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domingo, 6 de agosto de 2023

A psicologia de uma vocação

Shutterstock / #image_title

Por Vanderlei de Lima

O presbítero, enquanto participante do único sacerdócio de Cristo (cf. Catecismo da Igreja Católica n. 1545), não pode se esquecer do seu lado humano. Entenda:

A Editora Quadrante publicou a oportuna obra de título acima. Tem por subtítulo “Os desafios do sacerdócio, do celibato… e de todos os que ouviram o chamado de Deus”.

O autor é Wenceslao Vial. Professor de Psicologia e vida espiritual na faculdade de Teologia da Pontifícia Universidade da Santa Cruz, em Roma, médico, sacerdote e doutor em Filosofia, busca aliar seus conhecimentos clínicos e seu trabalho acadêmico a uma ampla atividade pastoral a alcançar vários países e culturas. Logo de início, como todo escritor didático, ele já apresenta o escopo do livro: “O sacerdote como qualquer ser humano, deve buscar e encontrar o sentido da sua vida. E esse sentido não se adquire com o sacramento da Ordem. Ele o encontrará com esforço se Cristo é o centro de tudo quanto faz, se escuta a sua palavra e se empenha em praticá-la. Assim, pouco a pouco, dia a dia, realizará o seu projeto: chegar a ser quem Deus queria que ele fosse” (p. 10). 

Eis a sabedoria de Wenceslao Vial a reconhecer, não obstante a herança do pecado original no ser humano, a realização plena do sacerdote que sabe distinguir e aliar, na sua vida, a graça de estado (decorrente do sacramento da Ordem) e o esforço humano (a busca de sentido para a vida à luz de Cristo). O divino e o humano aí se encontram e, de modo assaz harmonioso, se unem para o bem daquele que se abre ao nobre convite do Senhor Jesus: Vem e segue-me (cf. Mt 4,19). Eis a síntese da obra nas palavras do próprio autor: “Quatro binômios servem para ilustrar os temas a partir da perspectiva psicológica. A maturidade como harmonia, a identidade e a missão própria, a integridade do sacerdote e suas necessidades básicas e, finalmente, as atitudes adequadas para a sua saúde global. Esses conceitos aparecerão ao longo dos próximos seis capítulos” (idem).

Ao percorrer as páginas do conteúdo proposto, o leitor atento é levado a pensar em outras obras de grande valor para um padre desejoso de compreender, para melhor viver no amor-doação, a grandeza da sua vocação. Vêm à mente, por exemplo, Contemplação e sacerdócio, de Dom Jean-Paul Galichet (Molokai), Aqueles sacerdotes misteriosos, de Fulton Sheen (Lignum vitae), Jesus Cristo ideal do sacerdote, de Columba Marmion (Cultor de Livros/Lumen Christi) etc. Estes escritos, cada um a seu modo, ajudam o padre no feliz cumprimento da sua vocação.

O presbítero, enquanto participante do único sacerdócio de Cristo (cf. Catecismo da Igreja Católica n. 1545), não pode se esquecer do seu lado humano. Convém, por isso, “fomentar um estilo de vida saudável, que pode resumir-se nos seguintes pontos: alimentação equilibrada, moderação que evite os vícios (tabagismo, álcool, etc.), cuidado do sono, esporte, mudar de atividades e evitar acidentes agindo com prudência de acordo com a idade. Manter o peso corporal dentro dos limites aconselhados proporcionará uma melhor saúde física e bem-estar psíquico. Para consegui-lo, além do autodomínio ao comer, costuma ser necessária alguma atividade física regular, abandonando a vida excessivamente sedentária” (p. 89). 

Continua o médico e sacerdote: “O cuidado do sono é um dos aspectos mais relevantes da estabilidade psíquica, do ponto de vista fisiológico. Recomenda-se dormir entre sete e oito horas todas as noites, embora essa necessidade varie de pessoa para pessoa. Durante o sono, o cérebro descansa, fixam-se, de algum modo as ideias e se prepara o terreno para um melhor funcionamento dos processos psicológicos conscientes. Não dormir bem costuma ser mais um sintoma do que uma doença. Entre as causas se incluem a ansiedade, a obsessão ou um estado de humor baixo, dificuldades respiratórias, sobrepeso, problemas digestivos, etc.” (p. 89-90).

Louvamos ainda o autor pelo modo como ele aborda a maturidade psicológica (p. 15-72), a castidade (cf. p. 99-131) e o burnout (p. 133-160). Fazemos votos para que a obra em análise – sumamente importante – alcance amplíssima repercussão.

Fonte: https://pt.aleteia.org/

O crescimento dos católicos na África

A religião na África (Geopizza)

O crescimento dos católicos na África

de Gianni Cardinale

A seguir, apresentamos amplos trechos dos dados publicados por L’Osservatore Romano em 30 de abril passado (pp. 8 e 9) por ocasião da saída do Annuarium statisticum Ecclesiae 2004, impresso pela Libreria Editrice Vaticana. Os intertítulos foram inseridos pela redação.

O número de católicos aumenta, mas não demais

No período que vai de 1978 a 2004, o número de católicos no mundo registrou um crescimento rápido, crescendo em mais de 45%. No mesmo lapso de tempo eles passaram de um total de quase 757 milhões para 1,098 bilhão, com um acréscimo absoluto de cerca de 341 milhões de fiéis. Todavia, esse dado parece muito menos entusiasmante quando lido à luz da evolução da população mundial no mesmo período, que passou de 4,2 a 6,4 bilhões. Daí a incidência de católicos em nível planetário ter tido uma leve diminuição, de quase 18% para pouco mais de 17%.

No que diz respeito à Europa, registra-se um evidente estacionamento, devido substancialmente à bem conhecida situação demográfica do Velho Continente, para cuja população, atualmente em fase de estabilização, se prevê um claro declínio nas próximas décadas.

A realidade africana é decididamente mais dinâmica. Nela, os católicos pouco menos que triplicaram: em 1978, eram cerca de 55 milhões e, em 2004, subiram para quase 149 milhões. Essa variação, só em parte devida a fatores puramente demográficos, reflete um aumento efetivo da presença de fiéis batizados: os católicos, que eram 12,4% da população africana em 1978, 26 anos mais tarde representavam quase 17%.

Situações intermediárias entre as duas acima descritas são registradas nas Américas e na Ásia, onde o crescimento do número de fiéis foi certamente vigoroso (respectivamente, aumentos de 49,7% e 79,6%), mas totalmente explicável, dado o desenvolvimento demográfico registrado no mesmo período.
Deixando de lado as diferentes dinâmicas demográficas, fica evidente a confirmação do aumento do peso do continente africano (cujo número de fiéis subiu de 7% para mais de 13,5% do total mundial) e da clara diminuição do peso do continente europeu (nesse caso, o percentual sobre o total mundial caiu de 35%, em 1978, para 25,4%, em 2004). Consolida-se ainda a posição das Américas como continente ao qual já pertence quase a metade dos fiéis do mundo.

Já os bispos aumentam em toda a parte

O número de bispos no mundo cresceu entre 1978 e 2004 em mais de 28%, passando de 3.714 a 4.784, com um aumento bastante significativo na África (subindo em 45,8%), na Oceania (em 34%) e na Ásia (em 31,4%), ao passo que nas Américas (aumento de 27,2%) e na Europa (aumento de 23,3%) os valores se posicionam abaixo da média. Em comparação com essas dinâmicas diferenciadas, todavia, a distribuição dos bispos por continente permaneceu substancialmente estável no período considerado, com uma maior concentração em relação ao total nas Américas e na Europa. Na África, onde a presença do corpo episcopal vem aumentando de modo mais considerável, a parcela de bispos sobre o total mundial limitou-se a crescer do 11,6%, em 1978, para 13,2%, em 2004.

Os sacerdotes, um crescimento “um tanto decepcionante”

Em comparação com a expansão do número de bispos no mundo no período 1978-2004, a dinâmica do número de sacerdotes foi em geral um tanto decepcionante, mostrando uma contração de mais de 3,5% (de cerca de 421 mil para menos de 406 mil), concentrada na primeira década do período exposto. O número de sacerdotes reduziu-se em mais de 15 mil indivíduos até 1988, para depois estabilizar-se e voltar a crescer ao longo das últimas décadas. Numa tendência contrária à média mundial, a evolução do número de sacerdotes na África e na Ásia é um tanto reconfortante, com um acréscimo de 85% e 74%, respectivamente (e um aumento de mais de 2 mil indivíduos somente em 2003), ao passo que a situação das Américas se mantém estacionária, em torno de uma média de cerca de 120 mil indivíduos. Europa e Oceania, enfim, responsáveis pela contração observada em nível planetário, mostram em 2004 uma diminuição de mais de 20% e de quase 14%, respectivamente [...].

A distribuição percentual dos sacerdotes por continente também evidencia notáveis mudanças nos 26 anos considerados. A Europa, mesmo detendo a quota mais elevada, viu diminuir consideravelmente com o passar do tempo seu percentual de sacerdotes sobre o total: em 1978, seus mais de 250 mil sacerdotes representavam quase 60% do total do grupo eclesiástico, enquanto, 26 anos mais tarde, decaíram para menos da metade, não superando os 50%. Isso sobretudo em razão da forte diminuição dos sacerdotes diocesanos, que se reduziram relativamente mais que os religiosos. África e Ásia, ao contrário, ganharam terreno, conquistando em conjunto um percentual de mais de 19% do total mundial, ante os 10,6% de 1978, graças, particularmente, ao aumento da presença dos sacerdotes diocesanos nos dois continentes. As Américas mantiveram ao longo do tempo uma fração de cerca de 30%, com um ligeiro mas contínuo aumento de seu percentual sobre o todo, enquanto a Oceania continua relativamente estável, com uma quota de pouco mais de 1%.

As religiosas: “dinâmica fortemente decrescente”, apesar da África e da Ásia

Para o grupo das religiosas professas, observa-se uma dinâmica fortemente decrescente, com uma contração de mais de 22% no período considerado. O número conjunto de religiosas diminuiu de mais de 990 mil, em 1978, para menos de 770 mil, 26 anos depois. O declínio, também neste caso, ocorreu em três continentes (Europa, Américas e Oceania), com variações negativas também relevantes (menos 41% na Oceania, menos 39% na Europa e menos 27% na América). Na África e na Ásia, por sua vez, o incremento foi decididamente sustentado, superior a 60% para ambos os continentes.

 Conseqüentemente, a fração de religiosas na África e na Ásia sobre o total mundial passou de 13% para cerca de 27%, em prejuízo da Europa e das Américas, cuja incidência se reduziu, em conjunto, de 87% para 73%.

Os seminaristas: “andamento crescente”, mas não na Europa

Considerando a evolução anual do número de candidatos ao sacerdócio, diocesanos e religiosos, observa-se um andamento conjuntamente crescente para todo o período. No mundo, os candidatos passaram de quase 64 mil, em 1978, para mais de 113 mil, em 2004, com um aumento de cerca de 77%.

 A evolução foi muito diferente nos vários continentes. Enquanto a África, as Américas e a Ásia mostraram dinâmicas evolutivas extremamente vivas, a Europa registra uma contração de cerca de 2% no mesmo período. Em conseqüência, observa-se um redimensionamento do papel do continente europeu no crescimento potencial da renovação do conjunto de sacerdotes, passando de uma quota de 37% para uma de 20%, o contrário da expansão verificada na África (cujos números foram quadruplicados nos 26 anos considerados), nas Américas e na Ásia, que representavam, juntas, em 2004, cerca de 78% do total mundial (20%, 32% e 26%, respectivamente).

Também quando se comparam esses números com o total de católicos, confirma-se o maior dinamismo da Ásia e da África, com mais de 150 candidatos ao sacerdócio por milhão de fiéis na África, em 2004, e cerca de 257 na Ásia. Os valores europeus (84) e americanos (67), bem menos significativos e em diminuição com relação a 2003, sugerem um potencial de menor cobertura da necessidade de serviços pastorais.

Contando, enfim, o número de seminaristas maiores para cada 100 sacerdotes, obtém-se uma indicação do potencial de substituição de gerações no efetivo exercício pastoral. Também nesse contexto, a África e a Ásia confirmam seu primado, com mais de 72 e de 60 candidatos, respectivamente, enquanto a Europa conta menos de 12 candidatos para cada 100 sacerdotes, em 2004, mostrando que continua a haver no continente uma estagnação das vocações sacerdotais (cujo número aumentou em apenas 2 indivíduos, em comparação com 1978). Em conjunto, todavia, passou-se de cerca de 15 candidatos ao sacerdócio para cada 100 padres, em 1978, para pouco menos de 28, em 2004, graças substancialmente à contribuição da Ásia e da África.

Fonte: http://www.30giorni.it/

Cachorro de rua resgata bebê abandonada em lixo

Shutterstock | travel wild

Por Cerith Gardiner

A recém-nascida foi jogada em um saco de lixo e deixada ao lado de fora de um prédio, no Líbano.

Um cachorro que perambulava pelas ruas de Trípoli, no Líbano, resgatou “milagrosamente” uma garotinha que havia sido deixada em uma sacola no lixo de um prédio. As autoridades acreditam que a criança tenha sido abandonada pela mãe.

O cachorro foi visto carregando o saco com a bebê pela boca. Um transeunte que passava pelo local se aproximou, retirou a recém-nascida do saco e imediatamente a levou ao Hospital Islâmico. Os médicos, então, transferiram-na para o Hospital do Governo de Trípoli, pois ela estava em estado grave.

Reações indignadas

Imagens que circularam na internet mostram que a recém-nascida tinha hematomas e cortes em várias partes do corpo. Isso, compreensivelmente, gerou muita indignação.

Apesar das críticas generalizadas aos pais da bebê, a história lançou uma luz sobre a terrível situação de alguns libaneses, que estão achando cada vez mais difícil lidar com a atual situação econômica e política.

Refúgios seguros necessários

Embora seja impossível saber o que se passava na cabeça dos pais dessa bebê para realmente abandonar a filha no meio do lixo, isso destaca a necessidade de instalações, como as caixas que podem ser encontradas em todo os Estados Unidos, onde bebês podem ser entregues em total anonimato e segurança.

Foto: Farid (Aleteia)

A história também nos lembra que não apenas a ajuda pode vir das fontes mais improváveis, mas também que os cães são realmente os melhores amigos do homem. Espero que agora o bebê e seu salvador peludo encontrem um lar para prosperar.

Fonte: https://pt.aleteia.org/

Próxima Jornada Mundial da Juventude JMJ será na Coreia do Sul em 2027

Bandeiras da Coreia do Sul e do Brasil no parque Tejo ao final da JMJ Lisboa 2023/ Almudena Martínez-Bordiú (ACI Prensa)

Por Natalia Zimbrão / ACI Digital

Lisboa, 06 Ago. 23 / 06:57 am (ACI).- Ao encerrar a Jornada Mundial da Juventude JMJ Lisboa 2023, na última mensagem aos fiéis reunidos no parque Tejo, o papa Francisco anunciou que a próxima Jornada Mundial da Juventude será em Seoul, Coreia do Sul, 2027. Antes, disse o papa, será celebrado em Roma o Jubileu para os jovens em 2025.

O papa comentou que, assim, a JMJ vai da mais ocidental capital europeia, Lisboa, para uma capital no extremo oriente, Seoul, numa demonstração da unidade da Igreja.

Fé, encontro, unidade, coragem foram as palavras mais usadas por peregrinos para expressar o que foi a Jornada Mundial da Juventude (JMJ) Lisboa 2023, que terminou hoje (6) com a missa celebrada pelo papa Francisco no Parque Tejo. Cerca de 1,5 milhão de pessoas participaram dos últimos eventos da JMJ, segundo os organizadores.

A JMJ Lisboa 2023 começou na terça-feira (1º) e teve como tema ‘Maria levantou-se e partiu apressadamente’. O papa Francisco chegou a Portugal na quarta-feira (2) e participou de quatro atos centrais da jornada junto com milhares de jovens: a acolhida na quinta-feira (3) e a via-sacra na sexta-feira (4), no parque Eduardo VII, a vigília ontem (5) e a missa de encerramento hoje, no parque Tejo.

“Uma das coisas mais marcantes da jornada foi o pedido do papa para que o jovem seja corajoso, para que os jovens não tenham medo”, disse Luana Viana, de Santo Antônio de Jesus (BA), que serviu como voluntária da JMJ Lisboa 2023.

Para ela, o próprio “trabalho dos voluntários é um trabalho corajoso”. “Hoje mesmo distribuímos mais de 300 mil kits de alimentos e se não tivéssemos jovens engajados, corajosos, disposto a trabalhar em prol do Reino do Cristo, não conseguiríamos”, disse.

“Coragem, que me fez atravessar o Atlântico, largar das semanas da minha advocacia, o meu escritório, minha equipe, meu trabalho, minha família, para estar aqui servindo a Cristo”, disse.

Para Afonso Mateus, de Luanda, Angola, “a jornada foi uma experiência maravilhosa, por poder encontrar jovens de todo o mundo, comungar com eles e ter o mesmo anseio encontrar com Jesus, encontrar o papa e partilhar com todos a mesma fé”. “Isso é uma coisa maravilhosa, algo difícil de descrever, mas muito fácil de se sentir. Nota-se no olhar dos jovens a felicidade de estar aqui”, acrescentou.

Camila Ribeiro, da diocese de Campo Limpo (SP) participou pela primeira vez de uma JMJ. Ela disse ter ficado impressionada com a presença de tantas pessoas de diferentes países e também com o “cuidado e a solenidade com o sagrado”. “Todos estão aqui juntos em uma só língua, a da fé, há uma unidade”, disse.

Para ela, “cada momento foi uma experiência nova, diferente e impactante”, que pretende “levar para as pessoas no Brasil”.

“Sentimos a Igreja viva. É inexplicável a experiência da Jornada Mundial da Juventude”, disse frei João Carlos Mello Cavalheiro, dos Frades Menores Missionários.

A irmã Betânia Filha da Esperança, da Fraternidade das Pobres de Jesus Cristo, considerou marcante “ver os jovens nos momentos de oração ver todos os corações voltados para Deus, saber que o Senhor está no meio de nós, sobretudo a contemplação dos jovens nos momentos de oração”.

“Para mim foi um momento muito especial de encontro com Deus, de encontro com esta juventude que busca Deus e que, como o papa Francisco disse, quer experimentar o amor de Deus”, disse a irmã Verônica Cristina dos Santos, do Instituto Secular das Irmãs de Maira de Schoenstatt.

O padre Wilson Fernandes, da arquidiocese de Pelotas (RS), disse que “esses dias de jornada foram momentos de graça para toda a Igreja no mundo inteiro”.

“Deus tem pressa. Assim como Maria teve pressa de ir ao encontro de Isabel, nós somos convocados, desafiados pelo papa Francisco a termos essa mesma pressa em chamar todos para essa comunhão. Na Igreja tem lugar para todo mundo. E a beleza da Jornada Mundial da Juventude é isso, essa diversidade de línguas, de povos, todos juntos em um só lugar professando a fé em Jesus”, declarou.

Fonte: https://www.acidigital.com/

2025 Roma, 2027 Seul: Papa anuncia próximos encontros com os jovens

Jovens coreanos comemoram anúncio do Papa da JMJ 2027 em Seus. (FOTO: INACIO ROSA/Pool via REUTERS)  (© 2023 LUSA - Agência de Notícias de Portugal, S.A.)

Antes de rezar o Angelus e antes de anunciar o Jubileu dos Jovens e a sede da próxima JMJ, o Papa Francisco expressou toda sua gratidão por tudo o que recebeu em Portugal durante sua visita e convidou todos a colocarem o futuro da humanidade nas mãos da Rainha da Paz.

Vatican News

Antes de rezar o Angelus no final da Eucaristia da JMJ, celebrada no Parque Tejo, em Lisboa, o Papa pronunciou as seguintes palavras:

"Queridos irmãos e irmãs,

Uma palavra ressoou muitas vezes nestes dias: “gracias” ou melhor «obrigado». É muito belo aquilo que o Patriarca de Lisboa acaba de nos dizer: que «obrigado» não expressa só gratidão pelo que se recebeu, mas também o desejo de retribuir o bem. Neste evento de graça, todos nós recebemos, e agora, que nos preparamos para regressar para casa, o Senhor faz-nos sentir a necessidade e partilhar também conosco, testemunhando com alegria a gratuidade de Deus e o que Deus colocou em nossos corações.

Mas, antes de vos enviar, quero também eu dizer «obrigado». Digo-o, em primeiro lugar, ao Cardeal Clemente e, nele, à Igreja e a todo o povo português, obrigado. Obrigado ao Senhor Presidente, que nos acompanhou nos eventos destes dias; obrigado às instituições nacionais e locais pelo apoio e assistência prestados; obrigado aos Bispos, sacerdotes, pessoas consagradas e leigos. E obrigado a ti, Lisboa, que ficarás na memória destes jovens como «casa de fraternidade» e «cidade de sonhos».

Exprimo depois o vivo reconhecimento ao Cardeal Farrell, que rejuvenesceu nestes dias, bem como a quantos as acompanharam com a oração. Obrigado aos voluntários, a eles este aplauso de todos pelo grande serviço prestado! E um agradecimento especial a quem velou pela JMJ a partir do Alto, ou seja, os Santos patronos do evento: e a um em particular, João Paulo II, que deu vida às Jornadas Mundiais da Juventude.

E obrigado a todos vós, queridos jovens! Deus vê inteiramente o bem que sois; só Ele conhece o que semeou nos vossos corações. Vocês se vão daqui com o que Deus semeou em seu coração. Façam-no crescer, guardai-o com cuidado. Quero dizer-vos: recordai, fixai na mente os momentos mais belos. Depois, quando vier algum momento de cansaço e desânimo, que são inevitáveis, e quem sabe, a tentação de parar no caminho ou de vos fechar em vós mesmos, com a recordação reavivai as experiências e a graça destes dias, porque – nunca o esqueçais – esta é a realidade, isto é o que vós sois: o Povo santo fiel de Deus que caminha na alegria do Evangelho. Desejo também gostaria de enviar uma saudação aos jovens que não puderam estar aqui, mas participaram em iniciativas organizadas por seus países pelas respetivas Conferências Episcopais, por Dioceses; e penso, por exemplo, nos irmãos e irmãs subsarianos, reunidos em Tânger.

A todos obrigado, muito obrigado!

E de maneira particular, acompanhemos com o pensamento e a oração aqueles que não puderam vir por causa de conflitos e de guerras. No mundo são muitas as guerras, são muitos os conflitos. Pensando neste continente, sinto grande tristeza pela querida Ucrânia, que continua a sofrer muito.

Amigos, permitam-me também que eu, já idoso, compartilhe convosco, jovens, um sonho que trago cá dentro: é o sonho da paz, o sonho de jovens que rezam pela paz, vivem em paz e constroem um futuro de paz.

Por meio da oração do Angelus, coloquemos nas mãos de Maria, Rainha da Paz, o futuro da humanidade.

E, há um último obrigado que gostaria de destacar no final. Obrigado às nossas raízes, aos nossos avós que nos transmitiram a fé, que nos transmitiram o horizonte de uma vida. Eles são nossas raízes.

E de volta para casa, continuem rezando pela paz. Vocês sõ um sinal de paz para o mundo, um testemunho de como diversas as diversas nacionalidades, as línguas, as histórias, podem unir em vez de dividir. Vocês são a esperança de um mundo diferente. Obrigado. Sigam em frente!

E, no final, chega um momento que todos esperam, o anúncio da próxima etapa do caminho. Porém, antes de dizer qual será a sede da 41ª Jornada Mundial da Juventude, gostaria de fazer um convite: convido todos os jovens do mundo, para o 2025, em Roma, para celebrar juntos o Jubileu dos Jovens Aguardo-vos ali,  em 2025 25, para celebrarmos juntos o Jubileu dos Jovens.

E a próxima Jornada Mundial da Juventude acontecerá na Ásia: será na Coreia do Sul. em Seul. E assim, em 2027, da fronteira ocidental da Europa, se deslocará para o Extremo Oriente. E este é um belo sinal da universalidade da Igreja e do sonho de unidade de que sois testemunhas.

Finalmente, um último obrigado, dirigimo-lo a duas pessoas especiais, a dois protagonistas principais deste encontro. Eles estiveram aqui conosco, e estão sempre conosco, não perdem de vista as nossas vidas, amam-nas como ninguém pode fazê-lo: obrigado a Ti, Senhor Jesus; obrigado a Ti, Maria nossa Mãe. E agora rezamos.... "(oração do Angelus).

Apelo após o Angelus

"Quero assegurar minhas orações, e o fazemos também juntos, pelas vítimas da trágica avalanche ocorrida há dois dias na região de Racha, na Geórgia. E acompanho seus familiares com minha proximidade. Que a Santíssima Virgem os conforte, e também apoie o trabalho das equipes de resgate.

E acompanho, estou perto, de meu irmão, meu patriarca, Elías II."

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

sábado, 5 de agosto de 2023

Para que haja bons sacerdotes é preciso formar bons seminaristas

São Luiz Gonzaga (seminariommi)

Para que haja bons sacerdotes é preciso formar bons seminaristas

Conclusões do curso sobre a formação espiritual nos seminários

ROMA, terça-feira, 22 de fevereiro de 2011 (ZENIT.org) – Como obter resultados positivos na formação espiritual dos seminaristas? Como fazer para que os candidatos ao sacerdócio tenham maior clareza vocacional? O subjetivismo e a secularização representam um desafio para as novas gerações de sacerdotes?

Estas e outras questões foram discutidas durante a semana de estudo La formazione spirituale personale nei seminari  (A formação espiritual pessoal nos seminários), realizada de 7 a 11 de fevereiro, no centro de formação sacerdotal da Pontifícia Universidade da Santa Cruz, em Roma.

O evento contou com a presença do cardeal Zenon Grocholewski, prefeito da Congregação para a Educação Católica, da Santa Sé.

Reitores de seminários, diretores espirituais e outros formadores, provenientes de diversas dioceses, contextos culturais e eclesiais puderam compartilhar ideias sobre como formar melhor aqueles que serão os sacerdotes das próximas gerações.

Algumas intervenções

Dom Francesco Cavina, da secretaria de Estado do Vaticano, em sua palestra sobre as primícias eclesiais nos candidatos para o sacerdócio, referiu-se aos novos desafios que os seminários de hoje enfrentam: enquanto, antigamente, muitos sacerdotes cresciam em famílias grandes, num ambiente católico, e descobriam sua vocação muito cedo, agora pertencem a famílias pequenas, muitas vezes de pais divorciados, nas quais não necessariamente receberam uma educação católica, e que fizeram sua opção em uma idade já madura.

O prelado apresentou algumas estatísticas que mostram como, hoje, muitos dos novos seminaristas provêm de grupos de jovens paroquiais e diocesanos, movimentos eclesiais, ou jornadas mundiais da juventude.

Por sua parte, Enrique da Lama, da Faculdade de Teologia da Universidade de Navarra, abordou o tema do acompanhamento espiritual, da necessidade da amizade, da consciência como esse sacrário interior da mente e do espírito.

Ele também se referiu ao tema da solidão em que o homem de hoje vive e alertou sobre o perigo de confundir a direção espiritual com uma consulta psicológica. Esclareceu que é essencial ver o homem em sua unidade biopsicoespiritual.

Da Lama disse que a direção espiritual deve centrar-se “no valor da amizade, no respeito à soberania da própria consciência e na ação do Espírito Santo”, ao invés de limitar-se apenas a um simples acompanhamento ou aconselhamento esporádico.

Para Paul O’ Callaghan, professor de teologia dogmática na Universidade da Santa Cruz, a vida espiritual do sacerdote é forjada especialmente no seminário.

Meios para a formação

Os oradores salientaram a necessidade de recorrer a documentos como a Pastores dabo vobis, do Papa João Paulo II, e a Carta aos seminaristas, de Bento XVI.

Os participantes tiveram a oportunidade de discutir a questão da relação com os superiores ou formadores, a quem decidiram chamar de “educadores”, esclarecendo que quem forma é o Espírito Santo.

Disseram que o principal inimigo da vocação ao sacerdócio, mais que os pontos de discordância com as autoridades, é a vida dupla ou a hipocrisia.

Direção espiritual e fragilidade humana

O curso também abordou o tema da fragilidade emocional e psicológica, com duas intervenções: de Dom José María Yanguas, bispo de Cuenca (Espanha), e do psiquiatra Franco Poterzio.

Ambos se referiram à questão do desafio da imaturidade dos adolescentes e jovens (narcisistas, fracos, tristes e instáveis), que se prolonga em adultos inconstantes e dependentes. Estes são tópicos que devem ser abordados com frequência nos seminários.

A maneira de quebrar este círculo é procurar nos candidatos ao sacerdócio “a harmonia interna e externa do homem que integrou razão, vontade, sentimentos e instintos”, sem descuidar da correção, quando necessário.

O último dia do curso foi dedicado ao tema da formação da plena maturidade espiritual; os assistentes e expositores puderam concluir que alguns meios para responder a este desafio são a oração e a caridade pastoral, que ajudam a construir personalidades “estruturadas em torno do sentido oblativo da vida, praticando constantemente as virtudes, através de critérios claros e com um coração felizmente centrado em Cristo”.

(Carmen Elena Villa)

Fonte: https://presbiteros.org.br/

Papa aos jovens: ilusões do mundo virtual e alergia à falsidade

THOMAS COEX | AFP

Por Reportagem local

As passagens mais importantes dos três discursos do segundo dia do Papa Francisco na JMJ de Lisboa.

Em seu segundo dia na JMJ de Lisboa (3 de agosto), o Papa Francisco proferiu três discursos (Cerimônia de Acolhimento, Encontro com jovens universitários, Encontro com jovens das Scholas Occurrentes). Veja as principais passagens destes três discursos:


Cerimônia de Acolhimento

Ilusões do mundo virtual

E cada um de nós é chamado pelo nome. Não se trata de um simples modo de dizer, é Palavra de Deus (cf. Is 43, 1; 2 Tm 1, 9). Amigo, amiga, se Deus te chama pelo nome significa que, para Ele, nenhum de nós é um número; mas é um rosto, é uma cara, é um coração. Quero que cada um de vós note uma coisa: muitos, hoje, sabem o teu nome, mas não te chamam pelo nome. Com efeito, o teu nome é conhecido, aparece nas redes sociais, é processado por algoritmos que lhe associam gostos e preferências. Mas tudo isso não interpela a tua singularidade, mas a tua utilidade para pesquisas de mercado. Quantos lobos se escondem por trás de sorrisos de falsa bondade, dizendo que conhecem quem és, mas sem te querer bem, insinuando que creem em ti e prometendo que serás alguém, para depois te deixarem sozinho, quando já não lhes fores útil. E estas são as ilusões do mundo virtual e devemos estar atentos para não nos deixarmos enganar, porque muitas realidades que hoje nos atraem e prometem felicidade, mostram-se depois pelo que são: coisas vãs, bolas de sabão, coisas supérfluas, coisas inúteis e que deixam o vazio interior. Digo-vos uma coisa: Jesus não é assim, não é assim! Ele confia em ti, confia em cada um de vós, em cada um de nós, porque Jesus interessa-Se por cada um de nós; cada um de vós é importante para Ele. Assim é Jesus.

Alergia à falsidade

Amigos, quero ser claro convosco, que sois alérgicos à falsidade e às palavras vazias: na Igreja há espaço para todos. Para todos. Na Igreja, ninguém é de sobra. Nenhum está a mais. Há espaço para todos. Assim como somos. Todos. Jesus di-lo claramente. Quando manda os apóstolos chamar para o banquete daquele senhor que o preparara, diz: «Ide e trazei todos», jovens e idosos, sãos, doentes, justos e pecadores. Todos, todos, todos! Na Igreja, há lugar para todos. «Padre, mas para mim que sou um desgraçado, que sou uma desgraçada, também há lugar?» Há espaço para todos! Todos juntos… Peço a cada um que, na própria língua, repita comigo: «Todos, todos, todos». Não se ouve; outra vez! «Todos, todos, todos». E esta é a Igreja, a Mãe de todos. Há lugar para todos. O Senhor não aponta o dedo, mas abre os braços. É curioso! O Senhor não sabe fazer isto [aponta com o dedo em riste], mas isto sim [faz o gesto de abraçar]. Abraça a todos. No-lo mostra Jesus na cruz, onde abriu completamente os braços para ser crucificado e morrer por nós.

O melhor remédio

Nesta tarde, vós também me fizestes perguntas, muitas perguntas. Nunca vos canseis de perguntar… Perguntar, é bom; aliás muitas vezes é melhor que dar respostas, porque quem pergunta permanece «inquieto» e a inquietude é o melhor remédio contra a rotina, que às vezes se torna uma espécie de normalidade que anestesia a alma. Cada um de nós traz dentro os próprios interrogativos. Levemos estas questões connosco e ponhamo-las no diálogo comum entre nós. Ponhamo-las quando rezamos diante de Deus. Com o transcorrer da vida, essas perguntas vão tendo resposta; só nos resta esperar. E uma coisa muito interessante: o amor de Deus surpreende-nos. Não está programado. O amor de Deus vem de surpresa. Surpreende sempre. Sempre nos mantém alerta e surpreende.

Não como a sociedade queria que fôssemos…

Queridos jovens moços e moças, convido-vos a pensar nesta coisa maravilhosa: Deus ama-nos! Deus ama-nos como somos, não como gostaríamos de ser ou como a sociedade queria que fôssemos. Como somos! Chama-nos com os defeitos que temos, com as limitações que temos e com a vontade que temos de avançar na vida. Deus chama-nos assim. Confiai, porque Deus é Pai e um Pai que nos quer bem, um Pai que nos ama. Isto nem sempre é muito fácil. Mas podemos contar com uma grande ajuda: a da Mãe do Senhor. Ela também é nossa Mãe. Maria é nossa Mãe. E é tudo o que vos queria dizer. Não tenhais medo, tende coragem, continuai para diante, sabendo que, por «amortizador» das dificuldades, temos o amor que Deus nos tem. Deus ama-nos. Digamo-lo todos juntos: «Deus ama-nos». Mais alto, não consigo ouvir [repetem]. Aqui não se ouve [repetem] Obrigado.


Encontro com os jovens universitários

Antídoto contra o narcisismo

Fernando Pessoa diz, de modo atormentado mas correto, que «ser descontente é ser homem» (Mensagem, O Quinto Império). Não devemos ter medo de nos sentir inquietos, de pensar que tudo o que possamos fazer não basta. Neste sentido e dentro duma justa medida, estar insatisfeito é um bom antídoto contra a presunção de autossuficiência e contra o narcisismo. O caráter incompleto define a nossa condição de indagadores e peregrinos; como diz Jesus, estamos no mundo, mas não somos do mundo (cf. Jo 17, 16). Estamos caminhando «para». Somos chamados a algo mais, a uma decolagem sem a qual não há voo. Portanto, não nos alarmemos se nos encontramos intimamente sedentos, inquietos, incompletos, desejosos de sentido e de futuro, com saudade do futuro. E aqui, junto com a saudade do futuro, não vos esqueçais de manter viva a memória do futuro. Não estamos doentes, estamos vivos! Preocupemo-nos antes quando estamos prontos a substituir a estrada a fazer por uma paragem em qualquer estação de serviço que nos dê a ilusão do conforto; quando substituímos os rostos pelos ecrãs, o real pelo virtual; quando, em vez das perguntas lacerantes, preferimos as respostas fáceis que anestesiam. E podemos encontrá-las em qualquer manual de relações sociais, de bom comportamento. As respostas fáceis anestesiam.

Desafios enormes

Amigos, permiti que vos diga: procurai e arriscai. Neste momento histórico, os desafios são enormes, os gemidos dolorosos: estamos a viver uma terceira guerra mundial feita aos pedaços. Mas abracemos o risco de pensar que não estamos numa agonia, mas num parto; não no fim, mas no início dum grande espetáculo. E é precisa coragem para pensar assim. Por isso sede protagonistas duma «nova coreografia» que coloque no centro a pessoa humana, sede coreógrafos da dança da vida. As palavras da senhora Reitora serviram-me de inspiração sobretudo quando afirmou que «a universidade não existe para se preservar como instituição, mas para responder com coragem aos desafios do presente e do futuro». A auto-preservação é uma tentação, é um reflexo condicionado pelo medo, que nos faz olhar para a existência de forma distorcida. Se as sementes se preservassem a si mesmas, desperdiçariam completamente a sua força geradora e condenar-nos-iam à fome; se os invernos se preservassem a si mesmos, não existiria a maravilha da primavera. Por isso, tende a coragem de substituir os medos pelos sonhos: substituí os medos pelos sonhos, não sejais administradores de medos, mas empreendedores de sonhos!

Não se contentar com compromissos tímidos

Como alguns de vós sublinharam, devemos reconhecer a urgência dramática de cuidar da casa comum. No entanto, isso não pode ser feito sem uma conversão do coração e uma mudança da visão antropológica subjacente à economia e à política. Não podemos contentar-nos com simples medidas paliativas ou com tímidos e ambíguos compromissos. Neste caso, «os meios-termos são apenas um pequeno adiamento do colapso» (Francisco, Carta enc. Laudato si’, 194). Não vos esqueçais disto: os meios-termos são apenas um pequeno adiamento do colapso. Trata-se, pelo contrário, de tomar a peito o que infelizmente continua a ser adiado, ou seja, a necessidade de redefinir o que chamamos progresso e evolução. É que, em nome do progresso, já se abriu caminho a um grande retrocesso. Pensai bem nisto que vos digo: em nome do progresso, já se abriu caminho a um grande retrocesso. Vós sois a geração que pode vencer este desafio: tendes instrumentos científicos e tecnológicos mais avançados, mas, por favor, não vos deixeis cair na cilada de visões parciais. Não esqueçais que temos necessidade duma ecologia integral, de escutar o sofrimento do planeta juntamente com o dos pobres; necessidade de colocar o drama da desertificação em paralelo com o dos refugiados; o tema das migrações juntamente com o da queda da natalidade; necessidade de nos ocuparmos da dimensão material da vida no âmbito duma dimensão espiritual. Não queremos polarizações, mas visões de conjunto.

Caminho, sim; labirinto, não

Amigos, estou muito contente por vos ver como uma comunidade educativa viva, aberta à realidade e consciente de que o Evangelho não se limita a servir de ornamento, mas anima as partes e o todo. Sei que o vosso percurso engloba diversos âmbitos: estudo, amizade, serviço social, responsabilidade civil e política, cuidado da casa comum, expressões artísticas… Ser uma universidade católica significa, antes de mais nada, que cada elemento está em relação com o todo e o todo revê-se nas partes. Assim, ao mesmo tempo que se adquirem competências científicas, vai-se amadurecendo como pessoa, no conhecimento de si mesmo e no discernimento do próprio caminho. Caminho, sim; labirinto, não. Então avante! Uma tradição medieval conta que quando os peregrinos se cruzavam no Caminho de Santiago, um saudava o outro exclamando «Ultreia» ao que este respondia «et Suseia». Trata-se de expressões de encorajamento para prosseguir a busca e o risco da caminhada, dizendo-se mutuamente: «Vai mais longe e mais alto!» «Coragem, força, anda para diante!» E isto é o que também eu vos desejo, de todo o meu coração, a todos vós.


Encontro com os jovens das Scholas Occurrentes

Crises

Nas crises você tem que caminhar, raramente sozinho, e isso também é importante. Enfrentar a crise juntos e seguir em frente, crescendo. Uma vida sem crise é como água destilada. É asséptica, sem sabor, não pode ser bebida, não serve para nada, exceto para ser conservada. A crise deve ser abraçada, aceita, enfrentada e resolvida.

Momentos críticos

Alguém disse que o caminhar do ser humano, a vida humana, é fazer um cosmos do caos. Do que não faz sentido, do que é confuso, para criar um cosmos. Com um sentido aberto, convidativo e inclusivo. Deus um dia faz a luz e vai transformando as coisas. Em nossas vidas acontece a mesma coisa: há momentos críticos, muito caóticos, em que não sabemos como ficar de pé. Todos nós passamos por estes momentos. Vocês estão criando o cosmos. Nunca se esqueçam disso.

 Fonte: https://pt.aleteia.org/

Ganância como religião idolátrica

Ganância (Canção Nova)

GANÂNCIA COMO RELIGIÃO IDOLÁTRICA

Dom Jacinto Bergmann
Arcebispo de Pelotas (RS)

Dizer ideologia é também dizer pseudorreligioso, na língua alemã “Ersatzreligion” – “o que substitui a religião”. Como se explicita a dimensão pseudorreligiosa da ideologia gananciosa? O caráter religioso da ganância consiste no fato da absolutizar, isto é, idolatrar bens relativos. É de se reconhecer, porém, que a tendência de absolutizar realidades relativas, que se enraíza no desejo primitivo de “ser como Deus”, é um dado antropológico de que a história humana nos dá sobejos exemplos.  

Na base da ganância encontramos uma realidade antropológico-moral, a libido possidendi. Ora, esse vício aparece no Novo Testamento bíblico a título de um nec nominetur, ao lado da “impureza” (Ef 5,3). Ademais, a própria ganância é tida como “idolatria” (Ef 5,5; Cl 3,5). O dinheiro, “sacramento” da ganância, é o objeto de severa advertência de Jesus Cristo por causa de sua tendência a se tornar um absoluto, arvorando-se em ídolo e exigindo “serviço” cultual: “Não podeis servir a Deus e Mamon” (Mt 6,24). 

Ora, na ganância, até tudo se eleva, para além de uma doutrina ideológica. É a ideologia da “riqueza absoluta” que Jesus vê personificada em Mamon” (cf Mt 6,24; Lc 16,9.11.13). Desse entendimento de Jesus, São Paulo pode afirmar: “O dinheiro (dinheiro pelo dinheiro) é a raiz de todos os males” (1Tm 6,10). Na mesma linha, assegura Santo Tertuliano, um dos Santos Padres da Igreja Católica: “Sabemos todos que o dinheiro (dinheiro pelo dinheiro) é o autor da injustiça e o senhor do mundo inteiro”. Feita idolatria, a ganância se reveste de todos os traços característicos de uma religião: tem “deuses”, “templos”, ” hierarquia “, “sacramentos”, “dogmas”, “virtudes” e “teologias”. 

É por seu caráter idolátrico que a ganância entende oferecer às pessoas um sentido de vida plena. Apresenta-se como um “modo de acúmulo” investido da tarefa redentora de introduzir o ser humano de volta ao “paraíso terrestre”. A ganância, assim, julga-se, às vezes, detentora dos tributos de taumaturga e salvadora, que a tornariam apta a resolver todo e qualquer “problema humano”. Todavia, como todo ídolo, a ganância também tem pés de barro, como se vê por seus frutos: a insatisfação do coração, a decepção e a desesperança. É então que emerge a verdadeira face devastadora da ganância, ou seja, seu potencial niilista. 

A alienação gananciosa tem, inclusive, uma alienação espiritual: a alienatio a vita Dei (Ef 4,18), pois ela leva a um destino de fracasso e de morte eterna. É verdade, a ganância não é a origem do niilismo e nem sua forma mais clara, mas sim o ateísmo. Reconhecido isso, no entanto, não deixa de ser certo que a ganância é hoje um dos veículos mais poderosos e massivos do niilismo, porque atinge toda a sociedade, penetrando até a sua alma, através da ideologia do “só ter sempre mais” e da religião do “só poder sempre mais”. 

Por isso, é urgente superar o niilismo ganancioso. É preciso travar uma luta ético-espiritual. Pois, se o que move a ganância é o “espírito terreno” chamado pleonexia, só o Espírito Santo poderá exorcizá-lo do corpo humano e do corpo social (cf Mc 9,29). E isso não se fará sem o encontro de fé com Aquele que “venceu o mundo” (Jo 16,28) e seus sistemas alienantes e niilistas. À medida que os horizontes culturais se abrem, especialmente para transcendência, a ganância idolátrica vai perdendo cada vez mais sua aura sagrada.

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

Abertura ao transcendente, dignidade humana e atenção aos pobres são inegociáveis, diz o Papa

Padre Peter Stilwell na JMJ Lisboa 2023. Foto: Natalia Zimbrão / ACI Digital

Por Natalia Zimbrão

Lisboa, 04 Ago. 23 / 05:19 pm (ACI).- O papa Francisco deixou aos líderes das outras religiões com que se reuniu em Lisboa a mensagem de “nos darmos as mãos, numa sociedade em que tudo parece ser comprado, vendido e trocado, para criar certas coisas que são inegociáveis como a abertura à transcendência, abertura a Deus, o respeito pela dignidade humana e atenção aos mais pobres”, disse à ACI Digital o padre Peter Stilwell.

Stilwell é diretor do Departamento das Relações Ecumênicas e do Diálogo Inter-Religioso do Patriarcado de Lisboa e foi o organizador do encontro do papa Francisco com representantes de outras confissões cristãs e outras religiões na manhã de hoje (4), no âmbito da Jornada Mundial da Juventude JMJ Lisboa 2023.

O encontro reuniu 17 lideranças de confissões cristãs como a igreja anglicana de Portugal, a aliança evangélica de Portugal, do islã, do judaísmo, do budismo, do hinduísmo, e do taoísmo, religiões presentes no país graças às comunidades de migrantes.

Também participaram da reunião José Vera Jardim, do Partido Socialista, um dos principais responsáveis pela Lei de Liberdade Religiosa de Portugal, aprovada em 2001, o reitor da Universidade de Lisboa, Luís Ferreira, e o embaixador de Israel em Portugal, Dor Shapira.

O reitor teve a ideia de plantar seis árvores no Jardim Botânico Tropical “para simbolizar seis grandes famílias humanas: o taoísmo, hinduísmo, budismo, judaísmo, cristianismo e islã”, disse o padre Stilwell. O embaixador de Israel “se empenhou para trazer duas oliveiras de Jerusalém para simbolizar o judaísmo e o cristianismo”.

O padre conta que logo no início da preparação da JMJ Lisboa 2023 pediram a ele que cuidasse da dimensão ecumênica e interreligiosa do evento. “Nessa altura expliquei ao senhor patriarca (de Lisboa, dom Manuel Clemente) e a dom Américo (Aguiar, bispo auxiliar de Lisboa e presidente da Fundação JMJ Lisboa 2023) que achava importante que houvesse um encontro do papa com os líderes das outras comunidades”.

“Não seria nada de extraordinário, porque era na linha do seu magistério”, disse Stilwell. “Esse empenho em que as religiões se encontrem e se deem as mãos como irmãs para contribuírem para o bem-estar da humanidade e fraternidade”.

Francisco fez um discurso, cumprimentou cada uma das lideranças e falou mais demoradamente com o bispo ortodoxo de Lisboa que “fez questão em parar um momento e expor essa questão da Ucrânia que pra ele é uma questão profunda, porque na sua comunidade ortodoxa, ele tem ucranianos aqui em Portugal, tem russos é, portanto, dentro da comunidade, uma ferida aberta” a guerra na Ucrânia.

“E eu vi que o papa se emocionou com ela com essa partilha”, disse Stilwell.

Para o padre, a jornada “tem esse condão” de unir pessoas diferentes. “As pessoas vêm de culturas diferentes, com línguas diferentes, com experiências de igrejas diferentes”, disse.

Para ele, o importante é que esse encontro não seja simplesmente “o papa lá em cima e eu no meu pequeno grupo”.

Stilwell disse esperar que haja um intercâmbio entre grupos de maneira que as pessoas “nas várias iniciativas do festival da Juventude se vão cruzando, vão percebendo várias maneiras de celebrar, maneiras de festejar, maneiras de viver a fé e que se vão enriquecendo com isso. E com isso, voltando para casa, pode ser que possam ver com outra perspectiva aquelas divisões que às vezes existem na igreja. Entre a gente que é mais conservadora, gosta de celebrar a missa desta maneira, outros gostam de celebrar daquela. Que não se excluam uns aos outros porque que somos irmãos”.

“Temos sensibilidades diferentes, mas que se tentarmos compreender o que que move os outros naquilo que é a sua procura de Deus, e de fidelidade a Jesus Cristo, pode ser que a gente aprenda alguma coisa”, disse o padre Stilwell.

Fonte: https://www.acidigital.com/

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF