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sexta-feira, 20 de outubro de 2023

5 chaves para entender e educar uma criança melancólica

KieferPix | Shutterstock

Por Michael Rennier - publicado em 19/10/23

Os pais de crianças melancólicas podem se preocupar com o fato de que algo está errado com seu filho, mas a melancolia é uma forma de sensibilidade ao infinito.

Quando eu era adolescente, ficava acordado no meu quarto até tarde da noite lendo livros de Dostoiévski, escrevendo poesias ruins e pintando. Tenho certeza de que meus pais estavam preocupados com todo o tempo que eu passava sozinho ouvindo música angustiada enquanto olhava para o teto, mas eu não estava triste. Sou apenas melancólico.

Eu estava descobrindo meu estado interior, resolvendo questões de identidade e lutando com o significado da existência. Minha adolescência foi uma longa crise existencial. Tenho certeza de que, para as pessoas de fora, eu era um garoto divertido de 16 anos que fazia perguntas sobre a vida e a morte muito além da minha sabedoria ou capacidade de responder. Experimentei todos os tipos de personalidades e passei por várias fases. Eu me tornei a definição de um adolescente melancólico.

Mais tarde, entrei para uma banda gótica e me vestia todo de preto. Coloquei um piercing na sobrancelha (provavelmente foi quando meus pais ficaram realmente preocupados comigo). Eu usava roupas estranhas e esquisitas de brechós como sinal de contracultura e “rejeição do materialismo capitalista”. Eu achava que, se traçasse meu próprio caminho e conseguisse ser diferente o suficiente de todos os outros, poderia encontrar a solução para o que estava me deixando tão melancólico.

Não há como escapar da melancolia

Acontece, porém, que não há como escapar de si mesmo. Ainda sou melancólico. Hoje, prefiro missas silenciosas, solenes e bonitas. Continuo insistindo em escrever poesias ruins. Escrevi um livro inteiro sobre a busca pela beleza e como fui profundamente formado por ela.

Acho que meus pais ainda estão preocupados comigo, mas não estou triste e, quanto mais velho fico, mais aprendo a transformar meu temperamento em um ponto forte.

De qualquer forma, acho que se pode dizer que a piada está em mim porque tenho uma filha adolescente que age exatamente como eu agia. Demos a ela um quarto no sótão, onde ela passa boa parte do dia se comportando como uma artista faminta. Ela pinta, tricota e lê. Ocasionalmente, ela desce as escadas para cumprimentar a família. Talvez ela tenha tido uma ou duas crises existenciais. Se não teve, provavelmente terá em breve. É um rito de passagem para um melancólico.

O que significa ser melancólico?

Os pais de melancólicos podem se preocupar com o fato de que algo está errado com seu filho. Isso se deve ao fato de que o mundo em geral recompensa os extrovertidos e os que têm espírito prático. Os garotos populares da escola são sempre os mais animados, que adoram estar perto das pessoas e ganham energia em ambientes sociais. Os melancólicos são o oposto. São introvertidos que desaparecem na sala de arte para pintar. Não gostam de bailes ou festas na escola e vão para casa depois da aula para ler livros que nem sequer são necessários como lição de casa. Quando os pais testemunham isso, eles se perguntam se o filho está triste ou deprimido. Um melancólico raramente se encaixa na imagem típica de um adolescente sorridente e bem ajustado.

No entanto, nada está errado. Pelo menos, nada está errado por causa da melancolia. Acho que os melancólicos têm um período de transição mais difícil durante a adolescência porque, como temperamento, ele exacerba a angústia adolescente que pode ser uma parte natural do processo de amadurecimento. Os limites estão sendo testados, erros são cometidos e os pais estão sendo questionados sobre tudo o que dizem ou fazem. Os melancólicos levam tudo isso muito a sério.

A melancolia é uma forma de sensibilidade ao infinito. Eles buscam significado em tudo. Como diz Romano Guardini, “a pessoa procura algo, procura em toda parte e apaixonadamente – algo que não consegue encontrar”. Para esse tipo de temperamento, a adolescência não é apenas um período de descoberta da vida adulta, é também um período de descoberta de seu lugar no universo. Isso é muito.

É útil que os pais entendam algumas características do temperamento melancólico para que possamos nos relacionar melhor com nossos filhos e ajudá-los a extrair o que há de melhor neles.

1
DÊ-LHES ESPAÇO E TEMPO PARA FICAREM SOZINHOS

As crianças melancólicas precisam de muito espaço pessoal e tempo sozinhas. Quando elas se retiram para o quarto, não estão rejeitando a família, simplesmente precisam de tempo para desvendar seus sentimentos, recarregar as baterias e refletir. Elas são bastante sensíveis à interação social e, embora sejam tão sociáveis quanto qualquer outra pessoa, o excesso de interação as sobrecarrega porque elas sentem muito profundamente. Os pais não devem sentir a necessidade de forçar seus filhos melancólicos a participar de todas as atividades. Escolha suas batalhas. No entanto, lembre-se sempre de que as pessoas melancólicas nem sempre sabem o que querem e, se os pais puderem ajudá-las a superar sua relutância, elas geralmente gostam da atividade.

2
LEVE A SÉRIO SUA ANGÚSTIA EXISTENCIAL

Eu costumava ter uma crise uma vez por semana, no mínimo. Os melancólicos chegam a extremos quando se trata de entender a vida, seu propósito, seus pensamentos sobre Deus e assim por diante. Olhando para trás e vendo como eu era exagerado quando adolescente, é até engraçado. Mas, na época, se alguém tivesse feito pouco caso de meus “pensamentos profundos”, eu teria ficado furioso. É bom levar a sério as preocupações de nossos filhos e, ao mesmo tempo, ajudar a moldar esses pensamentos em formas saudáveis de pensar. Eles farão muitas perguntas de sondagem. Algumas são desafiadoras. Algumas podem não parecer tão importantes, mas, por algum motivo, para a criança, elas são. Elas podem ler muito e absorver ideias estranhas. Por exemplo, passei por uma fase existencialista russa, uma fase Nietzsche, uma fase gótica, uma fase de música heavy metal e muitas, muitas outras. Com um melancólico, é sempre uma aventura.

3
ELES NÃO PRECISAM DE VOCÊ PARA ANIMÁ-LOS

Os melancólicos não precisam de injeções artificiais de energia para “animá-los”. Provavelmente não querem que você os reúna para cantar parabéns ou fazer alarde sobre eles. Eles não querem ser constrangidos ou colocados no centro das atenções. Acho que é importante respeitar isso. Todos nós nos divertimos à nossa maneira. Como eles têm uma vida interior ativa com atividade mental invisível, a estimulação excessiva não ajuda. Sento-me calmamente em minha cadeira para escrever e ler por horas e horas. Para um observador externo, talvez eu esteja desperdiçando a tarde, mas meu interior é uma colmeia de pensamentos e atividades. Acho que a atividade interior é energizante.

4
OUÇA

Esse é um bom conselho para pais de todas as crianças, mas, em especial, os melancólicos valorizam conversas profundas em um ambiente individual e prosperam ao estabelecer conexões emocionais. Ao ouvir, ajude-os a relacionar seus pensamentos internos – que geralmente são um fermento de sofrimento e nostalgia – a um desejo por Deus. Direcione o desejo deles para longe da inútil e interminável autoanálise e para a busca da beleza e do bem transcendente.

5
ELES PRECISAM DE UM RELACIONAMENTO REAL COM DEUS

Dê ao seu filho um exemplo de como é nos colocarmos a serviço do Todo-Poderoso. Na ausência de uma forte identidade religiosa, o conhecimento de que Deus os criou, os ama e quer viver para sempre com eles no céu, os melancólicos tentarão criar qualquer outro tipo de significado. Ficarão obcecados com letras de música, celebridades, autores, subculturas ou, na falta disso, entrarão em uma espiral de depressão sem objetivo. O forte desejo de um lar eterno é a razão pela qual os melancólicos são tão nostálgicos e sensíveis à beleza, mesmo que a beleza cause dor em seu coração, porque o mundo nem sempre pode ser tão belo. Os melancólicos querem lutar com os anjos, mesmo que saiam da batalha mancando.

Definitivamente, há um equilíbrio que precisa ser alcançado, porque as crianças melancólicas estão lutando para descobrir seu temperamento, elas sentem muito profundamente. Isso é exacerbado pelas dores de crescimento comuns da adolescência. Os pais podem respeitar esse fato, mas, ao mesmo tempo, não devem se entregar a ele. Como todos os temperamentos, a melancolia pode ser um ponto forte ou uma fraqueza. Os pais podem ajudar os filhos a desenvolver os pontos fortes, de modo que o caráter que o filho constrói com base nesse temperamento seja autoconsciente, saudável e feliz.

Fonte: https://pt.aleteia.org/

Cardeal Steiner: seca na Amazônia é dramática

Seca na Amazônia (Vatican Media)

O arcebispo de Manaus chamou a “participar do SOS Amazônia”. Essa campanha está sendo incentivada pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), a Rede Eclesial Pan-amazônica (REPAM-Brasil) e a Cáritas.

Padre Modino – Regional Norte 1 da CNBB

A combinação de diversos fenômenos, dentre eles o “El Niño”, e da falta de cuidado do ser humano, cada vez mais empenhado no avanço de uma economia que mata, tem provocado graves consequências para o bioma amazônico, um dos mais importantes para a sobrevivência do Planeta. A seca extrema dos rios da Amazônia, uma das maiores dos últimos tempos, o aumento da temperatura e a poluição do ar pelos muitos incêndios, tornam a situação insustentável.

A grande mortandade de peixes, o que coloca em risco a cadeia alimentaria nas comunidades ribeirinhas, o desabastecimento de alimentos pela dificuldade para o transporte, a falta de água potável, se tornou algo comum. Dos 62 municípios do Estado do Amazonas só dois estão em situação normal, com 42 em estado de emergência e 18 em alerta.

Seca na Amazônia (Vatican Media)

Diante da situação que a Amazônia está passando, o cardeal Leonardo Steiner, arcebispo de Manaus e presidente do Regional Norte1 da CNBB, tem se pronunciado, afirmando que “a seca que estamos vivendo na Amazônia é dramática, os rios diminuíram, os igarapés secaram, as comunidades estão isoladas, a fumaça tomou conta de várias regiões de nossa Amazônia”.

Seca na Amazônia (Vatican Media)

Diante dessa realidade, o cardeal Steiner insiste em que “nós queremos manifestar nossa solidariedade para com as comunidades, as pessoas, as famílias”. O presidente do Regional Norte1 da CNBB disse incentivar “para que haja solidariedade e nós todos como cristãos saiamos ao encontro das pessoas que mais necessitam, mas também saiamos ao encontro da natureza, que neste momento está profundamente necessitada”.

Vídeo: https://youtu.be/T7NN2UZSrBY

Em sua mensagem, o arcebispo de Manaus chamou a “participar do SOS Amazônia”. Essa campanha está sendo incentivada pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), a Rede Eclesial Pan-amazônica (REPAM-Brasil) e a Cáritas. O chamado que Dom Leonardo Steiner está fazendo é a “participar para diminuir a angústia, diminuir a dor, e neste momento de dor nos sentirmos mais fraternos, mais solidários”.

Seca na Amazônia (Vatican Media)

Finalmente, ele faz um pedido: “vamos no futuro cada vez mais cuidar da nossa Casa comum, a nossa Casa comum que está sendo destruída”. Nesse sentido, a última exortação apostólica do Papa Francisco, Laudate Deum, publicada recentemente, no dia 04 de outubro de 2023, considerada a segunda parte, um complemento da Encíclica Laudato si´, publicada em 2015, se torna um instrumento importante, que deve ser estudado e assumido pelos cristãos, mas também por toda a humanidade. É por isso, que o cardeal Steiner encerrou sua mensagem dizendo: “Unamo-nos e nos ajudemos”.

Campanha S.O.S )Vatican Media)

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

A herança moderna "um mundo sem Deus"

A herança moderna "um mundo sem Deus" (Arquidiocese de Pelotas)

A HERANÇA MODERNA: “UM MUNDO SEM DEUS

Dom Jacinto Bergmann
Arcebispo de Pelotas (RS)

Entramos de cheio na pós-modernidade (momento emblemático dessa entrada é a pós-pandemia) sendo desafiados a avaliar o gigantesco projeto da modernidade extremizada: o de construir um “mundo sem Deus”. Certo, essa foi e é a tentação permanente do gênero humano, desde o hadam e a hayyah bíblicos, que pretenderam ser “como deuses”, isto é, se realizarem fora de Deus e contra Deus (cf. Gn 3,5). Só que, nesse ponto, a modernidade mostrou duas diferenças: primeira, o ser “como Deus” já não era para ela “tentação do proibido comer da árvore”, mas, ao contrário: era um projeto entusiástico e mesmo imperativo deliberado; segunda, esse projeto ideal não tinha apenas uma dimensão individual, mas societária: é toda a civilização que buscava se organizar sem Deus.  

Esse projeto se materializou, em parte, na construção, durante o século XX e início do XXI, das sociedades mais de cunho “comum laicista” de um lado, como de cunho “liberal laicista” do outro lado. Mas o que significou esse projeto, urdido pela modernidade laicista, de criar um “mundo sem Deus”? Foi um ideal totalitário, absolutamente inédito na história. Pois até então, todas as civilizações haviam sido centralmente ou, pelo menos, fundamentalmente religiosas. A que a modernidade criaria seria finalmente uma sociedade secularista, ou seja, ateia. Esse sonho, antes nunca sonhado, encontrou em Nietzsche seu maior profeta, enquanto conferiu um pathos épico extremamente poderoso e ao mesmo tempo jubiloso. Efetivamente, para aquele poeta-filósofo, “o que o mundo possuíra que até então de mais sagrado e de mais potente” fora morto. Esse assassinato único constituía “a maior ação” cometida pelos homens, o “evento mais fundamental” e ao mesmo tempo a “boa-nova mais alvissareira” de toda a história, pois teria eliminado do horizonte do mundo o maior entrave à vida e ao indivíduo, proporcionando, assim, o advento do Super-homem, o homem enfim autossuperado. 

Nesse ideal radical concebido pela modernidade, o homem moderno autoconsagrado tornou-se criador de um “mundo novo”. A pretensão era redimir a própria “condição humana” e construir um novo modo de existência, agora totalmente horizontal. Ora, isso só podia ser fruto do antropocentrismo onipotente da modernidade, que alguns chamaram de “metafísica da subjetividade”, outros de ” eu constituinte “, outros, ainda, de “vontade de potência”, e os demais, de hybris, velha tentação, conhecida e condenada tanto pelos gregos como pela Sagrada Escritura Revelada. Segundo o pensador Clodovis Boff, para “esses utopistas messiânicos, a realidade não passava de matéria plástica, moldável segundo a razão demiúrgica e a liberdade palingenética dos auto designados ‘engenheiros da história’”.  

Eis o projeto supramente ambicioso, maquinado pela razão moderna e potencialmente efetuado. Foi um projeto realmente monstro, mas também monstruoso. A razão moderna, que pretendia libertar o homem de todas as ilusões e preconceitos, caiu paradoxalmente na máxima impostura em relação à máxima realidade: Deus. Passou a defini-lo como totalmente o contrário do que sempre foi: ilusão, e não verdade; alienação, e não libertação. Declarou o Existente por definição, como inexistente; o Ser necessário, como impossível de existir; a Verdade suprema, como suprema mentira; o Criador, como o inimigo da vida; o Amor primeiro, como ódio ao homem e à natureza. E imaginou: quanto mais Deus, menos sentido, e quanto menos Deus, mais sentido. Quando, por acaso, na história a razão foi mais irracional, insensata e demencial? Quando a violentia rationis foi mais insolente? 

A fonte real de um sonho tão ardente e poderoso só podia ter sido uma força igualmente ardente poderosa: a “paixão pelo mundo”. O mundo, para o mainstream moderno, com todos os seus “valores”, foi considerado a dignidade máxima, tornando-se, assim, o grande ídolo em nome do qual tudo podia ser sacrificado. Em verdade, só uma paixão absoluta podia intentar a destruição de fé no Absoluto e produzir a violência maciça que o século XX e início do século XXI testemunharam. O resultado final desse projeto gigantesco e monstruoso, caso fosse levado a termo, teria sido o niilismo de massa e fine finaliter, sua auto aniquilação, resultado esse fatídico e paradoxal, felizmente hipotético. No fundo, tratou-se de uma investida sem precedentes do “Anticristo” e de seus “satélites”, freada em tempo por “Aquele que detém todas as forças” (cf. 2Ts 2,6-7).

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

quinta-feira, 19 de outubro de 2023

E agora, a Palestina

Mahmoud Abbas (30Giorni)

Arquivo 30Dias - 09/2005

E agora, a Palestina

Depois da retirada de Israel de Gaza. A primeira entrevista com o presidente da Autoridade Nacional Palestina Mahmoud Abbas. Com um convite a Papa Bento...

entrevista com Mahmoud Abbas de Giovanni Cubeddu

Em todo o mundo há a esperança de um progresso real no processo de paz entre os palestinos e Israel. Quais são as condições para um eventual progresso? O que vocês pedem e o que estão dispostos a conceder para que isso seja realizado? Vocês confiam em Ariel Sharon?
MAHMOUD ABBAS: Embora a retirada israelense da Faixa de Gaza represente uma decisão unilateral israelense, e embora o governo de Israel há mais de um ano recuse o nosso pedido de uma coordenação bilateral em garantia de uma regulamentar retirada, estamos satisfeitos com a atual evacuação dos colonos e das tropas de ocupação. Para considerar esse passo tão limitado como o início de uma reconciliação para a solução do conflito, é preciso continuar a seguir adiante, não se deve continuar a política de colonização na Cisjordânia, não se deve continuar a política de “judaização” de Jerusalém, nem continuar a construção do muro de separação racial.
Queremos que essa retirada constitua o início da aplicação das resoluções da legalidade internacional da ONU, principalmente da Road Map, que declara a obrigação de pôr fim à ocupação de 1967 e resolve o resto dos problemas como o relativo aos refugiados.
Esse é o princípio fundamental para conseguir a paz e garantir a segurança. Eu já esclareci essa posição, tanto nos meus encontros com o presidente Bush quanto nos com o primeiro-ministro Sharon. Creio que o presidente Bush tenha entendido, a prova disso é a sua ini­ciativa e as suas idéias sobre a solução dos dois Estados. Sharon, ao invés, continua a repetir os seus famosos três não, já precedentemente recusados por nós, ou seja: a sua insistência em criar grandes complexos de assentamentos dentro da Cisjordânia; a sua recusa em negociar sobre Jerusalém; e enfim, a sua recusa em aceitar a volta dos refugiados.
No que se refere à pergunta sobre a minha confiança em Sharon, a questão não é pessoal, mas refere-se ao destino de dois povos. Não pode existir uma paz com a ocupação, e para alcançar a paz é preciso reconhecer o outro e res­peitá-lo.
Na sua opinião, qual é a melhor fórmula: percorrer as várias etapas da Road Map, ou empreender uma negociação para uma solução definitiva?
ABBAS: A Road Map indica-nos o ponto de partida e o ponto de chegada, por isso as suas etapas não estão em contradição com a solução definitiva que lança as bases para uma paz equilibrada e duradoura e coloca fim definitivamente à ocupação iniciada em 1967 que compreende a Cisjordânia junto com Jerusalém Leste e à Faixa de Gaza.
A execução da Road Map foi e é obstada por parte dos israelenses. Ele começaram com os bem conhecidos quatorze pontos de reserva sobre a Road Map desde o momento da sua aplicação e depois decidiram esse desempenho unilateral de Gaza.
Recentemente o senhor visitou os Estados Unidos, o Canadá, o Brasil, o Chile, o Japão, a China, o Paquistão, a Índia e outros países. Como avalia o resultado de todas essas visitas?
ABBAS: O conflito da nossa região se reflete no mundo inteiro. Portanto existe um interesse internacional no seu desenrolar. Assim, é natural prosseguir nossas relações não apenas com esses países, mas com outros ainda. Consideramos que a comunidade internacional tenha um seu papel na paz nessa área, a prova disso são as numerosas resoluções da ONU emitidas desde o início do conflito até hoje. Esses países que visitei, assim como outros que visitarei no futuro, podem contribuir individualmente ou em grupos encorajando e ajudando palestinos e israelenses a resolverem os problemas existentes.
Qual a sua opinião sobre o comportamento da comunidade internacional no processo de paz entre Israel e a Palestina?
ABBAS: A comunidade internacional segue esse processo com interesse. Para nós é uma fonte de satisfação, mas pessoalmente espero que a quantidade de ajuda econômica aumente no futuro. O desemprego no nosso território chega a 70%. Cerca de 50% da população vive abaixo do limite da pobreza. No nível político, esperamos uma maior participação da comunidade internacional, principalmente no que se refere aos componentes do “Quarteto”.
O presidente Bush confirmou a necessidade de criar um Estado palestino. Essa premissa é suficiente para o senhor?
ABBAS: O presidente Bush é o primeiro presidente americano que apresentou uma iniciativa clara que contém a criação de um Estado palestino. Esse é um passo adiante muito importante. Há também uma participação americana e uma sua presença evidente no terreno. Tenho plena confiança de que o presidente Bush, junto com sua administração, e depois da liberalização de Gaza, irá pressionar para a realização da Road Map e da proposta dos dois Estados.
A União Européia até agora ofereceu muitas ajudas econômicas ao povo palestino. O senhor pede maior participação política da Europa? Com quais meios a União Européia pode contribuir?
ABBAS: Gostaria de exprimir a minha sincera gratidão pelas numerosas ajudas econômicas oferecidas pela União européia e cada um de seus membros. Nós sempre pedimos um maior papel político da UE, pois esta faz parte do “Quarteto”. Espero que ocorra o quanto antes um balanceamento entre o papel econômico e político da UE. Lamento que Israel procure sempre redimensionar o papel político europeu nessa problemática, embora isso seja, ao invés, necessário, porque pode se integrar com o papel americano, do qual todos reconhecemos a centralidade.

Duas imagens da retirada israelense de todos os assentamentos de colonos na Faixa de Gaza de 13 a 23 de agosto de 2005 (30Giorni)

Há quem proponha a entrada da Palestina e de Israel na União Européia. Na sua opinião, isso é possível?
ABBAS: A Europa já chegou perto de nós. Chipre é membro da União, a Turquia negocia a sua participação, há muitos acordos entre os países árabes mediterrâneos e a Europa, há também a parceria euro-mediterrânea nascida do Processo de Barcelona: tudo isso nos mostra que num futuro próximo existe a possibilidade para nós e para Israel de encontrar a fórmula melhor de relações com a União Européia. Quer dizer que se não houver uma plena adesão ao menos haverá relações privilegiadas e muito particulares.
Qual é a quantidade de ajudas provenientes dos Estados árabes?
ABBAS: O mundo árabe oferece ao nosso povo muitas ajudas e de várias maneiras: ajudas econômicas; oportunidades de trabalho para dezenas de milhares de palestinos, sustento e solidariedade política. Portanto tenho o prazer de poder afirmar que as nossas relações são boas com todos os Estados árabes.
O senhor assumiu a liderança do povo palestino depois de décadas durante as quais Yasser Arafat representou o símbolo da sua causa. Qual é a situação da ANP hoje, depois de Arafat?
ABBAS: A ANP continua a guiar a luta do povo palestino, coloca a causa palestina como a causa de um povo que tem direito à autodeterminação e não como uma simples causa de refugiados. É preciso dizer que o grande líder Yasser Arafat colocou os alicerces para a democracia através da criação de instituições representativas do povo palestino que facilitaram, depois do seu falecimento, a passagem pacífica dos poderes por meio das eleições. Desse modo fui eleito presidente da OLP e da ANP.
Posso dizer que a ANP é sólida: concluímos os turnos eleitorais administrativos e em 25 de janeiro de 2006 serão realizadas as eleições legislativas para renovar o Conselho Legislativo. Todas as facções palestinas participarão pela primeira vez a estas eleições; assim nascerá, através de métodos democráticos, o poder executivo, ou seja o Conselho de Ministros palestinos.
De que modo conseguirá convencer grupos mais inflexíveis da sociedade, como o Hamas, a participar da construção do Estado Palestino?
ABBAS: Antes de tudo, através do diálogo que levou a resultados concretos, como o acordo alcançado com todas as organizações palestinas por um compromisso em não usar armas durante a evacuação dos colonos da Faixa de Gaza. Com efeito, a palavra foi mantida mesmo depois dos crimes a sangue frio dos cidadãos palestinos cometidos por terroristas judeus. Através do exercício da democracia, o povo certamente dará seu próprio voto aos que querem construir o país e desenvolvê-lo, dará seu próprio voto aos que protegerão o seu futuro com racionalidade e moderação. Este é um importante fator de convencimento para qualquer organização ou ação.
Qual é o grau de difusão do integralismo na sociedade palestina? Quais são os instrumentos para redimensionar esse fenômeno?
ABBAS: O nosso povo com os seus cidadãos cristãos e muçulmanos é um povo religioso com um certo critério e uma certa moderação. Historicamente a Palestina é a pátria na qual judeus, cristãos e muçulmanos viveram juntos e na qual cada um exerceu livremente a própria fé. Se, recentemente, nasceram algumas formas de extremismo religioso, isso pode ter vários motivos: reações a determinados momentos e reações políticas, sentimento de frustração e desespero. Por isso eu afirmo que quando existir uma esperança ou, me­lhor, quando o cidadão palestino puder gozar plenamente todas as suas liberdades melhorando assim as próprias condições de vida, o extremismo não terá mais lugar na nossa sociedade.
Falta muito para a unifi­cação dos aparatos de segurança?
ABBAS: Já fizemos muitos passos adiante, mas continuamos a ter necessidade de maiores armamentos e mais treinamento para as forças de segurança. Mas o mais importante é que precisamos eliminar toda as restrições que Israel colocou para as forças de polícia, permitindo assim que estas cumpram seu dever.
Qual é a sua opinião sobre as teorias que falam da exportação da democracia no mundo árabe?
ABBAS: Essas teorias são erradas. A democracia não é uma mercadoria a venda. Trata-se de métodos de governo e de cultura verdadeira e própria. Cada democracia está ligada às características de uma sociedade. Ao invés de falar de exportação da democracia no mundo árabe, poder-se-ia ajudar esses países a construir sociedade civil e instituições de governo. Poder-se-ia estimular a maior participação popular nas eleições e se deveria deixar de intervir do externo, pois tudo isso pode levar a um caos se um país árabe não estiver ainda amadurecido para essa experiência.

Queremos mais Europa <br> <br> Nós sempre pedimos um maior papel político da UE, pois esta faz parte do “Quarteto”. Espero que ocorra o quanto antes um balanceamento entre o papel econômico e político da UE

A Síria retirou-se do Líbano. No caso de uma eventual instabilidade no Líbano, que reflexos teria no diálogo entre vocês e Israel? E, o que acontecerá com os refugiados palestinos que estão no Líbano?
ABBAS: Faço votos que exista uma forte estabilidade no Líbano, e que os nosso irmãos tanto na Síria como no Líbano possam construir bons relacionamentos entre eles no interesse dos dois países. No que se refere ao diálogo entre nós e Israel, tudo depende do fim da ocupação e da realização da paz. O mesmo vale para a Síria, onde Israel continua a ocupar o território nas colinas de Golan, além das terras de Shebaa no Líbano. Nós somos três partes unidas da mesma causa, mesmo se divididas em alguns detalhes.
Quanto aos refugiados palestinos no Líbano, a sua presença neste país é temporária, na espera de poder tornar à própria pátria. Porém, enquanto isso, devem usufruir de seus direitos civis, principalmente do direito ao trabalho e do direito à casa própria. O governo libanês iniciou há pouco tempo a retirar algumas restrições ao trabalho para os palestinos e agradeço por isso.
Depois do Iraque, o senhor acredita que haverá a guerra com o Irã pelo seu uso do programa nuclear?
ABBAS: Não creio que se chegará à guerra. Os resultados que vemos no Iraque nos demonstram que as guerras e os conflitos complicam os problemas sem resolvê-los. Tenho confiança de que os esforços europeus conseguirão desativar essa crise e se chegará a uma solução para esse problema.
Para a sharia (a lei islâmica, ndt) a Palestina é a Terra Santa, como gostava de repetir Arafat também em italiano e latim. Para o senhor, pessoalmente, qual é o peso da religião na política do Oriente Médio? Qual é a sua opinião sobre o diálogo entre as religiões para a paz?
ABBAS: A Terra Santa pertence às três religiões monoteístas. É uma verdade que deve ser compartilhada por todo muçulmano ou cristão ou judeu racional. Segundo o meu modesto parecer, o problema não é a religião em si mesma, porque a fé é uma questão que se refere ao homem e ao Criador. O crente é aquele que crê no homem criado à imagem do Criador. Quem ama a Deus ama seus próprios irmãos homens. O problema é um outro: é a politização da religião e o uso instrumental da fé para objetivos políticos e algumas vezes racistas em recusar o direito do outro. O problema é a monopolização de Deus para as próprias causas e a mobilização das pessoas através desses conceitos perigosos.
Eu sou um muçulmano crente e a minha fé verdadeira é em todos os Profetas, creio nas outras religiões, judaica e a cristã, apoio e encorajo o diálogo entre as fés para encontrar elementos comuns que contribuam para o desenvolvimento desse diálogo, como quis o falecido Papa João Paulo II, que trabalhou para a concórdia entre os filhos de Abraão.
João Paulo II trabalhou muito para evitar o conflito entre as civilizações. Bento XVI declarou que a Igreja Católica continuará a melhorar a amizade com as outras religiões. Quais são os instrumentos para que esse diálogo produza os seus frutos? O que o senhor pensa da emigração de cristãos da Terra Santa e também da Palestina?

Crianças palestinas com armas de brinquedo durante uma manifestação antiisraelense no campo de refugiados de Ein el-Hilweh, junto a Sidon, no Líbano, em 8 de maio de 2005 (30Giorni)

ABBAS: Mais diálogo, abrir as portas que ainda estão fechadas. Na minha opinião, o Papa João Paulo II foi um exemplo disso, demonstrado com as suas visitas realizadas no mundo inteiro inclusive a visita histórica na Palestina. Ele ouviu todas as religiões, dialogou com todos os líderes e com todos os povos; a comprovação de tudo que deixou o herdeiro de Pedro foi dada por ocasião do seu funeral. Foi o funeral do século no sentido pleno da palavra. Quase todos os líderes do mundo presenciaram esse acontecimento reconhecendo tudo o que fez este grandíssimo Papa. Era um corajoso defensor dos direitos do nosso povo palestino, tinha uma profunda amizade particular com o nosso falecido presidente Yasser Arafat. Esta grande herança passou agora a Sua Santidade Bento XVI, que prometeu, depois da sua eleição, prosseguir na mesma estrada. Espero que a causa do nosso povo esteja no centro dos interesses do novo Papa, e este ponto relaciona-se com a segunda parte da sua pergunta. Na realidade o sofrimento do nosso povo, o assédio que sofre nos vários vilarejos e nas várias cidades, também Belém, levou à emigração maciça dos nossos irmãos cristãos. É um perigo que a Santa Sé denunciou várias vezes pelas suas conseqüências, principalmente para que os lugares santos cristãos não se transformem em simples sítios arqueológicos sem fiéis e sem orações. Depois dos acordos de Oslo de 1993 muitos irmãos cristãos voltaram definitivamente à Palestina, mas com o estouro da segunda Intifada, com todos os assédios, os fechamentos e as brutalidades cometidas pelos israelenses, o ininterrupto confisco dos terrenos palestinos e a construção, ainda em curso, do muro que está sufocando a cidade santa de Belém, muitos cristãos são obrigados a abandonar suas casas.
O senhor deseja fazer algum pedido particular a Bento XVI?
ABBAS: Peço para que use toda a importância espiritual e moral da Igreja Católica para acabar com o sofrimento do povo palestino, e para garantir o seu direito legítimo de criar um Estado independente com Jerusalém leste como capital. Repito, enfim, por meio da sua revista, o convite a Sua Santidade Bento XVI para que faça uma visita ao povo palestino na Palestina.
Hoje o senhor é pessimista ou otimista, e por quê?
ABBAS: Sou otimista porque iniciou o fim da ocupação e dos assentamentos israelenses. Sou otimista porque ouço Codoleezza Rice e outros personagens que falam da necessidade de não deter-se em Gaza e do prosseguimento da retirada da Cisjordânia. Sou otimista por todas as promessas de ajuda econômica provenientes de vários Estados. Enfim sou muito otimista porque a grande maioria da opinião pública israelenses apoiou a retirada de Gaza. Espero que o mais cedo possível cessem todas as formas de violência para que a porcentagem dos que apoiam nossa causa aumente tanto na população palestina como na israelense.

Fonte: https://www.30giorni.it/

São Pedro de Alcântara: o Santo espanhol proclamado padroeiro do Brasil

São Pedro Alcântara (Guadium Press)

Em 1826, o Papa Leão XII, atendendo um pedido de Dom Pedro I proclamou São Pedro de Alcântara padroeiro do Brasil.

Redação (19/10/2022 08:42, Gaudium Press) Poucos sabem, mas Nossa Senhora Aparecida não é a única padroeira do Brasil e nem mesmo foi a primeira, cronologicamente falando. Antes dessa invocação mariana ser proclamada como patrona da nossa nação, outro Santo já havia conquistado este título: São Pedro de Alcântara, cuja memória litúrgica é recordada neste dia 19 de outubro.

Nascido no ano de 1499, na cidade espanhola de Alcântara, Pedro tinha o costume de desde a mais tenra idade ter uma vida de oração. Durante seus estudos na Universidade de Salamanca descobriu sua vocação e decidiu entrar para a Ordem dos Franciscanos, apesar de seu pai desejar que ele se tornasse advogado.

São Pedro Alcântara (Guadium Press)

Exemplo e modelo de santidade

Ordenado sacerdote tornou-se superior de vários conventos, onde sempre era visto como modelo de vida de oração, jejum, desapego dos bens materiais e penitência, seguindo as normas da comunidade.

Com o objetivo de oferecer aos religiosos a oportunidade de viver mais a mortificação, oração e meditação, São Pedro de Alcântara fundou o ramo franciscano de “estrita observância” ou “Alcantarinos”. O Santo faleceu no ano de 1562, aos 63 anos de idade.

São Pedro Alcântara (Guadium Press)

Padroeiro do Brasil

São Pedro de Alcântara também foi confessor do Rei Dom João III, de Portugal, e por este motivo se tornou, mais tarde, o santo de devoção da Família Real, que escolheu seu nome para os dois imperadores do Brasil – Dom Pedro I e Dom Pedro II. Em 1826, o Papa Leão XII, atendendo um pedido de Dom Pedro I proclamou São Pedro de Alcântara padroeiro do Brasil. (EPC)

Fonte: https://gaudiumpress.org/

Como a fé pode nos ajudar a evitar o catastrofismo

Tero Vesalainen | Shutterstock

Por Jean Duchesne - publicado em 18/10/23

Guerras, atos terroristas, alterações climáticas... Os infortúnios do presente não podem abolir a nossa liberdade, tampouco a nossa responsabilidade.

Os noticiários são estressantes: todos os dias trazem assuntos preocupantes, desanimadores ou assustadores, cujo acúmulo incessante alimenta um sentimento de desamparo. Estamos inclinados a dizer que tudo vai de mal a pior, e as questões são: quanto tempo esta deterioração perpétua pode continuar? Qual será a extensão da aniquilação a que tudo isto inexoravelmente conduz? Alguma coisa permanecerá depois? O fato é que é possível resistir a este conformismo pessimista e a este catastrofismo sem cair num otimismo cego. 

Era melhor antes?

O catastrofismo baseia-se implicitamente numa comparação com o passado, presumivelmente melhor. Prova disso seria que, se estamos aqui, é porque os nossos antepassados ​​sobreviveram a dificuldades suportáveis. Se corremos o risco de sucumbir, é porque ou entramos na decadência (esta é a tese do conservadorismo nostálgico) ou então os desafios que temos de enfrentar são de uma gravidade sem precedentes (os manifestantes, que outrora juraram apenas pelo progresso, agora denunciam o técnicas que dominam o homem e ameaçam aboli-lo e o seu ambiente).

Mas serão as provações atuais mais terríveis do que as anteriores? Você tem que ter memória curta para acreditar nisso. Apenas um (e recente) exemplo: os “Trinta Gloriosos” (aquelas três décadas de crescimento após a Segunda Guerra Mundial) não foram “um rio longo e tranquilo”. Era a época da Guerra Fria e, em 1962, o mundo esteve perto de um apocalipse nuclear durante a crise dos mísseis russos em Cuba. Este mesmo ano viu o fim da guerra “suja” da Argélia, mas também o doloroso êxodo dos europeus de lá.

O mundo está mais estressado que a aldeia de antigamente

É inegável que as dificuldades da atualidade não são exatamente as mesmas de antigamente. Por serem novas, só parecem mais desestabilizadoras. Mas elas são realmente piores? Será a Covid de 2019-2020 mais assustadora do que a peste medieval ou a cólera do século XIX? Da mesma forma, o terrorismo islâmico do século XXI é certamente, pelas suas motivações e métodos, diferente dos ataques anarquistas por volta de 1900? Mas será a distância temporal suficiente para fazer com que os choques e perturbações que emergem das notícias sejam enterrados na história, considerados mais “normais” ou mesmo esquecíveis? 

Sem falar que a distância espacial também desempenha um papel na direção oposta: tende a desaparecer. O prodigioso desenvolvimento da informação significa que todos ficam instantaneamente conscientes de todos os horrores que ocorrem em qualquer lugar. O filósofo canadense (e católico) Marshall McLuhan, inventor do conceito de “mídia”, alertou na década de 1960 que, em populações “conectadas”, a facilidade de comunicação exporia todos a muitos mais eventos chocantes (todos aqueles que ocorrem quase sem descanso aqui ou ali na terra) do que no passado (quando o sensacionalismo de proximidade era bastante raro e as notícias chegavam tanto mais lenta e moderadamente quanto mais vinham de longe).

Otimismo

Diante do catastrofismo prevalecente, há otimistas. Podemos citar dois canadenses de gerações diferentes: o filósofo católico Charles Taylor (nascido em 1931) e o psicólogo ateu Steven Pinker (nascido em 1954), além de um holandês mais jovem: o historiador Rutger Bregman (nascido em 1988), que se declara “utópico realista” e é religioso. 

O primeiro sublinha o sentido moral que a “modernidade” secularizada mantém. O segundo prova, com números de apoio, que os males da humanidade (fomes, doenças, inseguranças geradoras de conflitos) nunca foram combatidos de forma mais eficaz. O terceiro argumenta que os humanos são fundamentalmente bons e unidos, o problema é que tendemos a ignorar e negar isso quando nos descobrimos egoístas sob a influência do medo de que os outros sejam quase todos iguais.

Uma forma de resistir e permanecer livre e responsável é entrar na fé.

Esses autores produziram best-sellers porque os trabalhos deles são impressionante e sobreviveram às críticas dos meios de comunicação social. Mas estão obviamente muito longe de ser tranquilizadores, porque a realidade do mal persiste e satura as mensagens e imagens transmitidas indefinidamente pela sua violência e cuja imediatez não só paralisa a memória, mas também parece bloquear ou pelo menos condicionar o futuro de forma decisiva, sem fuga…

Liberdade e fé

Uma forma de resistir e permanecer livre e responsável é entrar na fé. É mais racional do que o hedonismo despreocupado, a resignação estóica ou a convicção de que eventualmente serão encontradas soluções. Não é tanto que acreditar forneça uma interpretação das desordens e calamidades de todos os tipos que prejudicam a criação ou prometa um final feliz para a história do mundo (salvação no fim dos tempos). Porque tudo isso só se torna aceitável e até esclarecedor quando o homem, sem esperar não ter mais dúvidas, hesitações ou escrúpulos, muito antes de poder considerar-se perfeito, esforça-se por viver como viveu Deus que fez o homem, ou seja, sem medo ou constrangimento.

Cristo veio para manifestar e partilhar precisamente a sua liberdade, cuja medida não é simplesmente a independência e o domínio, mas a capacidade de oferecer e até doar-se totalmente, sem se impor ou exigir compensações. É deixando que o mal se esgote contra ele, quando sofre o cúmulo da decadência sem maldição, que ele revela a sua glória e ensina a participar dela. Mostra também que Deus, seu Pai, não se reduz ao Ser Supremo dos filósofos, em última análise impotente por ser tão abstrato e indiferente. 

O próximo: não necessariamente alguém próximo a você

É obviamente impossível para o homem comportar-se como Deus sem a ajuda do próprio Deus. Essa ajuda não é mais mágica do que a intervenção histórica e decisiva do seu Messias no mundo. Ela passa por aqueles que ele chama a serem suas testemunhas e especialmente por aqueles a quem ele confia o poder sacramental de torná-lo presente e de libertar perdoando, isto é, a Igreja. 

E não só nos permite enfrentar provações – tomar a nossa cruz seguindo Cristo (Lc 14,27). Ele também nos encoraja a estar, como ele, perto de todos aqueles que sofrem (Mt 25,40). Este é o exemplo que o Papa dá quando expressa a sua “proximidade” com as vítimas. Para compreender que esta compaixão não é puramente formal, basta recordar o Bom Samaritano (Lc 10,25-37), para quem o próximo não é alguém conhecido, mas um infeliz cuja existência descobre e cujo destino desperta o que há nele à semelhança de Deus.

Fonte: https://pt.aleteia.org/

Catequese e Doutrina Social

Meio Ambiente (UOL)

CATEQUESE E DOUTRINA SOCIAL

Dom Antônio de Assis
Bispo auxiliar de Belém (PA)

Catequese e Doutrina Social:  Questões sociais nas Cartas de São Paulo (Parte 7)

A sensibilidade social Paulina é fruto da aplicabilidade do mandamento do Amor na sua dimensão social em diversos níveis e contextos da vida pessoal, familiar, comunitária e social. Os conteúdos da moral social cristã presentes nas cartas de São Paulo, fazem referência às mais variadas dimensões da vida do fiel discípulo de Jesus Cristo. Não se trata de uma repetição do conteúdo dos Evangelhos, mas é continuidade e aprofundamento em coerência com as palavras, gestos e atitudes de Jesus Cristo.  

Não pretendemos nesta reflexão apresentar a totalidade dos temas sociais presentes na literatura Paulina, mas simplesmente evidenciar alguns aspectos da sua sensibilidade social. A pregação pastoral de Paulo era profundamente marcada pela sensibilidade social afastando-se do intimismo. Vejamos alguns temas sociais:

O meio ambiente: para São Paulo também é criação (natureza) é beneficiária da redenção; ela geme e sofre esperando a sua plena libertação porque está sujeita à corrupção. “A própria criação espera com impaciência a manifestação dos filhos de Deus” (Rm 8,19); vive na tensão da esperança para ser liberta da opressão e participar da liberdade e glória dos filhos de Deus (cf. Rm 8,21). A manifestação dos filhos de Deus acontece através da vivência do amor já aqui neste mundo e terá a sua plenitude na eternidade. As relações de fraternidade não estão confinadas entre pessoas, mas atinge também a natureza. 

A questão política: diante da necessidade de uma autoridade política para cada comunidade, São Paulo afirma que a autenticidade das autoridades humanas depende da sua sintonia com a autoridade divina, porque Deus é a fonte da autoridade (cf. Rm 13,1-2). A relação entre a autoridade e súditos não deve ser marcada pelo temor, mas pelo profundo senso de corresponsabilidade (cf. Rm 13,3-5); a finalidade do serviço da autoridade é a promoção do bem de todos. Mas cada cidadão é chamado a dar a sua contribuição: “Deem a cada um o que lhe é devido: o imposto e a taxa, a quem vocês devem imposto e taxa; o temor, a quem vocês devem temor; a honra, a quem vocês devem honra” (Rm 13,7). Com essas reflexões, São Paulo nos ensina que “todo bom cristão deve ser um honesto cidadão”. Em todas as circunstâncias o fiel discípulo de Jesus é chamado a dar o seu testemunho diante das autoridades como assim fez Jesus Cristo (cf. 1Tm 6,13). A lei escrita não é absoluta, mas tem função pedagógica ( Gl 5,23-25). A lei absoluta é o amor vivido por Cristo (cf. Gal 5,13).

O zelo pela família: na primeira carta aos Coríntios, Paulo denuncia com muita firmeza, o caso de um incesto na comunidade, ou seja, da convivência marital entre mãe e filho. O fato é avaliado como grave imoralidade que nem mesmo era visto entre os pagãos (cf. 1Cor 5,1). A postura seríssima de Paulo, demonstra a sua grande sensibilidade para com os valores da família que constituem a base da moralidade da sociedade. Marido e mulher são estimulados ao amor reciprocamente e os filhos devem se exercitar na obediência (cf. Cl 3,18-19). A família deve ser defendida diante dos promotores da imoralidade e da perversão que ensinam aquilo que é vergonhoso (cf. Tt 1,10-12). Na carta aos hebreus afirma: “Que todos respeitem o matrimônio e não desonrem o leito nupcial, pois Deus julgará os libertinos e adúlteros” (Hb 13,8).

A ciência a serviço da vida: na frente do conhecimento está o princípio supremo da Caridade. “Ainda que eu tivesse o dom da profecia, o conhecimento de todos os mistérios e de toda a ciência… se não tivesse o amor, eu não seria nada” (1Cor 13,2). Guiada e fundamentada no amor, a ciência deve estar então, a serviço da vida, da paz e da justiça. O puro conhecimento provoca a vaidade, o amor ao contrário, sempre edifica (cf. 1Cor 8,1).

A ética na cultura e na religião: Paulo se manifesta com muita firmeza diante daqueles que propagavam a perversão dos bons costumes, disseminando falsas doutrinas que provocavam mal-estar nas famílias, na vida religiosa e na comunidade em geral. Eram “falsos apóstolos, operários fraudulentos, disfarçados de apóstolos de Cristo” (2Cor 11,13). Na carta aos hebreus alerta os fiéis para que não se deixassem levar por nenhum tipo de doutrinas estranhas (cf. Hb 13,9). Paulo adverte sobre a mentalidade dos homens dos últimos tempos: “serão egoístas, gananciosos, soberbos, blasfemos, rebeldes com os pais, ingratos, iníquos, sem afeto, implacáveis, mentirosos, incontinentes, cruéis…” (2Tm 3,2-3). E continua alertando: “vai chegar o tempo em que não se suportará mais a sã doutrina; pelo contrário, com a comichão de ouvir alguma coisa, os homens se rodearão de mestres a seu bel-prazer. Desviarão seus ouvidos da verdade e os orientarão para as fábulas” (2Tm 4,4-5).

A fé em Cristo põe fim à escravidão. Paulo não propõe uma ruptura brusca da estrutura da cultura do seu tempo, mas estimula uma transformação na qualidade da relação entre senhores e escravos, judeus e gregos, fiéis e pagãos. A partir do batismo as relações humanas devem ser de acolhida, respeito, justiça e igualdade e não de dominação de um sobre o outro (cf. Ef 6,6-9; Cl 4,1); escravos ou livres são irmãos e por isso, entre eles, devem prevalecer as relações de fraternidade (cf. 1Tm 6,1-2; Carta a Filemón). Para os batizados, toda e qualquer forma de injustiça deve ser banida, seja nas relações interpessoais quanto nas trabalhistas (cf. 2Tm 2,6-7; 1Tm 5,17-20). Alicerçados no amor fraterno, os discípulos de Jesus são chamados à aquisição de uma nova mentalidade abandonando o “homem velho”, evitando paixões enganadoras, a mentira, o roubo, a aspereza no trato, raiva, gritaria, insulto, e todo tipo de maldade (cf. Ef 4,22-30). 

A importância do trabalho: em diversas ocasiões Paulo falou da importância da sua autossustentabilidade, vivendo dignamente com o seu próprio trabalho para não ser peso para ninguém (cf. 2Tss 3,6-9; 1Cor 4,12; Ef 4,28). Na comunidade de Tessalônica deixou esta norma: “quem não quer trabalhar, também não coma” (2Tss 3,10). Cada membro da comunidade, gozando de boa saúde e tendo condições de servir é chamado a comer o próprio pão, trabalhando em paz (cf. 2Tss 3,12). Cada um receberá de Deus a sua recompensa segundo seu próprio trabalho (cf. 1Cor 3,8-9).

A questão financeira: em diversas ocasiões Paulo fala da ambivalência do dinheiro. Escrevendo a Timóteo o alerta dizendo que a “origem de todos os males está no apego ao dinheiro. Por causa da ânsia de dinheiro, alguns se afastaram da fé e afligem a si mesmos com muitos tor

mentos” (1Tm 6,10). Lamenta afirmando que homens de espírito corrupto fazem da religião fonte de lucro, sendo ávidos pelo dinheiro (cf. 1Tm 6,6). Para Paulo a riqueza material é uma armadilha levando quem é movido por desejos insensatos e perniciosos, a se afundar na ruína (cf. 1Tm 6,9). Pede a Timóteo que “admoeste os ricos deste mundo, para que não sejam orgulhosos e não coloquem sua esperança na incerteza das riquezas, mas em Deus, que nos dá tudo com abundância para que nos alegremos. Que eles façam o bem, se enriqueçam de boas obras, sejam prontos a distribuir, capazes de partilhar. Desse modo, estão acumulando para si mesmos um belo tesouro para o futuro, a fim de obterem a verdadeira vida” (1Tm 6,17-19). A sensibilidade para com os pobres e a promoção da justiça é um compromisso permanente da Igreja (cf. 2Cor 9,9). A Igreja não deve se esquecer dos pobres (cf. Gal 2,10).

PARA A REFLEXÃO PESSOAL: 

Quais outros temas sociais são tratados por Paulo? 

O que mais lhe chamou a atenção desses temas? 

O que esses temas sociais têm a ver com a catequese?

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

O Papa: evangelizar é ter Jesus no centro do coração, é “perder a cabeça” por Ele

Audiência Geral  18/10/2023 (Vaticam Media)

Na catequese da Audiência Geral, Francisco propôs como exemplo de zelo apostólico "São Charles de Foucauld, figura que é profecia para o nosso tempo, testemunhou a beleza de comunicar o Evangelho por meio do apostolado da mansidão: ele, que se sentia um “irmão universal” e acolhia a todos, nos mostra a força evangelizadora da mansidão, da ternura."

https://youtu.be/vWhj1CGHB6c

Mariangela Jaguraba - Vatican News

O Papa Francisco deu continuidade ao ciclo de catequeses sobre o zelo apostólico na Audiência Geral desta quarta-feira (18/10). Aos fiéis presentes na Praça São Pedro, o Pontífice propôs São Charles de Foucauld, "homem que fez de Jesus e dos seus irmãos mais pobres a paixão da sua vida".

Depois de ter vivido uma juventude longe de Deus, sem acreditar em nada a não ser na busca desordenada do prazer, Charles de Foucauld revela a razão do seu viver. Ele escreve: «Perdi o meu coração por Jesus de Nazaré». Segundo o Papa, "o irmão Carlos nos recorda que o primeiro passo para evangelizar é ter Jesus no centro do coração, é “perder a cabeça” por Ele. Se isso não acontece, dificilmente conseguiremos mostrá-lo com a vida".

«Toda a nossa existência deve gritar o Evangelho»

Em vez disso, corremos o risco de falar de nós mesmos, do nosso grupo, de uma moral ou, pior ainda, de um conjunto de regras, mas não de Jesus, do seu amor, da sua misericórdia. Vejo isso em alguns movimentos novos que estão surgindo. Falam de sua visão da humanidade, falam de sua espiritualidade, da própria espiritualidade. Eles se sentem numa estrada nova. Mas, por que não falam de Jesus? Falam de muitas coisas, de organização, de caminho espiritual, mas não sabem falar de Jesus. Perguntemo-nos então: tenho Jesus no centro do meu coração, perdi um pouco a cabeça por Ele?

Aconselhado pelo seu confessor, Charles de Foucauld "vai à Terra Santa para visitar os lugares onde o Senhor viveu e caminhar por onde o Mestre caminhou. Em particular, é em Nazaré que compreende que devia formar-se na escola de Cristo. Vive uma relação intensa com Ele, passa longas horas lendo os Evangelhos e sente-se seu pequeno irmão. Conhecendo Jesus, nasce nele o desejo de torná-lo conhecido". "Sempre acontece assim, quando cada um de nós conhece mais Jesus, nasce o desejo de torná-lo conhecido, de partilhar este tesouro", ressaltou o Papa, "com a vida, porque «toda a nossa existência – escreve o Irmão Carlos – deve gritar o Evangelho». Muitas vezes na nossa existência grita mundanidade, gritam coisas estúpidas, coisas estranhas. Mas, ele diz: não toda a nossa existência deve gritar o Evangelho".

Recuperar o sentido da adoração

"Ele decide então estabelecer-se em regiões distantes para gritar o Evangelho no silêncio, vivendo no espírito de Nazaré, na pobreza e no escondimento. Vai ao deserto do Saara, entre os não-cristãos, e chega a eles como amigo e irmão, levando a mansidão de Jesus-Eucaristia. Fica em oração aos pés de Jesus, diante do tabernáculo, cerca de dez horas por dia, certo de que a força evangelizadora está ali e sentindo que é Jesus a aproximá-lo de tantos irmãos e irmãs distantes. Estou convencido que nós perdemos o sentido da adoração. Devemos recuperá-lo. Começando por nós consagrados, pelos bispos, sacerdotes, religiosas, todos os consagrados. "Perder", entre aspas, tempo diante do tabernáculo. Recuperar o sentido da adoração", disse o Papa.

«Todo cristão é apóstolo» escreve Charles de Foucauld a um amigo leigo, a quem recorda que «perto dos padres são necessários leigos que vejam o que o padre não vê, que evangelizem com uma proximidade de caridade, com uma bondade para todos, com um afeto sempre pronto a se doar. "Leigos santos e não carreirista, mas aqueles leigos, aquele leigo, leiga apaixonados pelo Senhor, que fazem entender ao padre que ele não é um funcionário, mas um mediador, um sacerdote. Quanto nós sacerdotes precisamos ter perto de nós leigos esses leigos que acreditam realmente e com o seu testemunho nos ensinam o caminho", sublinhou.

Desta forma, Charles de Foucauld "antecipa os tempos do Concílio Vaticano II, intui a importância dos leigos e compreende que o anúncio do Evangelho diz respeito a todo o povo de Deus".

Deus é proximidade, compaixão e ternura

“São Charles de Foucauld, figura que é profecia para o nosso tempo, testemunhou a beleza de comunicar o Evangelho por meio do apostolado da mansidão: ele, que se sentia um “irmão universal” e acolhia a todos, nos mostra a força evangelizadora da mansidão, da ternura.”

Não nos esqueçamos que o estilo de Deus são três palavras: proximidade, compaixão e ternura. Deus está sempre próximo, tem sempre compaixão e sempre é terno, e o testemunho cristão deve seguir esta estrada de proximidade, compaixão e ternura. São Charles é era assim manso e terno.

"Desejava que quem o encontrasse visse, por meio de sua bondade, a bondade de Jesus. A bondade é simples e pede que sejamos pessoas simples, que não tenham medo de dar um sorriso. Com o sorriso, com a sua simplicidade irmão Carlos dava testemunho do Evangelho, nunca proselitismo, nunca, mas testemunho. A evangelização não se faz por proselitismo, mas pelo testemunho, pela atração. Por fim, o Papa concluiu, convidou a levar em nós e aos outros "a alegria cristã, a mansidão cristã, a ternura cristã, a compaixão cristã e a proximidade cristã".

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF