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quinta-feira, 27 de julho de 2023

O contratempo providencial na JMJ 2013 no Rio de Janeiro

Antoine Mekary | ALETEIA / #image_title

Por Cyprien Viet

Os primeiros passos do Papa Francisco no Brasil, durante a Jornada Mundial da Juventude realizada no Rio de Janeiro em julho de 2013, foram marcados por um erro de sua escolta no trajeto do aeroporto para o centro da cidade. Preso em um engarrafamento, o Papa ficou feliz em poder conversar com os transeuntes e motoristas, dando o tom de uma visita cheia de espontaneidade.

Em 22 de julho de 2013, longe da atmosfera silenciosa da sala de imprensa da Santa Sé, o ambiente no centro de imprensa da JMJ no Rio estava fervilhando. Lágrimas e vozes de alegria dos jornalistas brasileiros e internacionais presentes acompanhavam as imagens do primeiro desembarque do Papa Francisco fora da Itália, quatro meses após sua eleição.

Retornando ao seu continente natal, o Papa chega a um país que tradicionalmente é rival da Argentina. “O Papa pode ser argentino, mas Deus é brasileiro”, disse a então presidente brasileira Dilma Rousseff, com humor, por ocasião da eleição do pontífice em março de 2013. Isso não a impediu de receber com orgulho o Papa em sua primeira viagem ao exterior.

Recebido com todo o protocolo esperado de chefes de Estado, o papa entrou na pista em um modesto Ford Focus e observou com palpável melancolia os fiéis reunidos perto do aeroporto, fora do perímetro de segurança e aos quais ele não podia se dirigir diretamente.

A escolta, então, partiu para a rota que o levaria ao centro do Rio, mas alguns momentos depois a comitiva papal tomou um rumo errado. O Papa, que estava acostumado com o transporte público em Buenos Aires, se viu preso em um engarrafamento. Os guardas suíços e os gendarmes do Vaticano responsáveis por sua proteção ficaram nervosos, as vozes soaram entre os vários membros da escolta, que gritavam uns com os outros ao redor do carro do Papa. O incidente não foi nada divertido para os serviços de segurança em um país que estava passando por violentos tumultos.

Contato direto

Mas o papa argentino abriu a janela e ficou encantado com o incidente, que lhe permitiu voltar a entrar em contato com “pessoas reais”. Motoristas, motociclistas e transeuntes correram para encontrá-lo. O papa pediu a seus guarda-costas que os deixassem se aproximar dele e até mesmo deu sua capa a um transeunte. Essas imagens surreais deram o tom de uma visita e, posteriormente, de um pontificado voltado para o contato direto com as pessoas, mesmo que isso significasse ignorar o protocolo e as instituições.

O correspondente do jornal Libération comentou sobre sua atitude e seu pequeno carro, que se tornaria uma marca registrada de suas viagens, enfatizando que “por meio desse sinal, o Papa envia uma mensagem, a de uma modéstia assumida e de uma proximidade com as pessoas lá embaixo”.

Ao longo dessa semana surpreendente, o encontro improvisado do Papa Francisco na catedral com seus enérgicos compatriotas argentinos, ou sua oração com pastores evangélicos em uma favela do Rio, também serão eventos incomuns que marcariam essa JMJ brasileira. O primeiro papa latino-americano da história abriria assim uma década por vezes surpreendente e desconcertante, mas cheia de vida, alegria e contato com pessoas simples, pobres, seguindo Jesus.

Não há dúvida de que também em Portugal Francisco encontrará as palavras e os gestos que lhe permitirão “tocar” – literal e figurativamente – esse povo marcado por um profundo apego à fé católica e à figura do Papa.

Assim, do Rio a Lisboa, a JMJ traçará um circuito cheio de fantasia e de imprevistos, mas também de coerência, mostrando a força de um pontificado que escreve direito com linhas curvas… mesmo com a falta de jeito de sua escolta.

Fonte: https://pt.aleteia.org/

Celibato eclesiástico: História e fundamentos teológicos (9/15)

Celibato eclesiástico (Presbíteros)

Celibato eclesiástico: História e fundamentos teológicos

CARD. Alfons M. Stickler

        4. A fragmentação do sistema disciplinar no Oriente

Isto leva-nos ao ponto central na história do celibato ministerial na Igreja bizantina e nas Igrejas Orientais a ela associados. Algumas considerações preliminares ajudarão a entender a questão corretamente.

Como vimos até agora, um compromisso tão oneroso, humanamente falando, como o celibato, sempre teve que pagar ao longo da história o tributo da debilidade humana. Já Santo Ambrósio de Milão o testemunhou, afirmando que nem sempre correspondia o cumprimento com o preceito, sobretudo nas regiões mais remotas, também no Ocidente. O mesmo assinalava Epifânio de Salamina, falando do Oriente. Adverte-se, portanto, com claridade que há uma necessidade de permanente atenção e uma ajuda constante para manter esta prática. No Ocidente, os Concílios regionais e os Papas não cessaram de intervir, exortando à observância do celibato e para sustentá-la em todas as suas formas, garantindo o cumprimento do compromisso assumido, tão necessário para a Igreja.

Tudo indica, porém, essa atenção constante se perdeu no Oriente. Isso pode ser comprovado, por um lado, pela história dos Concílios regionais orientais. Certamente se pode notar o efeito benéfico dos esforços comuns a toda a Igreja Universal, presentes nos Concílios Ecumênicos convocados no primeiro milênio, no Oriente. Mas esses esforços se referem especialmente a questões dogmáticas e doutrinais. Os problemas disciplinares e de natureza pastoral eram enviados às assembleias das Igrejas particulares, tanto para responder às diferentes circunstâncias dos diferentes regiões, como, sobretudo por razão da organização patriarcal (Constantinopla, Antioquia, Alexandria, Jerusalém). Isso dava e implicava certa autonomia de governo, ainda mais acentuada pela separação de muitas Igrejas particulares, vítimas em maior ou menor grau de heresias, especialmente cristológicas, que agitavam o Oriente. Por esta razão, o Oriente como tal não pode chegar a uma atitude sistematicamente concordada em questões disciplinares, nem sequer sobre questões comuns de disciplina geral eclesiástica, como o celibato dos ministros sagrados. Cada Igreja particular emanava suas próprias regras, muitas vezes diferentes, em função da diversidade de convicções.

Faltava, portanto uma autoridade universal, reconhecida como tal por todo o Oriente, que poderia proporcionar uma efetiva coordenação da disciplina geral e que poderia tomar medidas eficazes de controle, vigilância e execução.

Esta situação se reflete claramente naquelas recopilações de normas da Igreja Oriental, que contêm as prescrições dos Concílios Ecumênicos e dos Concílios particulares dos primeiros séculos. Mas a legislação dos séculos sucessivos no foi incluída na recopilação comum formada anteriormente, o Syntagma canonum. Em lugar das disposições papais, que foram tão importantes para a coordenação geral da disciplina no Ocidente, foram recolhidos fragmentos de textos dos principais Padres Orientais, que eram por natureza ascética. Também foram recolhidas leis imperiais em matéria eclesiástica, fruto do cesaro-papismo reinante na Igreja bizantina, que eram realmente normas vinculantes que dava certa uniformidade nos pontos disciplinares que tratava.

Da disciplina ocidental, tanto particular como geral, o Oriente aceitou, na sua recopilação mais comum de direito eclesiástico, apenas a da Igreja africana que era mais conhecida e mais próxima, ainda que pertencia ao Ocidente romano. Além disso, a coleção mais importante e extensa, o Codex canonum ou Codex canonum Ecclesiae africanae in causa apiarii – causa na que tinha sido interpelado o Oriente – foi introduzido no seu Syntagma.

Pela posição e influência exercida no Oriente pelos imperadores existem os chamados Nomocanones, recopilações nas que eram reunidas leis eclesiásticas e leis estatais de matéria eclesiástica; a observância dessas leis nos territórios orientais da Igreja, que ainda estavam sujeitos ao imperador, estava sob a responsabilidade deste.

Com tal situação na Igreja oriental, se explica também a falta de uma ação eficaz geral contra a tentação sempre presente de ceder na observância do dever do celibato dos ministros sagrados. O que se manteve em quase todo o Oriente, pelo menos para os bispos, foi a antiga tradição da continência completa, incluindo àqueles que se tinham casado antes da Ordenação, pois muitos haviam sido eleitos entre os monges. Entretanto, se foi lentamente julgando impossível deter o uso, cada vez mais estendido, do matrimônio contraído antes da Ordenação por parte de sacerdotes, diáconos e subdiáconos, e ainda muito menos recuperável a obrigação da continência completa. Isto significa que, de fato, se cedeu ante a situação.

Não se deve surpreender de que as primeiras leis que sancionaram esta situação foram leis imperiais, posto que, não inspiradas certamente em considerações teológicas, tratavam de regular as condições civis concomitantes com o ministério sagrado. De fato, enquanto o Código Teodosiano (ano 434) mostrou que a continência pode ser guardada, ainda que se permita à mulher habitar com o marido também depois da Ordenação, pois o amor à castidade não exige expulsá-la de casa (sempre que o comportamento dela antes da Ordenação do marido tenha demonstrado que ela é digna dele), a legislação do Imperador Justiniano I em matéria eclesiástica, por sua parte, tanto no Código (ano 534) como nas “Novellae” (535-536) manifesta uma atitude diversa. Ainda se mantém a proibição de admitir na Ordem sagrada ao que se tivesse casado mais de uma vez, assim como a de casar-se depois da Ordenação, e isto para todos os graus, desde o sub-diaconado em diante. Mas agora se permite a coabitação com a esposa aos sacerdotes, diáconos e subdiáconos com o fim de que possam continuar usando do matrimônio, sempre que houvesse sido contraído uma só vez e com uma virgem.  

Alfons M. Stickler
Cardeal Diácono de São Giorgio in Velabro
CIDADE DO VATICANO 

Tradução para o português:

Pe. Anderson Alves.
Contato: 
amralves_filo@yahoo.com.br

Fonte: https://presbiteros.org.br/

Angola com a marca da maior delegação africana nas Jornadas Mundiais da Juventude

Jovens de Luanda (Angola) peregrinos da JMJ, na Missa de envio (Vatican Media)

Para a JMJ Lisboa 2023, Angola estará representada com mais de 1500 peregrinos e, deste modo, o País continuará a ser o da maior delegação africana nas JMJ, desde a sua primeira participação, em 1989, em Santiago de Compostela, na Espanha.

Anastácio Sasembele – Luanda, Angola

Jornada Mundial da Juventude Lisboa 2023, grande parte da delegação angolana já se encontra em Lisboa para com demais jovens de todo o mundo participarem deste importante encontro de fé e partilha de experiência à luz do Evangelho de Cristo, o “Eterno Jovem”.

Várias celebrações eucarísticas de envio foram realizadas em diferentes dioceses de Angola e o grupo com maior número de peregrinos partiu esta segunda-feira (24/07) de Luanda para Portugal.

Antes do evento que acontece de 1 a 6 de agosto, os jovens angolanos participam das pré-jornadas, divididos em dois, um grupo de peregrinos estará na diocese de Leiria e outro na diocese de Braga, como fez saber o coordenador geral da delegação angolana D. Belmiro Chisseguenti.

Os dados foram apresentados em conferência de imprensa, em Luanda, por D. Belmiro Chisseguenti, Presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Juvenil e Porta-voz da CEAST (Conferência Episcopal de Angola e São Tomé).

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

São Raimundo Zanfogni

São Raimundo Zanfogni (arquisp)

27 de julho

São Raimundo Zanfogni

Raimundo Zanfogni voltava com sua mãe da Terra Santa quando esta morreu. Tinha quinze anos quando retornou à sua terra natal, depois dessa viagem. Ele nasceu em Piacenza, Itália, no ano de 1140. Mais tarde, casou-se e teve cinco filhos, porém todos morreram no mesmo ano. Nasceu então um outro, Geraldo, forte e sadio, mas a esposa adoeceu e morreu quando o menino ainda era muito pequeno. Por isso decidiu deixar o filho com os sogros, que o educaram no seguimento de Cristo, e tornou-se um peregrino.

Primeiro foi à Santiago de Compostela, depois a Roma, de onde seguiu para Jerusalém e voltou novamente para Roma. Mas aconteceu algo que o reconduziu a Piacenza. Dizia ter recebido um aviso divino de que deveria retornar e cuidar dos pobres de sua cidade. E ali, imediatamente, iniciou a sua obra.

Raimundo passou a cuidar dos doentes e moribundos, num tempo em que não existia assistência aos necessitados. Fundou uma espécie de hospedaria-albergue, onde tratava a todos com dedicação e dignidade, enxergando em cada um deles a face de Cristo. Como não tinha muitas posses, tornou-se esmoler para manter suas obras. Freqüentava todos os dias as igrejas, pregava pelas ruas e fazia procissões com seus pobres, solicitando a caridade das pessoas. Logo ele passou a abrigar também as crianças abandonadas, que se tornaram a grande razão de sua vida.

Além de dar abrigo e cuidado, afeto e carinho, ele catequizava a todos na doutrina cristã. Era um simples leigo, tinha pouca instrução, mas possuía o dom da sabedoria e pregava com autoridade. Por isso ele tomou a iniciativa de advertir publicamente o próprio bispo, que não se posicionava com firmeza diante dos problemas da cidade. Na época, Piacenza e Cremona passavam por constantes lutas, resultando em mortos inocentes. Servindo de mediador, Raimundo conseguiu solucionar o conflito.

Tornou-se o protetor dos pobres e das vítimas dos abusos de todos os gêneros, que ele mesmo acompanhava aos tribunais defendendo-os na frente dos juízes insensíveis e prepotentes. As autoridades do governo, por fim, passaram a consultá-lo em todas as questões que envolviam os pobres.

Faleceu no dia 27 de julho de 1200, entre seus pobres, e exortando ao filho Geraldo que se tornasse sacerdote, o que de fato ocorreu pouco tempo depois. Com fama de santidade em vida, foi sepultado próximo à capela dos Doze Apóstolos. Logo as notícias de graças e prodígios se espalharam pela região e a casa dos seus pobres,passou a ser chamada de Hospedaria de São Raimundo Zanfogni. Mas ele só foi canonizado em 1602, pelo papa Clemente VIII, que designou o dia de sua morte para a celebração litúrgica.

*Fonte: Pia Sociedade Filhas de São Paulo Paulinas http://www.paulinas.org.br

https://arquisp.org.br/

quarta-feira, 26 de julho de 2023

Malakai, o menino prodígio com voz de anjo

MALAKAI chante "Pie Jesu" de son premier album "Golden" / Youtube / Malakai Bayoh

Por Cécile Séveirac

Sua voz de tirar o fôlego parece ter sido emprestada por um anjo. Aos 13 anos de idade, o menino cantor britânico Malakai Bayoh, que surpreendeu o mundo inteiro com sua apresentação no Britain's Got Talent, está lançando seu primeiro álbum.

Se há uma voz que pode dar uma ideia de como são os coros celestiais, essa voz é, sem dúvida, de Malakai Bayoh. O garoto de 13 anos de Serra Leoa que vive em Londres surpreendeu o mundo em mais de uma ocasião com suas performances quase angelicais.

Ele já havia deslumbrado o público do “Britain’s got talent” e o júri, deixando a sala comovida até as lágrimas, em abril de 2023, tanto que foi imediatamente colocado na final graças ao “Golden Buzzer”.

Malakai escolheu interpretar “Pie Jesu”, um trecho da Missa de Réquiem do compositor britânico Andrew Lloyd Webber. Anteriormente, o tenor galês Aled Jones havia descrito a voz de Malakai como “um presente de Deus”, depois de fazer um dueto com seu jovem parceiro em “O Holy Night” e “Walking in the Air”, cujos vídeos também se tornaram virais.

De fato, o sucesso do pequeno prodígio parece não ter parado por aí, pois Malakai agora está oferecendo um álbum completo, intitulado “Golden”. Ele está à venda desde 21 de julho.

https://youtu.be/gqVRAE9xFLc

Gravadora de Pavarotti

O título “Golden” é uma referência ao “Golden Buzzer” que levou Malakai até a final do programa de TV. Além da faixa “Pie Jesu”, o álbum incluirá títulos como “Lascio ch’io pianga”, de Handel, e “O mio babbino caro”, de Puccini, que você já deve ter ouvido cantada pela divina Maria Callas.

Prova de seu inegável talento é o fato de que a gravadora que decidiu dar a Malakai a chance de gravar seu álbum de estreia não é outra senão a Universal Music Group, que contratou alguns dos maiores artistas da ópera e da música clássica, incluindo Luciano Pavarotti e Andrea Bocelli.

Malakai começou a cantar aos sete anos de idade, com o coral da Catedral de St George, em Londres. Estreou na ópera A Flauta Mágica, de Mozart, aos 12 anos, e apresentou-se como solista na Royal Opera House aos 13 anos.

Fonte: https://pt.aleteia.org/

Pastor de ovelhas, não de lobos

Jesus: O Bom Pastor (catequizar)

PASTOR DE OVELHAS, NÃO DE LOBOS

Dom Lindomar Rocha Mota
Bispo de São Luís de Montes Belos (GO) 

O começo da pregação apostólica não foi muito promissor, pois Jesus alertou que nos enviaria “como ovelhas para o meio a lobos” (Mt 10,16). Desde aquele dia foi necessária uma longa jornada ao lado dEle, até que entendêssemos o significado desse presságio medonho. 

Enquanto crescíamos na compreensão, tentamos alguma vezes assumir o lugar do lobo, pensando ser um caminho mais curto para apressar a vinda do Reino. Certa vez, dois de nós, encolerizados com a recusa dos Samaritanos em recebê-los, perguntaram: “Senhor, queres que façamos cair fogo do céu para destruí-los?” (Lc 9,54). Jesus, entretanto, repreendeu veementemente a Tiago e João. 

Jesus sabe que o caminho do Lobo não é o adequado para nós. Ele quer curar-nos dessa tentação, oferecendo-se a si mesmo como cordeiro.  

A natureza do Lobo é tentadora! Numa matilha, onde o poder troca a todo instante e o mais forte ocupa o lugar que lhe é devido, violência e truculência são os caminhos promissores. Deus, inclusive, pode fazer isso, se quiser. Todo poder honra e glória pertencem a Ele, como já foi demonstrado por ocasião do dilúvio. 

Mas Jesus não quer apenas frear a roda do mal, Ele quer quebrá-la, inutilizá-la para sempre, e essa ruptura precisa acontecer no coração humano. 

Por todo lado aparecem soluções iradas que apontam a si mesmas como o caminho a seguir. Por todo lado apresentam-se gurus, como aqueles que precisam ser imitados, quase sempre em sua dureza e intransigência, e quase nunca na debilidade de quem caminha para cruz. Por todo lado encontramos respostas que exigem a posição do lobo, capaz de devorar qualquer um que se oponha às suas coordenadas. 

Nessa cruzada, importa-se pouco a autoridade apostólica do Santo Padre, e a sua escolha para continuar a missão de Pedro. Nela, até os fatos começam a importar pouco, pois como sabemos o Lobo não tem pastor. Mesmo quando parece falar em nome de outro, preferencialmente se o outro já não está mais aqui, ele fala em nome próprio. É a sua visão de mundo que surge no horizonte e tenta vir à luz. Assim, surge o lobo em pele de ovelha. Ele já não obedece nem teme a ninguém. Não tem líder nem admiração por nada, inclusive pelo Evangelho. 

Vale ressaltar que São Paulo também fez esse caminho torto. Um lobo disposto a tudo devorar para defender a sua doutrina; até que encontrou Jesus, e pode finalmente dizer: “me comprazo nas fraquezas, nos insultos, nas dificuldades, nas perseguições e nas angustias por causa de Cristo. Pois quando sou fraco, então sou forte” (2Cor 12,10). 

A força de Paulo, agora, vem do lado oposto àquela do lobo. Ele não é mais ele mesmo, foi pressionado pelo amor de Cristo, e com Cristo mudou a sua vida. Paulo já não vive em si mesmo, mas é Cristo que vive nele; e, graças a essa nova existência, ele entendeu o que Jesus queria ensinar desde o início. 

Lobos não tem pastores! Jesus não é pastor de lobos, mas de ovelhas. Quem não se adequar a essa imagem poderá até fazer grandes coisas, mas não o fará pelo Reino, nem com ele terá qualquer compromisso. 

A força do Reino, então, não é a força da violência nem da retórica furiosa, mas da paciência de salvar o trigo no meio do joio, de não ceder a tentação do mal, nem se deixar seduzir pelo brilho do ouro. Enfim, compreender que a verdade do Evangelho é encontrada e não decidida. Ela ainda é um tesouro que estamos garimpando num pastoreio confiante e paciente.

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

Celibato eclesiástico: História e fundamentos teológicos (8/15)

 

Celibato eclesiástico (Presbíteros)

Celibato eclesiástico: História e fundamentos teológicos

CARD. Alfons M. Stickler

IV. O CELIBATO NA DISCIPLINA DAS IGREJAS ORIENTAIS.

Foi dirigida contra a Igreja Latina a crítica de que, contra uma suposta atitude mais liberal no início, foi evoluindo a posições cada vez mais severas na sua disciplina celibatária. Como prova desta afirmação se apela para a prática da Igreja Oriental, que teria mantido a original disciplina da Igreja primitiva. Por esta razão, se diz, a Igreja Latina deveria retornar à disciplina original, especialmente por causa do grave peso que celibato é hoje para a situação pastoral da Igreja universal. 

A resposta a esta declaração e às correspondentes propostas depende da verdade ou não dessa condição da Igreja primitiva. O resultado da análise histórica que temos feito sobre a prática real celibatária no Ocidente, suscita sérias dúvidas sobre a suposta exatidão de tal parecer. Devemos, portanto, procurar uma clarificação do verdadeiro desenvolvimento do celibato na Igreja Oriental. E é isso que tentamos fazer nesta quarta parte da nossa exposição. 

  1. O testemunho de Epifânio de Salamina

Em sua defesa da origem apostólica do celibato, C. Bickell recorreu principalmente a testemunhos orientais. Vamos agora olhar para a história celibatária no Oriente, apenas em linhas gerais, já que não podemos analisar todos os testemunhos disponíveis. Mas de tudo o que se disse até agora (e do que acrescentaremos adiante) podemos ter um panorama aceitável da verdadeira situação naquela Igreja.

Uma importante testemunha é o bispo de Salamina (posteriormente denominada Constância) na ilha de Chipre, Epifânio (315 403). Ele é considerado um bom conhecedor e defensor da ortodoxia e da Tradição da Igreja, uma vez que ele viveu quase todo o século quarto. Embora em alguns pontos, especialmente na luta contra as idéias, como na questão de Orígenes, demonstrou um menor zelo, seus testemunhos sobre os fatos e condições de seu tempo, especialmente sobre questões disciplinares da Igreja, não pode ser facilmente posta em dúvida.

Sobre a questão do celibato, ou continência dos ministros sagrados, faz um típico relato dos acontecimentos. Em sua obra principal, chamado Pananon, escrita na segunda metade do século IV, afirma que Deus mostrou o carisma do sacerdócio novo por meio de homens que tinham renunciado ao uso do único casamento antes da Ordenação, ou que sempre viveram virginalmente. Isso, diz ele, é a norma estabelecida pelos Apóstolos com sabedoria e santidade. 

No entanto, mais importante ainda é a constatação que faz no “Expositio fidei” acrescentada à obra principal. A Igreja, diz ele, apenas admite ao ministério episcopal e sacerdotal, (também diaconal), aos que renunciam, através da continência, à sua própria esposa ou ficam viúvos. Assim, continua, se vive onde se mantém fielmente as disposições da Igreja. Pode-se constatar que, em diferentes lugares, sacerdotes, diáconos e subdiáconos continuam gerando filhos. Mas isso não está em conformidade com a norma vigente, mas é uma conseqüência da debilidade humana, que sempre tende ao que é mais fácil. E depois, segue explicando, os sacerdotes são escolhidos especialmente entre os que são celibatários ou monges. Se entre eles não se encontram suficientes candidatos, são eleitos entre os casados que tenham renunciado ao uso do casamento, ou entre aqueles que, após um único matrimônio, ficaram viúvos.

Estas afirmações de um homem conhecedor de muitas línguas e que viajou muito para o Oriente – dividido já por muitas doutrinas – no primeiro século de liberdade da Igreja são um bom testemunho tanto da norma como da situação real da questão do celibato na Igreja Oriental dos primeiros séculos.

        2. São Jerônimo

A segunda testemunha é já conhecida. São Jerônimo foi ordenado sacerdote na Ásia Menor por volta do ano 379 e ao longo de seis anos conheceu a doutrina e a disciplina oriental, bem como eclesiásticos e comunidades monásticas. Após ter vivido três anos em Roma, ele retornou através do Egito à Palestina, onde permaneceu até a sua morte, por volta do ano 420. Esteve sempre em contato estreito e ativo com a vida de toda a Igreja, graças às suas relações com muitos homens importantes do Ocidente e Oriente, e também graças ao seu vasto conhecimento de várias línguas.

Seu testemunho explícito sobre a continência do clero já foram ilustrados na terceira parte. Recordemos agora novamente sua obra Adversus Vigilantium, que, contrariamente àquele sacerdote da Gália meridional que desprezava o celibato, invocou a prática das Igrejas do Oriente, do Egito e da Sé Apostólica, nas que, segundo afirma, só aceita clérigos virgens, continentes, e, se são casados, que tenham renunciado ao uso de casamento. Com isto conhecemos um testemunho sobre a posição oficial também da Igreja, sobre a continência dos ministros sagrados. 

No que diz respeito à legislação dos Sínodos orientais, deve-se salientar que os Concílios regionais anteriores a Nicéia, ou seja, os de Ancira e Neo-Cesaréia e o post-niceno de Gangra, falam efetivamente de ministros casados, mas não nos dão informações confiáveis sobre a licitude de uma vida não continente após a Ordenação, que vai mais além de uma situação excepcional. 

Também nos sínodos particulares das diversas Igrejas cismáticas do Oriente, que foram estabelecidas depois das controvérsias cristológicas, nas quais – como no Ocidente – houve um claro afastamento da prática da disciplina celibatária, encontramos assim um testemunho por sua atitude oficial contrária à ortodoxia.

        3. A questão do eremita Pafnucio.

O Concílio de que devemos ocupar mais amplamente, em relação ao nosso tema, é o primeiro Concílio Ecumênico, realizado em Nicéia, no ano 325.

A única disposição sobre o celibato dos ministros neste primeiro Sínodo da Igreja universal é o cânon 3, que proíbe que aos bispos, sacerdotes, diáconos, e, em geral, todos os clérigos, que tenham em sua casa mulheres, introduzidas ali por subterfúgio. A única exceção é para a mãe, a irmã, a tia e outras que estejam para além de qualquer suspeita. Como sempre, entre as mulheres que estão autorizadas à convivência com os sacerdotes não se encontram as esposas. O fato de que no primeiro posto dos eclesiásticos sujeitos à proibição de coabitação estavam os bispos – para os quais, na Igreja Oriental, era sempre obrigatória a continência no uso de um casamento anterior (o que continua válido até hoje) – podemos perguntar se entre os Padres do Concílio era firme a convicção de tal obrigação de continência.

Em favor de uma convicção e situação contrária para o caso dos sacerdotes, diáconos e subdiáconos se invoca uma notícia sobre um eremita e bispo do deserto no Egito chamado Pafnucio. Diz-se que esse personagem teria levantado sua voz no Concílio para dissuadir aos Padres de sancionar uma obrigação geral de continência. Isso deveria ser deixado, segundo sua opinião, para a decisão das Igrejas particulares; e se diz que tal conselho teria sido aceito pela assembléia.

Embora o conhecido historiador da Igreja, Eusébio de Cesaréia, que esteve presente como Padre conciliar e era favorável aos arianos, não refere nada deste episódio, certamente não de menor importância para toda a Igreja, as primeiras notícias do fato nos chegam cem anos depois do Concílio, e através de dois escritores eclesiásticos bizantinos, Sócrates e Sozómeno. Sócrates indica que a sua fonte é um homem muito idoso, que tinha estado presente no Concílio e que teria contado vários episódios sobre fatos e personagens do mesmo. Crê-se que Sócrates nasceu em torno de 380 e escutou essa narração quando ele mesmo era bastante jovem de uma pessoa que no ano 325 não podia ser uma criança, que não pode ser considerado como um testemunho consciente dos eventos do Concílio. Disso podemos concluir facilmente a mais natural crítica das fontes traz sérias dúvidas sobre a autenticidade desta narração, necessitada de garantias mais firmes.

Estas dúvidas, na verdade, já foram levantadas precocemente, no Ocidente, como já foi dito, pelo Papa Gregório VII e Bernoldo de Constança. Em tempos mais recentes merece atenção o comentário de Valésio, editor das obras de Sócrates e Sozómeno, que fez esta história em 1668 e que Migne imprimiu em sua Patrologia Grega, vol. 67. O humanista de Valois, membro de uma família de pessoas doutas, diz explicitamente que a história de Pafnucio é suspeita porque entre os Padres do Concílio provenientes do Egito não aparece tal bispo. E a correspondente passagem de Sozómeno repete que a história de Pafnucio deve ser uma fábula inventada, principalmente porque entre os Padres que assinaram as Atas do Concílio de Nicéia não existe nenhum com este nome. Na tradução latina de Casiodoro-Epifanio (História Tripartida) deste episódio é recolhida apenas um fragmento de dezesseis linhas da História da Sozómeno. 

Recentemente, o estudioso alemão Friedhelm Winckelmann investigou esse incidente e concluiu que ele foi inventado, pois a referência à pessoa de Pafnucio apareceu mais tarde; o nome dele só aparece em manuscritos tardios das Atas do Concílio, e alguns textos do século IV apenas o conhecem como confessor da fé; posteriormente algumas lendas hagiográficas o elevaram a mestre e foi citado como Padre do Concílio de Nicéia.

Mas o argumento mais convincente contra a autenticidade desse relato parece residir no fato de que, precisamente a Igreja Oriental, que deveria ter o maior interesse nele, ou não tinha conhecimento do mesmo, ou não o usou em nenhum documento oficial, por estar convencida da sua falsidade. E o mesmo pode ser deduzido do fato de que não haja qualquer menção ou utilização sobre Pafnucio, tanto nos escritos polêmicos sobre o celibato dos ministros sagrados, como nos grandes comentadores do Século XII – Aristeno, Zonaras, Balsamon – do Syntagma canonum adauctum – ou seja, do códice maior de direito da Igreja Oriental, estabelecido pelo Concílio Trullano de 691. Isso seria, de fato, mais fácil do que recorrer à manipulação de textos históricos bem conhecidos, como veremos adiante.

Será necessário esperar até o décimo quarto século para que apareça o relato no Syntagma alfabetcum de Mateus Blastares, que, contudo, parece que o considerou interessante para o Oriente só através do Decreto de Graciano. No Ocidente, essa falsificação foi recebida de modo completamente acrítico, ao menos pela canonística, que se baseou, em parte, para reconhecer uma determinada disciplina celibatária particular, diferente da Igreja Oriental. O Concílio Trullano II, ao fixar oficialmente as regras sobre celibato válido na Igreja oriental, não fez qualquer referência à Pafnucio. 

Alfons M. Stickler
Cardeal Diácono de São Giorgio in Velabro
CIDADE DO VATICANO 

Tradução para o português:

Pe. Anderson Alves.
Contato: 
amralves_filo@yahoo.com.br

Fonte: https://presbiteros.org.br/

Do Maláui à JMJ, a música e a mensagem de paz da Banda Aleluia

A Banda Aleluia antes de um show (Vatican Media)

O grupo mais popular do país africano, que foi fundado em 1978 por iniciativa do missionário monfortino padre Mario Pacifici, está atualmente em turnê na Itália e está prestes a partir para Portugal, onde participará da Jornada Mundial da Juventude: "Desde o ano 2000, sempre estivemos presentes".

Lucas Duran – Vatican News

"Eu me lembro como se fosse ontem". Os olhos do pe. Mario quase transferem a imagem do que ele evocou. Monfortino de Entratico, um vilarejo de duas mil pessoas na região de Bérgamo, na Itália, que viu nascer nele o fervor missionário, transmite imediatamente a quem o encontra a alegria de anunciar o Evangelho de Jesus. Começando pelo Maláui, que se tornou sua casa desde finais dos anos 70.

“Era 19 de janeiro de 1978, dia de São Mário, dia do meu onomástico. Os jovens da comunidade de Balaka, povoado situado a 200 quilômetros ao sul da capital Lilongwe, onde começou e continua minha atividade missionária, decidiram organizar uma festa surpresa em minha homenagem. Alguns vieram com seu próprio tambor, outros com violões artesanais feitos com pedaços de lata e cordas feitas de cabos elétricos e começaram a cantar. Eu, que como seminarista tinha aprendido a tocar bateria para animar a comunidade paroquial, juntei os tambores e de alguma forma fiz um par de baquetas. Eu me juntei a eles. Nasceu a Banda Aleluia e logo aqueles que inicialmente foram meus alunos se tornaram meus mestres".

Coss e Ana Chiwalo e Getrudes Naluso da Banda Aleluia junto com o pe. Mario Pacifici nos estúdios da Rádio Vaticano (Vatican Media)

O encontro com João Paulo II

“Desde então - continua o pe. Mário - o grupo musical dos jovens de Balaka tornou-se o mais popular e requisitado do país, no sinal da proposta de Vida que levamos a partir do nosso lema Tiyimbire Moyo ndi chimwemwe, que na língua Chichewa significa 'Cantamos a vida com alegria!'.

O Maláui é um dos países mais pobres do mundo, segundo as estimativas de todos os principais índices da ONU, mas é também um daqueles em que o fator humano do acolhimento e da generosidade está mais presente e genuíno. É com este espírito que se acolheu a visita de João Paulo II, de 4 a 6 de maio de 1989. A Conferência Episcopal do país confiou à Banda Aleluia a tarefa de acolher o Papa no Estádio Kamuzu de Blantyre. Os jovens do grupo escolheram cantar a canção Aka nkoyamba Papa kubwera ku Malawi - 'Era a primeira vez que o Papa vinha ao Maláui'.

A partir desse encontro histórico, consolidou-se ainda mais a relação especial que une a banda ao Papa Wojtyla, culminando no duplo convite do grupo a Roma, por ocasião da JMJ de 2000 e depois, no mesmo ano, para o Jubileu de políticos de todo o mundo.

Participação nas Jornadas Mundiais da Juventude

Assim começou a esplêndida e emocionante tradição que quer que a Banda Aleluia esteja presente no encontro das Jornadas Mundiais da Juventude. “Depois da de Roma, depois a de Colônia em 2005, nunca perdemos uma! Padre Mário exclama com satisfação. “Não que não haja desafios do ponto de vista logístico e econômico, mas todas as vezes, de Sydney a Madri, do Rio de Janeiro, ao Panamá, passando por Cracóvia, com a ajuda da Providência conseguimos realizar no intenção de estar lá e cantar a alegria da mensagem de Cristo”.

Os integrantes da Banda Aleluia prontos para partir para a JMJ em Lisboa (Vatican Media)

Cantar a alegria

Alegria, alegria, alegria recita, afinal, logo no título, uma das mais recentes músicas da Banda Aleluia. “É – explica padre Mario – uma releitura do líder da banda, Coss Chiwalo, das palavras do Papa Francisco, que nos encoraja, mesmo nos momentos mais difíceis, a não perder a esperança”.

Padre Mario Pacifici apresenta Coss Chiwalo e seu tambor ao Papa Francisco, durante a audiência geral na Sala Paulo VI (Vatican Media)

Hoje, a banda - que já colaborou com outros cantores e grupos italianos famosos como Zucchero, Al Bano, os Pooh e os Nômades - é composta por 12 componentes, uma clara referência aos doze apóstolos. Oito rapazes e quatro moças que cantam Maláui pelo mundo com seus tambores, guitarras, teclados, saxofones e sobretudo com as suas vozes. “Como todos os anos, estamos em turnê pela Itália com nossas canções – disse o padre Mario. "Concluiremos a turnê em São Marino em setembro enquanto nestas horas cresce o fervor pela viagem que em breve nos levará a Lisboa. O espírito que permeia os membros do grupo durante cada uma das suas atuações é o mesmo de 19 de janeiro de 45 anos atrás, quando em vez do violão havia um pedaço de lata e alguns fios de cobre. O mesmo entusiasmo e alegria de cantar Cristo e a sua mensagem de felicidade e esperança. Não é por acaso que, para o nosso aniversário deste ano, retomamos o grito da tribo Angoni, quando se davam coragem na defesa das suas aldeias: Woza Moyo, 'Força e Vida, Viva a Vida!'. Em nome do Evangelho e por um mundo de paz".

Ana Chiwalo em ação durante um show da Banda Aleluia (Vatican Media)

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

São Joaquim e Santa Ana: os avós de Jesus

Santa Ana, São Joaquim e Nossa Senhora (bibliotecacatolica)

26 de julho

Santa Ana e São Joaquim

Conheça a vida de São Joaquim e Santa Ana, os avós de Jesus, conforme os relatos da Igreja Primitiva e da Tradição: origem, como se conheceram e a infância de Nossa Senhora.


Já imaginou você pudesse conhecer um pouco mais sobre a vida daqueles que criaram a Mãe de Deus, que a amaram, nutriram e prepararam para se tornar a grande Mulher que daria à luz o Salvador do mundo?

Pois, neste artigo, vamos expor o pouco que sabemos sobre os pais de Nossa Senhora, mas o suficiente para nos tornar devotos e amar ainda mais o belíssimo fruto que geraram: a Santíssima Virgem Maria.

Você conhecerá a origem, a linhagem, os sofrimentos e anseios de São Joaquim e Santa Ana com base em São Máximo, o Confessor, que escreveu em seu livro “A vida da Virgem” sobre os pais e a infância de Nossa Senhora. Mergulhe na leitura deste artigo e aprofunde seu conhecimento e amor pelos zelosos avós de Jesus Cristo. 

A vida de São Joaquim e Santa Ana


Sobre São Joaquim, São Gregório de Nissa, um dos padres mais expressivos do século IV diz: “Li num livro apócrifo que o pai da Santíssima Virgem tinha uma conduta notável segundo a Lei e era famoso por sua caridade.”
[1] Cabe ressaltar que nem todos os livros apócrifos são heréticos, muitos foram assimilados pela Tradição, apenas não são colocados no mesmo nível de autoridade dos Evangelhos. São Joaquim, como o antigo padre ressalta, era um homem conhecido por sua conduta e bondade e era descendente da Tribo de Davi, o rei e profeta. 

A esposa de São Joaquim chamava-se Ana, que também era conhecida por sua honra, e era descendente da família de Aarão, ou seja, da tribo de Levi, e descendente da tribo de Judá. Ana era estéril e o casal viveu anos sem ter a graça de conceber uma criança. Isso era motivo de muita tristeza e dor para ambos, já que respeitavam a Lei de Moisés e recebiam muitos comentários ofensivos pela falta dos filhos.

Em face desse desejo por filhos que habitava no íntimo do coração de cada um deles, ambos começaram a orar incessantemente a Deus, pedindo pela graça de gerarem uma criança. Ana, lembrando-se do que aconteceu com Abraão e Sara, partiu para o templo para rezar a Deus que lhe concedesse o milagre da gravidez e lhe prometeu que se recebesse essa graça, consagraria a criança a Deus. São Joaquim também não poupou esforços e pediu a Nosso Senhor que lhe desse a honra de ser pai e o livrasse da vergonha de não ter filhos.

Deus, em sua grande generosidade, ouviu o clamor de seus filhos e os atendeu com amor. Enviando uma mensagem para os dois, anunciou antes a São Joaquim, dizendo-lhe: “Tu receberás uma criança que será uma glória não apenas para ti, mas para o mundo inteiro”. E depois à Santa Ana, confirmando a promessa através de um anjo que lhe disse: “Deus escutou teus rogos, e tu conceberás a anunciadora da alegria, e lhe porás o nome de Maria, por meio de quem se dará a salvação do mundo inteiro.” [2]

O nome “Maria” significa iluminadora, luz, e o nome faz jus ao papel que Deus preparou para ela: trazer a Luz ao mundo, o Deus Encarnado.  

A infância de Nossa Senhora junto com São Joaquim e Santa Ana

São Joaquim e Santa Ana (bibliotecacatolica)

A promessa de Deus se cumpriu e Ana, a estéril, engravidou e gerou Maria. São Joaquim e Santa Ana não se continham de tanta alegria e gratidão a Deus. Chegaram até mesmo a organizar um banquete para celebrar e convidaram todos os vizinhos e, juntos, adoraram ao Senhor pelo milagre que concedeu ao casal.

Como São Joaquim e Santa Ana prometeram consagrar a filha a Deus, após passar o período da amamentação, quando a pequena Maria completou seus três anos de idade, eles a levaram em uma longa viagem até Jerusalém para apresentá-la ao templo, e lá consagraram-Na inteiramente a Deus, cumprindo a promessa que fizeram ao Senhor.

A pequena Maria ficou no Templo até os seus doze anos de idade, e este foi um sacrifício muito custoso para São Joaquim e Santa Ana, que sofreram a ausência da Menina, mas ambos sabiam que esta era a vontade de Deus e o melhor caminho para Ela.

O dia dos avós


No dia 26 de julho, nós celebramos a data litúrgica de São Joaquim e Santa Ana, e em virtude desta celebração, adotou-se o costume de comemorar também, neste mesmo dia, o dia dos avós — já que São Joaquim e Santa Ana foram os avós de Jesus. 

Em 2013, na Jornada Mundial da Juventude no Brasil, o Papa Francisco disse que na Celebração litúrgica de São Joaquim e Santa Ana, somos chamados a lembrar “como os avós são importantes na vida da família, para comunicar o patrimônio de humanidade e de fé que é essencial para qualquer sociedade! E como é importante o encontro e o diálogo entre as gerações, principalmente dentro da família”.

Referências:

1. Homilia de São Gregório sobre a Natividade

2. Protoevangelho de Tiago, IV 1 e IV 2

Fonte: https://bibliotecacatolica.com.br/

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF