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sábado, 23 de novembro de 2024

Publicada uma nova edição do livro litúrgico para as exéquias do Papa

Publicação da segunda edição típica do Ordo Exsequiarum Romani Pontificis. (Vatican News)

Francisco o aprovou em abril passado e foi elaborado pelo Departamento das Celebrações Litúrgicas do Sumo Pontífice. O arcebispo Diego Giovanni Ravelli: “O rito renovado destaca que o funeral do Romano Pontífice é o de um pastor e discípulo de Cristo e não de um poderoso deste mundo”.

Vatican News

O Departamento das Celebrações Litúrgicas do Sumo Pontífice supervisionou a redação e publicação da segunda edição típica do Ordo Exsequiarum Romani Pontificis, aprovada em 29 de abril de 2024 pelo Papa Francisco, que recebeu o primeiro exemplar do volume impresso no passado dia 4 de novembro. Entre as novidades introduzidas está a constatação da morte não mais no quarto do falecido, mas na capela, a deposição imediata dentro do caixão, a exposição do corpo do Papa à veneração dos fiéis já dentro do caixão aberto, a eliminação dos tradicionais três caixões de cipreste, chumbo e carvalho. O livro litúrgico é apresentado como nova edição do anterior, o editio typica do Ordo Exsequiarum Romani Pontificis aprovado em 1998 por São João Paulo II e publicado em 2000, que foi utilizado nas exéquias do próprio Pontífice em 2005 e, com adaptações, naquelas do Papa emérito Bento XVI em 2023. «Fez-se necessária uma segunda edição – explicou arcebispo Diego Ravelli, Mestre das Celebrações Litúrgicas dos Pontífices - antes de tudo porque o Papa Francisco pediu, como ele mesmo declarou em diversas ocasiões, para simplificar e adaptar alguns ritos de forma que a celebração das exéquias do Bispo de Roma expressasse melhor a fé da Igreja em Cristo Ressuscitado... O rito renovado, ademais, deveria enfatizar ainda mais que o funeral do Romano Pontífice é o de um pastor e discípulo de Cristo e não de uma pessoa poderosa deste mundo."

Continuidade e novidade

O Departamento das Celebrações Litúrgicas, com a assessoria de vários especialistas, procedeu assim a uma revisão aprofundada de todo o livro, intervindo posteriormente no léxico, nos textos litúrgicos e nos ritos individuais, adequando todo o ritual à nova Constituição. Prædicate Evangelium de março de 2022 que, embora mantendo em vigor o ofício do Camerlengo, extingue a Câmara Apostólica. Foram mantidas as três “estações” clássicas, aquela na casa do falecido, a na Basílica Vaticana e no local da sepultura. «No entanto - explica ainda o arcebispo Ravelli - a estrutura interna das estações e os textos foram revistos à luz da experiência amadurecida com as exéquias de São João Paulo II e Bento XVI, da atual sensibilidade teológica e eclesial e dos livros litúrgicos recentemente renovados". Entre as inovações mais relevantes, a simplificação dos títulos pontifícios: foi retomada a terminologia utilizada na terceira edição do Missale Romanum (2008), ou seja, as denominações de Papa, de Episcopus [Romæ] e de Pastor, enquanto nas notas introdutórias gerais e nas rubricas optou-se pela expressão Romanus Pontifex, em conformidade com o título do livro litúrgico. Na tradução italiana foi retomado o léxico utilizado na segunda edição do Rito delle Esequie (2010) editado pela Conferência Episcopal Italiana, a partir da qual foi atualizada grande parte da terminologia na versão italiana do Rito, por exemplo preferindo o termo féretro para indicar o corpo já fechado no caixão. «A estrutura do novo Ordo – acrescenta o Mestre das Celebrações papais – foi simplificada com a revisão ou eliminação de diversos elementos rituais difíceis de coordenar ou considerados no momento inadequados. Além disso, cada sequência ritual ficou mais clara e precisa, assim como foram melhor definidas as competências e os papéis daqueles que estão envolvidos na preparação e execução dos ritos”.

As três “estações”

A primeira estação «na casa do defunto» prevê as novidades da confirmação do óbito na sua capela privada, e não no quarto, e a deposição do corpo em um único caixão de madeira e naquele interno de zinco, antes de ser trasladado para a Basílica. Foi eliminada a primeira trasladação para o Palácio Apostólico. São melhor precisadas algumas passagens, remodelando também a segunda estação: como a deposição no caixão já ocorreu após a confirmação da morte, na noite anterior à Missa exequial se procede ao seu fechamento. A segunda estação «na Basílica Vaticana» considera uma única trasladação em São Pedro, o fechamento do caixão e a Missa exequial. Na Basílica Vaticana, o corpo do Papa falecido é exposto diretamente no caixão e "não mais sobre um alto esquife", além disso, em conformidade com o que estabelece o Cæremoniale Episcoporum para as exéquias do bispo diocesano, durante esta exposição não será colocado ao lado do caixão o pastoral papal. Por fim, a terceira estação “no local da sepultura” inclui a trasladação do féretro para o túmulo e o sepultamento. «Esta estação – explica Ravelli – sofreu uma significativa racionalização devido à eliminação da deposição e fechamento do caixão de cipreste em um segundo de chumbo e em um terceiro de carvalho ou outra madeira». Outro elemento novo consiste na introdução das indicações necessárias para o eventual sepultamento em um local diferente da Basílica Vaticana.

Revisão aprofundada dos textos

A nova edição do Ordo Exsequiarum Romani Pontificis foi submetida a uma revisão aprofundada também no que diz respeito aos textos rubricais, eucológicos e bíblicos. Em particular, foi necessário conformar as orações latinas com a terceira edição típica do Missale Romanum de 2008 e à tradução bíblica da Nova Vulgata, enquanto a tradução italiana foi conformada com a terceira edição do Missal Romano de 2020 e do Lecionário da CEI em vigor desde 2008 «Para deixar maior liberdade na escolha do repertório a ser seguido - acrescenta o arcebispo Ravelli - preferiu-se eliminar a notação musical, inserindo porém referências específicas às páginas do Graduale Romanum de 1979, enquanto livro litúrgico oficial livro de canto da Igreja romana. Também neste caso, os textos dos salmos foram conformados com a Nova Vulgata». Foram corrigidos erros de natureza tipográfica e foi melhorada a correspondência de algumas traduções com o original latino. Foi atualizada a Ladainha dos Santos, cantada durante os ritos fúnebres em duas ocasiões: durante a transladação do corpo do Papa para a Basílica, na forma mais longa, e durante a tradicional súplica da Igreja de Roma, no final da Missa exequial, para a qual foi escolhida a forma abreviada. Foram incluídos todos os santos celebrados com grau de festa ou memória obrigatória, indicados no Calendário geral, e completados com a inclusão de todos os santos Papas presentes no Calendário geral com o grau de memória facultativa e de alguns santos da Igreja de Roma.

Os “novendiais”

Um quarto e último capítulo do livro litúrgico é dedicado às disposições para as novendiais, ou seja, as Missas em sufrágio do Papa falecido celebradas durante nove dias consecutivos a partir da Missa exequial. No ritual são citadas quatro - e não mais três - formas de oração à escolha, enquanto foram retomadas todas aquelas oferecidas pelo Missale Romanum pelo Papa falecido e aquela pelo bispo diocesano falecido. Diferentemente da edição anterior, são omitidos os textos do Lecionário, do qual são oferecidas apenas as indicações bíblicas. Por fim, esta nova edição não apresenta o consistente apêndice com o ordinário da Missa, as coletâneas de salmos penitenciais e graduais e os cantos do ordinário em a notação gregoriana. «O Ordo Exsequiarum Romani Pontificis - conclui o Mestre das Celebrações papais - não é pensado como um “missal plenário”, mas sim como um Ordo no sentido próprio do termo, que contém as indicações rituais, o desenvolvimento de ritos e os textos próprios, mas para todo o resto refere-se aos livros litúrgicos em uso, nomeadamente o missal, o lecionário e o gradual. O resultado é, portanto, um volume mais ágil, de fácil consulta e preciso nas indicações rituais, instrumento essencial para a preparação e celebração das exéquias do discípulo de Cristo escolhido como sucessor de Pedro»..

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

sexta-feira, 22 de novembro de 2024

Santa Cecília

Coro na missa de posse de dom Gregório Paixão, em Fortaleza | Laércio Peixoto ( Arquidiocese de Fortaleza)

No dia de santa Cecília, perguntamos como vai a música litúrgica no Brasil hoje

Por Monasa Narjara*

22 de nov de 2024

Hoje a Igreja celebra santa Cecília, a nobre romana que converteu seu marido, preservou sua virgindade e, junto com ele, foi martirizada no século II ou III. Forçada a se casar com um pagão, Cecília, no dia de seu casamento, manteve-se à parte cantando, de improviso a Deus. Por isso, ela é a padroeira dos músicos.

Assim como foi para a santa Cecília em seu casamento, a música na missa “deve ajudar os fiéis a elevar a mente e o coração para Deus”, disse o liturgista da arquidiocese de Fortaleza, padre Rafhael Maciel a ACI Digital, citando o papa são Pio X.

São Pio X, em sua luta contra o modernismo na Igreja, escreveu em sua encíclica Tra le sollicitude (Dentre as preocupações), de 1903, querer que “a música sacra seja cultivada com especial cuidado no modo devido nos seminários e faculdades eclesiásticas de Roma”.

Assim, para o padre Maciel, a música litúrgica é “ao mesmo tempo também “ritual”.

“Deve ser executada de tal modo que, quem a executa não tome o lugar da assembleia, não seja uma apresentação artística, mas seja um modo de execução que leve o fiel ‘a se sintonizar’ com o Divino, com Deus, com Nosso Senhor”.

Para o mestre e doutor em música, Delphim Rezende Porto, professor de música sacra e litúrgica e maestro da catedral de São Paulo, “o maior zelo que um artista sacro pode desenvolver em relação à Igreja e ao canto litúrgico é de nunca se contentar com a mera qualidade técnica do que faz”. Para ele, “qualquer música que pretenda acompanhar o rito da missa deve ser uma música ligada estreitamente à cena ritual, de modo que não haja distinção entre a oração e a música”.

“É muito importante a formação técnica, contudo, não se pode haver uma verdadeira música litúrgica sem que o espírito do artista esteja realmente conectado ao que pede a Igreja e o seu magistério desde os tempos apostólicos, que não é apenas produzir melodias afinadas e harmonias corretas, mas sim congregar os irmãos e favorecer a disseminação da Palavra de Deus através da música”, disse o musicista a ACI Digital.

 Imagem ilustrativa. Shutterstock/Zvonimir Atletic

Aspectos da música litúrgica

Padre Rafhael Maciel disse que nem todo canto religioso é litúrgico. “Muitas vezes um canto religioso é catequético, mas não é litúrgico”, como “muitos cantos por exemplo, do padre Zezinho e de outros grandes autores católicos”, destacou o liturgista.

“Os critérios do canto” litúrgico, segundo padre Rafhael “é que, primeiro ele esteja de acordo” com “os livros rituais (missal), inclusive com as letras” e que tenha a “inspiração a partir dos livros litúrgicos aprovados”. “Por exemplo, o hino de louvor segue a letra do hino de louvor e, é claro, nós temos que encontrar também algum ritmo que se encaixe e que não destoe da solenidade ou do ritual”.

O sacerdote ainda explicou que a música litúrgica tradicional “são cantos feitos apropriadamente para a liturgia” e “provém do canto gregoriano e tem nele sua inspiração”, mas também é “aquilo que está no nosso hinário litúrgico”. Ele ressaltou que, a Sacrosanctum Concilium, primeira constituição apostólica aprovada pelo Concílio Vaticano II e que deu origem à reforma da liturgia, “mantém o canto gregoriano como canto litúrgico para missa, mas, dando abertura para as adaptações”. Essas orientações, “nesse exato momento que nós estamos vivendo, tem sido um pouco mais pensadas aqui no Brasil”, segundo Maciel. “Tem muita gente boa trabalhando com a o auxílio de muitos bispos diocesanos para incrementar bem as orientações de Sacrosanctum Concilium”.  

Limites na música litúrgica

Segundo Delphim Porto, “o limite ou a baliza para a música litúrgica deve ser sempre a qualidade artística que é intrínseca à exigência ritual que ela possui”. Ele acha que a música deve “ser suficientemente simples para que todas as pessoas, das mais ilustradas e cultas às mais simples e mais humildes, possam participar igualmente do louvor divino”.

“Hoje, penso que tudo aquilo que leva a música litúrgica a se configurar ao que a indústria cultural coloca como padrão, me parece que esteja inadequado”, diz o músico.

O liturgista da arquidiocese de Fortaleza também acredita “que existe limite sim” e que, na música litúrgica, “não se pode usar tudo e fazer tudo”.

“Por exemplo: um rock, um samba, um forró não são ritmos apropriados para que a gente cante na liturgia”, disse. “Inclusive, a própria letra do canto se perde no meio digamos assim, da batucada dos instrumentos. Então, claro que existem limite sim, naquilo que pode ser aceitável como música litúrgica”.

“É preciso aprender que a liturgia não pode ser uma liturgia personalista, principalmente no canto. Mas que, a liturgia precisa seguir aquilo que a igreja nos orienta”, como “a Sacrosanctum Concilium nos orienta desde a reforma do Concílio Vaticano II”, advertiu o padre.

Órgão de tubos. Delphim Rezende Porto

Cantos tradicionais nas missas

Embora o canto gregoriano e a polifonia sacra tradicional da liturgia católica estejam “um pouco esquecidos, padre Maciel vê melhoras na música litúrgica do Brasil. “Hoje, nós temos escutado muitos bonitos coros diocesanos e até paroquiais que têm retomado o estilo da polifonia sacra”, que “tem dado uma entonação muito mais bonita nas nossas missas”.

Para Delphim Porto, “o canto gregoriano, a polifonia sacra, devem ser avaliados a partir de um contexto mais estrito de uso litúrgico e ritual, e não apenas como um grande adorno museológico ou de arqueologia, mas sim, como o grande repertório sacro que se desenvolveu e legou à Igreja latina um verdadeiro patrimônio que foi resguardado por tantos séculos”.  

Para o musicista, “a música em nossas paróquias precisa ser orientada por um sentido genuinamente pastoral, em vez de buscar títulos que expressem algo extraordinário ou desvinculado desse objetivo”.

*Monasa Narjara é jornalista da ACI Digital desde 2022 e foi jornalista na Arquidiocese de Brasília entre 2014 a 2015.

Fonte: https://www.acidigital.com/noticia/60159/no-dia-de-santa-cecilia-perguntamos-como-vai-a-musica-liturgica-no-brasil-hoje

Os sinos de Assis tocam para celebrar a canonização de Carlo Acutis

O corpo de Carlo Acutis está exposto no Sanctuaire de la Spoliation, église sainte Marie Majeure, em Assise | ALETEIA I MR

Isabella H. de Carvalho - publicada em 21/11/24

“Assis se alegra com esta importante notícia” da canonização de Carlo Acutis em 27 de abril de 2025, afirma o Arcebispo de Assis, Domenico Sorrentino.

No dia 20 de novembro, o toque dos sinos das igrejas ecoou pelas ruas de Assis para celebrar o anúncio do Papa Francisco , durante a audiência geral, de que o Beato Carlo Acutis será canonizado como santo no dia 27 de abril de 2025, durante o Jubileu da Adolescente em Roma.

O túmulo do jovem está localizado no Santuário da Renúncia de Assis, que faz parte da Igreja de Santa María la Mayor.

“Assis se alegra com esta importante notícia que nos permite caminhar para o dia da canonização do Beato Carlo Acutis com todo o entusiasmo necessário e boa preparação”, declarou Domenico Sorrentino, arcebispo de Assis-Nocera Umbra-Gualdo Tadino e Foligno, em um comunicado de imprensa publicado em 20 de novembro.

“Sinto que este é um momento de graça para a nossa Igreja, para a Igreja na Itália e para o mundo inteiro. A Igreja e especialmente os jovens sentem que Carlo é um raio de luz, como o foram São Francisco e Santa Clara, em cujos passos ele veio para se santificar e agora descansa.

Diocese de Assis-Nocera Umbra-Gualdo Tadino | ALETEIA

"Verdadeiramente original"

Era realmente um original, não uma fotocópia. Queria conformar-se plenamente com Jesus, ser sorriso de Deus e ímã de santidade para os jovens”, continuou o Arcebispo. “Graças ao Santo Padre Francisco, graças sobretudo ao Senhor porque com Carlo ele está fazendo grandes coisas. ."

“Compartilhamos nossa alegria com o pai [de Carlo], Andrea, a mãe, Antônia, a irmã, Francesca, e o irmão, Michele. É lindo que Carlo aponte a família como caminho para a santidade”, concluiu.

Diocese de Assis-Nocera Umbra-Gualdo Tadino | ALETEIA

Carlo Acutis (1991-2006), um entusiasta da informática que colocou as suas competências ao serviço da evangelização, morreu de leucemia em 2006, aos 15 anos.

Foi proclamado venerável apenas 12 anos após a sua morte, em 2018, e depois reconhecido beato em 2020, depois de um milagre ter sido atribuído à sua intercessão.

Inicialmente sepultado não muito longe de Milão, de onde é originário, o seu corpo foi trasladado para Assis, respondendo ao desejo de estar próximo da figura de São Francisco, que apreciava especialmente.

Em 23 de maio de 2024, o Papa Francisco aceitou um decreto atribuindo um segundo milagre à intercessão de Carlos, abrindo caminho para a sua canonização.

2 novos jovens santos

Durante a audiência geral de 20 de novembro, o Papa Francisco anunciou que dois jovens beatos italianos, cujas datas de canonização eram aguardadas com grande expectativa, serão proclamados santos em 2025: Carlo Acutis e Pier Giorgio Frassati (1901-1925).

Pier Giorgio Frassati será proclamado santo diante de milhares de jovens durante o Jubileu da Juventude que será celebrado em Roma, de 28 de julho a 3 de agosto. A data exata ainda não foi confirmada, mas acredita-se que seja domingo, 3 de agosto.

Frassati era um entusiasta do montanhismo que dedicou sua vida a servir os pobres antes de morrer de poliomielite aos 24 anos. Embora um segundo milagre seja normalmente necessário para que um beato seja reconhecido como santo, no caso de Frassati parece que o Papa Francisco aprovou a sua canonização no próximo verão, antes de um decreto ter sido publicado oficialmente reconhecendo outro milagre atribuído a ele.

Fonte: https://es.aleteia.org/2024/11/21/las-campanas-de-asis-repican-para-celebrar-la-canonizacion-de-carlo-acutis

O “problema” da bebida?

O problema da bibida alcoólica (Veritatis Splendor)

22 de setembro de 2020

O “problema” da bebida?

  • Autor: Pe. Arthur W. Terminiello
  • Fonte: Livro “The 40 Questions Most Frequently Asked about the Catholic Church by Non-Catholics” (1956) / Site “Una Fides, One Faith” (http://net2.netacc.net/~mafg)
  • Tradução: Carlos Martins Nabeto

– Como a Igreja Católica tolera bebida [alcoólica]?

A Igreja não tolera mais o beber EXCESSIVAMENTE do que permite o excesso em qualquer outra coisa. As ações humanas são divididas em três categorias: boa, ruim e indiferente. Ações indiferentes são aquelas que podem tornar-se boas ou más, dependendo do uso ou abuso delas. Por exemplo, comer é um ato indiferente. Torna-se bom quando é feito com a finalidade de manter saúde e vigor. Torna-se pecaminoso – gula – quando é feito em excesso. O mesmo acontece com jogos de azar, fumo, dança e muitas outras ações indiferentes.

Beber pode ser bom se for feito por razões de saúde ou recreação inocente. Seu abuso ou embriaguez é sempre mau e pecaminoso.

As Escrituras não condenam a bebida como tal. Na Bíblia, calcula-se que existam 117 referências a beber como algo bom. Temos um exemplo disso em São Paulo, que recomendou beber. Escrevendo para Timóteo, ele diz:

  • “Não beba água, mas use um pouco de vinho por causa do teu estômago e por tuas frequentes enfermidades” (1Timóteo 5,23).

Nosso Senhor foi acusado pelos fariseus de ser um homem “glutão e bebedor de vinho” (Mateus 11,19). Também na festa de casamento de Caná, o próprio Senhor transformou a água em vinho. Ele realizou um milagre para que aqueles que ali estivessem pudessem beber vinho. Certamente não podemos acusar Nosso Senhor de fazer algo que seria pecaminoso. Portanto, o consumo de bebidas alcoólicas é um ato indiferente; torna-se mau por abuso e por excesso.

Fonte: https://www.veritatis.com.br/o-problema-da-bebida/

Papa: homilias breves e bem preparadas

Papa Francisco (Vatican Media)

Na catequese da Audiência Geral desta quarta-feira, o Papa Francisco recomendou que as homilias das Missa sejam breves, bem preparadas - com a oração - e que não tenham mais de 10 minutos.

Cidade do Vaticano

Dando continuidade a sua série de catequeses sobre a Santa Missa, o Papa Francisco falou na Audiência Geral desta quarta-feira sobre “o Evangelho e a homilia”, ressaltando que a homilia não deve ter mais de dez minutos.

O diálogo entre Deus e o seu povo, que tem lugar na Liturgia da Palavra, alcança a sua plenitude na proclamação do Evangelho, que é precedida pelo canto do Aleluia ou, na Quaresma, por outra aclamação, na qual “a assembleia dos fiéis acolhe e saúda o Senhor que está para falar no Evangelho”.

O Evangelho, de fato, é a luz que ajuda a entender o sentido dos demais textos bíblicos proclamados na Missa, explicou o Papa; por isso é objeto de uma veneração particular: somente um ministro ordenado pode proclamá-lo, que ao final beija o livro.

Os fiéis ficam de pé para escutá-lo e fazem o sinal da cruz na testa, na boca e no peito. As velas e o incenso honram Cristo que, mediante a leitura evangélica, faz ressoar a sua eficaz palavra”.

Precisamente deste sinais “a assembleia reconhece a presença de Cristo que dirige a “boa nova” que converte e transforma”.

“É um discurso direto aquele que acontece” como comprovam as aclamações com que se responde à proclamação: “Graças a Deus” e “Glória a vós Senhor”.

Nós nos levantamos para ouvir o Evangelho, mas é Cristo que nos fala ali. E por isto nós estamos atentos, porque é uma conversa direta. É o Senhor que nos fala”:

Portanto, na Missa não lemos o Evangelho  - estejam atentos a isto - para saber como foram as coisas, mas ouvimos o Evangelho para tomar consciência que aquilo que Jesus fez e disse uma vez, e aquela Palavra é viva, a Palavra de Jesus que está nos Evangelhos é viva e chega ao meu coração. Por isto escutar o Evangelho é tão importante, com o coração aberto, porque é Palavra viva”.

Como dizia Santo Agostinho,  “a boca de Cristo é o Evangelho - “bonita imagem!” - Ele reina no céu, mas não deixa de falar na terra”.

“Se é verdade que na Liturgia “Cristo anuncia ainda o Evangelho, então, participando da Missa, devemos dar uma resposta. Nós ouvimos o Evangelho e devemos dar uma resposta na nossa vida”.

A homilia

E, para fazer chegar a sua mensagem ao seu povo, Cristo também se serve da palavra do sacerdote durante a homilia:

Vivamente recomendada desde o Concílio Vaticano II como parte da própria Liturgia, a homilia está longe de ser um discurso de circunstância, tampouco uma catequese como esta que estou fazendo agora, nem uma conferência, nem mesmo uma aula. A homilia é outra coisa. O que é a homilia?”:

É  “retomar aquele diálogo que já está aberto entre o Senhor e seu povo, para que encontre cumprimento na vida. A exegese autêntica do Evangelho é a nossa vida santa!”.

Neste sentido o Papa recordou o que havia dito na última catequese, de que “a Palavra do Senhor entra pelos ouvidos, chega ao coração e vai até as mãos, às boas obras. E também a homilia segue a Palavra do Senhor e também faz este percurso para nos ajudar para que a Palavra do Senhor chegue às mãos, passando pelo coração”.

Eu já tratei do tema da homilia na Exortação Evangelii Gaudium, onde recordava que o contexto litúrgico “exige que a pregação oriente a assembleia, e também o pregador, para uma comunhão com Cristo na Eucaristia que transforme a vida”:

Quem profere a homilia deve realizar bem o seu ministério. Aquele que prega, o sacerdote, o diácono, o bispo, oferecendo um real serviço a quem participa da Missa, mas também aqueles que ouvem devem fazer a sua parte. Antes de tudo prestando a devida atenção, assumindo, isto é,  as justas disposições interiores, sem pretensões subjetivas, sabendo que cada pregador tem méritos e limites”.

“Se às vezes existem motivos para chatear-se pela homilia longa ou não focada ou incompreensível, outras vezes é, pelo contrário, o preconceito a ser o obstáculo”.

O Papa observou que quem faz a homilia, “deve estar consciente de que não está fazendo uma coisa própria, está pregando, dando voz a Jesus. Está pregando a Palavra de Jesus”:

E a homilia deve ser bem preparada, deve ser breve, breve! Um sacerdote me dizia que uma vez havia ido a outra cidade onde viviam os pais. E seu pai lhe disse: Sabes, estou contente, porque com os meus amigos encontramos uma igreja onde tem Missa sem homilia!”.

“E quantas vezes - observou Francisco – nós vemos que na homilia alguns dormem, outros conversam ou saem para fumar um cigarro. Por isto, por favor, que seja breve a homilia, mas que seja bem preparada”.

“E como se prepara uma homilia, queridos sacerdotes, diáconos, bispos? Como se prepara?”, pergunta o Papa.

Com a oração, com o estudo da Palavra de Deus e fazendo uma síntese clara e breve, não deve ir além de 10 minutos, por favor”.

Ao concluir, o Papa recordou que na Liturgia da Palavra, por meio do Evangelho e da homilia, Deus dialoga com o seu povo, que o escuta com atenção e veneração e, ao mesmo tempo, o reconhece presente e operante.

Assim, se nos colocarmos na escuta da “boa nova”, por ela seremos convertidos  e transformados, portanto, capazes de mudar nós mesmos e o mundo. Por quê? Porque a Boa Nova, a Palavra de Deus entra pelos ouvidos, vai ao coração e chega ás mãos para fazer as boas obras”.

Saudação aos peregrinos brasileiros

Ao final, o Papa Francisco saudou os peregrinos de língua portuguesa presentes na Sala Paulo VI, em particular os seminaristas da Administração Apostólica São João Maria Vianney, acompanhados pelo seu Bispo, Dom Arêas Rifan.

Queridos amigos, na preparação de vocês para o Ministério Ordenado, de bom grado façam da Bíblia o alimento diário do diálogo de vocês com o Senhor, para que, quando forem enviados a proclamar esta Palavra divina, as pessoas encontrem na vida de vocês o testemunho mais eloquente da sua eficácia. Obrigado pela visita e rezem por mim”.

Confira as dicas do Santo Padre!

https://youtu.be/naHVKeCLzSY

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Um sinal de esperança e compromisso

Pobreza é consequência do egoísmo, destaca o Papa Francisco (cancaonova)

UM SINAL DE ESPERANÇA E COMPROMISSO 

Cardeal Orani João Tempesta
Arcebispo do Rio de Janeiro (RJ)
 

Nesta semana, tivemos a honra de receber no Rio de Janeiro o Eminentíssimo Senhor Cardeal Pietro Parolin, Secretário de Estado do Vaticano, que representou o Santo Padre, o Papa Francisco, na Cúpula do G20. Sua presença é um gesto de como a Igreja se empenha em dialogar com o mundo, contribuindo de forma eloquente com sua voz profética em prol da justiça, da paz e da solidariedade. Na semana passada ele esteve na COP 29 no Azerbaijão também no diálogo com a sociedade mundial. 

O Cardeal Parolin não apenas traz consigo a presença do Papa Francisco, mas também carrega as preocupações do Sumo Pontífice expressas em sua mensagem às autoridades reunidas nesta Cúpula.  

A carta do Papa Francisco que o Cardeal Parolin leu na cúpula do G20 é uma verdadeira convocação ao compromisso global contra a fome e a pobreza, denunciando as injustiças que afligem milhões de pessoas e clamando por soluções concretas e duradouras. 

Na mensagem enviada ao Presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a todos os participantes do G20, o Papa Francisco relembra o que afirmou na Encíclica Fratelli Tutti“A fome é criminosa, a alimentação é um direito inalienável”. Ele denuncia a contradição de um mundo em que bilhões de pessoas sofrem por falta de alimentos enquanto outras tantas enfrentam problemas relacionados ao excesso. Essa discrepância, fruto de injustiças econômicas e sociais, exige de todos nós uma reflexão profunda e, sobretudo, ações concretas. 

O Santo Padre destaca que a fome não é consequência de escassez de alimentos, mas de sua má distribuição, agravada pela indiferença global e pela especulação financeira que transforma o alimento em mercadoria. Ele faz um apelo claro: “Nenhum esforço deve ser poupado para tirar as pessoas da pobreza e da fome”. 

Para nós, do Rio de Janeiro, a visita do Cardeal Parolin é significativa. Receber um representante tão próximo do Papa em nossa cidade, especialmente no contexto de uma reunião tão importante como o G20, nos enche de alegria e responsabilidade. 

O Rio de Janeiro, como sede dessa Cúpula, se torna palco de discussões globais que têm o potencial de transformar vidas. Como Igreja, pedimos a Deus que ilumine os estadistas presentes, para que suas decisões sejam guiadas por um compromisso sincero com a paz, a fraternidade e a dignidade humana. 

A presença do Cardeal Parolin também reforça nosso compromisso local de trabalhar em favor dos mais vulneráveis. Em nossa Arquidiocese, temos diversas iniciativas que buscam combater a fome, promover a educação e oferecer assistência aos que mais precisam. Essa visita é um chamado para intensificarmos ainda mais nossos esforços, ecoando o clamor do Papa Francisco. 

O Papa Francisco, em sua carta, também nos chama a uma conversão coletiva. Ele denuncia a tragédia dos conflitos armados que, além de ceifar vidas e destruir lares, agravam a fome e a pobreza ao redor do mundo. A cada dia, bilhões de dólares são gastos em armamentos enquanto milhões de pessoas carecem do essencial para viver. 

O Santo Padre propõe uma ideia inspiradora: redirecionar os recursos destinados à guerra para um fundo global contra a fome e a pobreza. Essa proposta, que a Santa Sé já defende há anos, é um testemunho de como o Evangelho pode inspirar soluções concretas e realistas para os problemas do mundo. 

A mensagem do Papa não se limita a um apelo aos governantes. Ela é também um chamado para todos nós. Cada pessoa, cada comunidade, tem um papel a desempenhar na construção de um mundo mais justo. O combate ao desperdício de alimentos, o apoio a iniciativas locais e o engajamento em causas sociais são formas de vivermos essa mensagem no nosso dia a dia. 

Como Igreja, continuaremos promovendo a dignidade humana, oferecendo nossa contribuição específica para o bem comum. Nossas instituições católicas, tanto no Rio de Janeiro quanto ao redor do mundo, são sinais concretos do amor de Deus por todos, especialmente pelos mais pobres. 

A presença do Cardeal Parolin em nossa cidade é um lembrete de que a Igreja não se isola dos problemas do mundo, mas busca ser luz e sal, contribuindo para soluções que respeitem a dignidade de cada pessoa. A mensagem do Papa Francisco, lida durante o G20, é um chamado à responsabilidade e à esperança, lembrando-nos que, juntos, podemos transformar as estruturas de pecado em caminhos de vida. 

Significativas foram as duas Santas Missas presididas pelo Cardeal Pietro Parolin, na Capela São Joaquim, do Palácio Arquiepiscopal São Joaquim, na noite de segunda-feira, dia 18 de novembro, com os representantes da arquidiocese, bispos, padres, diáconos, religiosas, seminaristas e leigos e, na manhã do dia 19 de novembro, com alguns colaboradores mais íntimos, foram momentos em que no Altar do Cordeiro rezamos pelo G20 e para que todas as nações possam vencer a pobreza e a fome. Que o Pão da Vida nos inspire a partilhar o pão nosso de cada dia na mesa de todos os homens e mulheres de boa vontade. 

Nosso agradecimento a Deus pela presença alegre e cativante do Emmo. Sr. Cardeal Pietro Parolin no Rio de Janeiro. Agradecimento extensivo ao Exmo. Dom Giambattista Diquattro, Núncio Apostólico no Brasil, que assomou a legação pontifícia neste evento do G20. 

Peço a todos os fiéis que rezem por este momento tão importante. Que o Espírito Santo inspire para que os líderes reunidos no G20 possam colocar em prática as decisões sábias e corajosas em favor dos que mais sofrem que estão na declaração final. E que nós, como povo de Deus, possamos também fazer a nossa parte, vivendo o Evangelho com generosidade e compromisso. 

Que Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil, interceda por nossa cidade, por nosso país e pelo mundo inteiro. 

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

O Papa: estudar a história com a memória do passado para construir um futuro fraterno

Publicada a carta do Papa Francisco sobre a renovação do estudo da história da Igreja (Vatican Media)

Em um novo documento intitulado “Carta sobre a renovação do estudo da História da Igreja”, Francisco partilha reflexões acerca da importância do estudo da História da Igreja. A mensagem é direcionado aos sacerdotes, especialmente àqueles que estão em formação para as ordens ministeriais, e também aos leigos. “Esta é uma questão que gostaria que fosse tida em consideração na formação dos novos padres, mas também de outros agentes pastorais”.

Fagner Lima – Vatican News

Publicada nesta manhã, 21 de novembro, a carta onde o Papa Francisco demonstra sua preocupação pastoral com a formação dos jovens, especialmente aqueles que se preparam para as ordenações ministeriais em seminários e casas de formação. “O que eu gostaria de sublinhar agora seria mais um convite para que se promova, nos jovens estudantes de teologia, uma verdadeira sensibilidade histórica”, destacou o pontífice.

Importância da sensibilidade histórica

No início de sua mensagem, Francisco destacou a importância do conhecimento profundo e atualizado do passado, “dos vinte séculos do cristianismo que nos precederam”. Deixando em evidência que a História da Igreja ajuda a entender a dimensão histórica do ser humano e da comunidade, para se desenvolver uma “sensibilidade histórica”, permitindo-nos compreender a realidade social e eclesial em sua complexidade, de modo aprofundado. “Ninguém pode saber verdadeiramente quem é, e nem o que pretende ser amanhã, se não alimentar o laço que o liga às gerações que o precederam”, afirmou o pontífice.

Uma Igreja real

Ainda em sua reflexão, o Santo Padre pontuou que fortalecer e se aprofundar na história da Igreja evita uma visão “idealizada”, apresentando-a, em vez disso, como “real, com suas manchas e rugas”. Isso promove um “olhar para a Igreja real, a fim de que possamos amar a Igreja que existe realmente”, como uma comunidade de fiéis ainda imperfeitos que buscam a santidade.

Nesse sentido, o pontífice nos lembrou da importância de não perder de vista a “carne” de Jesus Cristo: 

“Todos nós devemos ter o cuidado de nunca perder de vista a ‘carne’ de Jesus Cristo: aquela carne feita de paixões, emoções, sentimentos, histórias concretas, mãos que tocam e curam, olhares que libertam e encorajam, hospitalidade, perdão, indignação, coragem, intrepidez: em uma palavra, amor”

Recordando a humanidade de Cristo, o que nos permite entender a realidade eclesial e amar a Igreja em sua autenticidade. Francisco ainda sublinhou que “A Igreja [...] não ignora que entre os seus membros [...] não faltaram alguns que foram infiéis ao Espírito de Deus”, destacando uma consciência histórica que permite aprender com os erros do passado e construir um futuro mais fiel ao Evangelho.

Uma memória vívida para um futuro fraterno

Por fim, o Santo Padre enfatizou que o estudo “sincero e corajoso da História ajuda a Igreja a compreender melhor as suas relações com os diversos povos”, o que deve “ajudar a explicar e a interpretar os momentos mais difíceis e confusos”, recordando acontecimentos que não devem ser esquecidos, pelo contrário recordados sempre e repetidamente, como o Holocausto, bombardeamentos atómicos de Hiroshima e Nagasaki e ainda "as perseguições, o comércio dos escravos e os massacres étnicos que se verificaram e verificam em vários países, e tantos outros eventos históricos que nos fazem envergonhar de sermos humanos.” 

“Não devemos convidar ao esquecimento”, exortou Francisco, destacando que devemos garantir às atuais e futuras gerações uma memória ativa do passado, com o intuito de construir um futuro melhor. “Não podemos permitir que as atuais e as novas gerações percam a memória do que aconteceu, aquela memória que é garantia e estímulo para construir um futuro mais justo e fraterno”

Francisco ainda salientou a cultura atual do esquecimento e a “tentação de virar a página”, atribuindo ao tempo a justificativa de se olhar a diante: “Isso não, por amor de Deus! Sem memória, nunca se avança; não se evolui sem uma memória íntegra e luminosa”. Na conclusão do documento, o Santo Padre faz um convite: "Eis a vossa tarefa: responder aos estribilhos paralisantes do consumismo cultural com escolhas dinâmicas e fortes, com a riqueza, o conhecimento e a partilha."

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

quinta-feira, 21 de novembro de 2024

CATEQUESE: A memória da Apresentação de Nossa Senhora no Templo

Apresentação de Nossa Senhora (A12)

A memória da Apresentação de Nossa Senhora no Templo

Escrito por Academia Marial

20 NOV 2014 - 15H53 (Atualizada em 21 NOV 2023 - 08H23)

Após o Concílio Vaticano II, a Igreja reformulou seu calendário litúrgico, surgindo então uma coleção de 'Missas da Virgem Santa Maria', como apêndice ao Missal Romano. Dentre as festividades marianas do calendário está a memória obrigatória da Apresentação de Nossa Senhora no Templo, comemorada no dia 21 de novembro.

No que se refere ao culto mariano, o Concílio dedicou um capítulo especial exortando todos os fiéis ao culto à Virgem Maria, de maneira essencialmente litúrgica (Lumen Gentium, 67), ou seja, associada à celebração das festas litúrgicas.

O Concílio destacou o lugar da Mãe de Deus na Liturgia da Igreja na celebração do ciclo anual dos mistérios de Cristo: “a santa Igreja a venera com especial amor porque, indissoluvelmente unida à obra de salvação do seu Filho, a Bem-aventurada Virgem Maria, Mãe de Deus, em quem vê e exalta o mais excelso fruto da Redenção, em quem contempla, qual imagem puríssima, o que ela, toda ela, com alegria deseja e espera ser.” (SC 103)¹

História

Esta celebração antiga iniciou-se no século VI, em Jerusalém, quando da construção de uma igreja em homenagem a este mistério. A Igreja do Oriente acolheu e conservou zelosamente as tradicionais festas marianas, reservando à apresentação de Maria uma memória particular, como um dos mistérios da vida daquela que Deus escolheu para Mãe de seu Filho Unigênito. A partir do século XVI, tornou-se uma festa da Igreja Católica do mundo inteiro.

O nascimento da Virgem Maria não é narrado nas Sagradas Escrituras, mas em evangelhos apócrifos, em particular no Protoevangelho de São Tiago. De acordo com os relatos, os pais da Virgem Maria, Joaquim e Ana, que não podiam ter filhos, receberam uma mensagem de que teriam um filho. Como agradecimento pela graça da filha que lhes veio, eles a levaram ainda pequena para o Templo em Jerusalém, para consagrá-la a Deus. Versões posteriores da história (como no Evangelho do Pseudo-Mateus e no Evangelho da Natividade de Maria²) nos contam que Maria foi levada para o Templo com cerca de três anos de idade para cumprir uma promessa. A tradição conta que ela permaneceu ali para se preparar para o seu futuro papel como Mãe de Deus (Theotokos, em grego).

Celebração litúrgica

Na Liturgia das Horas, lê-se: “Neste dia da solene consagração da igreja de Santa Maria Nova, construída junto ao templo de Jerusalém, celebramos, com os cristãos do Oriente, aquela consagração que Maria fez a Deus de si mesma, desde a infância, movida pelo Espírito Santo, de cuja graça ficará plena na sua imaculada conceição”.³

Portanto, a apresentação de Maria tem um importante propósito teológico: continuar o impacto das festas da Imaculada Conceição e do nascimento de Maria. Ele enfatiza que a santidade conferida a Maria foi desde o início de sua vida na Terra e continuou pela sua infância. Disse São Germano de Constantinopla, na homilia sobre a Apresentação: Esta menininha prepara o aposento para acolher a Deus, “mas não é o templo que a santifica e purifica, e sim a sua presença que purifica inteiramente o templo”.

Para a Igreja Católica, no dia da Apresentação de Maria, “celebramos a dedicação de si própria que Maria fez a Deus, desde a sua tenra infância, sob a inspiração do Espírito Santo, que preencheu-a com sua graça…”. O papa Paulo VI, em sua encíclica de 1974, Marialis Cultus, escreveu que, “apesar de seu conteúdo apócrifo, [a história da Apresentação de Maria] apresenta elevados e exemplares valores e avança veneráveis tradições de origem nas igrejas orientais”.

As três festas (Nascimento, Santo Nome de Maria e a Apresentação no Templo) correspondem com as três primeiras festas do ciclo de Jesus, o Nascimento de Jesus (Natal), o Santo Nome de Jesus e a Apresentação de Jesus no Templo.

O dia 21 de novembro é também um dia Pro Orantibus, um dia de oração para as freiras enclausuradas, “totalmente dedicadas a Deus em oração, silêncio e retiro”.

Foi no dia 21 de novembro de 1964 que o Papa Paulo VI, na clausura da 3ª Sessão do Concílio Vaticano II, consagrou o mundo ao Coração de Maria e declarou Nossa Senhora Mãe da Igreja.

No Brasil

A escritora Nilza Botelho Megale, no seu livro intitulado '107 Invocações da Virgem Maria no Brasil', publicado pela Editora Vozes, Petrópolis, 1980, afirma que, no Brasil, a primeira Paróquia dedicada a esta invocação foi em Natal (RN), fundada em 1599. Segundo o historiador Luís da Câmara Cascudo: “Na capela-mor daquela matriz se colocou, pouco depois, um grande e famoso quadro de pintura em que se vê o mesmo mistério da Senhora historiado… A sua festividade se lhe celebra em 21 de novembro, que é o dia em que a Senhora foi oferecida ao Senhor da Glória”.

A cidade de Porto Calvo, em Alagoas, campo de diversas batalhas entre brasileiros e tropas invasoras durante a guerra holandesa, tem também como padroeira a Nossa Senhora da Apresentação.

No Rio de Janeiro, Bairro de Irajá, em 1613 foi construída uma capelinha. Só em 1644 se instituiu a Paróquia de Nossa Senhora da Apresentação de Irajá. A Matriz foi confirmada por Alvará de D. João IV, em 10 de fevereiro de 1647. A capela é uma das joias da arquitetura religiosa do Rio de Janeiro e a segunda mais antiga da municipalidade.

Na arte

As representações ocidentais geralmente se concentram na figura sozinha da jovem Maria subindo os degraus do Templo, tendo deixado para trás os pais e subindo na direção do sumo-sacerdote e de outras pessoas no Templo.

O tema também é uma das cenas habituais nos ciclos maiores sobre a Vida da Virgem, embora ele não seja geralmente uma das cenas mostradas nos livros de horas.

Apresentação de Nossa Senhora (A12)
Apresentação de Nossa Senhora (A12)
Apresentação de Nossa Senhora (A12)
Apresentação de Nossa Senhora (A12)

Fonte: https://www.a12.com/academia/catequese/a-memoria-da-apresentacao-de-nossa-senhora-no-templo

Dos Sermões de Santo Agostinho, bispo

Apresentação de Nossa Senhora (Liturgia das Horas Online)

Dos Sermões de Santo Agostinho, bispo
(Sermo 25,7-8: PL 46,937-938)            (Séc. V)

Aquela que acreditou em virtude da fé, também pela fé concebeu

Prestai atenção, rogo-vos, naquilo que Cristo Senhor diz, estendendo a mão para seus discípulos: Eis minha mãe e meus irmãos. Quem faz a vontade de meu Pai que me enviou, este é meu irmão, irmã e mãe (Mt 12,49-50). Acaso não fez a vontade do Pai a Virgem Maria, que creu pela fé, pela fé concebeu, foi escolhida dentre os homens para que dela nos nascesse a salvação e que foi criada por Cristo antes que Cristo nela fosse criado? Sim! Ela o fez! Santa Maria fez totalmente a vontade do Pai e por isto mais valeu para ela ser discípula de Cristo do que mãe de Cristo; maior felicidade gozou em ser discípula do que mãe de Cristo. Assim Maria era feliz porque, já antes de dar à luz o Mestre, trazia-o na mente.

Vede se não é assim como digo. O Senhor passava acompanhado pelas turbas, fazendo milagres divinos, quando certa mulher exclamou: Bem-aventurado o seio que te trouxe. Feliz o ventre que te trouxe! (Lc 11,27) O Senhor, para que não se buscasse a felicidade na carne, que respondeu então? Muito mais felizes os que ouvem a palavra de Deus e a guardam (Lc 11,28). Por conseguinte, também aqui é Maria feliz, porque ouviu a palavra de Deus e a guardou. Guardou a verdade na mente mais do que a carne no seio. Verdade, Cristo; carne, Cristo; a verdade-Cristo na mente de Maria; a carne-Cristo no seio de Maria. É maior o que está na mente do que o trazido no seio.

Santa Maria, feliz Maria! Contudo, a Igreja é maior que a Virgem Maria. Por quê? Porque Maria é porção da Igreja, membro santo, membro excelente, membro supereminente, mas membro do corpo total. Se ela pertence ao corpo total, logo é maior o corpo que o membro. A cabeça é o Senhor; e o Cristo total, é a cabeça e o corpo. Que direi? Temos cabeça divina, temos Deus por cabeça!

Portanto, irmãos, dai atenção a vós mesmos. Também vós sois membros de Cristo, também vós sois corpo de Cristo. Vede de que modo o sois. Diz: Eis minha mãe e meus irmãos (Mt 12,49). Como sereis mãe de Cristo? Todo aquele que ouve e faz a vontade de meu Pai que está nos céus, este é meu irmão e irmã e mãe (cf. Mt 12,50). Pensai: entendo irmão, entendo irmã; é uma só a herança, e é essa a misericórdia de Cristo que, sendo único, não quis ficar sozinho; quis que fôssemos herdeiros do Pai, co-herdeiros seus.

Fonte: https://liturgiadashoras.online/

Sonolência durante o dia é ligada a maior risco de síndrome de pré-demência

Sonolência durante o dia pode estar ligada à síndrome de pré-demência entre idosos. — Foto: FreePik

Sonolência durante o dia é ligada a maior risco de síndrome de pré-demência; entenda.

Estudo com idosos encontrou uma probabilidade três vezes maior de desenvolver o quadro entre aqueles que relatavam queixas sobre o sono.

Por O Globo — Rio de Janeiro

20/11/2024

Idosos que sentem sono durante o dia ou falta de entusiasmo por causa de problemas para dormir foram associados a uma probabilidade três vezes maior de desenvolver uma síndrome chamada de pré-demência. É o que aponta um novo estudo publicado na revista científica Neurology, da Academia Americana de Neurologia.

Essa síndrome, também conhecida como síndrome de risco motor cognitivo, é caracterizada por uma marcha lenta e problemas de memória, embora os pacientes ainda não tenham desenvolvido deficiência de mobilidade ou outros declínios cognitivos que caracterizam a demência.

No novo trabalho, os pesquisadores analisaram 445 indivíduos com idade média de 76 anos e que não tinham um diagnóstico de demência. Os participantes responderam questionários sobre o sono e problemas de memória, e tiveram a velocidade de caminhada testada numa esteira.

Depois, ao longo de em média três anos, os voluntários foram reavaliados, a cada 12 meses. Os resultados encontraram uma associação entre aqueles que relataram mais sonolência excessiva durante o dia e uma maior dificuldade em manter o entusiasmo para realizar tarefas com mais casos de desenvolvimento da síndrome.

No grupo, 35,5% desenvolveram a condição, em comparação com 6,7% dos outros participantes que não relatavam esses problemas. Após ajustes para outros fatores que poderiam influenciar o risco, como idade, depressão e outras condições de saúde, os cientistas encontraram uma probabilidade mais de três vezes maior de desenvolver a síndrome.

O estudo é do tipo observacional, ou seja, encontrou uma associação entre os problemas, mas não consegue confirmar uma relação de causa. Trabalhos do tipo analisam a ocorrência de fenômenos, eventos, comportamentos, hábitos durante um período de tempo e buscam uma relação entre eles.

Ainda que possa traçar associações importantes, o estudo observacional não pode definir 100% que se trata de uma relação de causa e consequência. O paciente pode, por exemplo, ter relatado a maior sonolência diurna por já estar sofrendo um efeito da síndrome.

Ainda assim, a autora do estudo, a pesquisadora do Albert Einstein College of Medicine, Victoire Leroy, diz que os achados “destacam a necessidade de triagem para problemas de sono” entre os idosos. “Há potencial para que as pessoas recebam ajuda com seus problemas de sono e previnam o declínio cognitivo mais tarde na vida”, continua.

Em comunicado, porém, ela reconhece que são necessárias mais pesquisas “para examinar a relação” encontrada e de estudos que possam “explicar os mecanismos que ligam essas perturbações do sono à síndrome de risco motor cognitivo e ao declínio cognitivo”.

Fonte: https://oglobo.globo.com/saude/noticia/2024/11/20/sonolencia-durante-o-dia-e-ligada-a-maior-risco-de-sindrome-de-pre-demencia-entenda.ghtml

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF