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sexta-feira, 14 de fevereiro de 2025

O sexto dia da criação e a Campanha da Fraternidade 2025

Sexto dia: O dia da Criação (CNBB Norte 2)

O SEXTO DIA DA CRIAÇÃO E A CAMPANHA DA FRATERNIDADE 2025

14 de fevereiro de 2025

por Dom Vital Corbellini
Bispo da Diocese de Marabá

Deus viu que tudo era muito bom (Gn 1,31). Este lema da Campanha da Fraternidade 2025 ajude-nos a ver na criação a beleza das coisas, pois Deus criou o universo, os seres vegetais, espirituais, animais e humanos com infinito amor. É importante perceber a forma como o Senhor criou as coisas a partir de Santo Ambrósio, bispo de Milão, no século IV, uma vez que ele fez uma análise das coisas de Deus criadas a serviço do ser humano e como é possível o cuidado para com todos os seres vivos.

O sexto dia

A criação foi feita por Deus Pai Criador em seis dias. O sexto dia tem uma relevância particular porque antes da criação do ser humano teve a criação dos quadrúpedes, serpentes, os animais da terra e rebanhos, os répteis. Deus viu que era bom para em seguida Ele fazer o ser humano (cfr. Gn 1,24-26)[1]. Deus criou as coisas para o serviço do ser humano e não para o seu domínio. É claro que muitas delas, servem como alimento, sem misturas, mas com grandes sabores para a vida humana.

A terra produza os frutos

Santo Ambrósio afirmou o dom da terra, criado por Deus que produza frutos para a vida humana. A graça da terra foi dada para todas as pessoas. Ele teve presentes o caso de Eliseu (cfr. 2 Rs 4, 38-43)com o seu servo que tinha dez pães de cevada para cem pessoas, de modo que o profeta disse que ele daria o suficiente e todos comeriam, porque como disse o Senhor, “comerão e ainda sobrarão” (cfr. 2 Rs 4,43). A fé nas coisas plantadas dá e dará colheita abundante, a comida na realidade humana pela realização das palavras do Senhor[2].

A beleza da criação

Deus fez as coisas em seis dias de modo que tudo foi feito de uma forma maravilhosa, bonita, bela. O bispo de Milão teve presentes as palavras do Senhor ditas em Isaias (cfr. Is 40,22) pois “Quem mediu a água com a mão e o céu com a palma, e toda a terra com a mão fechada?! Quem colocou os montes, os rochedos e os pratos na balança?!”. Foi com grande amor que o Senhor criou todas as coisas e os seres humanos. Uma outra pergunta levantou o bispo de Milão: “Qual é pois, o ser humano que ousa reivindicar para si uma sabedoria igual à de Deus tendo o seu conhecimento, próprio de Deus?![3]. O poder de Deus na criação manifestou a sua beleza no qual tudo converge para o bem das coisas, dos seres humanos e da própria glória de Deus.

O sexto dia nas gerações

Santo Ambrósio teve presentes as palavras da Escritura onde Deus afirmou que a terra produza a alma vivente dos rebanhos, dos animais e répteis (Gn 1,24). Este ponto significou que a Palavra de Deus correu por toda a criação na constituição do mundo, de modo que fossem produzidas da terra as espécies de seres vivos que Deus determinou, de modo que todas viessem a ter uma sucessão conforme a sua espécie e semelhança. Na ordem do Criador a espécie gera outra espécie de modo que o leão gera leão, o tigre gera tigre, o boi gera boi, a vaca gera a vaca, o cisne gera cisne, a águia gera águia[4]. Cada espécie gera a sua própria espécie. Desta forma, o ser humano gera o ser humano.

O Senhor é digno de louvor

Santo Ambrósio seguiu as palavras do salmista que disse: “Quão imensas são tuas obras, ó Senhor! Fizeste todas com sabedoria” (Sl 104,24). Todas as coisas foram feitas com perfeição. A sabedoria divina penetra todas, de modo que é mais forte o testemunho da natureza do que o argumento da doutrina[5]. O bispo de Milão teve presentes o conhecimento dos animais, e também dos seres humanos em se salvaguardarem diante dos perigos, a resistência e a coragem de todos os seres criados. Este movimento vem do próprio Criador. Os animais discernem pelo cheiro os alimentos nocivos e os salutares, porque a melhor mestra da verdade é pois a natureza[6]. A natureza das feras é simples, desconhecendo fraudes à verdade. Foi o Senhor, segundo Santo Ambrósio que Ele dispôs este poder de uma forma conveniente a todas as criaturas[7].

A sabedoria divina na humanidade

A Sabedoria dada às coisas pelo Senhor fizeram-nas prosseguir na existência de modo que Ele criou tudo com ordem, assim da mesma forma criou o ser humano com sabedoria[8]. Tudo procedeu de seu imenso poder para com todas as criaturas. Santo Ambrósio seguiu a Palavra de Deus que disse: “Admirável, de fato é o Senhor nas alturas”(Sl 93,4)[9].

A criação humana

O sexto dia colocou também a ordem de Deus que disse: “Façamos o homem à nossa imagem e semelhança”(Gn 1,26). O verbo ‘façamos’ coloca Deus Uno e Trino na criação humana. O Senhor não disse estas coisas aos anjos mas ao ser humano ao criá-lo com amor. O ser humano é criado, segundo as Escrituras, à imagem do Deus invisível e com o Primogênito de toda a criatura, Jesus Cristo (cf. Cl 1, 13-15)[10]. A criação humana dada na imagem do Criador e Redentor é para servir as criaturas e não para dominá-las. Ele foi percebido, criado segundo Santo Ambrósio para edificar a casa[11]. Ele tinha presente que a casa de Deus é comum ao pobre e ao rico[12] de modo que todos tem os mesmos compromissos e deveres diante do Criador. Todos os seres vivos veem as coisas mas somente ao ser humano foi dada a graça de ver o universo e contemplar o seu Criador[13].

Santo Ambrósio falou que o sexto dia criado por Deus fez as coisas, os animais domésticos e selvagens, e a totalidade da obra do mundo foi concluída, com a criação do ser humano, sendo o principado de todos os seres vivos, o ponto mais alto do universo, a graça dada para toda a criação[14]. Nós somos chamados a viver a Palavra de Deus no contexto humano, ecológico, eclesial, social e um dia nós sejamos participantes do Reino de Deus pelo amor a Deus, ao próximo como a si mesmo.

Notas:

[1] Cfr. Examerão, 2,3 Os seis dias da criação. In: Santo Ambrósio. São Paulo: Paulus, 2009, pgs. 226-227.

[2] Cfr. Idem,2,6,  pg. 228.

[3] Cfr. Ibidem, 2,7, pg. 229.

[4] Cfr. Ibidem, 3,9, pg. 230.

[5] Cfr. Ibidem, 4, 21, pg. 237.

[6] Cfr. Ibidem, pg. 237.

[7] Cfr. Ibidem,4, 22, pg. 238.

[8] Cfr. Ibidem, 4, 27, pg. 243.

[9] Cfr. Ibidem, 6,36, pg. 247.

[10] Cfr. Ibidem, 7,40, pg. 251.

[11] Cfr. Ibidem, 8,51, pg. 261.

[12] Cfr. Ibidem, 8,52, pg. 262.

[13] Cfr. Ibidem, 9,67, pg. 272.

[14] Cfr. Ibidem, 10,75, pg. 277.

Fonte: https://cnbbn2.com.br/

A HISTÓRIA DE JOSEPH RATZINGER: Tradição e Liberdade: Lições do Jovem Joseph (II)

Joseph Ratzinger, especialista do Concílio Ecumênico Vaticano II, em uma foto do outono de 1964 | 30Giorni

A HISTÓRIA DE JOSEPH RATZINGER

Arquivo 30Giorni n. 03 - 2006

Tradição e Liberdade: Lições do Jovem Joseph

Os primeiros anos de ensino do Professor Ratzinger conforme relembrados por seus alunos. «A sala estava sempre lotada. Os alunos o adoravam. Ele tinha uma linguagem bonita e simples. A linguagem de um crente».

por Gianni Valente

Ratzinger e Schlier tornam-se amigos 

A liberdade pouco convencional do jovem professor bávaro também emerge da sua afinidade eletiva com figuras consideradas pelo establishment como estando na fronteira teológica da época. Foi em Bonn que Ratzinger conheceu e começou a frequentar Heinrich Schlier, o grande exegeta luterano que se converteu ao catolicismo em 1953. Pfnür explica: «Schlier, como aluno de Rudolf Bultmann, era um mestre do método exegético histórico-filológico. Quanto à questão do Jesus "histórico", para Schlier é certamente possível reconstruir traços decisivos da vida de Jesus, mas o Jesus da fé não é acessível através da reconstrução do histórico, mas apenas através dos quatro Evangelhos como únicas interpretações legítimas. Entretanto, o existencialismo teológico de Bultmann corria o risco de reduzir a Ressurreição a um fenômeno interno, mental e psicológico vivenciado pelos discípulos dentro de sua própria visão de fé. Enquanto para Schlier os Evangelhos, tal como lidos e interpretados pela Igreja, descreviam eventos reais, e não visões interiores produzidas pelos sentimentos religiosos dos apóstolos. Foi com base nessa percepção compartilhada que Ratzinger e Schlier se tornaram amigos." Uma abordagem que assume e valoriza com discernimento crítico também traços importantes da lição de Bultmann sobre como abordar as Sagradas Escrituras, sem fechamentos apriorísticos. Entre o final da década de 1960 e o início da década de 1970, os dois professores liderariam juntos as semanas de estudo para jovens teólogos organizadas em Bierbronnen, na Floresta Negra. Schlier também será convidado para os encontros teológicos periódicos dos alunos de doutorado de Ratzinger, que começaram sistematicamente durante seu período de ensino em Tübingen. Mas durante os anos de Bonn, a simpatia de Ratzinger pelo grande exegeta não pareceu ser compartilhada pelo resto do corpo acadêmico. Após sua conversão ao catolicismo, que o impediu de lecionar na Faculdade Evangélica, Schlier não encontrou vaga na Faculdade Católica de Teologia, e acabou “estacionado” na Faculdade de Filosofia, lecionando Literatura Cristã Antiga. Estudantes de toda a Alemanha, Holanda e Bélgica se aglomeram para ouvi-lo. «Mas alguns professores», recorda Peter Kuhn, «eram hostis a ele. Eles tinham inveja da amplitude de seu horizonte humano e intelectual."

Outra amizade “de fronteira” que marcou os anos de Ratzinger em Bonn foi a com o indologista Paul Hacker, cujo gênio também é delineado em cores fortes na autobiografia de Ratzinger. Partindo do luteranismo, Hacker também se tornou católico, com um caminho feito de "noites inteiras" passadas "conversando com os Padres ou com Lutero, diante de uma ou mais garrafas de vinho tinto". Ratzinger faz uso do amplo conhecimento de Hacker sobre o hinduísmo quando ele precisa estruturar as aulas sobre história das religiões que fazem parte do curso de Teologia Fundamental. Naqueles anos, os interesses de Ratzinger no mundo das religiões concentravam-se precisamente no hinduísmo. “Alguns alunos”, lembra Kuhn, “reclamavam e brincavam sobre isso. Eles disseram: Ratzinger está totalmente imerso no hinduísmo, ele só nos fala sobre Bhakti e Krishna, não aguentamos mais...". Mas aqueles anos também testemunharam o primeiro encontro significativo de Ratzinger com uma personalidade do mundo judaico: o estudioso Charles Horowitz, que ministrava seminários na Faculdade Teológica Evangélica. 

Os Anos do Concílio 

Naqueles anos, na Faculdade de Teologia da capital alemã muitas cátedras eram ocupadas por professores de prestígio. Há o grande historiador da Igreja Hubert Jedin, que, segundo alguns estudiosos da época, foi o patrocinador do chamado de Ratzinger para Bonn. Há o historiador do dogma Theodor Klauser, a estrela da Faculdade, sempre elegante, que circula pela cidade em seu Mercedes flamejante (Ratzinger usa transporte público ou vai a pé, ele pode ser reconhecido de longe por sua inevitável boina, que ele mesmo ironicamente chama de "meu capacete de prontidão"); há o outro dogmático bávaro Johann Auer, que Ratzinger reencontrará como colega durante seus anos de ensino em Regensburg. Um pequeno círculo de estudantes também começou a se formar em torno do professor: Pfnür, Angulanza e alguns outros. Aos domingos, Ratzinger os convida para almoçar em sua pequena vila na Wurzerstrasse, em Bad Godesberg, para onde se mudou depois de deixar sua acomodação inicial no internato teológico Albertinum. Sua irmã Maria, que também é uma boa cozinheira, mora com ele. Auer também às vezes participa desses encontros bávaros. Em Bonn, Ratzinger também convocou seu primeiro assistente: Werner Böckenförde, que faleceu há dois anos. Um munsteriano com uma personalidade forte que às vezes dá a impressão de querer “direcionar” seu professor. Angulanza explica: «Böckenförde estimava Ratzinger como teólogo, mas ele estava mais interessado em processos e eventos político-eclesiásticos, que ele julgava de forma muito crítica. O relacionamento entre os dois era formalmente correto, mas não familiar."

No entanto, a atmosfera dinâmica e serena em que o trabalho acontece em Bonn está destinada a desaparecer. As centenas de estudantes que lotam as palestras do professor de trinta anos despertam a inveja de professores mais velhos, como Johannes Botterweck (Antigo Testamento) e Theodor Schäfer (Novo Testamento). Angulanza também lembra: «Eu não saberia julgar Schäfer, porque nunca assisti às suas aulas secas, onde ele se limitava a citar servilmente o seu Compêndio na introdução ao Novo Testamento . Para nós, estudantes, Botterweck parecia cheio de si, presunçoso e polêmico." Os ciúmes acadêmicos aumentaram quando João XXIII convocou o Concílio Vaticano II, e o cardeal de Colônia Joseph Frings, após ouvir uma conferência do jovem professor bávaro sobre a teologia do Concílio, o escolheu como seu consultor teológico com vistas a participar das sessões conciliares. Frings e seu secretário Hubert Luthe – futuro bispo de Essen e colega de Ratzinger na Universidade de Munique – enviaram ao seu colaborador os esboços dos documentos preparados pela Comissão Preparatória para obter sua opinião. Ratzinger, como ele mesmo relata em sua autobiografia, tira delas "uma impressão de rigidez e falta de abertura, de uma ligação excessiva com a teologia neoescolástica, de um pensamento muito professoral e pouco pastoral". Foi Ratzinger quem escreveu a famosa conferência lida por Frings em Gênova em 19 de novembro de 1961 sobre “O Concílio Vaticano II diante do pensamento moderno”, que resume as expectativas de reforma suscitadas pela iminente assembleia eclesial em boa parte dos episcopados europeus. Quando o Concílio começa, Frings leva seu conselheiro consigo para Roma e obtém para ele a nomeação oficial como teólogo do Concílio. Ele será auxiliado por ele na elaboração das intervenções que representam as razões da ala reformista da assembleia conciliar. E proporcionará ao seu colaborador a oportunidade de se tornar um dos protagonistas “nos bastidores” do Conselho. Mas em Bonn, a valorização do talento teológico de trinta e cinco anos não é bem-vinda por todos. E o ar fica pesado.

Fonte: https://www.30giorni.it/

Tratado de Latrão, Parolin: esperamos uma paz duradoura, não à deportação de palestinos

O cardeal Secretário de Estado do Vaticano, Pietro Parolin, e o presidente da República Italiana, Sergio Mattarella  (ANSA)

O secretário de Estado vaticano, à margem da cerimônia no Palazzo Borromeo, Roma, disse que aqueles que nasceram e vivem em Gaza devem poder permanecer em sua própria terra. Sobre a Ucrânia, o cardeal disse que está certo de que há vislumbres de esperança para o fim da guerra, mas a paz deve ser “justa e duradoura”. Ele abordou ainda a questão dos migrantes: “são necessários protocolos de colaboração”. Fim da vida, um tópico a ser abordado em outra sede.

Alessandro Guarasci – Vatican News

Defesa da família, crises internacionais, desde o Oriente Médio até a Ucrânia, migrantes. Estes são alguns dos tópicos discutidos na noite deste 13 de fevereiro, no encontro de cúpula entre a Itália e a Santa Sé no Palazzo Borromeo, em Roma, por ocasião do aniversário da assinatura do Tratado de Latrão. Presentes os principais líderes institucionais, incluindo o cardeal secretário de Estado, Pietro Parolin, o presidente da República, Sergio Mattarella, e a primeira-ministra, Giorgia Meloni.

A solução no Oriente Médio continua sendo a solução de dois Estados

A Santa Sé está sempre atenta ao que está ocorrendo em Gaza. A população palestina deve poder permanecer em sua terra: “nenhuma deportação e esse é um dos pontos fundamentais”, disse o cardeal Parolin à margem da cerimônia. “Alguém destacou, do lado italiano, como isso criaria tensão na região. Os países vizinhos não estão dispostos, ouvimos, por exemplo, o rei da Jordânia recentemente que disse absolutamente 'não', precisamos encontrar uma solução e a solução, em nossa opinião, é a dos dois estados, porque isso também significa dar esperança às pessoas”. O Ministro das Relações Exteriores da Itália, Antonio Tajani, também aponta que a situação pode evoluir, enfatizando que há alguns vislumbres positivos de esperança de progresso: “estamos fazendo tudo o que está ao nosso alcance para garantir que a trégua seja consolidada, portanto, espero que os reféns sejam libertados”.

Uma paz justa para a Ucrânia

Em relação à Ucrânia, a diplomacia está fazendo seus movimentos, também à luz do recente telefonema entre o presidente dos EUA, Trump, e o presidente russo, Putin. O cardeal Parolin reiterou que “é necessária uma paz justa” e que “há muitos movimentos, muitos vislumbres”. “Esperamos”, acrescentou, “que eles se materializem e esperamos que possamos chegar a uma paz que, para ser sólida, duradoura, deve ser uma paz justa, envolver todos os atores que estão em jogo e levar em conta os princípios do direito internacional e as declarações da ONU. Tudo o que é proposto é útil porque precisamos pôr um fim a essa carnificina”. O ministro italiano Tajani, por sua vez, acrescenta que, de qualquer forma, a UE e Kiev devem participar das negociações.

A lei de suicídio assistido da região italiana Toscana

Por outro lado, a questão do suicídio assistido não foi abordada, seguindo a recente lei da região italiana da Toscana, que poderia ser tratada em outras ocasiões. Quando perguntado se a lei seria contestada, o ministro Tajani respondeu: “É uma questão de competência nacional, falaremos sobre isso, mas é estranho que aqueles que são contra a autonomia queiram fazer uma lei na Toscana sobre suicídio assistido, e em outra região não. Se dependesse de mim, sim, mas vamos conversar sobre isso. Não é uma questão de competência regional, precisamos de competência nacional sobre esse assunto”.

Também foi mencionado o tema dos migrantes. O cardeal Parolin relatou que, durante as conversas bilaterais, falou-se sobre “a acolhida e a colaboração para a acolhida e a integração de migrantes na Itália. A Igreja está fazendo muito, mas são necessários protocolos de colaboração em nível regional”.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

São Cirilo e São Metódio, co-patronos da Europa

São Cirilo e São Metódio (Templário de Maria)

Data da publicação – 13/02/2025

14 DE FEVEREIRO

SÃO CIRILO E SÃO METÓDIO

São Cirilo abandonou tudo para viver uma grande aventura santa com seu irmão que já era monge: São Metódio. Juntos, movidos pelo Espírito, foram ao encontro dos povos eslavos, conheceram a cultura e se inculturaram. A língua, os costumes, o amor àquele povo, tudo isso foi fundamental para que São Cirilo, juntamente com seu irmão, para que pudessem apresentar o Evangelho vivo, Jesus Cristo.

São Cirilo – Monge (826-868)

Constantino nasceu em 826 na Tessalônica, atualmente Salonico, Grécia. Seu pai era Leão, um rico juiz grego, que teve sete filhos. Constantino o caçula e Miguel o mais velho, que mudaram o nome para Cirilo e Metódio respectivamente, ao abraçarem a vida religiosa.

Cirilo tinha catorze anos quando o pai faleceu. Um amigo da família, professor Fócio, que mais tarde ajudou seu irmão acusado de heresia, assumiu a educação dos órfãos em Constantinopla, capital do Império Bizantino. Cirilo aproveitou para aprender línguas, literatura, geometria, dialética e filosofia. De inteligência brilhante, se formou em tudo.

Rejeitando um casamento vantajoso, ingressou para a vida espiritual, fazendo votos particulares, se tornou bibliotecário do ex-patriarca. Em seguida, foi cartorário e recebeu o diaconato. Mas sentiu necessidade de se afastar, indo para um mosteiro, em Bósforo. Seis meses depois foi descoberto e designado para lecionar filosofia. Em seguida, convocado como diplomata para a polêmica questão sobre o culto das imagens junto ao ex-patriarca João VII, o Gramático. Depois foi resolver outra questão delicada junto aos árabes sarracenos que tratava da Santíssima Trindade. Obteve sucesso em ambas.

Seu irmão mais velho, que era o prefeito de Constantinopla, abandonou tudo para se dedicar à vida religiosa. Em 861, Cirilo foi se juntar a ele, numa missão evangelizadora, a pedido do imperador Miguel III, para atender o rei da Morávia. Este rei precisava de missionários que conhecessem a língua eslava, pois queria que o povo aprendesse corretamente a religião. Os irmãos foram para Querson aprender hebraico e samaritano.

Nesta ocasião, Cirilo encontrou um corpo boiando, que reconheceu ser o papa Clemente I, que tinha sido exilado de Roma e atirado ao mar. Conservaram as relíquias numa urna, que depois da missão foi entregue em Roma. Assim, Cirilo continuou estudando o idioma e criou um alfabeto, chamado ‘cirílico’, hoje conhecido por ‘russo’. Traduziu a Bíblia, os Livros Sagrados e os missais, para esse dialeto. Alfabetizou a equipe dos padres missionários, que começou a evangelizar, alfabetizar e celebrar as missas em eslavo.

Isto gerou uma grande divergência no meio eclesiástico, pois os ritos eram realizados em grego ou latim, apenas. Iniciando o cisma da Igreja, que foi combatido pelo então patriarca Fócio com o reforço de seu irmão. Os dois foram chamados por Roma, onde o papa Adriano II, solenemente recebeu as relíquias de São Clemente, que eles transportavam. Conseguiram o apoio do Sumo Pontífice, que aprovava a evangelização e tiveram os Livros traduzidos abençoados.

Mas, Cirilo que estava doente, piorou. Pressentido sua morte, tomou o hábito definitivo de monge e o nome de Cirilo. Cinquenta dias depois, faleceu em Roma no dia 14 de fevereiro de 868. A celebração fúnebre foi rezada na língua eslava, pelo papa Adriano II, sendo sepultado com grande solenidade na igreja de São Clemente. Cirilo e Metódio foram declarados pela Igreja como ‘apóstolos dos eslavos’. O papa João Paulo II, em 1980, os proclamou junto com São Bento de ‘Patronos da Europa’.

São Metódio – Bispo (814-885)

Miguel, primogênito dos sete filhos do juiz grego Leão, nasceu em 814 na Tessalônica, atual Salonico, Grécia. Tinha vinte e seis anos e era prefeito de Constantinopla, capital do Império Bizantino, quando seu pai morreu. Irmão de Constantino, foi aluno de Fócio, que assumiu a educação dos órfãos. Miguel e Constantino mudaram o nome para Metódio e Cirilo, ao se consagrarem sacerdotes.

Com a morte do pai, em 840, abandonou tudo e se recolheu no convento de Policron, no monte Olímpio, e se fez monge. Foi o imperador Miguel III quem o convocou para a missão evangelizadora da Morávia, da qual participou também seu irmão. Depois, os dois foram para Roma, onde Cirilo, doente, acabou falecendo.

Metódio foi ordenado sacerdote pelo papa Adriano II em 868 e, depois da cerimônia do sepultamento do irmão, foi nomeado delegado apostólico, consagrado bispo, e estabelecido como arcebispo para a Iugoslávia e Morávia. Uma carta, que o credenciava junto aos principados eslavos, continha a aprovação sem reservas para a liturgia na língua eslava.

Os acontecimentos políticos impediram que Metódio retornasse a Morávia. Ficou, então nos domínios do principado iugoslavo, que tinham sido evangelizados até a Áustria. Ali foram inevitáveis os desencontros entre o clero latino e o novo clero eslavo. Inclusive, Metódio foi preso, traído diante do concílio de Ratisbona e condenado ao exílio na Suécia.

O então papa João VIII, em 878, interveio energicamente e ele foi solto, mas reprovou as suas novidades linguísticas na liturgia. Porém, Metódio, estava fortalecido pela aprovação do papa anterior, podendo dar continuidade à evangelização iniciada. Depois de um ano de tranquilidade, novos protestos se elevaram contra ele, sendo acusado de heresia.

Convocado a se apresentar em Roma pelo papa João VIII, não só se justificou como o convenceu a lhe dar seu apoio. Com uma carta oficial da Santa Sé, ele foi confirmado nas funções, e autorizado a usar o eslavo na liturgia, mas pedindo que o Evangelho fosse lido em latim antes que em eslavo. Porém o imperador germânico preferia outro bispo, que celebrava a liturgia em latim. A confusão estava formada. Tudo se complicou quando surgiu uma falsa carta do papa, que dizia o oposto da anterior apresentada por Metódio.

Em 881 a Santa Sé, negou formalmente a falsa carta. Mas isto não pôs fim à dificuldade, o clero alemão continuou sua oposição. Nesta época, Metódio, foi para Constantinopla a convite do imperador, para se juntar ao então patriarca Fócio, seu antigo professor e amigo da família. Assim, continuou com seus discípulos o seu apostolado e a tradução da Bíblia e dos Livros Litúrgicos a quem precisasse.

Morreu em 6 de abril de 885 em Velehrad, Tchecoslováquia, onde foi sepultado na igreja da Catedral. Atualmente se ignora o local exato onde foram colocadas suas relíquias. Metódio e Cirilo são considerados pela Igreja como ‘apóstolos dos eslavos’ e venerados no dia 14 de fevereiro, dia da morte de Cirilo. Em 1980, o papa João Paulo II os proclamou ‘Patronos da Europa’ ao lado de São Bento.

Fonte: https://templariodemaria.com/

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2025

Para não perder nada do Jubileu, confira o calendário!

Antoine Mekary | ALETEIA

I. Media - publicado em 22/12/24

O Jubileu de 2025 começará oficialmente em 24 de dezembro de 2024 com diversos eventos temáticos marcados. Confira o calendário dos eventos e das programações!

O Jubileu de 2025 começará oficialmente em 24 de dezembro de 2024, quando o Papa Francisco abrirá a Porta Santa da Basílica de São Pedro, em Roma. Este 'Ano Santo' acolherá milhões de peregrinos e será marcado por diversos eventos temáticos, peregrinações e iniciativas. De acordo com o programa, o Papa Francisco abrirá três 'Portas Santas' em Roma, incluindo uma em uma prisão, e participará dos 34 ''jubileus temáticos" oficialmente previstos. 

Abaixo, você pode encontrar o calendário com todos os eventos e programações!

1 - DEZEMBRO DE 2024

24 de dezembro
Abertura oficial do Jubileu em Roma. Às 19h, o Papa presidirá o rito de abertura da Porta Santa, que ele mesmo atravessará primeiro, antes de celebrar a Missa da Vigília de Natal na Basílica de São Pedro.

26 de dezembro
Na festa de São Estêvão, o primeiro mártir, o Papa abrirá uma Porta Santa na prisão de Rebibbia – bairro no sul de Roma –, como sinal de proximidade aos detentos.

29 de dezembro
O Papa Francisco abrirá a Porta Santa na catedral de Roma, na Basílica de São João de Latrão. Esse ato marcará a abertura do Ano Jubilar em todas as catedrais do mundo.

2 - JANEIRO DE 2025

1º de janeiro
Solenidade de Maria Mãe de Deus. A Porta Santa da Basílica Papal de Santa Maria Maior em Roma será aberta. 

5 de janeiro
A Porta Santa da Basílica Papal de São Paulo Fora dos Muros em Roma será aberta. 

24 a 26 de janeiro
Jubileu do mundo da comunicação. Encontro com o Papa na Sala Paulo VI no dia 25 de janeiro às 12h30 e Missa com o Papa no dia 26 de janeiro às 10h na Basílica de São Pedro.

3 - FEVEREIRO DE 2025

8 a 9 de fevereiro
Jubileu das forças armadas, da polícia e dos guardas de segurança. Missa presidida pelo Papa na Praça de São Pedro no dia 9 de fevereiro às 10h30.

15 a 18 de fevereiro
Jubileu dos artistas. (Programação a ser anunciada, confira o site do Jubileu para mais informações.)

21 a 23 de fevereiro
Jubileu dos diáconos. Missa presidida pelo Papa na Praça de São Pedro no dia 23 de fevereiro às 10h, com ordenações diaconais.

4 - MARÇO DE 2025

8 a 9 de março
Jubileu do mundo do voluntariado. Missa presidida pelo Papa na Praça de São Pedro no dia 9 de março às 10h30.

28 de março
No evento "24 horas para o Senhor", o Papa preside uma vigília penitencial na Basílica de São Pedro.

28 a 30 de março
Jubileu dos missionários da misericórdia. Encontro com o Papa no dia 29 de março às 12h na Sala Paulo VI.

5 - ABRIL DE 2025

5 a 6 de abril
Jubileu dos enfermos e do mundo da saúde. Missa presidida pelo Papa na Praça de São Pedro no dia 6 de abril às 10h30.

25 a 27 de abril
Jubileu dos adolescentes. Canonização de Carlo Acutis no dia 27 de abril. (Programação a ser anunciada, confira o site do Jubileu para mais informações.)

28 a 29 de abril
Jubileu das pessoas com deficiência. Encontro com o Papa na Praça de São Pedro no dia 29 de abril às 11h.

6 - MAIO DE 2025

1º a 4 de maio
Jubileu dos trabalhadores. Missa presidida pelo Papa na Praça de São Pedro no dia 4 de maio às 10h30.

4 a 5 de maio
Jubileu dos empresários. Missa presidida pelo Papa na Praça de São Pedro no dia 4 de maio às 10h30. Catequese do Papa no dia 5 de maio às 12h.

10 a 11 de maio
Jubileu das bandas musicais e da música tradicional. Missa presidida pelo Papa na Praça de São Pedro no dia 11 de maio às 10h30.

12 a 14 de maio
Jubileu das Igrejas Orientais. (Programação a ser anunciada, confira o site do Jubileu para mais informações.)

16 a 18 de maio
Jubileu das Irmandades. Missa presidida pelo Papa na Praça de São Pedro no dia 18 de maio às 10h30.

30 de maio a 1º de junho
Jubileu das famílias, das crianças, dos avós e dos idosos. Missa presidida pelo Papa na Praça de São Pedro no dia 1º de junho às 10h30, com a primeira comunhão de crianças.

7 - JUNHO DE 2025

7 a 8 de junho
Jubileu dos movimentos, associações e novas comunidades. Vigília de Pentecostes presidida pelo Papa na Praça de São Pedro no dia 7 de junho às 20h. Missa presidida pelo Papa na Praça de São Pedro no dia 8 de junho às 9h30.

9 de junho
Jubileu da Santa Sé. Meditação na presença do Papa às 10h na Sala Paulo VI. Missa presidida pelo Papa na Praça de São Pedro às 11h30.

14 a 15 de junho
Jubileu do esporte. Missa presidida pelo Papa na Praça de São Pedro no dia 15 de junho às 9h30.

20 a 22 de junho
Jubileu dos governantes. (Programação a ser anunciada, confira o site do Jubileu para mais informações.)

23 a 24 de junho
Jubileu dos seminaristas. Catequese com o Papa na Praça de São Pedro no dia 24 de junho às 9h.

25 de junho
Jubileu dos bispos. Meditação do Papa na Basílica de São João de Latrão no dia 25 de junho às 12h.

25 a 27 de junho
Jubileu dos sacerdotes. Missa presidida pelo Papa na Praça de São Pedro no dia 27 de junho às 9h30, com ordenações sacerdotais.

8 - JULHO DE 2025

28 a 29 de julho
Jubileu dos missionários digitais e dos influencers católicos. (Programação a ser anunciada, confira o site do Jubileu para mais informações.)

28 de julho a 3 de agosto
Jubileu dos jovens. Canonização de Pier Giorgio Frassati no dia 3 de agosto. Vigília presidida pelo Papa em Tor Vergata no dia 2 de agosto às 20h30. Missa presidida pelo Papa em Tor Vergata no dia 3 de agosto às 9h30.

9 - SETEMBRO DE 2025

15 de setembro
Jubileu da consolação. Vigília de oração com o Papa na Basílica de São Pedro às 17h, para as pessoas que atravessam situações de dor e aflição, seja por doença, luto, ou por terem sofrido violências ou abusos.

20 de setembro
Jubileu dos operadores da justiça. Catequese com o Papa às 12h.

26 a 28 de setembro
Jubileu dos catequistas. Missa presidida pelo Papa na Praça de São Pedro no dia 28 de setembro às 10h30, com a instituição de novos catequistas.

10 - OUTUBRO DE 2025

4 a 5 de outubro
Jubileu dos migrantes e Jubileu do mundo missionário. Encontro com o Papa na Praça de São Pedro no dia 4 de outubro às 10h.

8 a 9 de outubro
Jubileu da vida consagrada. Missa presidida pelo Papa na Praça de São Pedro no dia 9 de outubro às 10h30.

11 a 12 de outubro
Jubileu da espiritualidade mariana. Missa presidida pelo Papa na Praça de São Pedro no dia 12 de outubro às 10h30.

11 - NOVEMBRO DE 2025

31 de outubro a 2 de novembro
Jubileu do mundo educativo. (Programação a ser anunciada, confira o site do Jubileu para mais informações.)

16 de novembro
Jubileu dos pobres. (Programação a ser anunciada, confira o site do Jubileu para mais informações.)

22 a 23 de novembro
Jubileu dos coros. Missa presidida pelo Papa na Praça de São Pedro no dia 23 de novembro às 10h30.

12 - DEZEMBRO DE 2025

14 de dezembro
Jubileu dos reclusos. Missa presidida pelo Papa na Praça de São Pedro às 10h.

28 de dezembro
Encerramento do Ano Santo nas dioceses.

13 - JANEIRO DE 2026

6 de janeiro
Festa da Epifania. Fechamento da Porta Santa da Basílica de São Pedro no Vaticano. Encerramento do Jubileu.

Fonte: https://pt.aleteia.org/2024/12/22/para-nao-perder-nada-do-jubileu-confira-o-calendario

Primeira exposição de arte sacra da arquidiocese de Brasília contempla o mistério da Encarnação

Cardeal Paulo Cezar Costa na primeira exposição de arte sacra da arquidiocese: “E se fez Carne – O mistério da presença do Divino no humano" | Neto Lima

Por Monasa Narjara*

13 de fevereiro de 2025

O arcebispo de Brasília, cardeal Paulo Cezar Costa, visitou ontem (12) a primeira exposição de arte sacra da arquidiocese: “E se fez Carne – O mistério da presença do Divino no humano“, baseado na contemplação do mistério da Encarnação de Jesus. “É a beleza da arte que quer falar ao ser humano de hoje, que quer nos fazer tocar o mistério do Transcendente”, disse o cardeal.

A mostra organizada pela Companhia Cultural e Artística (CCA) da arquidiocese de Brasília começou no dia 1º de fevereiro e traz “uma coleção diversificada de obras que transitam entre o tradicional e o contemporâneo, evidenciando a rica produção de arte sacra existente na capital federal”, diz a CCA.

"Menino Jesus na Manjedoura” - obra do policromista Toninho Douramento. Foto: Neto Lima

Segundo o presidente da Companhia Cultural e Artística, padre Gustavo Xavier, Brasília ainda é uma cidade jovem, em um processo de descoberta de sua tradição e identidade. “O objetivo desta exposição é mapear os artistas de Brasília, falar sobre o que está sendo produzido aqui, e, sobretudo, falar de Deus por meio da arte, usando uma linguagem própria D’Ele, simbólica e artística”, disse Xavier.

As peças da exposição são inspiradas no estilo “barroco brasileiro, iconografia bizantina, ilustração moderna e composição florentina” e mostram imagens “da devoção cristã, como Nossa Senhora do Rosário, Menino Jesus de Praga, Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, Pantocrator, São José e a Sagrada Família”. Segundo o CCA, estas “obras refletem a profundidade espiritual e a diversidade técnica dos artistas selecionados pela Companhia, muitos dos quais seguem o legado das irmãs de santa Marcelina, precursoras da arte religiosa em Brasília desde a década de 1980”.

Presépio. Foto: Neto Lima

A exposição “E se fez Carne – O mistério da presença do Divino no humano” é gratuita e acontece até o dia 23 de fevereiro no Espaço Oscar Niemeyer, próximo à Praça dos Três Poderes, na Esplanada dos Ministérios em Brasília, de terça a sexta-feira das 9h às 18h e no fim de semana das 9h às 17h.

Foto: Neto Lima

*Monasa Narjara é jornalista da ACI Digital desde 2022 e foi jornalista na Arquidiocese de Brasília entre 2014 a 2015.

Fonte: https://www.acidigital.com/noticia/61291/primeira-exposicao-de-arte-sacra-da-arquidiocese-de-brasilia-contempla-o-misterio-da-encarnacao

Fé cristã e lei moral natural

Fé cristã e lei natural (Vatican News)

O homem tem no coração uma lei escrita pelo próprio Deus; a sua dignidade está em obedecer-lhe, e por ela é que será julgado” (Concílio Vaticano II: GS n° 16).

Luís Eugênio Sanábio e Souza  -  Escritor  (Juiz de Fora)

No atual contexto social em que não faltam nocivos extremismos políticos e errôneas permissividades de costumes, parece-me importante expor algumas considerações, à luz da fé cristã, sobre o sentido da lei moral natural que subsiste sob o fluxo das idéias e dos costumes e constitui a base para seu progresso. A lei natural não é uma invenção humana. “Na intimidade da consciência, o homem descobre uma lei que não se impôs a si mesmo, mas a ela deve obedecer. A voz desta lei, que sempre o está a chamar ao amor do bem e fuga do mal, ressoa no momento oportuno, na intimidade do seu coração: faze isto, evita aquilo. O homem tem no coração uma lei escrita pelo próprio Deus; a sua dignidade está em obedecer-lhe, e por ela é que será julgado” (Concílio Vaticano II: GS n° 16).  A lei natural é imutável e permanente através das variações da história. Mesmo que alguém negue até os seus princípios, não é possível destruí-la nem arrancá-la do coração do homem. Sempre torna a ressurgir na vida dos indivíduos e das sociedades. Por isso, “subjacentes a todas as transformações, há muitas coisas que não mudam” (Concílio Vaticano II: GS n° 10).

Nem todo comportamento moderno representa progresso. Às vezes um comportamento em si mesmo imoral torna-se popular e é aceito e aplaudido por muitas pessoas em nome de uma liberdade ilimitada. Então, é sempre importante discernir  “não o que os homens pensam, mas qual é a verdade objetiva”, alertava Santo Tomás de Aquino. Vale lembrar que a estatística não é o critério de julgamento da moral e as pesquisas de opinião a respeito de como se vive e o que se faz não representam em si mesmas o critério do verdadeiro e do justo.  A liberdade só é plenamente valorizada pela aceitação da verdade: num mundo sem verdade, a liberdade perde a sua consistência e o homem acaba exposto à violência das paixões e a condicionalismos visíveis ou ocultos. Não se pode relativizar a moral objetiva e universal em nome de um subjetivismo arbitrário e nem de uma ética individualista que ignora a universalidade da lei moral natural que liga entre si os homens e lhes impõe, para além das inevitáveis diferenças, princípios comuns. Como exemplos de violação da lei moral, podemos citar:  o aborto (que contraria o direito de vida do nascituro inocente); o divórcio (que destrói os importantes vínculos familiares e que injustamente “separa o que Deus uniu”, segundo advertiu Jesus Cristo: Mc 10,9); a ideologia de gênero (que rejeitando a dualidade de homem e mulher como um dado natural da criação, desvaloriza o que a natureza estabelece biologicamente, distorcendo o autêntico conceito de família); o ódio político (que desrespeita os adversários políticos, rompendo o diálogo e gerando intolerância e violência); as discriminações raciais, as guerras, a violência contra mulheres e crianças (que violam os direitos humanos); a imposição de regimes totalitários (que lesam a democracia e a justa liberdade dos povos) e etc.    A consciência não é uma fonte autônoma e exclusiva para decidir arbitrariamente o que é bom e o que é mal. Na verdade, na consciência está inscrito profundamente um princípio de obediência relacionado com as normas morais objetivas da lei natural.  “Existem atos que por si mesmos e em si mesmos, independentemente das circunstâncias e intenções, são sempre gravemente ilícitos, em virtude de seu objeto” (Catecismo da Igreja Católica n° 1756).   Por fim, é importante ressaltar que só Deus constitui a base irremovível e a condição insubstituível da moralidade.  Sem o Criador, a criatura se esvai.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

JOVENS DO CAMINHO NEOCATECUMENAL DE FRANCA SÃO ENVIADOS PARA A MISSÃO 2 A 2 NO INTERIOR DE SP

Centro Neocatecumenal de Brasília
Assessoria de Comunicação

JOVENS DO CAMINHO NEOCATECUMENAL DE FRANCA SÃO ENVIADOS PARA A MISSÃO 2 A 2 NO INTERIOR DE SP

Post 28 de janeiro de 2025 C. N. Brasil

Na noite desta terça-feira, 28 de janeiro, 250 pessoas, entre jovens maiores de 18 anos, catequistas e presbíteros do Caminho Neocatecumenal da Diocese de Franca, SP, foram enviadas para a Missão 2 a 2. A Celebração de Envio foi presidida por Dom Paulo Roberto Beloto, Bispo Diocesano, e ocorreu no Centro Catequético Santa Cruz, na cidade de Nuporanga.

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De 29 de janeiro a 1º de fevereiro, os missionários percorrerão as ruas os missionários percorrerão as ruas de 90 cidades pertencentes a oito dioceses vizinhas a Franca anunciando o Evangelho de dois em dois, revivendo o envio feito por Jesus aos seus discípulos para pregar o Reino de Deus, conforme descrito no Evangelho de Mateus (6,7). Sem levar bolsa, nem dinheiro e sem garantias de acolhida, os enviados em missão saem confiantes na providência divina, levando a boa notícia do Amor de Cristo a todos, sendo um testemunho vivo do chamado missionário que a Igreja recebe de levar o Evangelho até os confins da terra. A preparação para a missão aconteceu em um contexto de convivência conduzida pela Equipe de Catequistas responsável pelo Caminho Neocatecumenal no Brasil: Pe. José Folqué, Raúl Viana e Toña Santiago.

Uma celebração do Jubileu de 50 anos no Brasil

Centro Neocatecumenal de Brasília
Assessoria de Comunicação
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Assessoria de Comunicação
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Esta missão integra as comemorações pelos 50 anos do Caminho Neocatecumenal no Brasil, celebrados em 2024. Desde então, os envios de missionários 2 a 2 já foram realizados em diversas regiões do país, incluindo Amazonas, Pará, Maranhão, Ceará, Pernambuco, Tocantins, interior e capital de São Paulo, Brasília, Goiás, Mato Grosso do Sul, Paraná e Rio de Janeiro. Em 2025, a missão acontecerá novamente em Brasília e no Rio Grande do Sul.
A missão 2 a 2 reflete o chamado do Papa Francisco para uma “Igreja em saída”, que leva o Evangelho às periferias existenciais e geográficas. O tema do Ano Jubilar de 2025, “Peregrinos de Esperança”, ressoa profundamente neste envio missionário, que oferece uma experiência concreta do chamado cristão à evangelização.

Centro Neocatecumenal de Brasília
Assessoria de Comunicação
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Missão 2 a 2 em Belo Horizonte

A Missão 2 a 2 também acontece na Arquidiocese de Belo Horizonte, com o envio realizado no dia 28 de janeiro pelo bispo auxiliar Dom José Otácio, na Paróquia São Vicente de Paulo. De 29 a 31 de janeiro, 100 missionários percorrerão diversas cidades da região metropolitana da capital mineira para anunciar o Evangelho.

A equipe de catequistas itinerantes responsável pelo Caminho Neocatecumenal na Arquidiocese de Belo Horizonte é formada por Renato Aurélio Barbosa, Rosa Engler Barbosa, Cleiton Azevedo e Ricardo Bandeira.

Centro Neocatecumenal de Brasília
Assessoria de Comunicação

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Fonte: https://cn.org.br/portal/jovens-do-caminho-neocatecumenal-sao-enviados-para-a-missao-2-a-2-na-regiao-de-franca/

Papa: assim como os pastores, reconhecer na humildade a força do Menino Jesus

Audiência Geral, 12 de fevereiro de 2025 - Papa Francisco (Vatican News)

Na catequese da Audiência Geral desta quarta-feira (12/02), Francisco refletiu sobre o nascimento de Jesus e a visita que os pastores lhe fizeram, "as primeiras testemunhas da salvação". O encontro aconteceu num estábulo, sinal da humildade e fragilidade de Jesus e ondem encontraram o poder de Deus que salva a humanidade: "os pastores aprendem que num lugar muito humilde, reservado aos animais, nasce o Messias tão esperado e nasce para eles, para ser o seu Salvador, o seu Pastor".

https://youtu.be/S8qv8t8yPWo

Andressa Collet - Vatican News

“Caros irmãos e irmãs, bom dia! No nosso percurso jubilar de catequeses sobre Jesus, que é a nossa esperança, hoje nos detemos no evento do seu nascimento em Belém. Agora tomo a liberdade de pedir ao sacerdote, ao leitor, que continue lendo, porque eu, com a minha bronquite, ainda não posso. Espero que da próxima vez eu possa.”

Assim o Papa Francisco compartilhou a sua impossibilidade de ler a catequese durante a Audiência Geral desta quarta-feira (12/02) na Sala Paulo VI, já que ainda se recupera de uma bronquite. O texto, que deu continuidade à reflexão sobre "Jesus Cristo, nossa esperança", foi lido então pelo Pe. Pierluigi Giroli, funcionário da Secretaria de Estado, e dedicado ao nascimento de Jesus e à visita que os pastores lhe fizeram.

Pe. Pierluigi Giroli, funcionário da Secretaria de Estado, leu a catequese do Papa (Vatican Media)

Deus não se manifesta no clamor, mas na humildade

O Filho de Deus entra na história sujeito a inúmeros contratempos, tal como nós. Por causa de um recenseamento, estando ainda no ventre da Virgem Maria, teve de viajar de Nazaré a Belém. Assim, explicam as palavras do Papa, "o tão esperado Messias, o Filho do Deus Altíssimo, deixa-se recensear, isto é, contar e registrar, como qualquer outro cidadão". E em Belém se completam os dias do parto para Maria, onde nasce Jesus.

Mas, por não haver lugar para Ele na hospedaria, nasceu num estábulo e foi deitado numa manjedoura. "O Filho de Deus não nasce num palácio real, mas nos fundos de uma casa, no espaço onde estão os animais", comentou Francisco no texto. O evangelista Lucas mostra, assim, "que Deus não vem ao mundo com grandes proclamações, não se manifesta em clamor, mas inicia o seu caminho na humildade". 

Os primeiros a visitá-lo foram os pastores que, embora fossem homens de pouca cultura, "malcheirosos devido ao contato constante com os animais", vivendo "à margem da sociedade", souberam acolher o anúncio dos anjos e, por isso, testemunharam em primeira mão a boa notícia do nascimento do Salvador, que veio para todos. Como eles fizeram, exortaram as palavras do Papa, identifiquemos na humildade e fragilidade de Jesus o poder de Deus que salva a humanidade:

"Os pastores aprendem assim que num lugar muito humilde, reservado aos animais, nasce o Messias tão esperado e nasce para eles, para ser o seu Salvador, o seu Pastor. Uma notícia que abre os seus corações à admiração, ao louvor e ao anúncio alegre. 'Ao contrário de tanta gente ocupada a fazer muitas outras coisas, os pastores tornam-se as primeiras testemunhas do essencial, isto é, da salvação que nos é oferecida. São os mais humildes e os mais pobres que sabem acolher o acontecimento da Encarnação'. Irmãos e irmãs, peçamos também a graça de sermos, como os pastores, capazes de nos maravilharmos e louvarmos diante de Deus, e capazes de salvaguardar aquilo que Ele nos confiou: os nossos talentos, os nossos carismas, a nossa vocação e as pessoas que Ele coloca ao nosso lado."

“Peçamos ao Senhor que saibamos discernir na fraqueza a força extraordinária do Menino Deus, que vem renovar o mundo e transformar a nossa vida com o seu projeto cheio de esperança para toda a humanidade.”

A Audiência Geral foi realizada na Sala Paulo VI (Vatican Media)
Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

A HISTÓRIA DE JOSEPH RATZINGER: Tradição e Liberdade: Lições do Jovem Joseph (I)

Joseph Ratzinger em uma foto de 1961, enquanto preparava a aula na biblioteca do seminário em Bonn | 30Giorni

A HISTÓRIA DE JOSEPH RATZINGER

Arquivo 30Giorni n. 03 - 2006

Tradição e Liberdade: Lições do Jovem Joseph

Os primeiros anos de ensino do Professor Ratzinger conforme relembrados por seus alunos. «A sala estava sempre lotada. Os alunos o adoravam. Ele tinha uma linguagem bonita e simples. A linguagem de um crente».

por Gianni Valente

« Era o início do semestre de inverno de 1959-60. Na sala de aula 11 da Universidade, cheia de alunos, a porta se abriu e entrou um jovem padre, que à primeira vista poderia parecer o segundo ou terceiro vigário de alguma paróquia de uma grande cidade. Ele era nosso professor de Teologia Fundamental e tinha 32 anos." Assim, o então estudante Horst Ferdinand, que faleceu há dois anos após uma vida passada entre os escritórios administrativos do Parlamento Federal e as missões diplomáticas alemãs, observou em seu manuscrito inédito de memórias o início cauteloso da carreira universitária de Joseph Ratzinger. Uma aventura que havia começado alguns meses antes, que o professor que mais tarde se tornaria Papa também descreve em sua autobiografia como um começo vibrante e cheio de belas promessas: «Em 15 de abril de 1959, comecei minhas aulas, agora como professor titular de Teologia Fundamental na Universidade de Bonn, diante de um grande público que acolheu com entusiasmo o novo sotaque que acreditava ver em mim».

Naqueles anos, Bonn era quase por acaso a capital da Alemanha de Adenauer. Neste país, um país amputado que deixou seus Länder orientais atrás da Cortina de Ferro, o renascimento econômico e civil está ocorrendo em um ritmo vertiginoso. Nas eleições de 1957, o Partido Democrata Cristão ultrapassou o limiar da maioria absoluta de votos. Após o pesadelo nazista, a Igreja Alemã orgulhosamente oferece sua contribuição essencial para o novo começo da nação. Em um clima que poderia induzir ao triunfalismo, o jovem padre-professor Ratzinger reuniu recentemente, em um artigo escrito em 1958 para a revista Hochland, as reflexões sugeridas por suas breves, mas intensas experiências pastorais vividas alguns anos antes como capelão na paróquia do Preciosíssimo Sangue, em Bogenhausen, bairro de classe média alta de Munique. Ele chama o clichê que descreve a Europa como "um continente quase inteiramente cristão" de "engano" estatístico. A Igreja na modernidade do pós-guerra lhe parece a "Igreja dos pagãos". Não mais, como antigamente, uma Igreja de pagãos que se tornaram cristãos, mas uma Igreja de pagãos que ainda se dizem cristãos e na verdade se tornaram pagãos." Ela fala de um novo paganismo "que cresce constantemente no coração da Igreja e ameaça destruí-la por dentro".

Bonn é uma cidade pequena que ainda se recupera das feridas da guerra, mas o jovem e brilhante professor bávaro vem do mundo protegido e familiar de Domberg, a colina de Freising, onde ficam lado a lado a Catedral, o seminário onde foi treinado e a Escola de Estudos Teológicos Avançados, onde lecionou seus primeiros cursos de Teologia Dogmática e Fundamental como professor em 1958. E a capital do Reno, onde foi chamado para lecionar, parece-lhe uma metrópole pulsante e aberta. Ele ainda escreve em sua autobiografia: "Houve estímulos vindos de todos os lados, especialmente porque a Bélgica e a Holanda eram próximas e, tradicionalmente, a Renânia é uma porta aberta para a França." Para ele, é "quase um sonho" ter sido chamado para a cadeira que seu professor Gottlieb Sohngen também havia buscado em vão. E a maior recompensa é a recepção dos alunos. 

Um Professor Especial 

Em sua autobiografia, Ratzinger descreve seus primeiros meses de ensino em Bonn como "uma celebração do primeiro amor". Todos os seus alunos daquela época se lembram bem do boca a boca que fazia com que os alunos acorressem às aulas daquele teólogo criança prodígio . O estudioso do judaísmo Peter Kuhn, que se tornaria assistente do professor Ratzinger durante seus anos de ensino em Tübingen e Regensburg, diz: «Eu era então um luterano de vinte anos. Frequentei a Faculdade de Teologia Evangélica, depois de ter assistido às palestras de Karl Barth em Basileia. Conheci o bávaro Vinzenz Pfnür, que acompanhou Ratzinger desde Freising. Ele me disse: olha, temos um professor interessante, vale a pena ouvi-lo. No primeiro seminário, pensei imediatamente: este homem não é nada parecido com os outros professores católicos que conheço." Horst Ferdinand escreve novamente em seu manuscrito: «As lições foram preparadas milimetricamente. Ele os manteve parafraseando o texto que havia preparado com formulações que às vezes pareciam construídas como um mosaico, com uma riqueza de imagens que me lembravam Romano Guardini. Em algumas aulas, como nos intervalos de um concerto, era possível ouvir uma agulha caindo no chão." O redentorista Viktor Hahn, que se tornaria o primeiro aluno a “doutorar” com Ratzinger, acrescentou: «A sala estava sempre lotada, os alunos o adoravam. Ele tinha uma linguagem bonita e simples. A linguagem de um crente." O que entusiasma tanto os alunos, nessas aulas ministradas num tom calmo, concentrado, sem gestos teatrais? É claro que o que o jovem professor diz não é ideia dele. Que ele não é o protagonista. “Eu nunca procurei”, explica o próprio Ratzinger no livro-entrevista O Sal da Terra
«para criar meu próprio sistema, minha própria teologia particular. Se realmente queremos falar de especificidade, é simplesmente uma questão de que proponho pensar junto com a fé da Igreja, e isso significa pensar sobretudo com os grandes pensadores da fé."

Acima, a Universidade Renana Friedrich-Wilhelms em Bonn; abaixo, a Universidade Westphalian Wilhelms de Münster | 30Giorni

Os caminhos que Ratzinger sugere aos estudantes para saborear a descoberta aventureira da Tradição são os mesmos que o fascinaram em seus estudos universitários: a historicidade da Revelação, Santo Agostinho, a natureza sacramental da Igreja. Basta ler os títulos de seus cursos e seminários nos primeiros anos de ensino. No semestre de inverno de 1959-60 o curso é dedicado à “Natureza e Realidade da Revelação”. No semestre seguinte, o título do curso é “A Doutrina da Igreja”. No semestre de verão de 1961 será a vez de “Problemas filosófico-religiosos nas confissões de Santo Agostinho”…

Se há uma característica distintiva nas palestras de Ratzinger, ela nem mesmo tem a ver com uma demonstração particular de erudição acadêmica. A linguagem é de uma simplicidade evidente, que revela de imediato o cerne das questões abordadas, mesmo as mais complexas. Roman Angulanza, um dos primeiros alunos da época de Bonn, confidencia: «Ele meio que reformulou a maneira de ensinar. Ele lia as lições na cozinha para sua irmã Maria, que era uma pessoa inteligente, mas não havia estudado teologia. E se a irmã expressasse sua apreciação, era um sinal para ele de que a aula estava indo bem." O professor Alfred Läpple, de 92 anos, que foi monitor de Ratzinger no seminário de Freising, acrescenta: «Joseph sempre dizia: quando você está dando uma palestra, a melhor coisa é quando os alunos deixam as canetas de lado e ouvem você. Enquanto eles continuarem tomando nota do que você diz, você não os impressionou. Mas quando eles largam a caneta e olham para você enquanto você fala, então talvez você tenha tocado o coração deles. Ele queria falar aos corações dos estudantes. Eles não estavam interessados ​​apenas em aumentar seus conhecimentos. Ele disse que as coisas importantes do cristianismo só são aprendidas se elas aquecem o coração."

É justamente do prazer de redescobrir a Tradição por meio da leitura dos Padres que surge no jovem professor uma abertura total e flexível diante das questões e fermentos que fazem vibrar o pensamento teológico daqueles anos. Em Bonn ainda existem professores idosos, formados segundo os cânones do mais rigoroso antimodernismo, que se limitam a propor esquematismos de teologia neoescolástica para evitar qualquer problema com Roma. Ele não parece estar condicionado pela intimidação e pelo conformismo acadêmico. Hahn relata: «Fiquei impressionado quando uma vez, em aula, ele usou uma passagem do Antigo Testamento como pretexto para comparar a imagem da Igreja que circulava naqueles anos aos impérios dos medos e dos persas, que acreditavam que durariam para sempre em virtude da imutabilidade estática de suas leis. Ele acrescentou com firmeza que era necessário nos defender dessa imagem da Igreja." Peter Kuhn confirma: «A maioria dos outros professores, em comparação, pareciam rígidos e inflexíveis, fechados em seus esquemas, especialmente em relação aos evangélicos. Ele abordou todas as questões sem medo. Ele não tinha medo de se aventurar em campo aberto, enquanto outros professores nunca se desviaram do caminho da autocelebração servil."

Liberdade e abertura se destacam em seu relacionamento com o mundo protestante. Muitos estudantes da Faculdade de Teologia Evangélica – algo completamente incomum naqueles anos – acorreram às aulas do jovem professor católico, que no semestre de verão de 1961 ministrou o seminário fundamental sobre o tema “Igreja, sacramento e fé na Confessio augustana ” e no semestre de inverno de 1962-63 até dedicou seu curso ao Tractatus de potestate papae de Philip Melanchthon . O aluno da época, Vinzenz Pfnür, que acompanhou Ratzinger de Freising a Bonn, recebeu uma tese sobre a doutrina da justificação de Lutero. E vários anos mais tarde, como professor de História da Igreja, dará a sua contribuição ao acordo católico-luterano sobre a justificação, assinado em Augsburgo em 31 de outubro de 1999. Ele conta a 30Giorni : «Em 1961, Ratzinger escreveu para o Léxico Protestante Die Religion in Geschichte und Gegenwart um artigo sobre o protestantismo de uma perspectiva católica. Na época, era incomum que um católico fosse convidado a escrever para aquela publicação. Nesse artigo, Ratzinger registrou os elementos de contraste com a teologia dialética e existencialista então dominante no campo protestante. Mas ele ressaltou que, apesar da distância entre os dois "sistemas", havia proximidade no que era transmitido aos fiéis como herança da Igreja tanto pelo lado católico quanto pelo protestante, por exemplo, na oração". 

Fonte: https://www.30giorni.it/

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF