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domingo, 5 de janeiro de 2025

Quem eram os Reis Magos e por que se chamam Melchior, Gaspar e Baltazar

Adoração dos Reis Magos. | Pintura de Luca Giordano

Por Redação central

5 de janeiro de 2025

A Igreja celebra em 6 de janeiro a solenidade da Epifania do Senhor, quando se recorda a adoração dos Reis Magos ao Menino Jesus em Belém. No Brasil, esta celebração é transferida para o domingo mais próximo, neste ano, hoje (5).

Mas, será que Reis Magos eram reis ou magos e seus nomes eram mesmo Melchior, Gaspar e Baltazar? Um sacerdote e teólogo fala sobre estas questões.

Padre Miguel Fuentes, do Instituto do Verbo Encarnado (IVE), afirma no site "El Teólogo Responde" que "o termo 'magos' (magoi) que aparece em Mt 2,1 se refere àqueles que eram denominados ‘sábios’ na antiguidade".

"Neste caso, foram homens sábios que vieram do 'Oriente' (Mt 2,1), que pode ser uma referência a Arábia, Mesopotâmia ou algum outro território mais a leste da Palestina".

Padre Fuentes afirma que "o fato de terem sido guiados por uma estrela (Mt 2,2) sugere que eles eram instruídos em astrologia ou em ciência da navegação e cálculo do tempo por meio das configurações estelares".

"Além de uma tribo de Média chamada assim, os magos aparecem, em sua primeira época, como uma casta sacerdotal de Média e da Pérsia. Eles se dedicaram ao estudo da sabedoria. Estrabão diz que eles eram ‘zelosos observadores da justiça e da virtude’. E Cícero diz que eles são ‘a classe de sábios e doutores na Pérsia’”.

Padre Fuentes assinala que foi o escritor e teólogo Orígenes, do século III, "quem disse pela primeira vez que foram três magos em virtude dos três presentes oferecidos ao Menino".

O sacerdote afirma ainda que, "antes do século VI, nenhum autor afirmava expressamente que eles eram reis, com exceção de Tertuliano, que sugeriu que eles eram ‘quase reis’".

"Isto se tornou popular por interpretar assim a referência ao Salmo 72,10 (os reis da terra se prosternarão e lhe oferecerão os seus dons) que parece estar implícita no relato de são Mateus".

"A arte já os apresenta como reis desde o século VIII, enquanto nas pinturas das catacumbas de santa Priscila, do início do século II-IV, são representados apenas como nobres persas", afirma.

No entanto, diz, "o Novo Testamento não fala sobre o número nem sobre a sua suposta realeza".

A partir do século VIII, continua padre Fuentes, os Reis Magos "receberam nomes, com algumas variações (os primeiros foram Bithisarea, Melchior e Gathaspa)".

"Os nomes atuais de Gaspar, Melchior e Baltazar, foi-lhes atribuído no século IX pelo historiador Agnello, em sua obra 'Pontificalis Ecclesiae Ravennatis'".

"Na Idade Média, eles foram até mesmo venerados como santos", diz.

"A cena dos magos adorando o Menino Jesus se tornou o tema favorito na arte dos baixos-relevos, miniaturas e vitrais", conclui.

Fonte: https://www.acidigital.com/

Por que o Santo Nome de Jesus é celebrado em 3 de janeiro?

Stig Alenas | Shutterstock

Philip Kosloski - publicado em 03/01/23 - atualizado em 20/12/24

A festa do Santo Nome de Jesus, celebrada durante a época do Natal, está ligada ao evento bíblico da sua circuncisão. Descubra por quê!

Durante a época do Natal, o Rito Romano celebra a memória facultativa do Santo Nome de Jesus em 3 de janeiro, aproximadamente uma semana depois do Natal, pois relembra a circuncisão de Jesus.

No Evangelho de São Lucas, Ele recebe o seu nome no momento da circuncisão, oito dias após seu nascimento.

"Completados que foram os oito dias para ser circuncidado o menino, foi-lhe posto o nome de Jesus, como lhe tinha chamado o anjo, antes de ser concebido no seio materno".

São Lucas, 2,21

O rito estava de acordo com o costume judaico e foi seguido por Maria e José, os pais de Jesus.

Historicamente, o Rito Romano já celebrou uma variedade de festas para rememorar esta ocasião. Antes de 1962, por exemplo, era celebrada em 1º de janeiro a festa da circuncisão de Jesus. Além disso, já houve uma festa separadamente dedicada ao Santo Nome de Jesus, também celebrada em algumas datas diferentes ao longo do tempo.

Durante o século XIX, o Santo Nome de Jesus era celebrado no segundo domingo após a Epifania, e, no início do século XX, foi transferido para o domingo entre 2 e 5 de janeiro. Em 1962, a festa foi estabelecida em 2 de janeiro e, após o Vaticano II, desapareceu do calendário romano, sendo restabelecida em 3 de janeiro de 2002. Na época, 3 de janeiro era a data mais próxima de 1º de janeiro que não possuía memória obrigatória.

A festa do Santo Nome de Jesus, em suma, é uma bela celebração que recorda o poder do nome do Filho de Deus, bem como o evento bíblico da sua circuncisão.

Fonte: https://pt.aleteia.org/

Solenidade da Epifania do Senhor

Epifania do Senhor (Vatican News)

Os magos, representando aqueles que não receberam a Revelação, como a receberam os judeus, usaram suas inteligências, cultura, todos os recursos que possuíam e intuíram o nascimento do Messias através do surgimento de uma estrela com um brilho extraordinário, a estrela guia.

Padre Cesar Augusto, SJ - Vatican News

Celebramos, nesta festa, a abertura do Reino de Deus para todos os povos, para todos aqueles que possuem sentimentos de paz, que buscam fazer o bem e evitar o mal. Deus acolhe em sua casa todos os homens de boa vontade. É o redimensionamento da História da Salvação, ou melhor, é a plenificação de seus objetivos.

No presépio eram os pastores judeus a adorarem o Menino Jesus, a verem cumpridas as profecias da vinda do Messias, agora, representando toda a Humanidade, temos os Magos adorando o Redentor de todos os homens.

A festa da Epifania mostra a saída dos judeus do protagonismo da Economia da Salvação e tomada de posse do novo povo de Deus, ou seja, de todos aqueles que aceitam o Menino Deus, o Príncipe da Paz, como o Cristo Redentor!

Na primeira leitura, extraída do Livro de Isaías, temos o anúncio da manifestação a glória do Senhor sobre Jerusalém e a consequente vinda para ela dos outros povos, para também serem iluminados pela luz divina.

Como segunda leitura, temos um trecho da Carta de Paulo aos Efésios. Lá ele nos diz que essa glória que ilumina Jerusalém e atrai para ela os demais povos, é Jesus Cristo. Através dele todos os povos “são admitidos à mesma herança, são membros do mesmo corpo, são associados à mesma promessa”.

Já no Evangelho, São Mateus clarifica, com a vinda dos Magos, a atração dos povos pela luz que ilumina Jerusalém. E ela os conduz à casa da luz, à casa onde habita a Luz do Mundo, Jesus Cristo.

Paradoxalmente, São Mateus fala que os doutores da Lei, aqueles que deveriam possibilitar a Luz iluminar, não querem ser incomodados pela luz e preferem permanecer na escuridão.

Ao contrário, os magos, representando aqueles que não receberam a Revelação, como a receberam os judeus, usaram suas inteligências, cultura, todos os recursos que possuíam e intuíram o nascimento do Messias através do surgimento de uma estrela com um brilho extraordinário, a estrela guia. Por isso passaram a fazer parte do novo Povo de Deus, aceitando os ditames do Menino Deus, da aliança feita por ele através do derramamento de seu sangue, e vivendo o amor, o perdão, a simplicidade de vida, a generosidade, entre outros valores.

Nas festas de Natal demonstramos nosso poder aquisitivo na compra de presentes e no preparo de uma ceia faustosa, contudo a comida já foi para um lugar escuso e os presentes começaram a perder o seu valor e poderão ir parar nas mãos de quem não amamos. O tempo corrói! Mas as esmolas que demos, as visitas que fizemos, os moradores de rua que levamos para cear conosco, o tempo gasto com pessoas marginalizadas pela sociedade e também o tempo dedicado à oração foram contabilizados na economia da salvação, se transformaram em bens de eternidade, de acordo com os valores do grande rei, o menino que nasceu no presépio e morreu na cruz, após lavar os pés de seus discípulos.

Como foi o nosso Natal? Como encaramos as exigências da revelação? Se temos dificuldades, peçamos a intercessão da Virgem Maria e de São José para mudarmos o nosso modo de pensar e de agir. Sabemos que o velho e viciado modo de pensar e de agir fala mais alto na hora das decisões. A salvação não virá dos poderosos, nem do dinheiro, nem da sociedade consumista. Será de um coração despojado, fraterno, pobre, que confia em Deus e nele tem sua única riqueza que o Senhor se servirá para fazer o bem.

Como os Magos, desviemos nossa caminhada daquelas pessoas ou situações que nos afastam de Deus, que optam pelo Mal, que preferem o acomodamento à prática do bem.

A Igreja tem a missão de ser farol porque nela está a Luz Verdadeira. Como batizado faço parte da Igreja e a vela acesa que recebi logo após ter sido lavado no sangue de Jesus, me leva a manifestar a misericórdia de Deus a todos o homens, façam já parte da Igreja, ou ainda não.

Tenhamos a coragem de romper com os vícios do passado e vivamos a autenticidade do Evangelho.  Permitamos que o Senhor faça sua Epifania através de nós, como a fez através de Teresa de Calcutá e de tantos homens e mulheres de todos os tempos. É preciso coragem! Coragem! Ele venceu o mundo!

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Dom Paulo Cezar publica Decreto sobre Igrejas Jubilares para o Ano Santo de 2025

Ano Santo de 2025 (Arqbrasilia)

Nesta sexta-feira, 03 de janeiro, o Cardeal Arcebispo de Brasília, Dom Paulo Cezar Costa, publicou um decreto oficializando as Igrejas Jubilares na Arquidiocese de Brasília, no contexto do Jubileu Ordinário de 2025, conforme a bula Spes non confundit proclamada pelo Papa Francisco.

03 de janeiro de 2025

O documento marca o início das preparações para o Ano Santo, com o objetivo de renovar a esperança cristã e promover um encontro pessoal com o Senhor.

As Igrejas designadas como Jubilares são a Catedral Metropolitana de Brasília Nossa Senhora Aparecida e a Basílica Menor de São Francisco de Assis. Estas serão os principais destinos de peregrinação para os fiéis da Arquidiocese e oferecem a oportunidade de obter indulgências plenárias, um dos grandes benefícios espirituais deste evento.

O decreto destaca a importância de preparar espiritualmente os fiéis para o Ano Santo. De acordo com o Artigo 2º, as paróquias deverão organizar celebrações e catequeses especiais baseadas na mensagem de esperança da bula papal. Esse esforço busca fortalecer a espiritualidade dos fiéis e aprofundar a compreensão do jubileu, que, segundo a bula Spes non confundit, é um convite para os cristãos se reconciliarem com a fé, refletindo sobre as dificuldades enfrentadas e buscando sempre a esperança.

Além disso, o decreto autoriza a organização de peregrinações paroquiais e arquidiocesanas, conforme disposto no Artigo 3º, que incentiva a participação ativa de todas as comunidades religiosas e movimentos eclesiais. A participação nessas peregrinações será uma vivência intensa da graça jubilar e da renovação da esperança cristã.

Outro ponto importante do decreto é a disponibilização de horários especiais para confissões e celebrações eucarísticas, especialmente nos períodos de maior afluência de peregrinos. Isso visa facilitar o acesso dos fiéis aos sacramentos essenciais para a vivência plena do jubileu.

A indulgência plenária será concedida aos fiéis que, cumprindo as condições habituais, como confissão sacramental, comunhão eucarística e oração pelas intenções do Papa, realizarem a peregrinação ou participarem devotamente das celebrações litúrgicas. Além disso, o decreto enfatiza a prática de caridade e obras de misericórdia como um testemunho do espírito jubilar, incentivando os fiéis a estenderem sua fé à solidariedade com os necessitados.

Com esta iniciativa, a Arquidiocese de Brasília se prepara para um Ano Santo de profunda renovação espiritual, convidando todos os fiéis a experimentarem a graça de um jubileu que reforça a esperança cristã como força essencial para a vida do cristão no mundo atual.

Clique aqui e confira o Decreto

Fonte: https://arqbrasilia.com.br/

A democracia tem futuro?

Presente e futuro da democracia (Clic Folha)

A DEMOCRACIA TEM FUTURO?

Dom Lindomar Rocha Mota
Bispo de São Luís de Montes Belos (GO)

As Democracias, geralmente, não decaem pela luta nem são feridas pela força, anuviam-se, na maioria das vezes, sob os aplausos! Entretanto, os aplausos à sua desqualificação são construídos pouco a pouco. Rastejam por entre as democracias, que são sistemas difíceis pela necessidade que tem de conciliar os contrários, por isso, também, o mais desejável.

O modo sorrateiro dos ataques a ela, como nos alerta os autores do livro How Democracies Die (Como morrem as democracias), são enumerados e nos explicam como eles a atacam. Esses ataques sorrateiros “são adotados sob o pretexto de diligenciar algum objetivo público legítimo – e mesmo elogiável -, como combater a corrupção, ‘limpar’ as eleições, aperfeiçoar a qualidade da democracia ou aumentar a segurança nacional”. Assim, isoladamente esses atos parecem ser inocentes e benfazejos, mas juntos e na boca de tiranos visam promover a derrocada da Democracia.

Um outro elemento que me vem à mente é a certeza que o autocrata (aquele que detesta a democracia) tem de que os seus fracassos no governo, porque a maioria chegou ao poder de maneira legítima e fracassam, é o fato de seus adversários não o deixarem fazer e agir segundo os seus propósitos. Essa é uma fé que o autocrata deve ter para que consiga êxito em sua empreitada.

Como a democracia é um jogo de peso e contrapeso, logo se alardeia que também as instituições legítimas do Estado são inimigas. Essas ideias, dominantes entre os autocratas, espalha-se também para uma parcela significativa da população, que começa a enxergar na democracia e na alternância de poder, que é um de seus elementos básicos, um inimigo declarado.

É certo que depois do abalo da mais longeva democracia do Ocidente moderno, nos rendemos conta que a Constituição, por si só, não a protege. Tanto nos Estados Unidos, que penaram recentemente nas mãos virulentas de Donald Trump, e que se preparam para o seu retorno triunfal; quanto na subversão constante que o poder legislativo vem fazendo na Constituição brasileira, demonstram sua ineficácia, enquanto texto.

Então surge o seguinte problema- se o interesse dos que estão postos como guardiões da Democracia não a estimam e se a própria Constituição não tem a força necessária para defendê-la, como poderá a Democracia sobreviver?

Há, ainda, outro elemento pernicioso nas Democracias em desenvolvimento: o excesso de privilégio dos seus guardiões. Nas múltiplas esferas do poder, quando se trata de aumentar o ganho e as vantagens de seus membros, privilégios estendidos para a sua prole, o acordo é imediato. Parece ter uma combinação geral para justificar vantagens das mais absurdas, como auxílio moradia, alimentação e até paletó, para indivíduos que ganham dezenas de milhares de Reais. Historicamente sabemos que o excesso de regalias e privilégios nunca terminou bem na política. Estaria, assim, o povo sendo representado por seus inimigos?

Voltando às duas questões anteriores, no âmbito nacional, e considerando que, se os indivíduos que estão no poder não estimam a democracia, então deveriam ser substituídos, mas essa substituição esbarra em uma trapaça! Nela, o povo é levado a crer que fará escolha entre o bem e o mal; assim, os inimigos da democracia subvertem o objeto real da política e desvia o olhar da nação para questões privadas ou secundárias, e evolvem, neste mixtum compositum, as instituições que o povo preza. No fim, sempre que eles percebem algum risco para suas próprias posições, aceitam engrossar a fileira dos mandatários, mas eles mesmos não cogitam deixar o poder.

Na vida ordinária, quando o indivíduo está descontente com os seus rendimentos ele abandona o antigo emprego, e, segundo a sua capacidade, buscará outro que lhe pagará melhor. Para esses agentes de Estado, essa não parece ser uma alternativa, preferindo, eles, subverter as regras da justiça pública para aumentar os seus ganhos. Difícil dizer se há diferença entre os agentes públicos, neste quesito.

Por outro lado, podemos partir do princípio que os indivíduos não são bons nem maus, em sua origem. As oportunidades e os contextos é que os leva a inclinar-se para um lado ou para o outro.

Já dizia Rudolf von Ihering: o delinquente é um calculador. Ele vai calcular o risco que corre ao atacar os bens públicos e a Democracia. Verá as suas vantagens e agirá segundo os seus interesses.

O povo, que tem múltiplos inimigos, não pode se dividir. Deve ter um foco na melhoria da Nação como um todo. Para isso, deverá substituir continuamente aqueles a quem confiou o poder. Não deve perder-se em querelas arranjadas para mascarar os seus problemas reais. Devem se concentrar no quanto o País, os Estados e os municípios estão fazendo para enriquecer a população (não somente a alguns); como está sendo gasto o dinheiro do trabalho de cada um, recolhido como impostos; o aumento de impostos não deve ser suportado, se não para equilibrar a justiça como equidade, e que seja suficientemente claro à sociedade que ele irá melhorar a vida de todos ou da maioria.

Por fim, o povo deve ter uma repulsa total a qualquer solução milagrosa ou que proponha cortar caminho para retirar o poder de suas mãos. Excluindo, agora, a grande premissa acima, voltemos ao futuro da democracia. Por mais paradoxal que pareça e democracia tem sim um futuro. Decerto, não esta democracia que ora respiramos, mas uma democracia aperfeiçoada.

Sabemos com muita clareza, na ciência política, que a democracia representativa, aquela onde se delega a decisão aos representantes, é um momento imperfeito e transitório da democracia, ela deverá avançar para o seu cumprimento.

Neste delegar de poderes dos últimos duzentos anos os agentes públicos se apossaram das decisões e geraram para si mesmos estabilidade, e é essa estabilidade que deverá ser rompida em breve. Na democracia aperfeiçoada o povo colocará e tirará qualquer um do exercício do poder não apenas por corrupção ou delinquência, mas por incompetência, indolência e prevaricação.

No futuro da democracia está a capacidade do povo de estabelecer metas e exigir de seus trabalhadores a sua execução, devendo esse mesmo trabalhador ir cuidar de suas coisas e se retirar desse encargo quando sentir que não tem a capacidade de desempenhá-lo.

Haverá uma série de regras para quem aceitar um cargo em nome do povo, mesmo quando eleito. A começar pelo salário que for prometido para o exercício do cargo, ele será vigiado pelo povo e nada mais poderá ser acrescentado a quem aceitar o serviço! As condições serão claras como no setor privado. Caso o cidadão não aceite o cargo voltará para o setor privado, onde se espera que tenha suficiente competência para sobreviver.

A regra do salário para os servidores públicos será determinada pela regra do piso mínimo e não mais pelo salário da suprema corte, que por terem cargos vitalícios são, agora os escolhidos para definir os próprios salários, com reflexo em todo o funcionalismo público.

A regra do piso inferior e dos critérios claros e invioláveis dos salários, obrigará um esforço de todos para o enriquecimento da população, pois seu salário só aumentará se o mínimo, que pode ser mais bem definido se calculado por hora trabalhada, subir. Ajustando assim a teoria econômica de que, quem reparte o bolo pega por último.

É aconselhável também que nenhum salário do funcionalismo público supere dez vezes o salário-mínimo. Isso é importante, porque cada vez que um indivíduo se afasta economicamente mais que esse valor do povo ele perde o contato com a realidade, tornando-se incapaz de intuir as necessidades do coletivo. O valor limite é suficiente para atrair pessoas jovens, relevantes e atuais, embora possa parecer desprezível para advogados de grandes escritórios, coronéis de famílias “tradicionais” e lobistas.

O povo poderá, segundo as suas necessidades, autorizar em investimento de pessoal, de universidades privadas, e pessoas capazes de pensar e fazer inovação, mas estes não serão parte dos servidores públicos, e, embora possam receber salários superior ao que foi estabelecido, prestará serviço ao Estado, mas não será servidor do povo nem terá estabilidade.

Por fim, aquele dito que alude: fora da política não tem saída, deve tornar-se um epitáfio, pois quem o declama confunde a democracia com o sistema que ora se opera. O que é incorreto! Pois acaba dizendo que a mudança não é possível. Entretanto, o tempo é de mudança! Este modo de fazer política deve morrer, ou aniquilará a democracia.

A democracia, embora esteja sofrendo no momento, retornará. Para o povo não há alternativa, ou ele toma os caminhos das decisões ele mesmo, ou terá que entregar a pessoas e grupos o seu destino, e isso nunca acabou bem até agora.

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

Papa: o amor de Deus é poderoso, vamos dizer "sim" à vida!

Angelus de 05 de janeiro de 2025 - Papa Francisco (Vatican News)

Sob garoa, diante de milhares de fiéis na Praça São Pedro, Francisco afirmou que o Ano jubilar nos pede para sermos mensageiros de esperança com simples, mas concretos “sins” à vida. "Façamo-lo todos: este é o caminho da salvação!"

Bianca Fraccalvieri - Vatican News

O primeiro capítulo de João (cfr Jo 1,1-18) inspirou a alocução do Papa Francisco no Angelus do primeiro domingo de 2025. Ao falar de Jesus, o Evangelho diz que "a luz resplandece nas trevas, e as trevas não a compreenderam". Isto é, recorda quanto é poderoso o amor de Deus, que não se deixa vencer por nada e que, para além de obstáculos e rejeições, continua a resplandecer e a iluminar o nosso caminho.

É o que vemos no Natal, quando o Filho de Deus, feito homem, supera muros e divisões. Enfrenta o fechamento da mente e do coração dos “grandes” do seu tempo, preocupados mais em defender o poder do que em buscar o Senhor. Compartilha a vida humilde de Maria e José, que o acolhem e crescem com amor, mas com as dificuldades de quem não tem meios. 

Diante destes e de tantos outros desafios, disse o Pontífice, Deus jamais desiste: encontra mil maneiras para chegar a todos e a cada um de nós onde quer que estejamos, sem cálculos nem condições, abrindo, mesmo nas janelas mais obscuras da humanidade, janelas de luz.

"É uma realidade que nos consola e que nos dá coragem, especialmente num tempo como o nosso, onde há tanta necessidade de luz, de esperança e de paz, onde os homens às vezes criam situações tão complicadas, que parece impossível sair delas. Hoje, a Palavra de Deus nos diz que não é assim: ou melhor, nos chama a imitar o Deus do amor, abrindo feixes de luz onde quer que possamos, com todos que encontramos, em todos os contextos: familiar, social, internacional." 

Não tenhamos medo!

O convite de Deus, prosseguiu o Papa, é para não ter medo de fazer o primeiro passo, escancarando janelas luminosas de proximidade a quem sofre, de perdão, de compaixão e de reconciliação, para tornar o caminho mais claro, seguro e possível para todos.

"E este convite ressoa de modo especial no Ano jubilar há pouco iniciado, solicitando-nos a ser mensageiros de esperança com simples, mas concretos “sins” à vida, com escolhas que trazem vida. Façamo-lo todos: este é o caminho da salvação!"

Aos fiéis presentes na Praça São Pedro, o Pontífice dirigiu alguns questionamentos: de que modo posso abrir uma janela de luz no meu ambiente e nas minhas relações? Onde posso ser um feixe que deixa passar o amor de Deus?

"Que Maria, estrela que guia a Jesus, nos ajude a ser para todos testemunhas luminosas do amor do Pai."

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

sexta-feira, 3 de janeiro de 2025

O Papa: "catástrofe educativa", 250 milhões de crianças não têm instrução

Pelo direito à educação (Vatican News)

Na mensagem de vídeo da intenção de oração para o mês de janeiro, Francisco afirma que "todas as crianças e os jovens têm direito a ir à escola, não importa a sua situação migratória. A educação é uma esperança para todos". "Rezemos para que os migrantes, os refugiados e as pessoas afetadas pela guerra vejam sempre respeitado o seu direito à educação, necessária para construir um mundo mais humano", diz o Papa.

Vatican News

"Pelo direito à educação" é a intenção de oração do Papa Francisco para este mês de janeiro.

Na mensagem de vídeo, divulgada nesta quinta-feira (02/01), o Santo Padre diz que "hoje vivemos uma 'catástrofe educativa'”.

“E não é exagero. Por causa das guerras, das migrações e da pobreza, cerca de 250 milhões de crianças não têm instrução.”

Na verdade, as crianças e jovens que migram ou se deslocam devido às guerras interrompem o seu processo educativo devido à necessidade de abandonar a sua terra natal. Em muitos casos, as escolas em áreas de conflito ou os campos de refugiados têm um acesso muito limitado a materiais educativos, infraestruturas adequadas e docentes bem preparados.

Além disso, quando as crianças e os jovens se mudam para outros países ou regiões, a sua condição de migrantes pode impedi-los de ter acesso ao sistema de ensino e, consequentemente, a um futuro melhor.

“Todas as crianças e os jovens têm direito a ir à escola, não importa a sua situação migratória. A educação é uma esperança para todos: pode salvar os migrantes, os refugiados da discriminação, das redes de delinquência e da exploração... Tantos menores explorados. E ajudá-los a integrarem-se nas comunidades que os acolhem.”

A Igreja na linha de frente

Crianças e adolescentes que fogem dos conflitos ou da pobreza são os protagonistas das imagens que acompanham as palavras de Francisco. O Vídeo do Papa deste mês testemunha o compromisso da Igreja na linha de frente para lhes garantir a educação, mesmo nos contextos mais complicados.

Há centros educativos promovidos pela Fundação italiana AVSI sem fins lucrativos para crianças refugiadas – a maioria, da Síria – na Jordânia e no Líbano. Há escolas salesianas em Palabek, em Uganda, onde 60% dos migrantes provenientes do Sudão do Sul têm menos de 13 anos. Há o Instituto Madre Assunta, em Tijuana, na fronteira entre o México e os Estados Unidos, dirigido pela família scalabriniana, frequentado por menores provenientes de vários países da América Latina. Há o compromisso, em diversos continentes, do Serviço Jesuíta para Refugiados (JRS), presente também no Este do Chade, junto de gerações inteiras nascidas e criadas nos campos de refugiados. Há os voluntários da Associação Papa João XXIII, que acompanham nos estudos os menores chegados à Grécia e à Itália através das rotas migratórias. E não faltam os esforços das organizações internacionais, como o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), presente com projetos educativos em vários países de acolhimento. Por essa razão, nos últimos anos, muitas crianças que fugiram da guerra na Ucrânia puderam aprender idiomas nos países onde residem.

“A educação abre-nos as portas a um futuro melhor. E assim, os migrantes e refugiados podem contribuir para a sociedade, seja no seu novo país, seja no seu país de origem, se decidirem regressar. E não nos esqueçamos nunca de que quem acolhe um estrangeiro, acolhe Jesus. Rezemos para que os migrantes, os refugiados e as pessoas afetadas pela guerra vejam sempre respeitado o seu direito à educação, necessária para construir um mundo mais humano.”

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

O Mandamento da Caridade (III)

Santa Teresa de Calcutá (Presbíteros)

O Mandamento da Caridade

21. Quatro disposições para alcançar de Deus a graça da caridade.

Mas ainda que a caridade seja dom divino, para possuí-la, todavia, requer-se a disposição de nossa parte. Por isso deve-se saber que duas coisas são necessárias para adquirir a caridade, e duas para aumentar a caridade já adquirida.

  1. Primeira disposição: a escuta da palavra de Deus.

                Para adquirir, pois, a caridade, a primeira coisa é a escuta diligente da palavra de Deus, o que é suficientemente manifesto pelo que ocorre entre nós. Ouvindo, de fato, coisas boas de alguém, somos acesos em seu amor. Assim também, ouvindo as palavras de Deus, somos acesos em seu amor: “A tua palavra é um fogo ardente, e o teu servo a amou” (Salmo 118, 140). E também: “A palavra de Deus o inflamou” (Salmo 104). Por esta causa aqueles dois discípulos, ardendo do amor divino, diziam: “Porventura não ardia em nós o nosso coração, enquanto nos falava pelo caminho e nos explicava as Escrituras?” (Luc. 24). De onde que também no décimo de Atos se lê que “Pregando Pedro, o Espírito Santo caiu nos ouvintes da palavra divina”. E o mesmo frequentemente acontece nas pregações, isto é, que os que se aproximam com o coração duro, por causa da palavra da pregação, são acesos ao amor divino.

B. Segunda disposição: a meditação.

                Para adquirir a caridade, a segunda coisa é a contínua consideração dos bens recebidos:

“Aqueceu-se o meu coração dentro de mim” (Salmo 38). Se, portanto, queres conseguir o amor divino, meditarás os bens recebidos de Deus. Demasiadamente duro seria, na verdade, quem considerando os benefícios divinos que alcançou, os perigos dos quais escapou, e a bem-aventurança que lhe é prometida por Deus, que não se acendesse ao amor divino. De onde que diz Santo Agostinho: “Dura é a alma do homem que, posto que não queira retribuir o amor, não queira pelo menos agradecer”. E, de modo geral, assim como os pensamentos maus destroem a caridade, assim os bons a adquirem, a alimentam e a conservam, de onde que nos é ordenado: “Retirai os vossos maus pensamentos dos meus olhos” (Is. 1). E também: “Os pensamentos perversos separam de Deus” (Sab. 1).

C. Terceira disposição: afastar o coração das coisas da terra.

               Há também duas coisas que aumentam a caridade possuída, e a primeira é afastar o coração do que é terreno. O coração, de fato, não pode ser trazido perfeitamente a coisas diversas, de onde que ninguém é capaz de amar a Deus e ao mundo. E por isso, quanto mais nos afastarmos do amor do que é terreno, tanto mais nos firmaremos no amor divino. De onde que Santo Agostinho diz no Livro das 83 Questões: “A esperança de conseguir ou reter o que é temporal é veneno da caridade”. O seu alimento é a diminuição da cobiça; sua perfeição, a nenhuma cobiça, porque a raiz de todos os males é a cobiça. Quem quer que, portanto, queira alimentar a caridade, insista em diminuir a cobiça. A cobiça é o amor de conseguir ou obter o que é temporal, e o início de sua diminuição é o temor de Deus, o qual não pode somente ser temido, sem amor. É por esta causa que se ordenaram as religiões, nas quais e pelas quais a alma é trazida do que é mundano e corruptível ao que é divino, conforme se encontra escrito no Segundo de Macabeus, onde se lê: “Refulgiu o Sol, que antes estava entre nuvens” (II Mac 1).  O Sol, isto é, o intelecto humano, está entre nuvens quando entregue às coisas terrenas. Refulgirá, porém, quando for afastado e removido do amor do que é terreno. Resplandecerá, então, e nele crescerá o amor divino.

D. Quarta disposição: a firme paciência na adversidade.

                A segunda coisa que aumenta a caridade é a firme paciência na adversidade. É manifesto, de fato, que quando sustentamos dificuldades por aquele a quem amamos, o próprio amor não é destruído; antes, ao contrário, ele cresce: “As muitas águas”, isto é, as tribulações,

“não puderam extinguir a caridade” (Cant. 8). É assim que os homens santos que sustentam adversidades por Deus mais se firmam em seu amor, assim como o artífice mais amará aquela sua obra na qual mais trabalhou. Daí também vem que os fiéis quanto maiores aflições por Deus sustentam, tanto mais se elevam no seu amor: “Multiplicaram-se as águas“, isto é, as tribulações, “e elevaram a arca ao alto” (Gen. 7), isto é, a Igreja, ou a alma do homem justo.

***

Este texto, de Santo Tomás de Aquino, foi retirado do site www.cristianismo.org.br , onde se encontram muitos outros textos interessantes para o estudo e crescimento da fé e da vida espiritual.

Fonte: https://presbiteros.org.br/o-mandamento-da-caridade/

Esperança

A virtude da Esperança (cancaonova)

ESPERANÇA

Dom Geraldo dos Reis Maia
Bispo de Araçuaí (MG)

Neste Ano Santo da Graça, caminhamos com a fecunda consciência com a qual o querido Papa Francisco nos brindou: somos “Peregrinos de esperança”, acreditando que “a esperança não decepciona” (Rm 5,5), como nos são indicados tema e lema escolhidos para o Jubileu 2025.

Mas o que é mesmo a esperança? Em sentido concreto é o “ato de esperar aquilo que se deseja”, explica o dicionário. “Expectativa na aquisição de um bem que se deseja. É a segunda das três virtudes teologais, simbolizada por uma âncora ou pela cor verde” (Michaelis). Numa perspectiva subjetiva, esperança é entendida como “sentimento de quem vê como possível a realização daquilo que deseja; confiança em coisa boa; aquilo ou aquele de que se espera algo, em que se deposita a expectativa” (Houaiss).

A esperança nossa de cada dia foi cantada em verso e prosa pela nossa rica música popular brasileira. A inesquecível voz de Elis Regina imortalizou a sua teimosia: “A esperança dança/ Na corda bamba de sombrinha/ (…) A esperança equilibrista/ Sabe que o show de todo artista/ Tem que continuar” (O bêbado e o equilibrista, Aldir Blanc/ João Bosco). Trata-se de um tema que descortina o horizonte: “Amanhã/ Está toda a esperança/ Por menor que pareça/ Existe e é pra vicejar” (Amanhã, Guilherme Arantes). E se faz persistente: “Quando não houver esperança/ Quando não restar nem ilusão/ Ainda há de haver esperança/ Em cada um de nós” (Enquanto houver sol, Titãs).

Outras canções, mesmo sem citar o termo “esperança”, cantam o “esperançar”. Assim ilustrou Chico Buarque, em tempos de ditadura: “Apesar de você/ Amanhã há de ser/ Outro dia” (Apesar de você). Também foi cantada a dinamicidade da esperança: “Sei que nada será como está/ Amanhã ou depois de amanhã/ Resistindo na boca da noite um gosto de Sol” (Nada será como antes, Milton Nascimento/ Ronaldo Bastos). Esperança é tema que ilustra o recorrente: “O Sol já nasceu na estrada nova/ E mesmo que eu impeça, ele vai brilhar” (Estrada Nova, Oswaldo Montenegro/ Mogol).

Mais do que esperança, Paulo Freire falou do esperançar: “É preciso ter esperança, mas esperança do verbo esperançar; porque tem gente que tem esperança do verbo esperar. E esperança do verbo esperar não é esperança, é espera. Esperançar é se levantar, esperançar é ir atrás, esperançar é construir, esperançar é não desistir! Esperançar é levar adiante, esperançar é juntar-se com outros para fazer de outro modo” (Pedagogia da esperança, 1992, p. 110-111). Nessa perspectiva, Juvenal Arduini nos garante: “Ainda há esperança porque a história não terminou” (Destinação antropológica, 1989, p. 177).

Já no primeiro documento do seu pontificado, o Papa Francisco nos alertava: “Não deixemos que nos roubem a esperança! ” (EG, 86). O próprio Papa Francisco nos explica o significado desta palavra que lhe é tão especial, talvez até mesmo uma das marcas de seu rico pontificado, ao lado da palavra alegria.

Segundo o Papa, esperança “é a mais humilde das três virtudes teologais, porque fica escondida. A esperança é um risco, uma virtude, não é uma ilusão” (Meditação, 29/10/2015). “É uma virtude que nunca decepciona: se nela esperares, nunca serás desiludido”; é uma virtude concreta, “de todos os dias porque é um encontro com Jesus Cristo” (Meditação, 23/10/2018).

A esperança é o ar que se respira. Perder a esperança é como parar de respirar, perde-se a vida. É como lançar uma âncora na outra margem e agarrar-se à corda. É viver voltados para a revelação do Senhor (cf. Meditações, 29/10/2019). “A esperança – afirma Francisco – faz-nos entrar na escuridão de um futuro incerto, para caminhar na luz. É bela a virtude da esperança; dá-nos tanta força para caminhar na vida” (Audiência, 28/12/2016).

Como peregrinos de esperança, temos um longo caminho pela frente! Na sua Bula de convocação para o Jubileu, o Papa Francisco nos chama a “olhar para o futuro com esperança”. Isso significa “ter uma visão da vida carregada de entusiasmo para transmitir” (SNC, 9). Continua o Papa: “No Ano Jubilar, somos chamados a ser sinais palpáveis de esperança para muitos irmãos e irmãs que vivem em condições de dificuldade” (SNC, 10). E Francisco recorda os presidiários, os doentes, os jovens, os migrantes, os idosos, especialmente os avôs e as avós, os milhares de milhões de pobres (cf. SNC, 10-15).

O Papa lança dois apelos fortes em favor da esperança: “os bens da terra se destinam a todos, e não a poucos privilegiados”, pensando de maneira especial nas pessoas que são privadas de água e de alimentos: “a fome é uma chaga escandalosa no corpo da nossa humanidade e convida a todos a um despertar de consciência”. O segundo apelo do Papa se refere ao perdão das dívidas, e ele aponta a necessidade de superação da “dívida ecológica”. “Se queremos verdadeiramente preparar no mundo o caminho da paz, precisamos nos empenhar em superar as causas remotas das injustiças, reformular as dívidas injustas e impagáveis e saciar os famintos” (SNC, 16).

Neste esperançar, não estamos sozinhos. Francisco nos lembra que “Maria nos ensina a virtude da esperança; até quando tudo parece sem sentido, ela permanece sempre confiante no mistério de Deus, até quando Ele parece desaparecer por culpa do mal do mundo. Que nos momentos de dificuldade, Maria, a Mãe que Jesus ofereceu a todos nós, possa sempre amparar os nossos passos e dizer ao nosso coração: ‘Levanta-te! Olha em frente, olha para o horizonte’, porque Ela é Mãe de esperança” (Catequese, 03/05/2017).

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

quinta-feira, 2 de janeiro de 2025

O Mandamento da Caridade (II)

Santa Tereza de Calcutá (Prebíteros)

O Mandamento da Caridade

11. Os efeitos da lei do amor: o amor causa a vida espiritual.

Deve-se saber, também, que esta lei, a do amor divino, produz quatro coisas no homem imensamente desejáveis, a primeira das quais é causar no mesmo a vida espiritual. É, de fato, manifesto que o amado está naturalmente no amante e por isto, quem a Deus ama, possui Deus em si: “Quem permanece na caridade em Deus permanece, e Deus nele” (I Jo. 4).  A natureza do amor é também tal que transforma o amante no amado; de onde que se amamos o que é vil e caduco, vis e instáveis nos tornamos: “Fizeram-se abomináveis assim como o que amaram” (Os. 1). Se, porém, a Deus amarmos, divinos nos tornaremos, porque, como está escrito: “Aquele que se une ao Senhor, constitui com Ele um só espírito” (I Cor. 6). Neste sentido é que Santo Agostinho diz que assim como a alma é a vida do corpo, assim Deus é a vida da alma, e isto é manifesto. Porquanto dizemos o corpo viver pela alma, quando tem as operações próprias da vida, e quando opera e se move. Apartando- se, porém, a alma, nem o corpo opera, nem se move. Assim também a alma opera virtuosa e perfeitamente quando opera pela caridade, pela qual Deus habita nela. Sem a caridade, porém, não opera: “Quem não ama, permanece na morte” (I Jo. 3). Deve-se considerar, também, que se alguém tiver todos os dons do Espírito Santo sem a caridade, não tem a vida. Seja, de fato, a graça de falar em línguas, seja o dom da fé, ou seja, qualquer outro, sem a caridade não concedem a vida. Com efeito, se o corpo dos mortos é vestido de ouro e de pedras preciosas, não obstante isto, morto permanece. Causar a vida espiritual é, portanto, o primeiro dos efeitos da caridade.

12. O amor causa a observância dos mandamentos.

O segundo efeito da caridade é a observância dos mandamentos divinos. Diz São Gregório: “Nunca o amor de Deus é ocioso”. Porquanto, se existe, opera grandes coisas; se, porém, se recusa a operar, amor não é. De onde que um sinal manifesto da caridade é a prontidão na execução dos preceitos divinos. Vemos, de fato, os que amam operar por causa do amado coisas grandes e difíceis. Diz também o Evangelho de João: “Se alguém me ama, observará os meus mandamentos” (Jo. 14). Mas quem observa o mandamento e a lei do amor divino cumpre toda a lei. Pois há dois modos de mandamentos divinos. Alguns são afirmativos, e estes a caridade cumpre porque a plenitude da lei que consiste nos mandamentos é o amor pelo qual os mandamentos são observados. Já outros são proibitórios, e estes também a caridade cumpre, porque “não age maldosamente”, como diz o Apóstolo na primeira aos Coríntios.

13. O amor é refúgio contra as adversidades.

A terceira coisa que faz a caridade é ser refúgio contra as adversidades. Ao que tem caridade, nenhuma adversidade causa dano, antes, se converte em coisa útil: “Todas as coisas cooperam para o bem dos que amam a Deus” (Rom. 8). As coisas adversas e difíceis parecem suaves para os que amam, como entre nós o vemos manifestamente.

14. O amor conduz à eterna BEM-AVENTURANÇA.

O quarto efeito da caridade é o de conduzir à felicidade. Somente aos que tiverem caridade a felicidade eterna é prometida, pois todas as coisas sem a caridade são insuficientes: “Desde já me está reservada a coroa de justiça, que me dará o Senhor, justo juiz, naquele dia. E não somente a mim, mas a todos os que tiverem esperado com amor a sua vinda” (II Tim. 4)

E deve-se saber que somente segundo a diferença da caridade será a diferença da bem-aventurança, e não segundo nenhuma outra virtude. Muitos, na verdade, fizeram maiores jejuns do que os apóstolos, mas estes na bem-aventurança superam todos os outros por causa da excelência da caridade. Eles, com efeito, foram as primícias dos que têm o Espírito, como diz o Apóstolo, no oitavo de Romanos. De onde que a diferença da bem-aventurança provém da diferença da caridade, e assim são patentes as quatro coisas que em nós faz a caridade.

15. Outros efeitos do amor: o amor produz o perdão dos pecados.

Além destas, porém, a caridade faz outras coisas que não se devem deixar passar. Primeiro, causa o perdão dos pecados, algo que já vemos manifestamente acontecer entre nós. Porquanto, se alguém ofender algum homem e posteriormente vier a amá-lo entranhadamente, o ofendido, por causa do amor com que é amado, perdoará a ofensa. Assim também Deus perdoa os pecados dos que o amam: “A caridade encobre uma multidão de pecados” (I Pe. 4). E diz bem o apóstolo que os encobre, porque para Deus não parece que devam ser punidos. Mas, posto que São Pedro diga que encobre uma multidão, todavia Salomão diz no décimo de Provérbios que “a caridade encobre todos os delitos”, o que o exemplo da Madalena maximamente manifesta: “São-lhe perdoados muitos pecados”, e a causa é mostrada: “já que muito amou” (Luc. 7). Mas talvez alguém dirá: “Então a caridade basta para apagar os pecados, e não é necessário o arrependimento?” Deve-se considerar, porém, que ninguém verdadeiramente ama, que não se arrependa verdadeiramente. De fato, é manifesto que quanto mais amamos a alguém, tanto mais nos afligimos se a ele ofendemos, e isto é um efeito da caridade.

16. O amor produz a iluminação do coração.

A caridade causa também a iluminação do coração. Com efeito, assim diz o livro de Jó: “Estamos todos envolvidos em trevas” (Jó 37). Pois frequentemente não sabemos o que agir, ou desejar. A caridade, porém, ensina tudo o que é necessário à salvação. Por isto está dito: “Sua unção vos ensinará de tudo” (I Jo. 2). Isto é porque, onde está a caridade, lá está o espírito Santo que a tudo conhece, o qual nos conduz no caminho correto, assim como está escrito no Salmo 138. E por isso diz também o Eclesiástico: “Vós, que temeis a Deus, amai-O, e se iluminarão os vossos corações“, a saber, para o conhecimento do que é necessário à salvação.

17. O amor realiza a perfeita alegria.

A caridade também realiza no homem a perfeita alegria. Na verdade, ninguém tem verdadeira alegria a não ser existindo na caridade. Quem quer que deseje algo não está contente, nem se alegra, e nem tem repouso enquanto não o conseguir. E nas coisas temporais sucede que o que se não se tem é apetecido, e o que se tem é desprezado e gera o tédio. Mas não é assim nas coisas espirituais; antes, ao contrário, quem a Deus ama, a Deus possui, e por isso a alma de quem o ama e o deseja nEle repousa: “Quem”, de fato, “permanece na caridade, em Deus permanece, e Deus nele”, como está dito no quarto da primeira Epístola de João.

18. O amor produz a perfeita paz.

Igualmente, a caridade produz a perfeita paz. Pois acontece nas coisas temporais que sejam desejadas com frequência, mas obtidas as mesmas, ainda a alma do que as deseja não repousa, antes, ao contrário, obtida uma, outra apetece: “O coração do ímpio é como um mar revolto, que não pode repousar” (Ecl. 57). E também, no mesmo lugar: “Não há paz para o ímpio, diz o Senhor”. Mas não acontece assim na caridade para com Deus. Quem, de fato, ama a Deus, tem a paz perfeita: “Muita paz aos que amam a Tua lei, e não há tropeço para eles” (Salmo 118). E isto porque somente Deus é capaz de satisfazer o nosso desejo, porquanto Deus é maior do que o nosso coração, como diz o Apóstolo. E por isso diz Santo Agostinho no primeiro livro das Confissões: “Fizeste-nos, ó Senhor, para ti, e o nosso coração está inquieto enquanto não repousa em ti”. E também: “O qual preenche de bens o teu desejo” (Salmo 102). A caridade também torna o homem de grande dignidade. Com efeito, todas as criaturas servem à própria majestade divina, e por ela foram feitas, assim como as coisas artificiais servem ao artífice. Mas a caridade faz do servo um livre e um amigo. De onde diz o Senhor: “Já não vos chamarei de servos, mas de amigos” (Jo. 15). Mas porventura Paulo não é servo? E os outros apóstolos não escreviam de si serem servos? Quanto a isto deve-se saber que há duas servidões. A primeira é a do temor, e esta é penosa e não meritória. Se, de fato, alguém se abstém do pecado somente pelo temor da pena, não merece por isto. Ainda é servo. A segunda servidão é a do amor. Se, na verdade, alguém opera não pelo temor da justiça, mas pelo amor divino, não opera como servo, mas como livre, porque voluntariamente, e é por isto que Cristo diz: “Já não vos chamarei mais de servos”. E por quê? A isto responde o Apóstolo: “Não recebestes o espírito de servidão para recairdes no temor, mas recebestes o espírito de adoção de filhos” (Rom. 8). “Não há, de fato, temor na caridade”, como diz I Jo. 4. O temor tem, certamente, tormento, mas a caridade, deleitação.

19. O amor dignifica o homem.

A caridade igualmente torna não somente livres, mas também filhos, para que, a saber, “sejamos chamados filhos de Deus e de fato o sejamos” (I Jo. 3). Com efeito, o estranho se torna filho adotivo quando adquire para si o direito na herança de Deus, que é a vida eterna. Pois, como diz Romanos: “O próprio Espírito dá testemunho ao nosso espírito que somos filhos de Deus. Se, porém, filhos, também herdeiros: herdeiros de Deus e co-herdeiros de Cristo” (Rom. 8). E também: “Eis que são contados entre os filhos de Deus” (Sab. 5).

20. O amor de caridade só pode ser alcançado pela graça.

Do que já foi dito fica patente a utilidade da caridade. Pois que, portanto, seja tão útil, deve-se trabalhar diligentemente para adquirí-la e retê-la. Deve-se saber, porém, que ninguém pode por si mesmo possuir a caridade. Antes, ao contrário, é dom inteiramente de Deus. De onde que diz João: “Não fomos nós que amamos a Deus, mas Ele quem nos amou primeiro” (I Jo. 4), porque certamente não por causa de nós o amarmos primeiro que Ele nos ama, mas o próprio fato de o amarmos é causado em nós pelo seu amor. Deve-se considerar também, que ainda que todos os dons sejam do Pai das luzes, todavia este dom, a saber, o da caridade, supera todos os demais dons. De fato, todos os outros podem ser possuídos sem a caridade e o Espírito Santo; com a caridade, porém, possui-se necessariamente o Espírito Santo: “A caridade de Deus foi derramada nos nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado”. Seja o dom das línguas, portanto, seja o dom da ciência ou o da profecia, todos estes podem ser possuídos sem a graça e o Espírito Santo.

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Este texto, de Santo Tomás de Aquino, foi retirado do site www.cristianismo.org.br , onde se encontram muitos outros textos interessantes para o estudo e crescimento da fé e da vida espiritual.

Fonte: https://presbiteros.org.br/o-mandamento-da-caridade/

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF