Translate

terça-feira, 14 de dezembro de 2021

A Revelação

A Criação de Adão | Michelangelo Buonarotti, 1511 | Capela Sistina
Deus se revelou como ser pessoal, através da história da salvação, criando e educando um povo para que fosse o guardião de sua Palavra e para preparar nele a Encarnação de Jesus Cristo.

1. Deus se revela aos homens

“Aprouve a Deus. na sua bondade e sabedoria, revelar-se a Si mesmo e dar a conhecer o mistério da sua vontade, segundo o qual os homens, por meio de Cristo, Verbo encarnado, têm acesso ao Pai no Espírito Santo e se tornam participantes da natureza divina. Em virtude desta revelação, Deus invisível, na riqueza do seu amor fala aos homens como amigos e convive com eles, para os convidar e admitir à comunhão com Ele.” [1] (cfr. Catecismo, 51).

A revelação de Deus tem como seu primeiro passo a criação, onde Ele oferece um perene testemunho de si mesmo [2] (cfr. Catecismo, 288). Através das criaturas Deus se manifestou e se manifesta aos homens de todos os tempos, fazendo-os conhecer sua bondade e suas perfeições. Entre estas, o ser humano, imagem e semelhança de Deus, é a criatura que, em maior grau, revela a Deus. Entretanto, Deus quis revelar-se como Ser pessoal, através da história da salvação, criando e educando a um povo para que fosse guardião de sua Palavra, dirigida aos homens, e para preparar nele a Encarnação de seu Verbo, Jesus Cristo [3] (cfr. Catecismo, 54-64). N’Ele, Deus revela o mistério de sua vida trinitária: o projeto do Pai de recapitular em seu Filho todas as coisas e de escolher e adotar a todos os homens como filhos, em seu Filho (cfr. Ef 1, 3-10; Col. 1, 13-20), reunindo-os para participar de sua eterna vida divina por meio do Espírito Santo. Deus se revela e cumpre seu plano de salvação mediante as missões do Filho e do Espírito Santo na história [4].

São conteúdos da Revelação tanto as verdades naturais, que o ser humano poderia conhecer também mediante a razão somente, como as verdades que excedem a razão humana e que podem ser conhecidas somente pela livre e gratuita bondade com que Deus se revela. O objeto principal da revelação divina não são verdades abstratas sobre o mundo e o homem: seu núcleo substancial é o oferecimento por parte de Deus do mistério de sua vida pessoal e o convite para tomar parte nela.

A Revelação divina se realiza com palavras e obras;  é de modo inseparável mistério e evento; manifesta ao mesmo tempo uma dimensão objetiva (palavra que revela verdade e ensinamentos) e subjetiva (palavra pessoal que oferece testemunho de si e convida ao diálogo). Esta Revelação, portanto, se compreende e se transmite como verdade e como vida [5] (cfr. Catecismo, 52-53).

Além das obras e dos sinais externos com os quais se revela, Deus concede o impulso interior de sua graça para que os homens possam aderir com o coração às verdades reveladas ( cfr. Mt 16,17; Jo 6,44). Esta íntima revelação de Deus aos corações dos fieis não deve ser confundida com as “revelações privadas”, as quais, ainda que sejam acolhidas pela tradição de santidade da Igreja, não transmite nenhum conteúdo novo e original, mas recordam aos homens a única revelação de Deus realizada em Jesus Cristo, e exortam a pô-la em prática (cfr. Catecismo, 67).

2. A Sagrada Escritura, testemunho da Revelação

O povo de Israel, sob inspiração e mandato de Deus, no decorrer dos séculos, pôs por escrito o testemunho da Revelação de Deus em sua história, relacionando-a diretamente com a revelação do único e verdadeiro Deus, feita aos nossos Pais. Através da Sagrada Escritura, as palavras de Deus se manifestam com palavras humanas, até assumir, no Verbo Encarnado, a própria natureza humana. Além das Escrituras de Israel, acolhidas pela Igreja, e conhecidas como Antigo ou Primeiro Testamento, os Apóstolos e os primeiros discípulos também puseram por escrito o testemunho da Revelação de Deus, tal e como se realizou em seu Verbo, de cuja vida terrena foram testemunhas, de modo particular do mistério pascal de sua morte e ressurreição, dando assim origem ao Novo Testamento.

A verdade segundo a qual o Deus, de quem as Escrituras de Israel dão testemunho, é o único e verdadeiro Deus, criador do céu e da terra, põe-se em evidencia, em particular nos “livros sapienciais”. Seu conteúdo supera os limites do povo de Israel para suscitar o interesse pela experiência comum do gênero humano diante dos grandes temas da existência, desde o sentido do cosmos até o sentido da vida do homem (Sabedoria); desde as interrogações sobre a morte e o que vem depois dela, até o significado da atividade humana sobre a terra (Qoelet); desde as relações familiares e sociais até a virtude que deve regulá-las, para viver segundo os planos de Deus criador e alcançar assim a plenitude da própria humanidade (Provérbios, Eclesiástico, etc.).

Deus é o autor da Sagrada Escritura, que os autores sagrados (hagiógrafos), também eles autores do texto, redigiram sob a inspiração do Espírito Santo. Para sua composição, Ele “escolheu homens, que utilizou usando de suas próprias faculdades e meios, de modo que agindo Ele neles e por eles, escreveram, como verdadeiros autores, tudo e só o que Ele queria” [6] (cfr. Catecismo, 106). Tudo o que os escritores sagrados afirmam pode considerar-se afirmado pelo Espírito Santo: “deve-se confessar que os livros da Escritura ensinam firmemente, com fidelidade e sem erro, a verdade que Deus quis consignar nas sagradas letras” [7].

Para compreender corretamente a Sagrada Escritura deve-se ter presente os sentidos da Escritura – literal e espiritual; este último reconhecível também como alegórico, moral e analógico – e os diversos gêneros literários nos quais foram redigidos os diferentes livros ou partes dos mesmos (cfr. Catecismo, 110, 115-117). Em particular, a Sagrada Escritura deve ser lida na Igreja, ou seja, à luz de sua tradição viva e da analogia da fé (cfr. Catecismo, 111-114): a Escritura deve ser lida e compreendida no mesmo Espírito no qual foi escrita.

Os diversos estudiosos que se esforçam por interpretar e aprofundar o conteúdo da Escritura propõe seus resultados a partir de sua autoridade científica pessoal. Ao Magistério da Igreja compete formular uma interpretação autêntica, vinculante para os fieis, baseada na autoridade do Espírito que assiste ao ministério docente do Romano Pontífice e dos bispos em comunhão com ele. Graças a esta assistência divina, a Igreja, já desde os primeiros séculos, reconheceu quais os livros que continham o testemunho da Revelação, no Antigo e no Novo Testamento, formulando assim o “cânon” da Sagrada Escritura (cfr. Catecismo, 120-127).

Uma correta interpretação da Sagrada Escritura, reconhecendo os diferentes sentidos e gêneros literários presentes nela, é necessária quando os autores sagrados descrevem aspectos do mundo que pertencem também ao âmbito das ciências naturais: a formação dos elementos do cosmos, a aparição das diversas formas de vida sobre a terra, a origem do gênero humano, os fenômenos naturais em geral. Deve ser evitado o erro do fundamentalismo, que não separa o sentido literal do gênero histórico, quando seria lícito fazê-lo. Também deve ser evitado o erro de quem considera as narrações bíblicas como formas puramente mitológicas, sem nenhum conteúdo de verdade a transmitir, sobre a história dos acontecimentos e sua radical dependência da vontade de Deus [8].

3. A Revelação como história da salvação que culmina em Cristo

Como diálogo entre Deus e os homens, pelo qual Ele os convida a participar de sua vida pessoal, a Revelação se manifesta desde o inicio com um caráter de “aliança” que dá origem a uma “história da salvação”. “Querendo abrir o caminho da salvação sobrenatural, manifestou-se, além disso, pessoalmente, aos nossos primeiros pais, desde o princípio. Depois de sua queda, alimentou neles a esperança da salvação, com a promessa da redenção, e teve incessante cuidado para com o gênero humano, para dar a vida eterna a todos os que buscam a salvação com a perseverança na prática das boas obras. A seu tempo, chamou a Abraão para torná-lo pai de um grande povo, ao qual em seguida instruiu pelos Patriarcas, por Moises e pelos Profetas para que o reconhecessem como o Deus único, vivo e verdadeiro, Pai providente e justo juiz, e para que esperassem o Salvador prometido, e desta forma, através dos séculos, foi preparando o caminho do Evangelho” [9].

Iniciada já com a criação de nossos primeiros pais e a elevação à vida da graça, que lhes permitia participar da intimidade divina, e em seguida prefigurada no pacto cósmico com Noé, a aliança de Deus com o homem se revela de modo explícito com Abraão e depois, de maneira particular com Moisés, a quem Deus entrega as Tábuas da Aliança. Tanto a numerosa descendência prometida a Abraão, na qual seriam abençoadas todas as nações da terra, como a Lei entregue a Moisés, com os sacrifícios e o sacerdócio que acompanham o culto divino, são preparações e figuras da nova e eterna aliança selada em Jesus Cristo, Filho de Deus, realizada e revelada em sua Encarnação e em seu sacrifício pascal. A aliança em Cristo redime do pecado dos primeiros pais, que romperam, com sua desobediência, o primeiro oferecimento de aliança por parte de Deus criador.

A história da salvação se manifesta como uma grandiosa pedagogia divina que aponta para Cristo. Os Profetas, cuja função era recordar a aliança e suas exigências morais, falam especialmente d’Ele, o Messias prometido. Eles anunciam a economia de uma nova aliança, espiritual e eterna, escrita nos corações; será Cristo que a revelará com as Bem-aventuranças e os ensinamentos do Evangelho, promulgando o mandamento da caridade, realização e cumprimento de toda a Lei.

Jesus Cristo é simultaneamente mediador e plenitude da Revelação. Ele é o Revelador, a Revelação e o conteúdo da mesma, enquanto Verbo de Deus feito carne: “Deus que já havia falado nos tempos antigos muitas vezes e de diversos modos a nossos pais, por meio dos profetas, ultimamente, em nossos dias, nos falou por meio de seu Filho, que foi constituído herdeiro de todas as coisas e por meio do qual o mundo também foi feito” (Hb 1, 1-2). Deus, em seu Verbo, disse tudo e de modo conclusivo: “A economia cristã, portanto, como aliança nova e definitiva, nunca cessará e não devemos esperar nenhuma revelação pública antes da manifestação gloriosa de Nosso Senhor Jesus Cristo” [10] (cfr. Catecismo, 65-66). De modo particular, a realização e plenitude da Revelação divina se manifestam no mistério pascal de Jesus Cristo, isto é, em sua paixão, morte e ressurreição, como Palavra definitiva na qual Deus manifestou a totalidade de seu amor de condescendência e renovou o mundo. Somente em Jesus Cristo, Deus revela o homem a si mesmo, e o faz compreender qual é sua dignidade e altíssima vocação [11].

A fé, enquanto virtude, é a resposta do homem à revelação divina, uma adesão pessoal a Deus em Cristo, motivada por suas palavras e pelas obras que Ele realiza. A credibilidade da revelação se apóia principalmente na credibilidade da pessoa de Jesus Cristo, em toda sua vida. Sua posição de mediador, plenitude e fundamento da credibilidade da Revelação, diferenciam a pessoa de Jesus Cristo de qualquer outro fundador de uma religião, que não solicita de seus seguidores que tenham fé nele, nem pretende ser a plenitude e realização daquilo que Deus quer revelar, mas se propõe somente como mediador para fazer com que os homens conheçam tal revelação.

4. A transmissão da Revelação divina

A Revelação divina está contida nas Sagradas Escrituras e na Tradição, que constituem um único depósito onde é guardada a palavra de Deus [12]. Estas são interdependentes entre si: a Tradição transmite e interpreta a Escritura, e esta, por sua vez, verifica e convalida tudo o que se vive na Tradição [13] (cfr. Catecismo, 80-82).

A Tradição, fundada na pregação apostólica, testemunha e transmite de modo vivo e dinâmico quanto a Escritura recolheu através de um texto determinado. “Esta Tradição, que deriva dos apóstolos, progride na Igreja com a assistência do Espírito Santo: uma vez que vai crescendo na compreensão do conteúdo e das palavras transmitidas, seja pela contemplação e o estudo dos fieis, que as meditam em seu coração, seja pela percepção íntima que experimentam das coisas espirituais, seja pelo anuncio daqueles que, com a sucessão do episcopado receberam o carisma certo da verdade” [14].

Os ensinamentos do Magistério da Igreja, os dos Padres da Igreja, a oração da Liturgia, o sentir comum dos fieis que vivem na graça de Deus, e também realidades cotidianas como a educação na fé transmitida dos pais aos filhos ou o apostolado cristão, contribuem com a transmissão da Revelação divina. De fato, o que foi recebido pelos apóstolos e transmitido aos seus sucessores, os Bispos, compreende “todo o necessário para que o Povo de Deus viva santamente e aumente sua fé, e desta forma a Igreja, em sua doutrina, em sua vida e em seu culto perpetua e transmite a todas as gerações tudo o que ela é, tudo o que crê” [15]. A grande Tradição apostólica deve distinguir-se das diversas tradições teológicas, litúrgicas, disciplinares, etc. cujo valor pode ser limitado e inclusive provisório (cfr. Catecismo,83).

A realidade conjunta da Revelação divina como verdade e como vida implica que o objeto da transmissão não seja somente um ensinamento, mas também um estilo de vida: doutrina e exemplo são inseparáveis. Aquilo que se transmite é, efetivamente, uma experiência viva, a do encontro com Cristo ressuscitado e o que este evento significou e continua a significar para a vida de cada um. Por este motivo, ao falar da transmissão da Revelação, a Igreja fala de fides et mores, fé e costumes, doutrina e conduta.

5. O Magistério da Igreja, guardiã e intérprete autorizada da Revelação

“O ofício de interpretar autenticamente a Palavra de Deus escrita ou transmitida foi confiado exclusivamente ao Magistério vivo da Igreja, cuja autoridade é exercida em nome de Jesus Cristo” [16], isto é, aos bispos em comunhão com o sucessor de Pedro, o bispo de Roma. Este ofício do Magistério da Igreja é um serviço à palavra divina e tem como fim a salvação das almas. Portanto, “este Magistério, evidentemente, não está acima da palavra de Deus, mas serve-a, ensinando somente aquilo que lhe foi confiado, por mandato divino e, com a assistência do Espírito Santo, ouve-a com piedade, guarda-a com exatidão e a expõe com fidelidade, e deste único depósito da fé tira tudo o que propõe como verdade revelada por Deus que se deve crer” [17]. Os ensinamentos do Magistério da Igreja constituem o lugar mais importante onde está contida a Tradição apostólica: o Magistério é, em relação a esta tradição, como sua dimensão sacramental.

A sagrada Escritura, a Sagrada Tradição e o Magistério da Igreja constituem, portanto, uma certa unidade, de modo que nenhuma destas realidades pode subsistir sem as outras [18]. O fundamento desta unidade é o Espírito Santo, Autor da Escritura, protagonista da Tradição viva da Igreja, guia do Magistério, ao qual assiste com seus carismas. Em sua origem, as igrejas da Reforma protestante quiseram seguir a sola Scriptura, deixando sua interpretação aos fieis individualmente: tal posição deu lugar à grande dispersão das confissões protestantes e se revelou pouco sustentável, já que todo texto tem necessidade de um contexto, concretamente uma Tradição, em cujo seio nasceu, é lido e interpretado. Também o fundamentalismo separa a Escritura da Tradição e do Magistério, buscando erroneamente manter a unidade de interpretação, ancorando-se de modo exclusivo no sentido literal (cfr. Catecismo, 108).

Ao ensinar o conteúdo do depósito revelado, a Igreja é sujeito de uma infalibilidade in docendo, fundada sobre as promessas de Jesus Cristo acerca de sua indefectibilidade; isto é, que se realizará, sem falhar, na sua missão de salvação a ela confiada (cfr. MtMt 28,18-20; Jo14,17.26). Este magistério infalível se exercita: a) quando os bispos se reúnem em Concílio ecumênico em união com o sucessor de Pedro, cabeça do colégio apostólico; b) quando o Romano Pontífice promulga alguma verdade ex cathedra, ou empregando um teor nas expressões e um gênero de documento que faz referência explicita a seu mandato petrino universal, promulga um ensinamento específico que considera necessário ao bem do Povo de Deus; c) quando os bispos da Igreja, em união com o sucessor de Pedro, são unânimes ao professar a mesma doutrina ou ensinamento, ainda que não se encontrem reunidos no mesmo lugar. Mesmo que o ensinamento de um bispo que propõe isoladamente um ensinamento específico não goza do carisma da infalibilidade, os fieis estão igualmente obrigados a uma respeitosa obediência, assim como devem observar os ensinamentos provenientes do Colégio episcopal ou do Romano Pontífice, ainda que não sejam formulados de modo definitivo e irreformável [19].

6. A imutabilidade do depósito da Revelação

O ensinamento dogmático da Igreja (dogma quer dizer doutrina, ensinamento) está presente desde os primeiros séculos. Os principais conteúdos da pregação apostólica foram colocados por escrito, dando origem às profissões de fé exigidas de todos aqueles que recebiam o batismo, contribuindo assim para definir a identidade da fé cristã. Os dogmas crescem em número com o desenvolvimento histórico da Igreja: não porque a doutrina mude ou aumente aquilo em que se deve crer, mas porque é frequente a necessidade de elucidar algum erro ou de ajudar a fé do povo de Deus com oportunos aprofundamentos definindo aspectos de modo claro e preciso. Quando o Magistério da Igreja propõe um novo dogma não está criando nada de novo, mas apenas explicitando aquilo que já está contido no depósito revelado. “O Magistério da Igreja exerce plenamente a autoridade que recebeu de Cristo quando define dogmas, isto é quando propõe de uma forma que obriga o povo cristão a uma adesão irrevogável de fé, verdades contidas na Revelação divina ou também quando propõe de maneira definitiva verdades que mantêm com elas um vínculo necessário” (Catecismo, 88).

O ensinamento dogmático da Igreja, como por exemplo os artigos do Credo, é imutável, posto que manifesta o conteúdo de uma Revelação recebida de Deus e não feita pelos homens. Os dogmas, entretanto, admitiram e admitem um desenvolvimento homogêneo, seja porque o conhecimento da fé vai se aprofundando com o tempo, seja porque em culturas e épocas diversas surgem problemas novos, aos quais o Magistério da Igreja deve aportar respostas que estejam de acordo com a palavra de Deus, explicitando quanto está implicitamente contido nela [20].

Fidelidade e progresso,verdade e história, não são realidades em conflito em relação à Revelação [21]: Jesus Cristo, sendo a Verdade incriada é também o centro e cumprimento da história; o Espírito Santo, Autor do depósito da Revelação é garantia de sua fidelidade, e também Aquele que aprofunda em seu sentido ao longo da história, conduzindo “à verdade completa” (cfr. Jo 16,13). “Ainda que a Revelação esteja estabelecida, não está completamente explicitada. Compete à fé cristã captar gradualmente seu alcance ao longo dos séculos” (cfr. Catecismo, 66).

Os fatores de desenvolvimento do dogma são os mesmos que fazem progredir a Tradição viva da Igreja: a pregação dos Bispos, o estudo dos fieis, a oração e meditação da palavra de Deus, a experiência das coisas espirituais, o exemplo dos santos.

Frequentemente o Magistério recolhe e ensina de modo autorizado coisas que anteriormente foram estudadas por teólogos, acreditada pelos fieis, pregada e vivida pelos santos.

Giuseppe Tanzella-Nitti

Bibliografia básica
Catecismo da Igreja Católica, 50-133.
Concílio Vaticano II, Const. Dei Verbum, 1-20.
João Paulo II, Enc. Fides et ratio, 14-09-1988, 7-15.
—————————-
[1]        Concílio Vaticano II, Const. Dei Verbum, 2.
[2]        Cfr. Concílio Vaticano IIConst. Dei Verbum, 3; João Paulo II, Enc. Fides et ratio, 14-09-1988, 19.
[3]        Cfr. Concilio Vaticano I, Const. Dei Filius, 24-04-1870, DH 3004.
[4]        Cfr. Concílio Vaticano II, Const. Lumen gentium, 2-4; Decr. Ad gentes, 2-4.
[5]        Cfr. Concílio Vaticano IIConst. Dei Verbum, 2.
[6]        Concílio Vaticano IIConst. Dei Verbum, 11.
[7]        Ibidem.
[8]        Podem-se encontrar elementos interessantes para uma correta interpretação da relação com as ciências em León XIII, Enc. Providentissimus Deus, 18-11-1893; Bento XV, Enc. Spiritus Paraclitus, 15-09-1920 e Pio XII, Enc. Humani generis, 12-07-1950.
[9]        Concílio Vaticano IIConst. Dei Verbum, 3.
[10]      Concílio Vaticano IIConst. Dei Verbum, 4.
[11]      Cfr. Concilio Vaticano II, Const. Gaudium et spes, 22.
[12]      “Permiti-me esta insistência repetida, as verdades da fé e da moral não se determinam por maioria de votos: compõem o depósito – depositum fidei – entregue por Cristo a todos os fieis e confiado em sua exposição e ensino autorizado, ao Magistério da Igreja”, São Josemaria, Homilia O fim sobrenatural da Igreja, em Amar à Igreja, 15.

[13]      Cfr. Concílio Vaticano II, Const. Dei Verbum, 9.
[14]      Concílio Vaticano IIConstDei Verbum, 8.
[15]      Ibidem. Cfr. Concilio de Trento, Decr. Sacrosancta, 8-04-1546, DH 1501.
[16]      Concílio Vaticano IIConst. Dei Verbum, 10.
[17]      Ibidem.
[18]      Cfr. Ibidem.
[19]      Cfr. Concílio Vaticano II, Const. Lumen gentium, 25; Concílio Vaticano I, Const. Pastor aeternus, 18-07-1870, DH 3074.
[20] “É conveniente, portanto, que, através de todos os tempos e de todas as idades, cresça e progrida a inteligência, a ciência e a sabedoria de cada uma das pessoas e do conjunto dos homens, tanto por parte da Igreja inteira, como por parte de cada um de seus membros. Porém este crescimento deve seguir sua própria natureza, isto é, deve seguir o dinamismo de uma única e idêntica doutrina”, são Vicente de Lerins, Commonitorium, 23.
[21]      Cfr. João Paulo II, Enc. Fides et ratio, 11-12, 87.


Fonte: https://www.presbiteros.org.br/

MUITO ALÉM DO NATAL: A PARÓQUIA E SUA RESPONSABILIDADE SOCIAL

Crédito: Sou Catequista

Dom Antônio de Assis
Bispo auxiliar de Belém do Pará (PA)

No artigo anterior refletimos sobre a realidade da pobreza em nossa sociedade e as diversas manifestações da sensibilidade típica do tempo do Natal. Elas são positivas, boas, ajudam, mas não são suficientes. As carências humanas mais profundas não são momentâneas, por isso, é necessário que nos esforcemos para estimular a cultura da solidariedade como compromisso permanente de promoção da justiça, de cuidado com a dignidade humana e senso permanente de responsabilidade social que emerge da nossa fé em Deus. A nossa fé tem uma dimensão social.

A fé em dois níveis: pessoal e institucional

Queremos lhe convidar para a reflexão sobre a dimensão pessoal e institucional da caridade, como consequência da assimilação da fé em Jesus Cristo. Antes de tudo, a fé é um dom dado por Deus às pessoas. Mas não é para o seu puro consumo privado!

Em nível pessoal, a fé não deve ser aprisionada no intelecto do indivíduo, como pura convicção conceitual; o fiel é convidado a tornar-se capaz de imitar as atitudes de Jesus Cristo. Não devemos seguir o Mestre somente no conhecimento das suas palavras, mas sobretudo, seguindo as suas atitudes e reproduzindo em nós a sua sensibilidade, seus gestos, opções e atitudes. Jesus viveu para os outros!

A experiência de fé dos indivíduos gera e define o perfil das instituições cristãs. Por isso uma instituição de inspiração cristã não tem a liberdade de contrariar com suas ações, a sua fonte inspiradora, senão é gravemente acusada de incoerência. É o caso da Igreja! A Igreja, fiel ao seu Mestre e Senhor, não é livre para decidir o conteúdo da evangelização. Pela fé e impulsionada pelo Amor, não lhe resta outra atitude do que aquela da obediência a Cristo deixando-se orientar por suas palavras, gestos, opções fundamentais e atitudes.

A Iniciação à Vida Cristã

A assimilação dessa verdade só é possível quando a evangelização é profunda e a abraça exercícios de vida. Essa é a tarefa da Iniciação à Vida Cristã. Uma verdadeira iniciação à vida cristã, não deve, de forma alguma, ser profunda sem estimular o compromisso de promoção do Reino de Deus. Esse dinamismo está presente no rito da entrega do Pai Nosso que não significa simplesmente o início de um processo de estudo dessa oração, mas deve ser acompanhado por iniciativas e experiências concretas de encontro com os mais necessitados, no exercício da Igreja em saída e da dimensão social da fé, da esperança e da caridade.

Ser cristão não é ser adepto de uma filosofia sobre Jesus Cristo. Não interessa ao discípulo de Jesus Cristo, somente suas ideias, mas a totalidade da sua vida que se torna regra viva de vida para si.

Os discípulos de Jesus Cristo são chamados a assumir seus sentimentos e sua mentalidade (cf. Rm 15,5; Fl 2,2.5; 1Cor 2,16). Por isso, explicita o apóstolo Paulo: “Como escolhidos de Deus, santos e amados, vistam-se de sentimentos de compaixão, bondade, humildade, mansidão, paciência. Suportem-se uns aos outros e se perdoem mutuamente, sempre que tiverem queixa contra alguém. Cada um perdoe o outro, do mesmo modo que o Senhor perdoou vocês. E acima de tudo, vistam-se com o amor, que é o laço da perfeição” (Cl 2,12-15).

A Responsabilidade Social da Paróquia

A fé abraça a totalidade das dimensões da vida da pessoa. Numa perspectiva institucional, isso significa que a paróquia deve ser uma comunidade que, movida pela Fé em Jesus Cristo e no seu Reino, está continuamente se exercitando na responsabilidade social que brota da Esperança. A Esperança do Reino de Deus é grávida de compromissos, porque o Amor é zeloso, amante da vida e da salvação integral.

Assim como tantas outras instituições, também a paróquia tem uma séria responsabilidade social que vai muito além das atividades institucionais, contábeis, administrativas e litúrgicas porque a sua missão transcende as exigências terrenas e brilha através da paixão pela vida, pela santidade, pela ética, etc. O sonho do paraíso e da plenitude da vida nos adverte para nos livrarmos das negligências e desvios. O paraíso que tanto pregamos, é fonte de todas as formas de cuidado. Santidade é cuidado e, isso deve estar no coração das nossas instituições católicas. Cuidar das pessoas!

Tudo isso nos convoca a estarmos atentos em nossas paróquias para não cairmos em alguns perigos como: o mal da miopia que nos induz à falta de percepção das necessidades humanas (assim, já não seríamos marianos!); o mal de um dinamismo pastoral desequilibrado onde se dá muita importância à liturgia, mas sendo omissos ou frios em relação aos clamores humanos presentes no território onde estamos; o mal de uma seletividade teológica desviante que nega a totalidade das dimensões da vida pastoral; enfim, o mal do apego ao técnico e aos números que nos leva a cair no grave perigo do conformismo e dessa forma deixamos de lado o dinamismo do Bom Pastor capaz de deixar as 99 ovelhas no curral e sair aventurando-se em busca daquela ovelha que se desgarrou (cf. Lc 15,4-7). Isso é ser Igreja em saída, jamais conformista, arrivista e instalada!

O povo tem múltiplas fomes e sedes

Não seremos verdadeiramente honestos com a nossa missão de agentes pastorais, ou seja, discípulos missionários que agem como bons pastores, se não tivermos uma clara visão das necessidades humanas que pressupõe o reconhecimento da pluridimensionalidade do ser humano.  Não há uma verdadeira vida pastoral numa comunidade ou paróquia se não houver uma honesta antropologia; uma visão fragmentada do ser humano gera uma pastoral distorcida.

É por isso que a paróquia, diante da sua responsabilidade social não deve ser míope e nem negligente. Pesa sobre os seus gestores, o pároco e seus colaboradores mais diretos (CPP), o dever de visibilizar o Reino de Deus. Jesus não só descia ao submundo dos pobres, mas assumia atitudes transformadoras em prol da vida deles (cf. Lc 4,38-41). É impressionante o que descreve São Lucas a respeito da sensibilidade social de Jesus e sua força transformadora: “Jesus desceu da montanha com os doze apóstolos, e parou num lugar plano. Estava aí numerosa multidão de seus discípulos com muita gente do povo de toda a Judéia, de Jerusalém, e do litoral de Tiro e Sidônia. Foram para ouvir Jesus e serem curados de suas doenças. E aqueles que estavam atormentados por espíritos maus, foram curados. Toda a multidão procurava tocar em Jesus, porque uma força saía dele, e curava a todos” (Lc 6,17-19).

Com a mesma intensidade observa São Mateus dizendo: “Jesus foi para a margem do mar da Galiléia, subiu a montanha, e sentou-se. Numerosas multidões se aproximaram de Jesus, levando consigo coxos, aleijados, cegos, mudos, e muitos outros doentes. Então os colocaram aos pés de Jesus. E ele os curou. As multidões ficaram admiradas, vendo que os mudos falavam, os aleijados saravam, os coxos andavam e os cegos viam. E glorificaram o Deus de Israel” (Mt 15,29-31). Essa é a cesta de Jesus! Recheada de resposta a todas as necessidades humanas. Esse é o parâmetro permanente que devemos seguir: dar atenção pastoral à totalidade do ser humano.

PARA A REFLEXÃO PESSOAL

Qual é a tarefa da Catequese de Iniciação à Vida Cristã?

Por que a Paróquia tem uma responsabilidade social?

Como se manifestava a sensibilidade social de Jesus e o que isso nos provoca em nível pessoal e institucional?

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

Três livros do poeta místico e gênio literário são João da Cruz

São João da Cruz (1656), pintura de Francisco de Zurbarán /
Crédito: Domínio Público

REDAÇÃO CENTRAL, 14 dez. 21 / 11:42 am (ACI).- Três livros dão acesso à espiritualidade e à obra de são João da Cruz, um frade místico que não contribuiu só com a fundação dos carmelitas descalços, mas é Doutor da Igreja Católica e poeta.

São João da Cruz foi um padre carmelita e poeta místico do renascimento espanhol, de meados do século XVI, que ajudou santa Teresa de Jesus a reformar a Ordem de Nossa Senhora do Monte Carmelo, reforma que deu origem à fundação da Ordem dos Carmelitas Descalços.

Shaun McAfee, leigo dominicano com mestrado em Teologia Dogmática e autor de vários livros de formação espiritual, escreveu no jornal National Catholic Register que são João da Cruz é um “gênio literário”, pois tem uma forma especial de “convencer os leitores a ser honestos e espiritualmente conscientes de si mesmos”.

Em seu artigo, McAfee diz que, quando começou a aprender sobre a vida dos santos, pensava que são João da Cruz era o apóstolo que estava presente na crucificação de Jesus Cristo. Anos mais tarde, depois de ter lido a "maravilhosa obra da mística espanhola", O Castelo Interior ou As Moradas de Santa Teresa de Jesus, que mostra "o desenvolvimento da vida cristã rumo à santidade", McAfee passou de ter uma "admiração pelo santo espanhol e total devoção às suas obras".

Para McAfee, três obras espirituais de são João da Cruz "são consideradas, até pelos leigos", parte do "apogeu da literatura espanhola", o que não é apenas "um grande elogio ao santo", mas um "incentivo para ler suas obras com admiração".

"Qualquer pessoa que esteja interessada em ler sobre sua vida maravilhosa vai descobrir que o seu tempo de leitura será bem usado”, acrescentou.

1. A Noite Escura da Alma

A obra mais famosa de são João da Cruz é A Noite Escura da Alma, "um poema nunca nomeado pelo santo". Esta obra "é um dos três livros principais que todo católico deve ler, de preferência, o mais rápido possível!”, disse.

McAfee explicou que embora algumas pessoas "acreditem que o livro se refere à depressão clínica", na realidade "parte do livro aborda as provações da vida e a virtude cristã da fortaleza". "Gosto de pensar que o livro retrata a jornada de uma alma das trevas e ansiedade para a paz amorosa e a perfeição espiritual", disse.

O livro "está cheio de mensagens de esperança, mas para mim, as advertências e a apresentação inteligente do lado espiritual dos pecados mortais e atitudes tornam-no uma das leituras mais reveladoras de qualquer santo", acrescentou.

São João da Cruz “tem uma forma, como nenhuma outra, de convencer os leitores a serem honestos consigo mesmos e espiritualmente conscientes de si mesmos, mas não acusadores ou críticos”.

2. Subida do Monte Carmelo

Outro “grande texto” é Subida do Monte Carmelo, uma obra “onde vemos um pouco mais da vida e das experiências do santo nas suas próprias palavras”.

Não é "uma autobiografia, como a de sua mentora santa Teresa, mas um tratado espiritual sobre a união com Cristo por meio da vida ascética: o metafórico Monte Carmelo", diz McAfee.

No livro “vemos também mais detalhes sobre a 'noite escura'” como “privação em busca da plenitude espiritual”, disse.

3. Cântico Espiritual

A outra obra-prima é Cântico Espiritual, um livro "baseado em outro poema no qual são João da Cruz não colocou título".

Segundo McAfee, o santo "fez e memorizou um poema de 30 estrofes enquanto esteve encarcerado por nove meses em condições horríveis". Explicou que "anos depois, depois de pregar essas estrofes, ele as escreveu e rapidamente lhe pediram que escrevesse um comentário”.

“Como muitas das obras de outro santo da contra-reforma, são Francisco de Sales”, são João da Cruz “nunca quis que sua carta de guia espiritual fosse publicada”. No entanto, "para o benefício e gozo de incontáveis ​​almas, graças a Deus elas foram publicadas".

Por que o santo tem o nome "da Cruz"?

McAfee disse que a história de são João da Cruz "está cheia de virtudes heroicas e lutas terríveis", e que apesar de tudo ele foi um "homem com bom senso de humor".

Ele contou que “nos dias após sua fuga da prisão, [o santo] estava em uma casa próxima contando histórias e divertindo a consciência dos fiéis”, e que além disso, “demonstrou perdão impecável aos seus opressores, que pertenciam à mesma ordem que ele tentava reformar”.

No entanto, McAfee disse que há um acontecimento especial na vida do santo que retrata com maior profundidade o motivo pelo qual ele leva o nome de "da Cruz".

“Eu estava algo próximo à verdade quando disse que pensava que este João era o mesmo João que estava na cruz para presenciar a crucificação de Jesus”, disse.

“Sim, pode-se dizer que ele é conhecido como 'da Cruz'” não apenas por causa de “seu selo espiritual de sofrer no perdão, identificando-se bem com Cristo na cruz”, mas porque o santo chegou a ter uma visão da crucificação de Cristo, do ponto de vista “do Pai, Primeira Pessoa da Santíssima Trindade”.

Depois desse acontecimento místico, o santo "fez um esboço notável do que tinha em mente: uma vista do alto de Jesus pendurado na cruz". Esta impressionante imagem deixou claramente no santo "uma profunda impressão da dor que Cristo certamente sofreu", concluiu.

Fonte: https://www.acidigital.com/

Vacinas, Igrejas na Europa: proteção eficaz, informações corretas são necessárias

Vacinas, Igrejas na Europa | Vatican News

Apelo conjunto dos presidentes da Comece e da Cec: a vacinação é um ato de amor, qualquer tentativa de desinformação deve ser combatida.

Amedeo Lomonaco – Vatican News

O presidente da Comissão das Conferências Episcopais da União Europeia (Comece), cardeal Jean-Claude Hollerich, e o presidente da Conferência das Igrejas Europeias (Cec), reverendo Christian Krieger, lançaram um apelo conjunto, nesta terça-feira (14/12), pedindo responsabilidade e cuidado para com os outros neste período de pandemia.

Recordando que, segundo relatórios recentes, as infecções pela Covid-19 continuam aumentando na Europa, os presidentes da Comece e da Cec “encorajam todos a observar as medidas sanitárias necessárias e a se vacinar”. “Em vários Estados-Membros da União Europeia o número de pessoas que foram vacinadas, infelizmente, continua muito abaixo do limiar necessário para conter a propagação do vírus, apesar de haver vacinas disponíveis”, lê-se na declaração conjunta. Os presidentes da Comece e do Cec destacam que a vacinação é "atualmente o meio mais eficaz para combater a pandemia e salvar vidas": as vacinas oferecem proteção "não só a nós mesmos, mas também aos nossos irmãos e irmãs, especialmente os mais vulneráveis ​​entre nós". Portanto, “é um ato de amor e carinho e também de responsabilidade e justiça social”.

Informações falsas ainda estão sendo divulgadas

A declaração conjunta reconhece que "a decisão de se vacinar pode não ser fácil e pode haver muitos motivos de hesitação": "alguns podem não ser capazes de receber a vacina devido a sérias condições médicas. Outros podem ter medo ou duvidar dos efeitos da vacina". "Nós os encorajamos", escrevem o cardeal Jean-Claude Hollerich e o reverendo Christian Krieger, "a esclarecerem suas preocupações e a tomarem uma decisão bem informada, depois de procurar aconselhamento profissional das autoridades competentes e especialistas. Sobre a vacinação, infelizmente, estamos vendo "a disseminação de informações falsas e afirmações infundadas" que "instrumentalizam a pandemia, causando medo e polarização". Isso acontece num momento em que existe a necessidade de "coesão, unidade e solidariedade". "Fazemos um forte apelo a todos aqueles com responsabilidades na sociedade, incluindo representantes políticos e comunicadores, bem como membros de nossas Igrejas, a combater qualquer tentativa de desinformação".

Garantir o acesso igual às vacinas

A declaração conjunta também pede a "toda a sociedade civil para conscientizar e incentivar os cidadãos a tomarem medidas responsáveis para se protegerem e protegerem aos outros, particularmente aqueles que não podem ser vacinados por motivos de saúde ou outros motivos". Reitera seu apelo à União Europeia e seus Estados-Membros para que cumpram "seus compromissos de compartilhamento de vacinas e intensifiquem os esforços globais para garantir acesso igual às vacinas contra a Covid-19 para todos, inclusive em regiões com sistemas de saúde mais fracos". Por fim, enquanto nos preparamos para celebrar o Natal, os presidentes da Comece e da Cec lembram que "Deus enviou Seu Filho à Terra para expressar Seu amor e cuidado por nós". Esta boa notícia "permanece muito atual hoje". Demos um testemunho vivo disso, mostremos responsabilidade e cuidado".

Fonte: https://www.vaticannews.va/

Santo Esperidião

Santo Esperidião | arquisp
14 de dezembro

Santo Esperidião

Esperidião nasceu em 270, na cidade de Trimitous, em Chipre, Grécia. De família humilde, não teve possibilidade de estudar. Casou-se e, para sustentar a família, se tornou um pastor de cabras. Teve uma filha chamada Irene, que se consagrou a Deus. Com a morte de sua esposa, decidiu seguir a vida religiosa e dedicar-se somente a Cristo.

Estudou primeiro na escola catequista da Alexandria, mas preferiu seguir a vida monástica na comunidade religiosa de santo Antônio, abade, também no Egito. Mais tarde, a Igreja o chamou para exercer o ministério episcopal, sendo consagrado bispo da sua cidade natal. Nessa função ele conservou a mesma austeridade da vida monástica, demonstrando, sempre, que essa era a de sua preferência.

Esperidião era um taumaturgo, fora agraciado com o dom da cura e da profecia. Era venerado pelos habitantes, que o consideravam, em vida, um santo. Durante as perseguições aos cristãos, foi capturado e confessou sua fé em Cristo para o próprio imperador Galileu Maximiliano. Por isso sofreu terríveis torturas, que o deixaram sem o olho esquerdo e sem o movimento da perna esquerda, pois lhe cortaram os nervos do joelho. Dessa maneira, foi enviado aos trabalhos forçados nas minas.

Quando as perseguições terminaram e a paz foi concedida à Igreja, Esperidião retornou para sua diocese. Participou do Concílio de Nicéia, no qual debateu as verdades da doutrina cristã com um ilustre filósofo pagão que a insultava, o qual, além de convencido, foi convertido à fé. Também esteve no Concílio de Sardenha, em 347, como um dos zelosos defensores do futuro santo Atanásio, bispo de Alexandria, que no final do evento conseguiu sua reabilitação junto à Igreja.

Todas essas atuações foram relatadas pelo próprio Atanásio, que foi de Esperidião um bom amigo, conforme indicam as cinco cartas de agradecimentos que escreveu a Jerônimo. Esse, agora santo e doutor da Igreja, dedicou a Esperidião um capítulo do seu livro "Homens ilustres".

Esperidião morreu alguns anos após 347, numa data incerta, em sua diocese de Trimitous, na ilha de Chipre. Se já era venerado por sua santidade em vida, a partir de então sua fama propagou-se entre os fiéis, e o tempo só a fez aumentar. No século XV, quando os árabes muçulmanos invadiram e tomaram conta de Chipre, a população abriu sua sepultura para esconder as suas relíquias. Na ocasião, o local foi impregnado por um suave cheiro de basílico, sinal evidente de sua santidade.

Hoje, suas relíquias mortais estão guardadas na igreja de Santo Esperidião, na ilha grega de Cofú. O local se tornou um santuário que recebe peregrinos e devotos do Oriente e do Ocidente. Seu culto foi confirmado pela Igreja, que indicou o dia 14 de dezembro para a festa litúrgica em lembrança à memória de santo Esperidião, bispo de Trimitous. Mas anualmente ele é homenageado com quatro procissões, em sinal de gratidão por suas intercessões na salvação da cidade e dos habitantes em várias situações de calamidades.

*Fonte: Pia Sociedade Filhas de São Paulo Paulinas http://www.paulinas.org.br

https://arquisp.org.br/

São João da Cruz

S. João da Cruz | arquisp
14 de dezembro

São João da Cruz

Seu nome de batismo era Juan de Yepes. Nasceu em Fontivaros, na província de Ávila, Espanha, em 1542, talvez em 24 de junho. Ainda na infância, ficou órfão de pai, Gonzalo de Yepes, descendente de uma família rica e tradicional de Toledo. Mas, devido ao casamento, foi deserdado da herança. A jovem, Catarina Alvarez, sua mãe, era de família humilde, considerada de classe "inferior". Assim, com a morte do marido, que a obrigou a trabalhar, mudou-se para Medina, com os filhos.

Naquela cidade, João tentou várias profissões. Foi ajudante num hospital, enquanto estudava gramática à noite num colégio jesuíta. Então, sua espiritualidade aflorou, levando-o a entrar na Ordem Carmelita, aos vinte e um anos. Foi enviado para a Universidade de Salamanca a fim de completar seus estudos de filosofia e teologia. Mesmo dedicando-se totalmente aos estudos, encontrava tempo para visitar doentes em hospitais ou em suas casas, prestando serviço como enfermeiro.

Ordenou-se sacerdote aos vinte e cinco anos, mudando o nome. Na época, pensou em procurar uma Ordem mais austera e rígida, por achar a Ordem Carmelita muito branda. Foi então que a futura santa Tereza de Ávila cruzou seu caminho. Com autorização para promover, na Espanha, a fundação de conventos reformados, ela também tinha carta branca dos superiores gerais para fazer o mesmo com conventos masculinos. Tamanho era seu entusiasmo que atraiu o sacerdote João da Cruz para esse trabalho. Ao invés de sair da Ordem, ele passou a trabalhar em sua reforma, recuperando os princípios e a disciplina.

João da Cruz encarregou-se de formar os noviços, assumindo o cargo de reitor de uma casa de formação e estudos, reformando, assim, vários conventos. Reformar uma Ordem, porém, é muito mais difícil que fundá-la, e João enfrentou dificuldades e sofrimentos incríveis, para muitos, insuportáveis. Chegou a ser preso por nove meses num convento que se opunha à reforma. Os escritos sobre sua vida dão conta de que abraçou a cruz dos sofrimentos e contrariedades com prazer, o que é só compreensível aos santos. Aliás, esse foi o aspecto da personalidade de João da Cruz que mais se evidenciou no fim de sua vida.

Conta-se que ele pedia, insistentemente, três coisas a Deus. Primeiro, dar-lhe forças para trabalhar e sofrer muito. Segundo, não deixá-lo sair desse mundo como superior de uma Ordem ou comunidade. Terceiro, e mais surpreendente, que o deixasse morrer desprezado e humilhado pelos seres humanos. Para ele, fazia parte de sua religiosidade mística enfrentar os sofrimentos da Paixão de Jesus, pois lhe proporcionava êxtases e visões. Seu misticismo era a inspiração para seus escritos, que foram muitos e o colocam ao lado de santa Tereza de Ávila, outra grande mística do seu tempo. Assim, foi atendido nos três pedidos.

Pouco antes de sua morte, João da Cruz teve graves dissabores por causa das incompreensões e calúnias. Foi exonerado de todos os cargos da comunidade, passando os últimos meses na solidão e no abandono. Faleceu após uma penosa doença, em 14 de dezembro de 1591, com apenas quarenta e nove anos de idade, no Convento de Ubeda, Espanha.

Deixou como legado sua volumosa obra escrita, de importante valor humanístico e teológico. E sua relevante e incansável participação como reformador da Ordem Carmelita Descalça. Foi canonizado em 1726 e teve sua festa marcada para o dia de sua morte. São João da Cruz foi proclamado doutor da Igreja em 1926, pelo papa Pio XI. Mais tarde, em 1952, foi declarado o padroeiro dos poetas espanhóis.

*Fonte: Pia Sociedade Filhas de São Paulo Paulinas http://www.paulinas.org.br

https://arquisp.org.br/

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF