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quarta-feira, 25 de maio de 2022

Santa Madalena Sofia Barat

Sta. Madalena Sofia Barat | arquisp
25 de maio

Santa Madalena Sofia Barat

Madalena Sofia nasceu prematura em Ivigny, na Borgonha, França, devido a um incêndio assustador que arrasou a casa vizinha àquela em que moravam seus pais, na madrugada de 13 de dezembro de 1779. Se um incêndio marcou seu nascimento, o fogo da fé, presente em sua alma, contagiou muitas outras durante toda a sua existência, que abrangeu o período da sangrenta e anticristã Revolução Francesa.

Com o imprevisto do nascimento prematuro, sua mãe quase perdeu a vida, e Madalena, devido ao risco de morte que corria, foi batizada no mesmo dia, tendo como padrinho o irmão Luís, de doze anos, profundamente ligado aos ensinamentos cristãos. Madalena Sofia cresceu fraca fisicamente, mas com uma força interior marcante desde a infância.

Desde pequena aprendia as orações com facilidade e era sempre a primeira nas aulas de catecismo. Seu irmão e padrinho, estudante de teologia, foi promovido a subdiácono e nomeado professor do ginásio de Ivigny, levando consigo sua irmã e afilhada, para melhor prepará-la para a vida. Percebendo que Madalena aprendia com rapidez as matérias próprias do ginásio, Luís passou a lhe ensinar também latim, grego, italiano e espanhol.

Porém chegou a Revolução Francesa. Igrejas e conventos eram fechados. Os cárceres ficaram lotados de sacerdotes e religiosos, incluindo Luís. Quando foi libertado, em 1795, ele se ordenou sacerdote e foi para Paris, acompanhado da irmã.

Trabalhando na reconstrução da Igreja aniquilada pela revolução, Madalena confiou sua orientação religiosa ao sábio e famoso padre Varin. Percebendo as necessidades da época e seguindo sua forte inspiração, Madalena fundou, com a ajuda do padre, a Congregação do Sagrado Coração de Jesus, para o ensino gratuito de meninas pobres, em 1800. Junto com outras companheiras religiosas, vestiu o hábito da ordem e, embora fosse a mais jovem da nova congregação, foi nomeada superiora.

A ordem passou a ter cada vez mais seguidoras e enfrentou muitas dificuldades até obter a aprovação canônica. Para manter as escolas gratuitas, Madalena as criava aos pares: uma para as meninas pobres e outra para as de classe rica, que custeava a primeira. Assim espalhou o carisma da congregação, com suas missionárias sendo enviadas pelo mundo.

Durante sessenta e três anos ela fundou cento e vinte e duas escolas, em dezesseis países. Até que pressentiu, três dias antes, sua própria morte. Pediu, então, exoneração do cargo para esperá-la, despediu-se das religiosas e nomeou sua substituta. Morreu no dia 25 de maio de 1865, em Paris.

Imediatamente, vários milagres aconteceram e muitas conversões se sucederam, conforme os dos registros que regeram sua canonização, proclamada em 1925. Santa Madalena Sofia Barat é festejada no dia de seu trânsito nos cinco continentes, onde a congregação atua em quarenta e quatro países, no Brasil inclusive.

*Fonte: Pia Sociedade Filhas de São Paulo Paulinas http://www.paulinas.org.br

https://arquisp.org.br/

terça-feira, 24 de maio de 2022

Uma “Semana” para intensificar a luta contra as mudanças climáticas

L'osservatore Romano
24 maio 2022

Um percurso sinodal de compromisso comunitário e ação participativa a vários níveis para o cuidado da Casa comum reunirá centenas de milhares de católicos em todo o mundo de 22 a 29 de maio para a «Semana Laudato si’». Por ocasião do sétimo aniversário da encíclica do Papa Francisco — informou a Sala de imprensa da Santa Sé a 20 de maio — o Dicastério para o serviço do desenvolvimento humano integral promoveu também neste ano de 2022 o encontro para celebrar os progressos realizados na atuação dos objetivos do documento pontifício.

Através da «Plataforma de Iniciativas Laudato si’» — instrumento, apresentado no ano passado, que durará sete anos — paróquias, ordens e congregações religiosas, dioceses, escolas e outras instituições e comunidades católicas podem “medir”, confrontando-se, o alcance de sete objetivos: respostas ao clamor da Terra e dos pobres; economia ecológica; adoção de estilos de vida sustentáveis; educação ecológica; espiritualidade ecológica; resiliência e valorização da comunidade. A partir de 18 de maio, 107 eventos já tinham sido registados em LaudatoSiWeek.org, e esperam-se mais centenas de outros nos próximos dias.

Durante a Semana, será apresentada uma série de celebrações globais (programadas no Uganda, Itália, Irlanda, Brasil e Filipinas), regionais e locais ligadas à realização da visão da ecologia integral contida na Laudato si’, bem como a estreia mundial do trailer, transmitido ao vivo, O Convite, um documentário de longa-metragem centrado na encíclica. Depois, será lançado em todo o mundo até ao final do ano.

Entre os temas cruciais analisados no evento de sete dias, lê-se no comunicado, as modalidades com que «os católicos podem contrastar o colapso da biodiversidade; o papel dos combustíveis fósseis nos conflitos e na crise climática; e como todos podemos acolher os pobres na nossa vida quotidiana».

O evento teve início no domingo 22 com o Regina caeli do Papa; o primeiro dia de trabalhos, realizado no dia 23, centrarou-se na resposta ao clamor da Terra, em particular o colapso da biodiversidade e o reequilíbrio dos sistemas sociais com a natureza. Na circunstância, falando em direto da Universidade Católica Australiana em Roma, interveio o padre Joshtrom Kureethada, que moderou uma conversa centrada no fortalecimento das vozes indígenas no período que antecede a conferência da ONU sobre biodiversidade no final deste ano. A irmã Alessandra Smerilli, secretária do Dicastério para o serviço do desenvolvimento humano integral, e a ativista indiana Vandana Shiva participaram na sessão.

No dia 24, dia exato do aniversário do documento papal, a resposta ao clamor dos pobres, e em particular o seu acolhimento, é o tema central do debate.

Na quarta-feira 25, será abordado o objetivo de uma economia ecológica. Com o economista americano Jeffrey Sachs, falar-se-á de investimento ético com apoio a economias circulares e o desinvestimento em combustíveis fósseis, a violência e a crise climática.

Na quinta-feira, será a vez do quarto objetivo da «Plataforma de Iniciativas Laudato si’», o da adoção de estilos de vida sustentáveis. Falar-se-á de investimentos coerentes com a fé.

Na sexta-feira, a fim de promover a educação ecológica, será apresentado o documentário O Convite. No sábado, os trabalhos irão centrar-se na espiritualidade ecológica.

No domingo, último dia da «Semana», haverá um encontro de oração sobre o tema «A resiliência e o empowerment da comunidade como parte do nosso caminho sinodal».

Fonte: https://www.osservatoreromano.va/pt

Mulheres, camponesas e comprometidas com o bem comum

Editora Cidade Nova

Mulheres, camponesas e comprometidas com o bem comum.

AGROECOLOGIA Associação da Zona da Mata alagoana resgata o protagonismo feminino, o cuidado com o meio ambiente e as relações em comunidade Quando Maria Lucilene dos Santos chegou às terras que formariam o Assentamento Zumbi dos Palmares, na cidade de Branquinha, zona da mata alagoana, em 1996, a paisagem era um tanto desoladora. A terra tinha se tornado improdutiva devido aos séculos de monocultura de cana-de-açúcar.

por Gustavo Monteiro.   publicado em 04/05/2022

Foi preciso uma dose de paciência e muito trabalho para conseguir plantar, colher e construir o lar. Ao longo do tempo, pessoas, associações e organizações se dispuseram a ajudar. Mas ou desistiam nas primeiras dificuldades, ou tinham intensões escusas, ora tentavam se apropriar do dinheiro ganho com a atividade agrícola, ora dividiam-no somente entre os homens. Os atravessadores, por exemplo, costumavam comprar os produtos e não efetuar o pagamento.

“‘Lugar de mulher é em casa, cuidando dos filhos’, era isso que a gente ouvia”, lembra ela, que hoje é presidente da Associação de Produtoras Agroecológicas da Zona da Mata Alagoana (Aproagro). A associação conta com 17 membros ativos, e tem presença em pelo menos outros três assentamentos da região. Com o trabalho da Aproagro, a comunidade do assentamento conseguiu o primeiro certificado alagoano de produção orgânica e de agricultura familiar.

A partir desse reconhecimento, as produtoras conseguiram um caminhão do governo federal para escoar produtos, o que possibilitou multiplicar as feirinhas de orgânicos na região e na capital, Maceió, a 70 quilômetros dali. 

Essas e tantas outras conquistas são fruto do suor de mulheres e homens da comunidade e de parcerias firmadas com a sociedade civil ao longo do tempo, tendo como base os relacionamentos humanos e sinceros.

MUNDO UNIDO E PÉ NA LAMA 

Quando Cristina Lira chegou ao Assentamento Zumbi dos Palmares para desenvolver o seu projeto de mestrado, em 2000, não conseguia entender como uma zona de terra fértil, com solo de mata atlântica e chuvas regulares, poderia conter um dos municípios mais pobres do país.

Sua formação como arquiteta e urbanista abria a possibilidade de aprofundar o desenvolvimento sustentável e humano para combater a pobreza por meio da Economia de Comunhão. “Quando chovia, o carro não conseguia passar. Eu e os bolsistas da universidade tínhamos que ir caminhando na lama. Em uma dessas vezes, eu pisei e ali ficou um dos sapatos”, lembra Cristina.

Apesar de estar determinada a ajudar a comunidade, a pesquisadora era vista com desconfiança pelos moradores locais. “Ela chegou e eu não coloquei muita fé. Para mim seria mais uma que viria aqui e depois iria nos deixar, como todos os outros. Quando eu vi que ela vinha, fizesse chuva ou fizesse sol, mesmo sem saber caminhar na lama, aí eu me convenci de que seria diferente”, conta Lucilene. “Ela é quem constrói pontes desde então. Ela constrói e a gente passa”, completou, referindo-se aos sonhos concretizados. 

Na ultima reunião para a conclusão do mestrado, Cristina ouviu de um dos líderes comunitários: “Mas agora você vai nos deixar?”. Mãe de quatro filhos, a arquiteta sentiu como se aquela experiência fosse uma quinta gestação: não poderia abandonar aquele povo, ainda que sozinha não pudesse fazer muito. O jeito foi encontrar parcerias. 

Anos depois ajudou a fundar o Instituto Mundo Unido, para assessorar a comunidade na relação com instituições públicas, organizações sociais e empresas. Além do caminhão para escoar os produtos e do certificado de produção familiar e orgânica, o Instituto Mundo Unido e a Aproagro conseguiram capacitação para os jovens, aulas de artesanato, empreendedorismo, projetos de assistência odontológica e de saúde da família, além de educação para a paz com as crianças.

MULHER QUE ANDA NO MUNDO NÃO LEVA BOM NOME

Cristina conta que visita o assentamento com o intuito de servir, estar disponível e “gerar família”. Esse clima de comunidade é, possivelmente, o segredo das conquistas. “Se chega algum recurso, vemos primeiro a necessidade do outro. Vemos os que já têm uma caixa d’água, por exemplo, e sorteamos entre os que não têm. Não fica nada com a gente. O dinheiro que sobra dos projetos é aplicado na sede da associação”, explica Lucilene.

Cabe a Silvaneide Mota, tesoureira da Aproagro, a função de documentar meticulosamente cada gasto para as prestações de contas mensais e anuais junto às autoridades, esforço que já garantiu a permanência de alguns projetos. “Às vezes é cansativo. Não sobra uma hora do dia. Se não estou na associação, estou na igreja, ou nas feiras, ou plantando em casa e cuidando dos animais”, conta. “Nunca pensamos em desistir. Estamos construindo um mundo melhor para os que vão vir, mesmo que a gente não veja um resultado imediato”, afirma Lucilene. “A gente não para e isso gera muito preconceito, muito machismo. Mulher que anda no mundo não leva bom nome. Mas a gente não faz nada para a gente. É tudo pensando no coletivo”, completa.

FORÇA PARA IR ALÉM

Ainda hoje são diversos os desafios, como a falta de adesão de boa parte dos lotes do assentamento e a diminuição de membros da associação, mas Silvaneide garante que não desanima. “Tem dias em que chego em casa sem ter almoçado direito, depois de correr do banco para a igreja, da igreja para a plantação. Com dor de cabeça, penso em reclamar com Deus. Mas então olho para o quintal, vejo galinha, ovelha, vejo o que posso comer, tudo o que eu e meu marido conquistamos. Eu vou reclamar do quê? Fecho os olhos e agradeço a Deus por tudo. Depois peço força pra fazer ainda mais.”

Fonte: https://www.cidadenova.org.br/

Menino envia um desenho e uma foto para o Papa e ele responde com uma mensagem inesquecível

Gentileza José Calderero
Por Dolors Massot

O garoto e o pai dele não esperavam a surpreendente resposta do Papa Francisco.

O Papa Francisco escreveu uma carta a um menino espanhol de sete anos. Foi, de fato, uma resposta ao pequeno Diego, que lhe havia enviado alguns dias antes um desenho de Cristo Ressuscitado que ele coloriu.

A mensagem na carta, além de ser uma surpresa em si mesma, é um tesouro de conteúdo: fala de futebol, avós, família…

O pai de Diego, o jornalista José Calderero, foi quem teve a ideia de escrever para o Santo Padre. Ele explica: “Eu trabalho para o semanário digital Alfa y Omega em Madri. O editor e o editor adjunto foram convidados para a apresentação de um livro pela editora Claret em Roma, e eles iriam ver o Papa. Pensei que seria uma oportunidade de ouro para enviar-lhe uma mensagem de minha família”.

Ele prossegue: “Então eu disse a Diego, o mais velho dos meus três filhos: ‘Por que você não faz um desenho do Papa e eu o envio a ele?’. O menino copiou uma imagem de Jesus Ressuscitado de um de seus livros de colorir e me deu. ‘Explique algo ao Papa, ponha algumas linhas’, eu disse”.

Mas Diego já estava brincando com a bola. Então o pai decidiu acrescentar uma carta e uma foto: a escolhida foi a de Diego com seu avô.

“Queria agradecer ao Papa Francisco as palavras que ele tem dedicado ultimamente em suas audiências de quarta-feira ao relacionamento entre avós e netos. Expliquei-lhe que um dos avós de Diego vive nas Astúrias, a mais de 400 quilômetros de distância. Ele é muito apaixonado por futebol, como o Papa”.

O jornalista ainda explicou:

“Meu sogro é capaz de criar uma conexão maravilhosa com o neto, de uma maneira diferente de nós, seus pais. Enquanto brincam, eles conversam, riem e falam sobre a vida. Meu sogro não lhe diz o que fazer, mas fala com ele sobre a vida de uma maneira natural, é admirável! E eu passei isso para o Papa”.

Avô e neto | Gentileza José Calderero

A resposta

Esta foi a resposta do Papa Francisco a Diego:

“Obrigado pelo desenho que você me enviou e pelas saudações que me transmitiu através de seu pai.

Fiquei muito feliz em saber que, cada vez que você encontra seu avô, você gosta de jogar futebol com ele. Imagino que vocês dois vão se divertir muito juntos”.

Obrigado por rezarem por mim. Rezarei por você e por toda a sua família”.

 

A resposta do Papa | Gentileza José Calderero

Uma mensagem para um amiguinho de Diego

A mensagem do Papa não termina aí: José lhe explicou que Diego tem um amigo de 10 anos de idade que se chama Mateo. O pai de Mateo morreu há dois anos e a mãe tem câncer de mama. “Diego e Mateo são muito bons amigos, porque também somos vizinhos em Valdebebas”.

A mãe de Mateo foi operada e José pediu ao Papa que rezasse por ela.

O Papa disse na carta:

“Eu também rezo por Mateo: estou certo de que seu pai, do céu, pedirá a Jesus pela saúde de sua mãe Raquel. Eu também rezarei por ela”.

E ele se despediu com carinho:

“Que Jesus o abençoe e que a Virgem Santa o proteja. Fraternalmente, Francisco.”

Há muitas coisas pelas quais José quer agradecer ao Papa Francisco em seu trabalho de apoio à família e especialmente aos avós. “Ele nos lembra que os idosos não são material descartável. Ele incentiva o diálogo entre as gerações. Eu realmente gosto quando ele diz que “quando os avós comunicam seus sonhos, os jovens deixam de olhar para seus smartphones”, porque os jovens colados na tela são uma realidade e eu vejo como os avós ajudam”.

O que você vai fazer com a carta, José? “Eu disse à minha esposa que temos que emoldurá-la”, sorri.

Fonte: https://pt.aleteia.org/

Governo da Nicarágua fecha canal de TV da Igreja Católica

Imagem ilustrativa| Erik Mclean (Unsplash)

MANÁGUA, 23 mai. 22 / 01:30 pm (ACI).- O governo de Daniel Ortega ordenou o fechamento do canal de televisão da Conferência Episcopal da Nicarágua (CEN), um dia depois que o bispo nicaraguense Rolando Álvarez denunciou que está sofrendo “perseguição” do governo e que fará um jejum indefinido em protesto.

Segundo um comunicado da empresa Claro publicado em 20 de maio, o Instituto Nicaraguense de Telecomunicações e Correios (Telcor), de propriedade do Governo, ordenou que o "canal 51, Canal Católico" fosse "retirado da grade de programação do serviço".

Dom Álvarez, responsável pela área de Comunicação da CEN e responsável pelo canal católico, expressou que o que o Governo quer "é uma Igreja muda, que não anuncie a esperança do povo" e não denuncie o "pecado pessoal e das estruturas de injustiça”.

"A Palavra de Deus não está acorrentada", disse o bispo durante uma entrevista coletiva improvisada no sábado (21) na paróquia Santo Cristo de Esquipulas, nos arredores de Manágua.

O bispo Auxiliar de Manágua, dom Silvio José Báez, escreveu no Twitter que "ainda que a ditadura tire o Canal Católico do ar, tudo será inútil". “A Igreja continuará proclamando o Evangelho da esperança e da justiça”, disse.

Perseguição do governo nicaraguense contra a Igreja

Numa mensagem em vídeo transmitida na noite de 19 de maio, dom Álvarez disse que naquele dia havia sido "perseguido durante todo o dia pela polícia sandinista", que lhe disse que "estava cumprindo ordens".

Além do bispo, padre Harvin Padilla, da diocese de Masaya, denunciou esta semana que também é assediado e perseguido por policiais e paramilitares ligados ao regime.

Numa declaração de 20 de maio, a diocese de Masaya expressou “tristeza e preocupação com a perseguição e o assédio” dos últimos dias.

"Pedimos às autoridades envolvidas que parem com esse comportamento e permitam respeitosamente que cada irmão desenvolva seus direitos, liberdades e garantias humanas e constitucionais sem obstáculos e medos", acrescentou.

No início de maio deste ano, a Assembleia Nacional da Nicarágua, controlada com maioria de mais de 80% pela Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN) de Daniel Ortega, aprovou um relatório que acusa bispos e padres de participar da tentativa de golpe em 2018.

O documento acusa a Igreja Católica de apoiar os protestos civis que exigiram massivamente em 2018 a saída de Ortega do poder. A repressão ás manifestações causaram a morte de cerca de 400 pessoas, segundo organizações internacionais.

Ortega, ex-guerrilheiro da Frente Sandinista de Libertação Nacional, de esquerda, que derrubou o ditador Anastasio Somoza Debayle em 1979, conseguiu ser reeleito quatro vezes, em processos eleitorais controversos.

Fonte: https://www.acidigital.com/

Nossa Senhora Auxiliadora

Nossa Senhora Auxiliadora | Cléofas
24 de maio
Nossa Senhora Auxiliadora

O título “Auxiliadora dos Cristãos” foi introduzido na Ladainha de Nossa Senhora pelo Papa São Pio V, após a vitória dos cristãos obtida em Lepanto, vitória essa, conseguida graças ao auxílio de Deus e de Nossa Senhora.

Em 1571, Dom João, príncipe austríaco, comandou os cristãos nessa batalha de Lepanto. São Pio V enviou para o Imperador uma bandeira, na qual estava bordada a imagem de Jesus crucificado. A preparação dos soldados consistiu em um tríduo de jejuns, orações e procissões, suplicando a Deus a graça da vitória, pois o inimigo não era apenas uma ameaça para a Igreja mas também para a civilização. Tendo recebido a Santa Eucaristia, partiram para a batalha. No dia 7 de outubro de 1571, invocando o nome de Maria, Auxílio dos Cristãos, travaram dura batalha nas águas de Lepanto. Três horas de combate foram necessárias… A vitória coube aos cristãos, que ao grito de “Viva Maria”, hastearam a bandeira de Cristo.

Mais tarde, por causa da libertação de Viena sitiada pelos turcos, no ano de 1683, o rei da Polônia João III Sobieski, que chegou com as tropas polonesas em auxílio para a cidade sitiada, confessou humildemente ao Papa: “Veni, Vidi Deus Dedit Victoriam” (Cheguei, vi, Deus deu vitória), recordando a todos e atribuindo a Virgem Maria tamanha graça.

No entanto, a festa de Nossa Senhora Auxiliadora só foi instituída em 1816, pelo Papa Pio VII, a fim de perpetuar mais um fato que atesta a intercessão da Santa Mãe de Deus.
A história é esta: o papa Pio VII tinha-se negado a declarar inválido o matrimônio da Jerônimo Bonaparte, irmão de Napoleão I. O imperador da França, empenhado em dominar os estados pontifícios, mediante um pretexto mentiroso mandou ocupar Roma que, há mais de 1.500 anos era governada pelo papa.

O Santo Pontífice excomungou Napoleão, afixando a sentença na porta da Basílica de São Pedro. Em resposta, o imperador francês seqüestrou o Vigário de Cristo, levando-o para a França, onde teve que passar por vexames, humilhações e pressões de toda a espécie. Movido por ardente fé na vitória, o papa recorreu à intercessão de Maria Santíssima, prometendo coroar solenemente a imagem de Nossa Senhora de Savona logo que fosse liberto.

A situação política mudou rapidamente. Napoleão, derrotado na batalha de Leipzig, cedeu à opinião pública, dando liberdade ao papa, e no mesmo lugar onde o tinha mantido prisioneiro, teve que assinar a abdicação de imperador.

O Santo Padre, na viagem de volta para Roma, parou em Savona e cumpriu seu voto de coroar solenemente a imagem de Maria, Mãe de Misericórdia, em 24 de maio de 1814. Pio VII entrou solenemente em Roma, recuperando seu poder pastoral. Os bens eclesiásticos foram restituídos.

São João Bosco, fundador da Congregação Salesiana, espalhou a devoção a Nossa Senhora invocada em todo mundo com este título: “Auxiliadora”, que lembra a perene proteção de Maria Santíssima, sobre a Igreja e sobre o Papa. Os fiéis intuíram a intervenção sobrenatural de Nossa Senhora, invocada como “Auxiliadora” e na Obra do Oratório, com muito acerto chamaram-na “A Virgem Auxiliadora de Dom Bosco”.

Dom Bosco dizia:
“Foi Ela quem tudo fez!”
***
Que a luz da Auxiliadora de Dom Bosco ilumine sempre a nossa vida.
Feliz festa de Nossa Senhora Auxiliadora – 24 de maio
***
Nossa Senhora Auxiliadora
Rogai por nós!

Fonte: https://cleofas.com.br/

Um Planeta a ser preservado, um grito ainda a ser ouvido

Papa Francisco | pnss

No sétimo aniversário da encíclica Laudato si, fazemos um balanço do que foi feito até agora e de como as palavras proféticas de Francisco tenham encaminhado processos fecundos, em todos os campos abordados pelo texto, desafiando tanto os governantes quanto as crianças a ponto de transformar a urgência em um hábito: cuidar da Casa Comum, e de cada criatura, mesmo a mais efêmera.

Cecilia Seppia – Vatican News

Se o Planeta Terra fosse uma pessoa, provavelmente hoje estaria deitado em alguma cama de hospital com intravenosa de morfina no braço para aliviar as muitas e atrozes dores que o afligem. Foi o próprio homem, nas últimas quatro décadas em particular, que, como um bom médico, tentou diagnosticar o paciente, submetendo-o a análises clínicas especializadas, até formular um diagnóstico nefasto: poluição; mudança climática; desaparecimento da biodiversidade; dívida ecológica entre o Norte e o Sul, ligada a desequilíbrios econômicos; antropocentrismo; domínio da tecnocracia e das finanças, com a prevalência de uma generalizada "cultura do desperdício" que leva à exploração de crianças, ao abandono dos idosos, à escravidão de outros, ao comércio de órgãos ou de diamantes ensanguentados. Em uma só palavra, "câncer" e, além disso, "câncer na fase final", que talvez seja ainda mais assustador do que as doenças descritas acima, mas que nos deixa indiferentes porque não afetou alguém da nossa família ou algum velho amigo. Esse mesmo médico, tão escrupuloso na fase de diagnóstico, no entanto, esqueceu de encontrar uma cura adequada. Ou onde ele a havia encontrado, esqueceu de administrá-la diariamente, com perseverança e amor. Há sete anos, em 24 de maio de 2015, com a encíclica Laudato si, o Papa Francisco relançou a urgência de uma terapia direcionada contra os males da Terra, apelando não aos doutores profissionais, mas a "todos os homens e mulheres de boa vontade": 221 páginas, uma introdução, seis capítulos e duas esplêndidas orações finais que imediatamente deixaram sua marca não apenas na Doutrina Social da Igreja, mas também nos processos políticos, econômicos e ecológicos de nossas sociedades globalizadas.

Palavras proféticas

Hoje, também à luz da dramática experiência da pandemia que nos colocou de joelhos e da guerra que continua a semear o terror e a destruição, temos provas, por um lado, das intuições "proféticas" do texto de Francisco e, por outro, da sua força, tão simples quanto o verso do Cântico das Criaturas do qual tira seu nome e, ao mesmo tempo, tão eficaz quanto cada palavra dirigida a Deus com fé. Os frutos da encíclica do Papa Bergoglio, a segunda de seu pontificado, de fato desencadearam processos fecundos, muitos dos quais ainda estão em andamento, em todos os campos tocados pelo texto, desafiando os governantes, assim como as crianças, que estão determinadas, sem qualquer hesitação, a fazer a sua parte. O contexto cultural e magisterial no qual as reflexões do Papa estão enraizadas é vasto e bem documentado: desde Paulo VI, que se referiu ao problema ecológico, apresentando-o como uma crise que é a "consequência dramática" da atividade descontrolada do ser humano, a São João Paulo II, até Bento XVI, que com preocupação nos convidou a reconhecer que a Criação está comprometida ali "onde somos as últimas instâncias, onde o todo é simplesmente nosso patrimônio e o consumimos somente para nós mesmos". No entanto, na maravilhosa obra das mãos de Deus, não há predador, não há egoísmo, não há senhores e escravos, não há ambiente a ser explorado segundo a vontade de cada um, mas um lugar, uma casa de fato, a ser compartilhada em harmonia. Francisco diz: " A Bíblica nos ensina que o mundo não nasceu do caos nem do acaso, mas de uma decisão de Deus que o chamou e sempre o faz, à existência, por amor. O universo é belo e bom, e contemplá-lo nos permite entrever a infinita beleza e bondade de seu Autor. Cada criatura, mesmo a mais efêmera, é o objeto da ternura do Pai, que lhe atribui um lugar no mundo".

Tudo está conectado, mesmo as crises

O primeiro e precioso fruto da Laudato si' é precisamente sua capacidade de conectar aspectos que antes eram tratados setorialmente. Não é por acaso que entre as expressões mais citadas estão "ecologia integral", que constitui seu verdadeiro coração, e "tudo está conectado", que se tornou quase um slogan, e a anotação de que "não há duas crises separadas, uma ambiental e outra social, mas sim uma única e complexa crise sócio-ambiental": o Planeta está em mau estado, mas o homem certamente não está melhor, obrigado pelas carestias, pela fome, pelos deslizamentos, pelas inundações, pelas guerras, pela corrupção, a deixar sua própria casa, sem saber se encontrará outra. Também neste ano contamos no Vatican News, muitas histórias inspiradas na Laudato si', de Roma às Ilhas Salomão, atravessando os Cinco Continentes com os testemunhos daqueles que quiseram assumir a questão. A ação em favor do meio ambiente atravessa culturas, povos, contextos geográficos e crenças, também deve ser dito, que a Igreja tem sido uma enorme fonte de ideias e projetos, graças aos quais as palavras do Pontífice não ficaram no papel.

Os projetos

Em Gana, por exemplo, os bispos da Conferência Episcopal estão organizando a plantação de um milhão de árvores, uma ação concreta que complementa e apoia o projeto governamental "Gana Verde" lançado em junho de 2021. No Quênia, eles já tinham começado no ano passado, com o plantio de sementes na floresta de Kakamega, a única floresta tropical remanescente no país. O programa teve a participação de 500 pessoas de diferentes confissões cristãs, que realizaram também iniciativas de conscientização para um uso mais respeitoso dos recursos da Terra. "Plantar uma árvore", disse precisamente o Papa Francisco no Quênia em 2015, "é, antes de tudo, um convite para continuar a lutar contra fenômenos como o desmatamento e a desertificação. Mas também nos estimula a continuar a ter confiança, a esperar e, sobretudo, a comprometer-nos concretamente para transformar todas as situações de injustiça e de degradação que hoje sofremos". Com isto em mente, os jovens do Movimento Laudato si', de modo particular, também intervieram na esfera urbana para enfrentar simbólica e concretamente um dos maiores desafios que as cidades enfrentam: o da grande produção de lixo. E assim, em colaboração com a ONG Nairobi Recyclers (Narec), eles criaram um projeto de reciclagem que tem como objetivo limpar parte da capital. Além de coletar lixo e proteger o meio ambiente da poluição, a equipe da Nairobi Recyclers também selecionou 17 escolas e cinco casas religiosas que acolhem crianças nas quais planejam plantar mais de mil árvores frutíferas e de outras espécies. Mas a Igreja, além de projetos de reflorestamento na África, implementou muitos em outros contextos, em descarbonização, em eficiência energética, agricultura sustentável, abastecimento de água potável, limpeza dos mares com a retirada do plástico, de educação e conscientização ambiental, sem nunca esquecer a pessoa e a proteção da vida humana. A este respeito, não se pode deixar de mencionar o trabalho do episcopado americano e da diocese de Chicago, que sob a liderança do cardeal arcebispo da cidade, Dom Blase Joseph Cupich, tem o mérito de ter instituído o primeiro ministério Laudato si' do mundo, chamando à ação tantos católicos, jovens e não jovens, que colocaram sua profissão ou o seu 'carisma' ao cuidado da Casa Comum e na defesa dos mais frágeis. Menção especial também para a diocese de Burlington, que engajou os fiéis na conscientização e ação para uma maior justiça ecológica, iniciando projetos para combater a cultura do descarte (fabricação de compostagem em hortas e jardins, uso exclusivo de materiais reciclados começando com o papel, modelos circulares de produção e consumo alimentares e muito mais), juntamente com o início do monitoramento dos imóveis diocesanos no que diz respeito ao fornecimento de energia a ser convertida em formas renováveis ou de baixo impacto ambiental. Também é grande o envolvimento das comunidades locais, por parte da Igreja, para salvar a Amazônia, o pulmão verde do mundo que corre o risco de ser destruído cada dia mais por causa do desmatamento, da corrupção, da exploração intensiva do solo e do desaparecimento da biodiversidade.

Planeta Terra | Vatican News

Os frutos de um apelo incansável

"Há uma ligação clara entre a proteção da natureza e a construção de uma ordem social justa e equitativa. Não pode haver uma renovação da nossa relação com a natureza sem uma renovação da própria humanidade", disse o Papa na reunião com as autoridades quenianas durante a Viagem Apostólica em novembro de 2015, que também tocou a Uganda e a África Central, alguns meses após a publicação da própria encíclica. O apelo do Pontífice, no entanto, é incansável: “Proteger a Terra para que ela não responda com destruição", não devorar a Terra, mas restituir-lhe dignidade, escutando o grito de sofrimento dos povos que continua a pressionar os ouvidos de todos. Também neste ano, assistimos a um animado florescimento das Comunidades Laudato si', que se originou de uma ideia do bispo de Rieti, Dom Domenico Pompili e do fundador do Slow Food Itália, Carlo Petrini, no silêncio da oração ou no barulho das mobilizações, mas sempre com iniciativas concretas, relançaram o tema da ecologia integral, apostando na conversão do coração, mas também da ação que atravessa e irradia o texto de Francisco. Desde 2020, apesar da pandemia, os círculos de Laudato si' aumentaram em quase 300 por cento. A encíclica permeou o debate político e científico desde a Conferência de Paris sobre o Clima em 2015 e a de Glasgow em 2021; garantiu que os cuidados da Casa Comum fossem incluídos entre as obras de misericórdia e iniciou a "Economia de Francisco". Sem esse documento, poderia ter sido mais difícil realizar um Sínodo como o da Amazônia (cuja conexão com Laudato si' é evidente desde o tema: "Novos caminhos para a Igreja e para a Ecologia Integral") e para chegar à consequente exortação apostólica, Querida Amazônia, com seus quatro sonhos - social, cultural, ecológico e eclesial - que são de fato um caminho de ecologia integral capaz de desafiar a consciência do mundo inteiro, ao qual o próprio Francisco se referiu quando, na esteira do trabalho sinodal, falou de um verdadeiro "pecado ecológico". O próprio Sínodo da Juventude de 2018 e o "Documento sobre a Fraternidade Humana", assinado em 4 de fevereiro de 2019 em Abu Dhabi pelo Papa e o Grão Imame de Al-Azhar, al-Tayyib, seriam basicamente imputáveis entre os frutos deste texto, inicialmente visto como uma encíclica verde, sendo mais tarde entendido como uma verdadeira perspectiva inovadora, o motor de uma revolução cultural, que atravessa a sociedade em cada fenda. Durante a JMJ no Panamá, em janeiro de 2019, falou-se até mesmo de uma “Geração Laudato si’". É um fato, porém, que o paradigma da ecologia integral tenha se espalhado em nível internacional, graças também ao compromisso do Dicastério para o Serviço de Desenvolvimento Humano Integral, assim como na Itália, onde entre outras coisas encontrou terreno particularmente fértil, dada a sensibilidade às questões ambientais demonstrada pela Conferência Episcopal Italiana e por cada uma das dioceses. Entretanto, o documento de Francisco deu nova vida à reflexão de associações comerciais como Coldiretti, Confcooperative e Confartigianato, ou a forças sindicais como a Cisl. Em nível eclesial, também foi unido a iniciativas nacionais como as Semanas Sociais dos Católicos Italianos; inspirou eventos de espiritualidade, sobretudo o "Tempo da Criação" que acontece de 1° de setembro, o Dia Mundial de Oração pela Salvaguarda da Criação, a 4 de outubro, a festa de São Francisco. Possibilitou a instituição da Semana Laudato si', este ano agendada de 22 a 29 de maio; alimentou a música, a arte, a cultura e até mesmo o cinema. "Fazemos parte de uma única família humana, chamados a viver numa casa comum da qual, juntos, constatamos a preocupante degradação", foram as palavras do Papa Francisco no texto entregue aos ambientalistas franceses, que ele encontrou em 3 de setembro de 2020, mas, acrescentou, "É gratificante saber que uma tomada de consciência sobre a urgência da situação já é sentida um pouco em toda a parte, que o tema da ecologia permeia cada vez mais os modos de pensar, a todos os níveis, e começa a influenciar as opções políticas e econômicas, embora ainda haja muito a fazer”.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

São Vicente de Lérins

São Vicente de Lérins | A12
24 de maio
São Vicente de Lérins

Vicente era um soldado romano do século V que, na França, abandonou a desregrada vida no exército para "espantar a banalidade e a soberba de sua vida e dedicar-se somente a Deus na humildade cristã". Para isso dirigiu-se a um dos principais mosteiros da época, na ilha de Lérins (hoje, Santo Honorato) no Mar Mediterrâneo, próximo a Cannes. Foi ordenado sacerdote, adotando o nome de Peregrinus (peregrino). Pelas suas qualidades de caráter e austeridade monástica, acabou sendo eleito abade.

Nesta função, promoveu grande reforma, transformando o mosteiro num centro de cultura e espiritualidade, de onde surgiram bispos e santos de grande importância para a evangelização da França.

Sendo um profundo conhecedor das Sagradas Escrituras e de larga cultura humanística, destacou-se como teólogo e escritor famoso, em cujos textos brilham o estilo apurado, o vigor, e a clareza e precisão de pensamento. Polemizou com Santo Agostinho sobre livre-arbítrio, predestinação e necessidade da Graça. Sua obra, de enorme difusão, tem repercussão até os dias atuais, e entre outros temas, como Cristologia e Trindade, oferece argumentos claros contra as heresias do arianismo, pelagianismo e donatismo.

Seu livro mais famoso é justamente o Commonitorium ("Manual de Advertência aos Hereges", ou “Tratado para Reconhecer a Antiguidade e Universalidade da Fé Católica Contra as Profanas Novidades dos Hereges”) de 434, que estabelece critérios básicos para se viver integralmente a mensagem evangélica, e combate o pelagianismo. “Commonitorium” ou “conmonitorium” é uma palavra muito usada como título de obras daquela época, e significa notas ou apontamentos de auxílio à memória, sem a intenção de se compor um tratado exaustivo.

Realmente, através de exemplos da Tradição e da História da Igreja, Vicente quis tornar acessível a todos os fiéis, de todos os tempos, os critérios para diferenciar a verdade do erro e conservar intacta a Santa Doutrina. Trata-se simplesmente de manter a fidelidade à Tradição viva da Igreja: o católico deve crer quod semper, quod ubique, quod ab ómnibus, “só e tudo quanto foi crido sempre, por todos e em todas as partes” isto é, deve-se considerar por verdadeiro na Fé aquilo que sempre e por toda parte foi aceito por certo na Igreja.

Este conceito é como que uma definição do seja a Tradição, e muitos Papas, e Concílios, confirmaram com sua autoridade a imutável validez desta regra de Fé. Por este motivo, o Commonitorium é plenamente atual, útil para esclarecer as confusões doutrinais desde as heresias antigas, passando pelo protestantismo e chegando até a crise modernista; ele traz respostas para os riscos do ceticismo e do relativismo teológico.

Commonitorium é de fato uma joia da literatura patrística, uma obra prima com regras claras e fáceis para a perfeição cristã e orientação para a verdadeira Fé, e por isso chamado por São Roberto Belarmino de “livro todo de ouro”, uma das obras mais reproduzidas da História***.

São Vicente de Lérins faleceu no seu mosteiro, em 450 ou pouco antes. É considerado um farol de ortodoxia da Igreja, o teólogo, pensador e escritor mais importante da França no século V.

***O leitor interessado pode facilmente descarregar este opúsculo de 33 páginas gratuitamente, da internet.

Colaboração: José Duarte de Barros Filho

Reflexão:

Num momento histórico em que qualquer coisa “tradicional” é considerada sem valor e tratada pejorativamente (ainda que, certamente, muitas tradições mundanas sejam de fato desprezíveis), e a própria Tradição da Igreja venha sendo contestada de forma agressiva e por caminhos inimagináveis, parece mais do que recomendável reproduzir os pensamentos de São Vicente de Lérins que há mais de 15 séculos servem de orientação doutrinal, pois de resto a Verdade – Deus (“Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida”, disse Jesus, cf. Jo 14,6) é mesmo imutável. Isso não significa que a Verdade – Deus! – é estagnada e incapaz de lidar com as novidades humanas, mas sim que para A entendermos e segui-La, devemos nos aprofundar Nela, não desvirtuá-La segundo interesses particulares. São Vicente já denunciava a este respeito, isto é, das confusões doutrinárias: a causa delas é “… a introdução de crenças humanas no lugar do dogma vindo do céu.” Por isso, ensina: “… é próprio da humildade e da responsabilidade cristã não transmitir a quem nos suceda nossas próprias opiniões, mas conservar o que tem sido recebido de nossos maiores.”; “Todo cristão que queira desmascarar as intrigas dos hereges que brotam ao nosso redor, evitar suas armadilhas e manter-se íntegro e incólume em uma fé incontaminada, deve, com a ajuda de Deus, apetrechar sua fé de duas maneiras: com a autoridade da lei divina antes de tudo, e com a tradição da Igreja Católica.”; “… o verdadeiro e autêntico católico é o que ama a verdade de Deus e à Igreja, Corpo de Cristo; aquele que não antepõe nada à religião divina e à fé católica: nem a autoridade de um homem, nem o amor, nem o gênio, nem a eloquência, nem a filosofia; mas que desprezando todas estas coisas e permanecendo solidamente firme na fé, está disposto a admitir e a crer somente o que a Igreja sempre e universalmente tem crido.”; E, citando São Paulo: “Meus irmãos, eu vos peço que tomeis cuidado com os que provocam divisões e escândalos em contradição com a doutrina que aprendestes. Evitai-os. Esta gente não serve a Cristo, Nosso Senhor, mas ao próprio estômago. Eles seduzem os corações simples com frases belas e adulações.” (Rm 16,17-18); “Pois bem, mesmo se nós próprios, mesmo se um anjo descido do céu vos anunciasse um Evangelho diferente daquele que vos anunciamos, maldito seja! Já vos dissemos e agora repito: se alguém vos anunciar um Evangelho diferente daquele que recebestes, maldito seja!” (Gl 1,8-9). Não se enganem os católicos. Cristo mesmo deixou claro, “Tomai cuidado para que ninguém vos engane; porque muitos virão invocando Meu nome. Dirão: ‘Eu sou o Messias’, e enganarão a muitos”, e “Muitos falsos profetas surgirão e não vão ser poucos os arrastados para o erro” (cf. em Mt 24,4-14. Recomenda-se vivamente ao leitor que reveja toda esta passagem). Só na Tradição da Igreja, que remonta a Cristo e não aos homens, está a Verdade, e, como advertiu o Apóstolo das Gentes, não se deve seguir ninguém, sequer apóstolo ou anjo, que dela se afaste. A Igreja tem por obrigação, sim, estar atenta aos sinais dos tempos, mas é somente o imutável Espírito Santo que na sã Doutrina a dirige. O que estiver em desacordo com isso não vem de Deus.

Oração:

Ó Deus, que sois a Verdade, e que pela Tradição, a qual precede e dá suporte à própria Bíblia, Vos manifestastes, concedei-nos por intercessão de São Vicente de Lérins sermos como ele peregrinos de reto caminhar nesta vida, abandonando os exércitos mundanos para combater o Bom Combate; e a graça de livrar a Igreja dos falsos profetas atuais, para que não se percam em confusão os Vossos filhos: mas suscitai a clareza e a santidade nos Vossos fiéis, de modo a crerem no que já ensinastes e que não mudará, rejeitando firmemente as seduções mentirosas dos lobos que se apresentam em pele de ovelha. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, e Nossa Senhora. Amém.

segunda-feira, 23 de maio de 2022

Os desafios para construir uma família

pyrozhenka!Shutterstock
Por Francisco Borba Ribeiro Neto

O espaço familiar e as relações interpessoais recheadas de gratuidade são os primeiros sacrifícios imolados nos altares da idolatria ao êxito mundano.

Não é preciso recorrer a dados estatísticos, análises econômicas ou reflexões sociológicas para perceber que formar uma família é cada vez mais difícil no Brasil. Todos os brasileiros que já têm família, ou que estão tentando constituir uma, experimentam as dificuldades na própria pele. No contexto eclesial, é muito comum se ouvir falar de ideologias contrárias à família. Elas de fato existem e estão disseminadas em nossa sociedade, mas frequentemente os maiores perigos não estão tão evidentes, pois de certa forma já nos acostumamos a eles.

As ameaças no campo socioeconômico

Atualmente, a crise econômica, as dificuldades do mercado de trabalho, os custos crescentes com educação dos filhos e saúde são os maiores desafios para aqueles que estão formando ou desejam começar a formar uma família. Uma parcela muito pequena de brasileiros jovens pode se gabar de uma situação socioeconômica consolidada, sem apertos financeiros, com segurança para o futuro. Os jovens não têm dinheiro para se casar, os pais fazem árduos esforços para garantir o sustento, a educação e a segurança dos filhos e depois não conseguem estar tão perto deles quanto gostariam e deveriam.

Não estamos falando aqui de luxos ou gastos supérfluos. O valor mínimo de uma remuneração justa é aquele que permite que os adultos possam dar a seus filhos uma educação e uma qualidade de vida equivalente àquela que tiveram. É natural que todo adulto queira dar a seus filhos um pouco mais do que recebeu ou pelo menos as mesmas oportunidades que teve na vida. Hoje em dia, frequentemente, mesmo que os pais tenham ganhos satisfatórios, o tempo de deslocamento, o trabalho fora do expediente convencional, a pressão por resultados e a insegurança quanto ao futuro causam um desgaste psicológico e um consumo de energia que dificultam sua presença junto aos filhos.

Com raras exceções, as escolas públicas não se apresentam como opções desejáveis para as famílias. Fora das políticas de quotas, as taxas de ingresso de alunos de escolas públicas em boas universidades são muito baixas. Assim, o custo da escola se tornou um fator limitante para o número de filhos e um fator de desgaste crescente para os pais. O sistema público de saúde também não transmite confiança e os planos de saúde são caríssimos – onerando ainda mais as famílias, particularmente no caso de seus idosos, que utilizam mais esses serviços.

O desafio ideológico

Além disso, as ideologias dominantes em nossa sociedade não facilitam uma justa compreensão do que deve ser uma família. Fala-se muito na ideologia de gênero, mas muitas outras concepções ideológicas, ainda mais entranhadas em nosso subconsciente, ameaçam a família. O individualismo e a idolatria à autonomia pessoal, o materialismo e a busca do êxito profissional a qualquer custo, a cultura do descarte refletida nas relações interpessoais são, provavelmente, as maiores ameaças culturais à formação da família em nossa sociedade.

As famílias se desenvolvem como espaço de educação ao dom de si e à gratuidade. São tão mais felizes quanto mais seus membros estão atentos às necessidades e desejos uns dos outros e se esforçam pelo bem dos demais. Aprendemos a amar e compreendemos o valor do outro olhando, em primeiro lugar, aos esforços e sacrifícios que nossos pais fazem por nós. Por mais que os noivos se queiram bem, é na doação continua, no perdão mútuo, nas alegrias e dores compartilhadas que aprendem – ao longo de uma vida – a grandeza e a felicidade do amor. Mas o individualismo e o desejo de autonomia fazem com que cada membro da família pense nos outros como funcionais a si, em vez de se pensar como responsável pelo bem dos outros. 

Sendo feita por seres humanos falíveis, toda família é cheia de erros e acertos. Quando cada um está atento e se sente, ao menos em parte, responsável pela felicidade dos demais, os erros tendem a ser perdoados e os acertos, a alegrar e encher de gratidão. Quando cada um está centrado em si mesmo, cobrando a própria felicidade dos demais, os erros se tornam insuportáveis, os acertos nada mais que obrigações e a vida familiar se torna infernal.

Ainda que os desafios socioeconômicos sejam objetivos, o materialismo hedonista que domina em nossos dias multiplica nossas necessidades, nos tornando insaciáveis. O sucesso profissional, a ostentação material, os lazeres caros parecem ser quase uma obrigação. O espaço familiar e as relações interpessoais recheadas de gratuidade são os primeiros sacrifícios imolados nos altares dessa idolatria ao êxito mundano. O pior é que não nos damos conta quando somos doutrinados nessa nova religião. Absorvemos essa mentalidade ao vermos propagandas onde personagens elegantes, em ambientes sofisticados, parecem se realizar consumindo produtos caros. A multiplicamos ao distribuir selfies e fotos onde nós mesmos nos apresentamos como vivenciando essas situações, mesmo que isso seja apenas o “flash” de um instante. Ensinamos nossos filhos a seguirem essa idolatria quando lhes dizemos que devem estudar e se esforçar para “se darem bem na vida” – uma admoestação justa, mas que é ressignificada nesse contexto cultural em que vivemos.

Um trabalho político e comunitário

Os obstáculos socioeconômicos à formação das famílias podem ser superados, em parte, com o esforço individual e algumas condições favoráveis. As soluções exclusivamente particulares, contudo, não constroem o bem comum e tendem a gerar outros problemas – como os pais que ganham bem, mas não têm tempo para acompanhar o crescimento dos filhos. Nesse campo, a dedicação pessoal deve ser amparada e recompensada por políticas públicas adequadas. Não se trata do assistencialismo do Estado, como muitas pensam, pois até o chamado Estado mínimo neoliberal depende de decisões e compromissos políticos assumidos por toda a sociedade.

Remunerações justas, horários de trabalho adequados, transportes eficientes, escolas públicas de qualidade, bons serviços de saúde são todos fatores que podem melhorar a qualidade de vida das famílias e ajudá-las. Já existem empresas que procuram se apresentar como “amigas das famílias”, para desse modo conseguir funcionários mais motivados e preparados. Tais empresas precisam, contudo, de políticas trabalhistas que apoiem seu compromisso com a família, ou correm o risco de perderem competitividade em comparação a outras. É todo um conjunto de fatores que depende, de uma forma ou de outra, de decisões políticas adequadas. Family talks, por exemplo, é uma organização voltada à proteção da família, através da atuação junto ao governo e à opinião pública. Em seu site podem ser vistos vários exemplos de ações, tanto no campo governamental quanto no empresarial, para apoiar as famílias.

Já no campo ideológico, leis e regulamentações estatais, mesmo que necessárias em muitos casos, são pouco efetivas. Mentalidades são formadas por convencimento, não por coação. Nesse campo, a ação dos influenciadores e das mídias sociais é particularmente poderosa. Mas é aqui, também, que o trabalho de nossas comunidades se faz mais efetivo e necessário. O testemunho dos mais sábios, a solidariedade nas dificuldades, os ambientes sadios para a convivência dos jovens são os grandes instrumentos que a comunidade cristã tem para enfrentar as ideologias contrárias à família.

Fonte: https://pt.aleteia.org/

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF