gaudium Press) Nascido em 8 de maio de 1786, na pequena aldeia francesa de Dardilly, João Batista Maria Vianney foi, sem dúvida, um grande santo, e, por isso mesmo, motivo de grande ódio por parte do demônio.[1]

Desde pequeno, o jovem João dava mostras de uma profunda piedade, preferindo uma imagem de Nossa Senhora a qualquer brinquedo. Ao passar pelo celeiro, era comum vê-lo rezando neste local, quando possuía apenas quatro anos.

Após seus penosos estudos, pois não lhe era fácil tal encargo, João Batista foi ordenado e enviado como coadjutor na paróquia de Belley. Mas com a morte do pároco deste local, sua missão é encetada no pequeno e, quiçá, menos importante vilarejo francês: Ars.

Afetados profundamente pela recente Revolução, esses paroquianos de Ars já haviam sido pervertidos gravemente em seus costumes e, privados por longo tempo da formação religiosa, abandonaram a fé. Pois é justamente contra essa depravação moral que São João teria de combater.

Sermões, confissões, milagres, exorcismos e, sobretudo, uma integridade moral ilibada, tudo isso atraía multidões para aquela pequena cidadezinha francesa. Contudo, se muitos o veneravam, não poucos o odiavam…

O demônio passou a atormentá-lo à noite com espécies de aparições diabólicas. Porém, como isso não obtivesse resultado — pois só servia para aumento do mérito do santo — as forças infernais empregaram outro método.

Párocos de aldeias vizinhas começaram a ter tanta inveja da grande fama que ele possuía que negavam a seus fiéis a absolvição, caso estes fossem estar com o Cura d’Ars. E, colocando-se em acordo, enviaram ao bispo denúncias feitas a João, tais como: “Não tem conhecimentos teológicos suficientes para entrar em um confessionário”; as “pessoas não se convertem em contato com ele”; e outras difamações.

Entretanto, Dom Alexandre-Raymond Devie, Bispo de Belley naquela época, estava convicto da virtude de São João Maria Vianney, e, apenas para confirmar o que já lhe era conhecido, mandou alguns de seus auxiliares a Ars. Os comissários “voltaram tontos de admiração”[2], dizendo: “Meus senhores, é um santo, um santo que devemos admirar e tomar como modelo.”[3]

Com efeito, face à integridade de São João Maria Vianney a mentira de alguns, por mais que se multiplicassem as difamações e calúnias contra ele, nada pôde diante dessa verdade ilibada e cristalina

Certamente a Providência continuará a enviar modelos a serem seguidos pelos verdadeiros cristãos, mister nestes tempos incertos e calamitosos em que vivemos, como excelentemente o foi em seu século Cura d’Ars, um exemplo e padroeiro dos sacerdotes.

Por Thiago Cunha

[1] Os dados narrados a seguir foram extraídos das obras: GHÉON, Henri. O Cura d’Ars. 2 ed. São Paulo: Quadrante, 1998; MONNIN, Alfred. Le Curé d’Ars. Vie de M. Jean-Baptiste-Maria Vianney. Paris: Charles Douniol, 1861, t. II. s.d.

[2] GHÉON, Henri. O Cura d’Ars. 2 ed. São Paulo: Quadrante, 1998, p. 109.

[3] Idem, p. 110.

Fonte: https://gaudiumpress.org/

quinta-feira, 3 de agosto de 2023

Por que estou aqui?

Por que estou aqui? (Cléofas)

Por que estou aqui?

 POR PROF. FELIPE AQUINO

Será que o homem é um mero acidente biológico? E o gênero humano, uma simples etapa num processo evolutivo cego e sem sentido? Será que esta vida humana não passa de uma cintilação entre a longa escuridão que precede a concepção e a escuridão eterna que virá após a morte? E eu, serei apenas um grão de poeira insignificante no universo, lançado à existência pelo poder criador de um Deus indiferente, como a casca de laranja inútil que se joga fora sem pensar? Tem a vida alguma finalidade, algum plano, algum propósito? Enfim, de onde é que eu venho? E por que estou aqui?

Estas são as questões que qualquer pessoa normal levanta quando atinge idade suficiente para pensar com certa sensatez. Por isso, o novo Catecismo da Igreja Católica propõe-nos já no seu Prólogo a questão da nossa origem e do nosso fim: “Deus, infinitamente Perfeito e Bem-aventurado em si mesmo, num desígnio de pura bondade, criou livremente o homem para fazê-lo participar da sua vida bem-aventurada”.

É, condensada ao máximo, a resposta a todas as questões que formulávamos acima, e que podem resumir-se nesta outra: “Para que nos fez Deus?”.

Ao respondermos a essa pergunta, veremos que a resposta tem duas vertentes: a de Deus e a nossa. Se a considerarmos do ponto de vista de Deus, a resposta é: Deus nos fez para mostrar a sua bondade. Uma vez que Ele é o Ser infinitamente perfeito, a principal razão pela qual faz uma coisa deve ser uma razão infinitamente perfeita. Mas só há uma razão infinitamente perfeita para se fazer uma coisa: é fazê-la por Deus. Por isso, seria indigno de Deus, contrário à sua infinita perfeição, que Ele fizesse alguma coisa por uma razão inferior a Si mesmo.

Talvez compreendamos melhor esta verdade se a aplicarmos a nós. Mesmo para nós, a maior e melhor razão para fazermos alguma coisa é fazê-la por Deus. Se faço alguma coisa por outro ser humano – por mais nobre que seja a intenção, como alimentar um faminto – e a faço especialmente por essa razão, sem me referir a Deus de alguma forma, faço algo imperfeito. Não é uma coisa má, mas é menos perfeita, e isso seria assim mesmo se fosse um anjo ou a própria Virgem Santíssima quem realizassem essa ação, se prescindissem de Deus. Não existe um motivo maior para fazer uma coisa do que fazê-la por Deus, e isso é certo tanto para o que Deus faz como para o que nós fazemos.

A primeira razão, a grande razão pela qual Deus dez o universo e nos fez a nós, foi, portanto, a sua própria glória: para mostrar o seu poder e bondade infinitos. O seu infinito poder mostra-se pelo fato de existirmos. A sua infinita bondade, pelo fato de Ele nos querer fazer participar do seu amor e felicidade. E se nos parece que Deus é egoísta por fazer as coisas para sua própria honra e glória, é porque não podemos deixar de pensar nEle em termos humanos. Pensamos em Deus como se fosse uma criatura igual a nós. Mas a verdade é que não existe nada nem ninguém que mais mereça ser objeto do pensamento de Deus ou do seu amor que o próprio Deus.

No entanto, quando dizemos que Deus fez o universo (e nos fez a nós) para a sua glória, não queremos dizer, evidentemente, que Deus necessitasse dela de algum modo. A glória que dão a Deus as obras da sua Criação é a que denominamos “glória extrínseca”: é algo “fora de Deus”, que não lhe acrescenta nada. Guardadas as devidas proporções, é como um artista com grande talento para a pintura e a mente repleta de imagens: se as projeta sobre a tela para que outros as veja e admirem, isso de certa forma não lhe acrescenta nada: não o torna melhor nem mais talentoso do que era antes.

Assim, Deus nos fez primordialmente para a sua honra e glória. Daí que a primeira resposta à pergunta: “Para que nos fez Deus”: seja: “Para mostrar a sua bondade”. Porém, a principal maneira de Deus demonstrar a sua bondade baseia-se em que nos criou com uma alma espiritual e imortal, capaz de participar da sua própria felicidade. Mesmo nos assuntos humanos, sentimos que a bondade de uma pessoa se manifesta pela generosidade com que compartilha a sua pessoa e as suas posses com outros. Da mesma maneira, a bondade divina manifesta-se sobretudo pelo fato de nos fazer participar da sua própria felicidade, de nos fazer participar de Si mesmo.

Por essa razão, ao respondermos do nosso ponto de vista à pergunta: “Para que nos fez Deus”:, dizemos que nos fez para fazer-nos participar da sua vida bem-aventurada. As duas respostas são como que as duas faces da mesma moeda, o anverso e o reverso: a bondade de Deus fez-nos participar da sua felicidade e a nossa participação na sua felicidade mostra a bondade de Deus.

Retirado do livro: “A Fé Explicada”. Leo J. Trese.

Fonte: https://cleofas.com.br/

Encontrei o carregador perfeito

Tomas Hustoles | Shutterstock

Por Regina Andrews

É revigorante e um grande alívio saber que nunca perderei o carregador mais importante de todos.

“Onde está meu carregador?”

Essa é uma frase comum hoje em dia, mas há poucos anos ela nem estava em nosso léxico. 

Atualmente, fazemos quase tudo remotamente. A grande maioria de nossas atividades está centrada em nossos telefones celulares ou iPads. Para que esses dispositivos funcionem de maneira correta e eficiente, precisam ser carregados com frequência. Somente quando estão com bateria 100% é que operam na capacidade máxima.

Ok, acostumar com o celular, iPad e outros dispositivos demorou um pouco, mas as coisas estão indo bem. No entanto, o carregador é outra história. Ele é conectado a uma tomada elétrica e possui uma abertura na qual o cabo de conexão é inserido. Parece bastante simples, não é? Mas a realidade é que existem muitos tipos diferentes de carregadores… e muitos tipos diferentes de cabos. 

A menos que seus dispositivos sejam todos do mesmo fabricante, é provável que seu carregador e cabos não sejam compatíveis com muitos aparelhos. E mesmo que sejam do mesmo fabricante, as conexões podem não dar certo.

Esta é a situação que tenho enfrentado diariamente. Conectar tem o potencial de se tornar uma produção e tanto. É verdade que não sou uma pessoa matinal, mas depois de fazer minhas orações pela manhã e me preparar, geralmente desconecto meu celular do carregador ao lado da minha cama e desço as escadas. 

É quando as coisas começam a ficar realmente complicadas, porque os carregadores são movidos de uma tomada para outra ocasionalmente – então eles nem sempre ficam no mesmo lugar. Isso significa que tenho que encontrar o carregador compatível com o cabo do meu celular entre todos os outros carregadores da casa. Há um para o iPad, um para o meu telefone, um para o telefone do meu marido, um para o tablet dele, um para o meu laptop e assim por diante. A pior parte é que o dia realmente não pode começar até que todas as conexões adequadas tenham sido feitas. 

Depois de uma manhã particularmente confusa, fiquei exasperada e me ouvi murmurando algo como: “Oh, pelo amor de Deus, por que não consigo encontrar o carregador certo?”      

E então me ocorreu algo interessante. Não preciso procurar o carregador certo para fazer a conexão certa e começar o dia. Lembrei-me de que o carregador perfeito está sempre ao meu alcance, porque nosso Pai Celestial é o carregador definitivo. Obrigada pela lembrança, Espírito Santo!

É revigorante e um grande alívio saber que nunca perderei o carregador mais importante de todos e que posso me conectar à Sua fonte de poder e glória a qualquer momento. E, a propósito, também coloco etiquetas em todos os outros carregadores e cabos!

Fonte: https://pt.aleteia.org/

JMJ de Lisboa: a alegria do Papa de reencontrar jovens

Jovens da JMJ Lisboa (Vatican Media)

Finalmente os jovens do mundo inteiro chegaram a Lisboa para o grande evento da JMJ 2023. Ontem a missa de abertura da Jornada Mundial da Juventude no Parque Eduardo VII presidida pelo Patriarca de Lisboa dom Manuel Clemente. E nesta quarta-feira chega o Papa Francisco.

Silvonei José, Lisboa – Vatican News

Na tarde desta terça-feira a missa de abertura da Jornada Mundial da Juventude no Parque Eduardo VII presidida pelo Patriarca de Lisboa dom Manuel Clemente, com a presença de milhares de jovens. E nesta quarta-feira chega o Papa Francisco.

Quando faltavam exatamente 250 dias para o início da Jornada Mundial da Juventude que teve início neste dia 1º de agosto e se encerra no próximo dia 6 na presença de Francisco, o Santo Padre compartilhava a alegria do reencontro neste evento mundial em Portugal. Durante a tradicional audiência geral e falando aos peregrinos de língua portuguesa recordava que no domingo anterior tinha sido celebrado nas dioceses o Dia Mundial da Juventude, com o pensamento dirigido para o encontro de jovens que se realizará - disse - no próximo ano em Lisboa. “A alegria de nos encontrarmos e a vontade de estar juntos são sinais fundamentais para o mundo de hoje, dilacerado por confrontos e guerras”, afirmou.

Jovens da JMJ Lisboa (Vatican Media)

“Desde o ano de 2021, a Jornada Mundial da Juventude é celebrada nas Igrejas particulares precisamente na Solenidade de Cristo Rei. O tema desta JMJ, em Lisboa é 'Maria levantou-se e partiu apressadamente' (Lc 1,39).”

Então Francisco reforçava que “o segredo para permanecer jovem” está precisamente nestes dois verbos – levantar e partir. Dirigindo-se aos jovens, pediu para que “não fiquem parados pensando em si mesmos, desperdiçando a sua vida em busca de conforto ou da última moda”, mas que “se façam à estrada, saiam dos seus medos para estender a mão a quem precisa.” “Hoje precisamos de jovens que sejam verdadeiramente transgressores. Não conformistas. Que não sejam escravos dos celulares, mas mudem o mundo como Maria, levando Jesus aos outros, tratando dos outros, construindo comunidades fraternas com os outros, realizando sonhos de paz”, afirmou o Papa.

Jovens da JMJ Lisboa (Vatican Media)

Em 22 de abril de 1984, São João Paulo II instituía a JMJ, entregando a Cruz de Cristo e pedindo para que os jovens a levem ao mundo, “como sinal do amor do Senhor Jesus pela humanidade, e anunciem a todos que somente em Cristo morto e ressuscitado há salvação e redenção”. Desde aquele anúncio foram realizadas 36 JMJs, reunindo milhões de jovens de países diversos, que partiram de seus países para se encontrarem ao redor do Papa e realizar o grande encontro com Cristo.

Finalmente o dia chegou: Lisboa acolhe os jovens de todas as partes do mundo, na espera da chegada do Papa Francisco que vem confirmá-los na fé. Essa será a 37ª JMJ. Na mensagem enviada aos jovens para esta jornada, o Santo Padre recorda que, depois da Anunciação, Maria poderia ter se concentrado em si mesma, nas preocupações e temores derivados da sua nova condição. Mas, ao contrário, “‘levanta-se e põe-se em movimento’, porque tem a certeza de que os planos de Deus são o melhor projeto possível para a sua vida. Maria torna-se templo de Deus, imagem da Igreja a caminho, a Igreja que sai e se coloca a serviço, a Igreja portadora da Boa-Nova”.

Esse, portanto, é o propósito das JMJs: o encontro pessoal dos jovens com Jesus Cristo e com os irmãos, que os impele para ir e anunciar o Evangelho a todos os povos. E não foram poucas as ocasiões em que os papas reforçaram o sentido evangelizador das jornadas mundiais da juventude.

Jovens da JMJ Lisboa (Vatican Media)

Já na primeira edição internacional, realizada em 1987, em Buenos Aires, na Argentina, São João Paulo II exortou: “Jovens, Cristo, a Igreja, o mundo espera o testemunho de suas vidas, baseado na verdade que Cristo nos revelou!”. Em 2011, o Papa Bento XVI, em sua última JMJ antes de renunciar ao pontificado, convidou os jovens reunidos em Madri, na Espanha, a permanecerem firmes na fé. “Permanecer no Seu amor significa viver radicados na fé, porque esta não é a simples aceitação de uma verdade abstrata, mas uma relação íntima com Cristo, que nos leva a abrir o nosso coração a este mistério de amor e a viver como pessoas que se sabem amadas por Deus”, afirmou. Em 2013, ao concluir sua primeira JMJ, no Rio de Janeiro, o Papa Francisco exortou os jovens: “Ide, sem medo, para servir!” Diante de 3,7 milhões de pessoas na praia de Copacabana, o Bispo de Roma acrescentou: “Sabem qual é o melhor instrumento para evangelizar os jovens? Outro jovem! Este é o caminho a ser percorrido por vocês!”.

Como o próprio Papa Francisco expressou em sua mensagem, após o distanciamento causado pela pandemia, a JMJ deste ano em Lisboa será a ocasião de experimentar novamente a alegria do encontro com Deus e com os irmãos e, “como Maria, levemos Jesus dentro de nós, para comunicá-lo a todos”.

De Lisboa para a Rádio Vaticano, Silvonei José

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Por que batizar as crianças?

Batismo de criança (Canção Nova)

POR QUE BATIZAR AS CRIANÇAS?

Dom Leomar Antônio Brustolin
Arcebispo de Santa Maria (RS)

O Batismo é o primeiro sacramento que recebemos. Ele é a porta de entrada para a Igreja e para toda a vida sacramental. A palavra batismo vem do grego baptisma e significa imersão, banho, mergulho. Batizar é lavar, purificar, mergulhar na água. O Batismo cristão tem sua origem no próprio Jesus Cristo que enviou seus discípulos para evangelizar os povos e batizá-los em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.  

Trata-se de uma purificação feita com água que lava o pecado original, dando ao batizado uma nova condição de existência. Confere uma vida nova. O Batismo é um ato que confirma a conversão e insere o ser humano, criatura nova, em Cristo Jesus.  

matéria do sacramento é a água, e a forma são as palavras: “Eu te batizo em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo.”  Fórmula que vem do mandato de Jesus aos seus discípulos: “Batizai-os em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo. (Mt 28,19).  

O costume de batizar as crianças vem do Cristianismo da idade antiga, quando os adultos, abraçando a fé, queriam que também seus filhos participassem da comunidade e aprendessem, desde cedo, a conhecer e a amar Jesus Cristo. Mais tarde, a prática de batizar crianças se tornou geral. A criança não recebe o Batismo sem fé, porque ela é batizada na fé da Igreja, encarregada de educá-la no Cristianismo por meio de seus pais e padrinhos.  

O Batismo de crianças não é um atentado à liberdade, porque a liberdade humana está sempre condicionada, e a criança, como nos demais níveis de vida, depende de seus pais a respeito da fé e do Batismo. O Batismo de crianças, enfim, exemplifica melhor a gratuidade da salvação e o amor de Deus para com todos. Ao crescer, a mesma criança terá o momento oportuno para fazer a confirmação da fé por ocasião da Crisma. 

No Batismo de crianças se reconhece quedesde cedo, a pessoa já faz parte da família de Deus epelo Batismo, é acolhida na comunidade dos seguidores de Jesus Cristo. Nessa comunidade, ela vai aprender a amar e a conhecer Jesus. Os pais e padrinhos, junto com a comunidadeestão comprometidos com a missão de alimentar e sustentar a fé da criança. 

Um texto de Orígenes, no Cristianismo dos primeiros séculos, afirma: “A Igreja recebeu dos apóstolos a tradição de administrar o Batismo também às crianças.” Assim, se tem a confirmação de que, no início da Igreja, desde o século II, havia o Batismo de crianças, ainda que fosse em raras ocasiões. No tempo da pregação apostólica, casas inteiras eram batizadas, o que nos leva a pensar que também as crianças recebiam esse sacramento diante de um lar cristão.   

Uma vez que as crianças nascem já com a natureza humana marcada pelo pecado original, é necessário que recebam o Batismo. Os pais cristãos não esperam que elas cresçam para receber as graças que o Batismo confere. A Igreja e os pais impediriam as crianças de receber a graça de serem filhas de Deus, se não administrassem a elas o Batismo pouco depois do nascimento; assim, se entende a necessidade de batizar as crianças o quanto antes.   

Evidentemente, o Batismo realizado em crianças supõe uma catequese pós-batismal, para que a pessoa entenda a graça recebida e cresça em sua vida espiritual.

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF