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sábado, 16 de novembro de 2024

Papa a jovens da Itália: continuem a sonhar e sejam artesãos da esperança

Papa Francisco no encontro com os membros do Conselho Nacional da Juventude da Itália (Vatican Media)

“É importante saber que os jovens saibam ser artesãos da esperança porque são capazes de sonhar. Por favor, não percam a capacidade de sonhar: quando um jovem perde essa capacidade, torna-se um “aposentado da vida”. Palavras do Papa Francisco no encontro com os membros do Conselho Nacional da Juventude neste sábado (16/11) no Vaticano.

Vatican News

Os membros do Conselho Nacional da Juventude da Itália foram recebidos neste sábado (16/11) pelo Papa Francisco no Vaticano por ocasião do aniversário de 20 anos do organismo. Os jovens foram recebidos com a aclamação do Papa: 

“A esperança não desilude! Ouçam bem isto: a esperança não desilude. Nunca.”

Capacidade de sonhar

Francisco disse “é importante saber que os jovens italianos sabem como ser artesãos da esperança porque são capazes de sonhar. Por favor, não percam a capacidade de sonhar: quando um jovem perde essa capacidade, não estou dizendo que ele se torna velho, não, porque os velhos sonham. Ele se torna um 'aposentado da vida'. Isso é muito ruim. Por favor, jovens, não sejam 'aposentados da vida' e não deixem que a esperança seja roubada de vocês! Nunca! A esperança nunca desilude!".

A voz dos que não têm voz

Ao falar sobre as responsabilidades da organização, o Papa recordou que é um órgão consultivo chamado a representar o mundo da juventude em nível local, nacional e europeu. Para isso devem promover a participação ativa dos jovens por meio de uma “rede” entre as muitas associações inspiradas em valores como solidariedade e inclusão. “Fazendo ‘rede’, mas também fazendo ‘barulho’", disse o Papa. Nessa tarefa - “de ‘trabalhar em rede’ e fazer ‘barulho’ -, continuou o Papa, "eu os convido a ser a voz de todos, especialmente dos que não têm voz”.

Desafios da juventude

“Como sabemos, há muitos desafios”, acrescentou o Pontífice aos jovens, expondo os problemas atuais: “a dignidade do trabalho, a família, a educação, o engajamento cívico, o cuidado com a criação e as novas tecnologias. O aumento dos atos de violência e automutilação, até o gesto mais extremo de tirar a própria vida, são sinais de um mal-estar preocupante e complexo”. E o Papa sugeriu a necessidade de uma “aldeia de educação” onde, “na diversidade”, afirmou, “seja compartilhado o compromisso de gerar uma rede de relacionamentos humanos e abertos. É necessário um pacto, uma aliança, entre os que desejam colocar a pessoa no centro e, ao mesmo tempo, estão dispostos a investir novas energias para a formação dos que servirão à comunidade”.

Beleza e novidade da vida

Falando sobre a beleza e a novidade da vida, tarefa à qual os jovens são chamados, Francisco lembrou: “há uma beleza que vai além das aparências: é a beleza de cada homem e mulher que vive sua vocação pessoal com amor, no serviço abnegado à comunidade, no trabalho generoso para a felicidade da família, no compromisso altruísta de fazer crescer a amizade social. Descobrir, mostrar e destacar essa beleza significa lançar as bases da solidariedade social e da cultura do encontro”.

Serviço abnegado pela verdade e liberdade

“Seu serviço abnegado pela verdade e pela liberdade, pela justiça e pela paz, pela família e pela política é a contribuição mais bela e mais necessária que vocês podem dar às instituições para a construção de uma nova sociedade”, afirmou o Papa. Concluindo esse ponto ele disse: “permitam-me, por fim, entregar-lhes a coisa mais importante, aquela verdade que, para um cristão, nunca deve ser silenciada. É um anúncio que diz respeito a todos, jovens e idosos, e que sempre precisamos ouvir novamente: ‘Deus te ama’, ‘Cristo te salva’, ‘Ele vive!’. Se Ele vive, então a esperança não é em vão. O mal, o pessimismo e o ceticismo não terão a última palavra”.

Os conflitos

Encorajando os jovens, o Papa ainda disse: “diante dos desafios e das dificuldades que vocês podem encontrar em seu trabalho, não tenham medo! Não tenham medo de passar por conflitos. Os conflitos nos fazem crescer”. “Na vida de vocês é necessário, - até mesmo para passar pelos conflitos - a paciência para transformá-los na capacidade de escuta, de reconhecimento do outro, de crescimento recíproco. A tentativa de superar os conflitos é um sinal de que estamos mirando mais alto, mais alto do que nossos próprios interesses particulares, para sair da areia movediça da inimizade social".

“Prossigam em seu serviço: busquem, valorizem e levem a voz e a esperança dos jovens italianos aos espaços institucionais para que participem juntos pelo bem comum.”

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Autocuidado físico para um estilo de vida saudável: atividade física

Autocuidado físico/Atividade física (Editora Cidade Nova)

Autocuidado físico para um estilo de vida saudável: atividade física

A conexão real do nosso corpo acontece quando nos movemos!

por Célia Cals e Raquel Victorelli   publicado e modificado em 31/10/2024

A ATIVIDADE física, em qualquer idade, é fundamental para a saúde em todos os seus aspectos. É considerada um remédio natural com benefícios biopsicossociais: deixa o cérebro mais inteligente racionalmente e mais equilibrado emocionalmente e promove a autoestima e um envelhecimento saudável. É um investimento em nossa qualidade de vida, presente e futura. Para manter-se ativo após os 60 anos, a recomendação é 30 minutos diários, entre exercícios aeróbicos e de força muscular, em atividades moderadas como alongamento, musculação, caminhada, hidroginástica, dança, Pilates, desde que feitas de maneira adequada, respeitando os limites do corpo, seguindo recomendações médicas, bem como as de um profissional de Educação Física. 

A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que o sedentarismo é responsável por cerca de 3,5 milhões de mortes prematuras por ano, no mundo. Pesquisas mostram que ficar inativo por 10 horas aumenta o risco cardiovascular. No cotidiano, é importante não ficar parado por longos períodos, levantar-se a cada uma hora, beber água, movimentar-se.

Benefícios da atividade física regular aliada a uma alimentação saudável:

• Aumenta a produção da proteína BDNF, espécie de “fertilizante” precioso que aumenta a oxigenação no cérebro, ajuda na criação de vários neurônios e fortalece os já existentes, aumentando também a plasticidade cerebral. Além disso, acelera o aprendizado e aumenta a capacidade de memorização, contribuindo para redução de demência. 20 a 40 minutos de atividade física aumentam em 32% a presença de BDNF no sangue

• Aumenta a produção de serotonina, que modula e melhora humor; epinefrina, que aumenta a atenção; e de dopamina, que aumenta motivação. Geralmente, quando esses três neurotransmissores estão em baixa, provocam ansiedade e depressão. Assim, a atividade física torna-se um “antidepressivo” natural que não deve deixar de ser agregado ao tratamento.

• Aumenta níveis de energia, diminuindo a fadiga e aumentando o bem-estar físico e mental.

• Contribui na prevenção e diminuição de problemas cardiovasculares.

• Auxilia no controle da diabetes e artrites, entre outras doenças.

• Auxilia no fortalecimento muscular e na manutenção da densidade óssea, ajudando a reduzir a osteopenia e a osteoporose.

• Aumenta o metabolismo, ajudando na queima de calorias e reduzindo o peso e a gordura corporais.

• Melhora o equilíbrio, a coordenação motora, a flexibilidade, a força, a postura, a funcionalidade e autonomia nas atividades da vida diária (AVDs).

• Melhora a qualidade do sono e aumenta a testosterona e a libido.

• Reduz o risco de câncer: estima-se que de 30 a 40% de tipos de câncer podem ser prevenidos pelas mudanças do estilo de vida.

• Aumenta o limiar da dor, diminuindo sua percepção.

• Aumenta a produção de antioxidantes no corpo, retardando o envelhecimento da pele.

Ter um objetivo de valor inestimável, como acompanhar o crescimento dos netos e encontrar uma modalidade prazerosa que seja adequada à própria condição física e de fácil acesso, é uma das condições importantes para manter a motivação e o comprometimento nesse estilo de vida.  

É no presente que podemos começar (ou recomeçar) a construir um futuro melhor para nós e para quem amamos!

Por Célia Cals(1) e  Raquel Victorelli(2)

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1) É médica geriatra

2) É fisioterapeuta

Fonte: https://www.cidadenova.org.br/editorial/inspira/4037-autocuidado_fisico_para_um_estilo_de_vid

Santa Gertrudes

Santa Gertrudes (A12)
16 de novembro
País: Alemanha
Santa Gertrudes

Nascida na Saxônia, em 1256, era filha de fervorosos pais cristãos. Aos cinco anos de idade foi entregue ao mosteiro cisterciense de Hefta, onde, descobrindo a vocação religiosa, permaneceu até a morte. cresceu adquirindo grande cultura cristã. Possuidora de grande carisma místico tornou-se religiosa consagrada.

Sua vida contemplativa era sinal de perseverança para as outras religiosas. Aos 25 anos de idade teve a primeira das visões que a introduziu em elevada vida mística, comparável às de Santa Teresa de Ávila e São João da Cruz. Tais revelações ela as escreveu no livro "Mensageiro do Divino Amor", importante obra cristã de teologia mística e praticamente a única fonte sobre a sua vida diária.

O conteúdo das suas revelações e visões era o entendimento do amor de Cristo pelos homens. Dedicava-se à penitência corporal e, especialmente, à meditação da sagrada Paixão e Morte de Cristo, à oração diante do Sacrário, e à devoção a Nossa Senhora. O amor à humanidade de Cristo a levou a descobrir a devoção ao Sagrado Coração de Jesus, antecipando-se assim às revelações dessa devoção a Santa Maria Alacoque.

 Foi eleita abadessa, cargo que exerceu até o fim de seus dias. Adoeceu e sofreu muitas dores físicas por mais de 10 anos, falecendo, como num êxtase de amor, em 1301.

Colaboração: Padre Evaldo César de Souza, CSsR
Revisão e acréscimos: José Duarte de Barros Filho

Reflexão:

A vida contemplativa foi a vocação de Santa Gertrudes. Relativamente poucos são chamados a esta vida, e menos ainda às visões e revelações divinas. Contudo, da oração devota e mais pura destes poucos, muito depende a misericórdia de Deus para com a humanidade, e mais deveriam ser reconhecidas e valorizadas tais vocações. É no silêncio e recolhimento que podemos ouvir a Deus, e onde Ele mais intensamente Se manifesta à nossa alma. Mesmo na vida comum, não podemos deixar de dedicar o tempo necessário a este encontro íntimo e transformador com Deus. Caso contrário, a nossa vida espiritual tenderá à superficialidade, rotina, e, por fim, desinteresse, pois só amamos o que conhecemos, e só bem conhecemos a Deus no recolhimento da alma.

Oração:

Ó Senhor, que amastes Santa Gertrudes com amor eterno, falando ao seu coração, dá-me ouvidos para escutar Vossa voz, e fé para responder ao Vosso chamado, com entrega comparável à desta apaixonada do Vosso Santo Coração. Por Cristo Nosso Senhor. Amém.

Fonte: https://www.a12.com/

Piedade Mariana: a expressão de fé que brota do povo

Piedade Mariana (Vatican News)

“Quando rezamos a Maria, rezamos para que ela nos ensine a amar Jesus, como ela o amou", afirmou o missionário redentorista, Ir. André Luiz Oliveira, ao recordar que a piedade popular mariana é uma expressão de fé que nasce do coração devoto.

Fagner Lima – Vatican News

“Nossa Senhora nunca se indica a si mesma, Nossa Senhora indica Jesus. E esta é a piedade mariana: a Jesus pelas mãos de Nossa Senhora.”

O Papa Francisco iniciou assim a Audiência Geral da quarta-feira (13/11), dando continuidade ao ciclo de catequese sobre o Espírito Santo. O Pontífice destacou a piedade mariana como um meio particular pelo qual o Paráclito "realiza a sua obra de santificação na Igreja".

O Brasil, em sua cultura latino-americana, está fortemente ligado ao que a Evangelii Nuntiandi define como piedade popular, na qual a Virgem Maria desempenha um papel de destaque e de forte devoção, intensificando assim a piedade mariana. O missionário redentorista, Ir. André Luiz Oliveira, recorda que a piedade popular mariana é uma expressão de fé que nasce do coração devoto,"sensus fidelium", é algo natural, como uma graça infusa: "ela brota no coração daqueles que amam Nossa Senhora, é uma expressão autêntica (genuína) de fé e devoção".

Fazei tudo o que Ele vos disser

Maria não detém para si a centralidade, pelo contrário, coloca-se como serva, sendo a figura da primeira discípula do Espírito, como nos exorta Francisco ao afirmar que "ela é a esposa, mas antes ainda é a discípula do Espírito Santo". A piedade mariana nos permite chegar até Cristo, aquele que é a esperança e o centro de nossa fé, como explica o Ir. André Luiz:

“Quando rezamos a Maria, rezamos para que ela nos ensine a amar Jesus, como ela o amou. A Marialis Cultus, n.25, nos ensina: ‘Na Virgem Maria tudo se refere a Cristo e Dele depende’tudo na vida de Maria foi direcionado para o seguimento do seu filho Jesus, nada quis para si, aquela que tudo quis para Deus."

Os santuários como sinais da esperança

Os santuários marianos espalhados pelo mundo todo, especialmente na América Latina, se destacam como importantes locais de acolhimento, de experiência da fé e da piedade mariana, levando os seus peregrinos, por meio de Maria, a experimentarem a grandeza do amor de Deus, como na expressão recordada por Francisco: “Ad Iesum per Mariam”, ou seja, “a Jesus por meio de Maria”.

Para o Ir. André Luiz, os “santuários marianos são lugares da ternura e da experiência profunda do amor materno, ali aprendemos a amar Maria, assim como Jesus a amou” e conclui ainda que esses espaços sagrados “auxiliam no amadurecimento da expressão de fé”. Na bula de proclamação do Jubileu Ordinário de 2025, ‘Spes non confundit’, o próprio Papa Francisco destaca a Virgem Maria como Mãe da esperança e ao recordar dos santuários marianos, exorta:

“Neste Ano Jubilar, que os santuários sejam lugares sagrados de acolhimento e espaços privilegiados para gerar esperança.”

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

sexta-feira, 15 de novembro de 2024

Foucauld não sabia disso, mas inspirou milhares de pessoas a seguirem a Cristo após seu martírio

Antoine Mekary | ALETEIA

Editorial Aleteia* - publicado em 13/12/16 - atualizado em 14/11/24

São Carlos de Foucauld, ordenado sacerdote aos 43 anos, era o irmão universal e, embora não o soubesse, a sua vida inspirou milhares de pessoas a seguirem a Cristo.

São Carlos de Foucauld , falecido em 1916, conheceu Cristo tardiamente, mas tornou-se irmão universal de todos os que com ele conviveram. E se eu pudesse escrever mais de um século após sua morte, poderia ter dito algo semelhante:

Querido amigo, meu irmão:

Aos 6 anos fiquei órfão de pai e mãe. Aos 20 anos foi a minha vez de ver meu avô partir. À medida que a vida avançava, o vazio crescia ao meu redor. Mas o abandono, a rejeição e o fracasso não teriam a última palavra: eu sou a prova disso. A vida não termina aos 20 anos!

Eu tenho dinheiro, muito. Organizo grandes festas e faço o vinho fluir como uma fonte. É por isso que me chamam de "o grande". Porém, mesmo em meio a essas férias sinto um vazio imenso. Estou a um centímetro do desespero. Você gosta de festas, você diz? Você está certo! Mas procure aprofundar-se naquilo que verdadeiramente preenche o coração humano!

Sentido de transcendência

Carlos de Foucauld | © Arquivos-Zephyr/Leemage

Observar os muçulmanos orando despertou em mim o sentimento de transcendência. Não encontramos a fé só, mas ela brota da graça de Deus no contacto com os outros, através das formas mais inesperadas.

Minhas dúvidas me assombraram por muito tempo e minha angústia existencial foi duradoura. Ele me disse: “Meu Deus, se você existe, deixe-me conhecê-lo”. Queria fazer algumas perguntas a um padre, que pela primeira vez me pediu para confessar. Este foi o ponto de partida da minha conversão: é preciso usar gestos típicos da fé para encontrar a fé. Você também precisa se ajoelhar se quiser viver em pé.

Eu me converti aos 28 anos

Meu destino escorrega. Convertido aos 28 anos, pediram-me que esperasse três anos antes de me tornar religioso. Tento na abadia trapista de Ardèche , mas procuro uma vida mais radical. Parto para a Síria. Depois para a Terra Santa. Tornei-me jardineiro das Clarissas de Nazaré, mas elas me acharam pouco qualificada para esse trabalho.

Durmo em um galpão de ferramentas, em um banco com uma pedra como travesseiro. Digo a mim mesmo que faria bem em me ordenar sacerdote. Gostaria de levar Cristo a Marrocos e, finalmente, estabelecer-me na Argélia. Veja, a santidade não é linear, nem fácil... Quero ser o irmão mais velho daqueles que duvidam, hesitam, hesitam.

A minha grande intuição é assumir o último lugar, como o de Jesus de Nazaré durante os seus trinta anos de silêncio e de trabalho: “Não posso passar a vida na primeira aula quando Aquele que amo passou por isso na última aula”.

Vulnerável por escolha

Muitos dos nossos contemporâneos, em particular muitas pessoas vulneráveis, vivenciam este último lugar de forma forçada. No meu caso, à imagem do meu Mestre, eu o escolhi. Tomei a decisão maluca de ser o último da turma militar em Saint-Cyr, mas mesmo aí falhei! Descobri que esse desafio ganhava nobreza se fosse no sentido espiritual.

Apesar das minhas peregrinações à Terra Santa e ao Magreb, a abadia continua a ser uma mãe para mim, e o bispo de Viviers, um pai. Vivo totalmente concentrado na Eucaristia: “É Jesus, tudo é Jesus!” Que a vossa vida esteja unida a uma comunidade religiosa e a uma paróquia, a uma diocese, a amigos felizes com quem celebrar juntos.

Irmão universal

“Quero habituar todos estes habitantes, cristãos, muçulmanos, judeus e idólatras, a olharem para mim como seu irmão, o irmão universal”. Os nativos começam a saber que os pobres têm um irmão. Sonho com uma pequena fraternidade “de oração e de hospitalidade que irradie tanta piedade que todo o lugar se sinta iluminado e animado por ela”.

Mas não sonhe com grande sucesso. Não esperem formar um exército, mas sim buscar a transformação da noite soprando as humildes brasas, capazes de iluminar e aquecer todo o nosso vale de lágrimas.

Escrevi uma regra de fraternidade, mas não recebi nenhuma vocação. Estou ciente de que celebro missa todos os dias em Tamanrasset há 10 anos, mas nunca fiz uma única conversão. Do ponto de vista humano, é um fracasso total.

Porém, cem anos depois da minha morte vejo, do céu, centenas de religiosos, milhares de leigos em todo o mundo que vivem como eu vivi, na escola do último lugar.

Morreu por Cristo

Veja, não devemos aspirar a ser a hera impaciente ou a videira selvagem conquistadora, mas sim o carvalho tranquilo, a humilde tília e, mais ainda, o grão de trigo, que se “não cair na terra e morrer , permanece sozinho.” Mas se morrer, dá muito fruto” ( Jo 12, 24 ).

A amizade tem um preço: a vida! Eu morri assassinado. Uma realidade para a qual ele estava pronto: “Viva hoje como se fosse morrer mártir esta mesma noite”, escreveu ele. Deixo atrás de mim um pequeno forte na areia, a batina branca manchada com a cor do Sagrado Coração que eu usava, algumas cartas... Acima de tudo, deixo o meu último lugar, aquele que tanto amei. E alguns amigos ao redor do mundo. E você?

*Pierre Durieux, autor deste texto, é também autor de diversos livros da editora Artège.

Fonte: https://es.aleteia.org/2016/12/13/la-ultima-carta-de-charles-de-foucauld

Uma visita à casa de Nazaré!

Cecília Eusepi (30Giorni)

Arquivo 30Giorni nº. 11 - 2010

Uma visita à casa de Nazaré!

um escrito inédito de Cecilia Eusepi

Esta manhã, com espírito decidido, entrei naquela querida casinha de Nazaré. Aproximei-me lentamente da porta e enfiei a cabeça para dentro. Achei que não havia ninguém ali devido ao grande silêncio que ali reinava, mas, ao me aproximar ainda mais, ouvi o som da serra: era São José que, embora ainda fosse muito cedo, já estava trabalhando.

Sem pedir muitas permissões (já que palhaços não usam essas cerimônias) entrei.

Nossa Senhora, dona de casa diligente, punha a casa em ordem; Assim que ela me viu, aproximou-se de mim com muita graça e perguntou o que eu queria, e eu disse que era um palhaço amigo de Jesus, que tinha vindo justamente para diverti-lo. Nossa Senhora sorriu, convidou-me a segui-la e eu a segui.

Entramos no quarto e… ele tinha visto! No berço branco, o menino Jesus dormia profundamente. Como ele era fofo! Ela estava com as mãos cruzadas sobre o peito e a cabecinha, coberta de cachos dourados, levemente inclinada para a esquerda. A Madona, prendendo a respiração, aproximou-se e inclinou-se para o pequeno rei para contemplá-lo.

Quantos pensamentos se amontoaram na mente de Maria naquele momento! Pensamentos que desceram ao coração e se converteram em sentimentos de reverência, amor e dor. De reverência: esse era o seu Deus, o mestre do Céu e da terra, o Criador do Universo. Do amor: nada mais do que o amor o levou a tornar-se um filho débil, necessitado de tudo, aquele que era tudo se dignou a escolhê-la como Mãe, a abandonar-se nas suas mãos, a confiar-se aos seus cuidados. De dor: aquele querido Jesus que agora dorme tão lindamente, um dia o verei dormindo de novo, mas que sono, que sono, o sono da morte, não mais uma criança, mas um adulto, já não tão belo e gracioso, mas tudo uma praga.

E aqui, duas grandes lágrimas caem dos olhos de Mary e pousam nas bochechas rosadas do bebê. Este acorda, sorri para a Mãe, que o beija, o segura junto ao coração, depois com a maior reverência o levanta, o veste, o lava e o penteia.

Jesus ajoelha-se, cruza as mãos, levanta os olhos para o céu, reza, depois corre para dar bom dia ao bom São José, que, animado pelos mesmos sentimentos da sua noiva, toma-o nos braços, abraça-o ao coração e beijo; Jesus retribui o beijo. Os dois cônjuges ficam em êxtase ao contemplar isso, que pensamentos giram em suas mentes! Que afetos invadem seus corações! O seu Deus está com eles, na forma humana de uma criança, fraca, necessitada da sua ajuda. Eles o veem pegar os pedaços de madeira que São José não usa, formar com eles uma cruz e depois segurá-la contra o coração, beijá-la, colocá-la no chão e deitar-se sobre ela. Mistério de amor e dor!

Os rostos dos dois cônjuges estão em chamas com o amor que transborda de seus corações, eles se olham, se entendem, e uma nuvem vem obscurecer seus rostos, lágrimas escorrem por suas bochechas. Por que nunca?

Aqui olho para Jesus e num momento ele me faz compreender o que se passa no coração daqueles seus santos pais. Oh, como amam aquele doce Jesus, ele os criou, encheu-os de presentes, e agora o veem feito homem, para abrir as portas do Paraíso aos homens, mas quanto isso deve custar a Jesus! O Calvário aparece à sua imaginação encimado pela cruz, onde o seu Jesus está crucificado e em agonia, já não um menino gracioso, mas um homem adulto, um homem de dores!

São José não estará presente naquela cena que se pinta diante dele, tão dolorosa, não, mas ele vê sua noiva aos pés da cruz morrendo num mar de dor.

Não é suficiente. Por que tanto sofrimento? Pela salvação dos homens! Todos serão salvos então? Oh, dor das dores! Quantos, quantos pisarão esse sangue divino, quantos, ingratos a tal amor, se abandonarão à mercê da mais negra ingratidão, quantos mais se condenarão! Este pensamento é o mais comovente, é o que arranca lágrimas dos olhos daqueles santos personagens.

Na casinha de Nazaré não conversamos, não precisa! Eles se entendem, só o amor e a dor reinam inseparáveis, é isso que os distingue das outras famílias. A vida que levamos aqui é simples. São José trabalha de manhã à noite para ganhar a vida. A Madonna cuida das tarefas domésticas. O Menino Jesus ajuda-os no que pode, depois diverte-se com brincadeiras inocentes, como outras crianças da sua idade.

Quis ir embora, mas depois, vendo que o almoço estava pronto, um pouco intrometido, como todos os palhaços são, fiquei para ver o que eles estavam comendo. (Se não me engano, eram feijões). Sentaram-se à mesa, o menino Jesus estava entre Nossa Senhora e São José (ele mostrou que não sabia segurar bem a colher e Nossa Senhora, com muita reverência, ensinou-o a segurá-la). O almoço também ocorreu em silêncio. Terminado, Nossa Senhora arrumou, Jesus enxugou a louça e a louça, São José voltou ao seu trabalho. Finalmente chegou a hora do jantar, e também este, tão frugal como o almoço, decorreu em contemplação e silêncio. (A certa altura, o pequeno Jesus, voltando-se para Nossa Senhora, disse-lhe: tu permites-me jejuar? E isto com voz doce e contida: tu ainda és muito pequena. O jejum pode fazer-te mal. E o humilde Jesus obedece sem resposta ). Terminado e limpo, São José entoa uma oração que os demais seguem. Então Nossa Senhora, tomando Jesus nos braços, o fez dormir com o doce canto da canção de ninar. O Rei do Céu e da Terra fechou os olhos azuis para dormir, mas seu coração estava sempre acordado e batendo, palpitando de amor. A Madona, aos poucos, tomou-o nos braços, despiu-o e colocou-o na cama. O bom São José veio contemplá-lo, beijou-o, depois ambos se ajoelharam ao lado da cama, absortos na mais profunda contemplação. Assim passaram a maior parte da noite, talvez até a totalidade.

Antes de partir também eu quis dar um beijo caloroso na testa de Jesus e – ah, que maravilha! – em suas pequenas mãos ele segurava um pequeno palhaço, olhei para ele com atenção e o reconheci, era eu!... Olhei novamente, sobre seu coração ele segurava um pedaço de papel onde, em letras grandes, estavam os nomes dos nossa congregação foram escritos. Imagina minha alegria! Não pude deixar de imprimir um segundo beijo naquela testa divina e fazer duas viagens tão ridículas que fez com que Nossa Senhora, São José e todos os anjinhos que esvoaçavam em volta daquela cama, uma cama simples, que se tornara o esplêndido trono do Céu, sorria, porque o Rei Supremo descansou Cecilia Eusepi Nepi, La Massa, fevereiro de 1927.

Fonte: https://www.30giorni.it/

O tempo passa, e nós também

A vida é um sopro (YouTube)

O TEMPO PASSA, E NÓS TAMBÉM

Dom Leomar Antônio Brustolin
Arcebispo de Santa Maria (RS)

Nesse mês de novembro, chegando o final do ano, é importante refletir sobre o fim, sobre o término do tempo e da vida, para assim adquirir um olhar mais profundo sobre a nossa condição humana.  A valorização da vida supõe atenção à sacralidade e à qualidade de vida das pessoas. Os dois princípios não se excluem. A vida continua sendo o mistério que escapa à total intelecção e determinação da ciência.  

A nossa existência é pautada por perguntas e necessidades, sonhos e esperanças, tristezas e angústias.  A vida humana, portanto, tem uma dignidade sagrada porque emerge da vontade e do poder criador do Eterno.  

A reflexão sobre a vida não deixa de contemplar o limite e as perdas como ocasião de compreender o mistério da existência A sociedade de consumo e a busca do bem-estar ensinam que só vale a pena viver se há o máximo de satisfação e prazer. O doente, o agonizante, o indesejado e tantos outros sujeitos humanos são excluídos desta lógica.   

A morte traz consigo novas interrogações e discussões. Cada área do conhecimento humano tem sua percepção sobre esta dimensão. Algumas respostas são mais positivas que outras.  

A natureza humana é indigente. Ao nascer percebe-se as carências psicofísicas das pessoas que precisam de tempo para poder passar da dependência total e crescer na autonomia e liberdade dada às criaturas humanas. O tempo vivido neste mundo faz com que a pessoa sempre esteja em profundas mudanças, passando por crises, novas experiências, limitações físicas e psíquicas.  

Presente e futuro nos fascinam tanto porque queremos vislumbrar as conquistas e realizações, quanto nos atemoriza a frustração, o limite e o fim. O tempo passa e com ele passamos também nós. Nascemos, crescemos, amadurecemos, envelhecemos e morremos. Este percurso da existência humana é uma realidade fascinante. Há quem sofra o horror deste princípio de impermanência de tudo o que vive. Há, contudo, quem encontre a razão de ser e existir entre este movimento de nascer, viver e morrer.  

O ser humano é a única criatura que tem consciência de sua finitude. Sabe que o viver comporta o morrer. Conhece a passagem do tempo como uma experiência dinâmica que tende ao morrer. A consciência da mortalidade leva a pessoa ao desejo de imortalidade. Os animais desejam sobreviver, querem viver e resistem aos desafios que levam ao findar. Os seres humanos, mais do que sobreviver não querem morrer. É uma inquietude que permanece no coração humano, refratando as hipóteses de um dia não mais existir. A questão emergente é como saborear o tempo limitado que a vida oferece para alguém realizar-se em sua existência.  Se por um lado há uma melhor qualidade de vida do que num passado recente, graças ao conforto tecnológico e aos conceitos de vida saudável, por outro lado, cresce o número de excluídos num mundo globalizado e surpreende-nos tanto as catástrofes naturais as quais não temos total controle, quanto o terrorismo e a violência urbana que explodem pelo planeta. Diante da insegurança, da vulnerabilidade e do medo, crescem as limitações de uma vida livre e feliz.  

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

Bispo dos EUA pede retorno à abstinência de carne às sextas-feiras

Dom Borys Gudziak ontem (13) na reunião anual de outono da USCCB em Baltimore, no Estado de Maryland, EUA. | Captura de tela - USCCB

Por Zelda Caldwell

14 de nov de 2024

Um bispo dos EUA pediu ontem (13) à Conferência dos Bispos Católicos dos Estados Unidos (USCCB, na sigla em inglês) que ajude a reviver a abstinência de carne às sextas-feiras como uma forma de comemorar o próximo décimo aniversário da encíclica Laudato Si' , sobre o meio ambiente, publicada pelo papa Francisco em 2015.

O arcebispo metropolitano da arquieparquia católica ucraniana da Filadélfia, Pensilvânia, dom Borys Gudziak, presidente do comitê de Justiça Doméstica e Desenvolvimento Humano da USCCB, comitê encarregado de promover a doutrina social da Igreja, falou ontem (13) sobre isso na reunião anual de outono da USCCB em Baltimore, no Estado de Maryland.

Em 1966, a USCCB (então chamada de Conferência Nacional de Bispos Católicos) removeu a obrigação dos fiéis de se absterem de carne nas sextas-feiras, exceto na Quaresma. A tradição de jejuar nas sextas-feiras tem origem na Igreja primitiva, mas foi codificada na lei canônica em 1917.

“Poderíamos renovar a tradição da abstinência de carne na sexta-feira”, disse dom Gudziak. “Um retorno à abstinência de sexta-feira seria bom para a alma e para o planeta, talvez para outra coisa, ao unir nossa devoção ao Senhor e reverência pela criação do Senhor”.

O arcebispo disse que, em 2011, a Conferência Episcopal da Inglaterra e de Gales (CBCEW, na sigla em inglês) introduziram a prática pré-concílio Vaticano II, inspirada por uma visita pastoral à Inglaterra do papa Bento XVI, que dom Gudziak disse ser conhecido como o “papa verde” por sua ênfase na importância de cuidar da criação.

Reintroduzir o jejum às sextas-feiras também aproximaria a Igreja Católica Romana de seus irmãos orientais, disse o arcebispo.

“Além disso, o jejum pode ser uma oportunidade para o engajamento sinodal, explorando práticas antigas no rito latino, como os dias de Têmporas ou os jejuns do Advento, e outras ricas práticas cristãs orientais entre católicos e outros”, disse dom Gudziak.

Além do jejum, dom Gudziak sugeriu que os católicos honrassem o sábado e recorressem ao sacramento da eucaristia.

“Em um mundo de trabalho e estímulo constantes, com fotos, telas e gadgets sempre presentes, em essência, nosso mundo não descansa e tem dificuldade com o lazer. Talvez, providencialmente, 2025 memorialize não apenas a Laudato Si' , mas também o jubileu, um ano especial enraizado no descanso do Sabbath”, disse o arcebispo.

“Nosso mundo hiperativo anseia pelo Sabbath, que é expresso na Eucaristia dominical quando o Senhor faz todas as coisas novas”, disse dom Guziak. “Sobre esse tema, eu sugeriria esforços centrados na contemplação da criação, lazer e celebração. Isso poderia levar a uma peregrinação a um santuário local significativo, basílica ou sítio ecológico em sua diocese ou eparquia que evoque a maravilha da criação de Deus”.

O arcebispo sugeriu que a USCCB considere celebrar uma missa especial para o cuidado da criação na festa de são Francisco ou “pregar sobre a união da criação e do divino na Eucaristia”.

“Para ser verdadeiramente repousante, tal iniciativa deve ser orientada para os sacramentos e transbordar de celebração e alegria”, disse dom Gudzyak. “O objetivo desta sugestão não é fazer algo, mas experimentar algo, o mistério da presença de Deus nos sacramentos e na criação”.

*Zelda Caldwell é editora de notícias da Catholic News Agency com sede em Washington, D.C. e trabalhou anteriormente como editora de Notícias e Cultura na Aleteia.

Fonte: https://www.acidigital.com/noticia/60065/bispo-dos-eua-pede-retorno-a-abstinencia-de-carne-as-sextas-feiras

quinta-feira, 14 de novembro de 2024

Papa: a defesa da vida deve ser integral, voltada às pessoas e não às ideologias

Papa Francisco durante o almoço com os pobres promovido no Vaticano em 2023  (Vatican Media)

Na mensagem enviada aos participantes do encontro "Bem Comum: Teoria e Prática", organizado pela Pontifícia Academia para a Vida, Francisco enfatiza que a defesa da vida humana deve considerar todas as dimensões sociais e culturais: “A busca pelo bem comum e pela justiça são centrais para proteger as vidas mais frágeis”, destacou o Pontífice, que também ressaltou a importância das vozes femininas na construção de um futuro compartilhado para a humanidade.

Thulio Fonseca - Vatican News

Um dos desafios mais importantes para a sociedade contemporânea é a promoção de uma economia que coloque o bem comum no centro de suas práticas, abrangendo aspectos como saúde, meio ambiente e o futuro da inteligência artificial. Este foi o foco da mensagem do Papa Francisco direcionada aos participantes do evento “Bem Comum: Teoria e Prática”, que ocorre nesta quinta-feira, 14 de novembro, e é promovido pela Pontifícia Academia para a Vida. No texto, lido pelo arcebispo Vincenzo Paglia, presidente da Academia, o Papa reforçou que "a fraternidade universal é uma forma pessoal e calorosa de entender o bem comum".

Francisco enfatizou que o bem comum não deve ser apenas uma ideia ou projeto político, mas uma prática concreta baseada na acolhida fraterna e na busca compartilhada pela verdade e pela justiça. No mundo atual, marcado por conflitos e divisões, torna-se essencial retomar o bem comum como um dos pilares da doutrina social da Igreja. O Santo Padre também mencionou a necessidade de “teorias econômicas sólidas” que integrem esse princípio de forma a guiar as decisões políticas, como destacou em sua Encíclica Laudato Si’.

A “contaminação” das ideologias

Para o Papa Francisco, é crucial que a busca pelo bem comum e pela justiça não seja contaminada por ideologias que possam afastar o foco das pessoas e da realidade concreta. O Pontífice também alertou para o risco de uma defesa da vida que se limite a princípios abstratos, ignorando o cotidiano e as necessidades reais dos mais vulneráveis. Quando a proteção da vida se torna apenas uma bandeira ideológica, corre-se o risco de cair na tentação de defender mais ideias do que pessoas concretas, prejudicando a construção de uma sociedade verdadeiramente justa e inclusiva.

Importância das vozes femininas e da diversidade cultural

Outro ponto destacado pelo Papa foi a presença de duas mulheres com papéis de liderança no evento: a professora Mariana Mazzucato, da University College London e membro da Pontifícia Academia para a Vida, e a primeira-ministra de Barbados, Mia Mottley. Segundo o Pontífice, “precisamos ouvir vozes femininas e permitir que culturas de todo o mundo expressem suas necessidades e contribuam para uma reflexão ampla e sábia sobre o futuro da humanidade”. A inclusão dessas perspectivas é essencial para o que o Papa chamou de “pensar e gerar um mundo aberto”, em consonância com sua Encíclica Fratelli tutti.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Na Missa você lê ou ouve a Palavra de Deus?

Pascal Deloche

Valdemar de Vaux - publicado em 13/11/24

Na Missa, durante a liturgia da Palavra, muitos fiéis leem os textos ao mesmo tempo que são proclamados. Os outros tentam ouvir as leituras.

A liturgia permite-nos ouvir muito, especialmente a Palavra de Deus; Isto acontece na missa e, desde o Vaticano II, em todos os ritos, desde a bênção do rosário até ao sacramento da reconciliação e em todos os ofícios quotidianos.

A escuta ocupa um lugar especial na nossa tradição espiritual. Basta pensar no “ Shemá ”, a oração do povo hebreu, que é também um mandamento, uma atitude primária que deve ser adotada e sempre feita nossa: “Ouve, Israel: o Senhor, nosso Deus, é o apenas um." ( Dt 6,4 ).

Podemos pensar também na primeira palavra da Regra de São Bento , que promete ser impressionantemente fecunda: “Ouve, meu filho”. Até a psicologia atual insiste na importância da escuta, descrita como “ativa” ou “benevolente” e associada a tantos “benefícios”.

No entanto, alguns fiéis gostam de ouvir – mas será mesmo possível? - lendo o texto proclamado na folha da Missa, num Magnificat ou mesmo… no seu telefone.

O mistério da Encarnação

Este costume, que em si não é mau, tende a ofuscar o essencial: «O Verbo se fez carne e habitou entre nós» ( Jo 1, 14 ).

O prólogo do Evangelho de João, lido na missa matinal de Natal, proclama solenemente que o cristianismo não é uma religião de livros, mas a fé numa só pessoa, Cristo.

A veneração e o uso das Escrituras, por melhores que sejam, estão ordenados ao encontro de cada pessoa com Deus.

Assim, na liturgia da Palavra, durante a Eucaristia, Deus está presente. Principalmente durante a proclamação (e não a leitura) do Evangelho, razão pela qual a congregação se mantém de pé.

Podemos nós mesmos estar presentes olhando para um pedaço de papel ou para um telefone? A resposta não é óbvia, mas deve ser perguntada, para que tenhamos mais uma vez consciência do valor deste momento essencial.

João, ainda na sua primeira carta, refere-se à transmissão da fé dos apóstolos aos seus sucessores e discípulos. A frase foi retomada pelo Concílio Vaticano II para introduzir a Constituição Dogmática sobre a Revelação Divina:

“Nós vos anunciamos o que era desde o princípio, o que ouvimos, o que vimos com os nossos olhos, o que contemplamos e o que as nossas mãos tocaram com a Palavra da vida” ( 1 Jo 1, 1 e Dei Verbum § 1).

Também neste caso não se trata de um texto para meditar, mas sim de um encontro sensível.

Leia primeiro, ouça depois

Obviamente, ler os textos do dia ajuda a assimilá-los, manter a concentração e prestar mais atenção aos detalhes ao ouvi-los. Portanto, ouvir pode ser mais benéfico, mas ler pode não ser concomitante. Por que não ler os textos na véspera ou pela manhã, para acordar, como o profeta, com a Palavra (cf. Is 50,4 )?

Qualquer que seja o meio escolhido para escutar cada vez mais o Senhor, a Apresentação Geral do Lecionário Romano recorda-nos que o Espírito Santo é o único dono das palavras que Ele mesmo inspirou e inscreveu no coração dos fiéis:

“A Palavra de Deus proclamada sem cessar na liturgia é sempre viva e eficaz pela força do Espírito Santo” (§ 4).

O Espírito Santo é também o único mestre da sua tradução em ações, pois se Deus falou aos homens, é para que estes se dirijam a Ele e aos outros: «Visto que o próprio Deus comunica a sua palavra, espera sempre uma resposta, que é a escuta. e adoração […].

O Espírito Santo, de fato, torna eficaz esta resposta, para que também as palavras ouvidas na ação litúrgica ganhem vida, segundo este ensinamento: “Ponham em prática a Palavra e não se contentem apenas em ouvi-la”. ( Tiago 1:22 )" (§ 6).

Fonte: https://es.aleteia.org/2024/11/13/en-misa-lees-o-escuchas-la-palabra-de-dios

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF