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sexta-feira, 13 de outubro de 2023

A fé e a devoção do povo brasileiro a Nossa Senhora Aparecida

A aparição da imagem de Nossa Senhora Aparecida é um marco incontestável da história religiosa do Brasil (Vatican Media)

O Brasil é um país conhecido por sua diversidade cultural e religiosa, e uma das figuras mais reverenciadas em terras brasileiras é Nossa Senhora Aparecida. A devoção a Nossa Senhora Aparecida é um pilar da fé católica no país e tem profundas raízes na história e na cultura brasileira. O jornalista Renan Dantas aprofunda a história da aparição, com depoimentos de fiéis e a influência da devoção na vida do povo brasileiro.

Renan Dantas*

Há uma história de fé que remonta ao século XVIII. A aparição da imagem de Nossa Senhora Aparecida é um marco incontestável da história religiosa do país. Segundo relatos históricos, em 1717, três pescadores encontraram a imagem nas águas do Rio Paraíba do Sul, após uma pesca malsucedida. Esse encontro miraculoso marcou o início da devoção a Nossa Senhora Aparecida no Brasil, que logo se espalhou por todo o país.

 O Santuário Nacional de Aparecida

Hoje, o Santuário Nacional de Aparecida é um dos maiores centros de devoção mariana do mundo. Milhões de fiéis e peregrinos visitam o santuário anualmente, em busca de paz espiritual e graças. Muitos deles compartilham suas experiências transformadoras e encontros pessoais com Nossa Senhora Aparecida. As paredes do santuário estão repletas de ex-votos, testemunhos da devoção e fé do povo brasileiro.

Devoção Popular

A devoção a Nossa Senhora Aparecida vai muito além das paredes do santuário. Ela permeia a vida cotidiana de milhões de brasileiros. Fiéis de todas as idades rezam diariamente para Nossa Senhora, buscando força, proteção e consolo. Celebram-se festas populares, como o Dia de Nossa Senhora Aparecida, onde a devoção é expressa através de missas, procissões e festas tradicionais.

Testemunhos de Fé

Muitos fiéis têm relatos pessoais de graças alcançadas e milagres atribuídos à intercessão de Nossa Senhora Aparecida. Pessoas que enfrentaram desafios de saúde, financeiros e pessoais encontraram conforto e cura em sua fé. Os depoimentos dessas pessoas refletem a profunda conexão entre a devoção e a vida real, mostrando como a fé em Nossa Senhora Aparecida pode ser uma âncora nas tempestades da vida.

1. Maria Silva, 45 anos:

   "Nossa Senhora Aparecida tem sido minha fonte de força nos momentos mais difíceis da minha vida. Quando meu filho ficou gravemente doente, eu orei a ela com todo o meu coração, e ele se recuperou contra todas as probabilidades. Não há palavras para expressar minha gratidão."

2. Carlos Oliveira, 60 anos:

   "Sou pescador há mais de 40 anos, e todas as vezes que enfrentei tempestades no mar, recorri a Nossa Senhora Aparecida em busca de proteção. Ela nunca me decepcionou. Sua imagem na cabine do meu barco é um lembrete constante da presença divina."

3. Ana Santos, 30 anos:

   "Quando meu marido e eu estávamos enfrentando dificuldades financeiras e prestes a perder nossa casa, fomos ao Santuário de Aparecida. Acendemos uma vela e rezamos juntos. Pouco tempo depois, as coisas começaram a melhorar. Sinto que Nossa Senhora nos ouviu."

4. Luiz Pereira, 70 anos:

   "Minha avó me ensinou desde criança sobre a importância de Nossa Senhora Aparecida em nossas vidas. Sua devoção sempre foi um pilar da nossa família. Cresci com a crença de que ela é nossa mãe celestial e sempre olha por nós."

Esses depoimentos ilustram a profunda devoção e as experiências pessoais de gratidão dos devotos de Nossa Senhora Aparecida. Suas histórias refletem a importância da fé e da intercessão da Padroeira em suas vidas.

Nossa Senhora Aparecida na Cultura Brasileira

Nossa Senhora Aparecida é uma figura central na cultura brasileira. Sua imagem é vista em lares, igrejas e até mesmo na música popular. Muitos artistas, músicos e intelectuais destacam a influência dessa devoção em suas vidas e na cultura do país. A devoção a Nossa Senhora Aparecida transcende as barreiras religiosas e se torna um símbolo de identidade nacional.

A devoção a Nossa Senhora Aparecida é um fio condutor da fé e da cultura brasileira. Ela une milhões de pessoas em oração e devoção, proporcionando conforto e esperança em meio às vicissitudes da vida. A história da aparição, os testemunhos de fé e a influência na cultura do país fazem de Nossa Senhora Aparecida uma figura icônica no coração dos brasileiros. Ela é um farol de esperança e uma fonte inesgotável de inspiração para todos aqueles que acreditam em sua proteção e intercessão.

* Diocese de Juína - MT

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

São Teófilo, Bispo de Antioquia

São Teófilo (arquidiocesedemanaus)

13 de outubro

São Teófilo de Antioquia

No 169, Teófilo foi o sexto Bispo de Antioquia, depois do apóstolo Pedro e Teófilo. De origem pagã, converteu-se ao cristianismo observando seus costumes e lendo a Bíblia. Foi autor de muitas obras contra as heresias da época, em defesa da doutrina da fé e com comentários sobre as Escrituras.

Teófilo nasceu em numa família pagã, natural de uma localidade situada perto do rio Eufrates, nos confins do Império Romano não muito longe da Pérsia, e recebeu uma sólida formação literária, somente tomou a resolução de se converter à fé cristã após ter conhecido e estudado profundamente a Bíblia.

Pouco se sabe acerca da sua vida, mas segundo o que Eusébio de Cesaréia escreveu na sua “História Eclesiástica”, ele foi o quinto sucessor de Pedro enquanto bispo de Antioquia, cidade síria, uma informação atestada, também, por São Jerônimo.

É em sua obra “A Autólico” que podemos respigar algumas informações sobre a sua vida. Teófilo foi o primeiro autor cristão a ensinar explicitamente que os livros do Novo Testamento procedem de autores inspirados – à semelhança do que já era admitido a respeito dos do Antigo Testamento – afirmando que, assim, possuíam valor análogo às antigas Escrituras.

Nada sabemos de sua morte ou de outras circunstâncias de sua vida. Sabemos apenas que por volta de 169-170, já era bispo de Antioquia. Pela tradição ele morreu por volta do ano 186.

Fonte: https://arquidiocesedemanaus.org.br/

quinta-feira, 12 de outubro de 2023

SOS Amazônia

SOS Amazônia (cnbb)

IGREJA NO BRASIL LANÇA CAMPANHA PARA APOIAR COMUNIDADES QUE SOFREM COM A ESTIAGEM NA AMAZÔNIA

A estiagem nos territórios amazônidas atingiu um nível alarmante neste ano. As consequências afetam o volume dos rios e estão atingindo diretamente diversas comunidades que sobrevivem diretamente da biodiversidade dos rios. São territórios rurais que, com a intensidade das secas deste ano, ficam isoladas e necessitam de auxílio para se alimentar e ter acesso a água potável.

“Estamos enfrentando uma estiagem como nunca vista antes por aqui. Dependemos do rio, somos um povo da água. Os rios são tudo para nós, e a nossa sobrevivência está na dependência dos rios. A situação ambiental está cada dia mais agravante, e as populações vulneráveis são as que mais sofrem. Nosso coração sofre quando vemos essa situação, e precisamos de ajuda urgente.” diz Márcia Miranda, agente da Cáritas Brasileira Articulação Norte 1, em Manaus.

Dados divulgados pelo Governo do Amazonas no início de outubro indicam que já são mais de 50 mil famílias afetadas pela estiagem, em um total de 200 mil pessoas que estão com dificuldades em todo o estado. São 24 municípios em estado de emergência em todo o Rio Solimões.

Frente a esse contexto preocupante, a Cáritas Brasileira e a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), em parceria com a Rede Eclesial Pan-Amazônica (REPAM-Brasil), lançam a campanha “SOS AMAZÔNIA: APOIE A VIDA, DOE AGORA”, com o objetivo de auxiliar as famílias que estão passando por dificuldades neste período emergencial na Amazônia. Os recursos arrecadados pela campanha serão utilizados para aquisição de produtos de primeira necessidade, que serão distribuídos para as famílias atendidas pela rede de solidariedade da igreja católica nas regiões impactadas pela estiagem.

Faça sua doação agora e integre essa rede de solidariedade em defesa da vida do povo da Amazônia! 

SOS Amazõnia (cnbb)

Serviço 

Doe para a Campanha SOS AMAZÔNIA através das seguintes contas:
Banco do Brasil 

Agência – 0452-9 
Conta Corrente: n° 52.755-6
Pix: 33.654.419.0001-16 (CNPJ)

Caixa Econômica Federal
Agência – 1041
Op 003
Conta Corrente: 3573-5

Assessoria de Imprensa
Ana Caroline Lira
Celular – (61) 98595-5278
E-mail
  comunicacao@repam.org.br

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

«Cristo é o princípio do fim do mundo» (1/2)

Cristo é mostrado numa posição exaltada, no esplendor da sua realeza, como Senhor e legislador do céu e da terra. Do mosaico da abside da basílica de Santi Cosma e Damiano em Roma (primeira metade do século VI)

Arquivo 30Dias 07/08 - 2002

«Cristo é o princípio do fim do mundo»

A teologia da história de Joaquim de Fiore, retomada em chave ortodoxa por Boaventura, marca a transição decisiva de Cristo reconhecido como «fim dos tempos» para Cristo como «centro dos tempos», ideia estranha a todo o primeiro milénio cristão. A relevância de um estudo de Joseph Ratzinger.

por Lorenzo Cappelletti

Quando se discute escatologia, ou melhor, quando, sem qualquer tematização, se imaginam as realidades últimas, mesmo entre os cristãos se imagina, num futuro mais ou menos iminente, ou numa nova era de paz e fraternidade dentro da história ou do fim, sem referência a Cristo, ao cosmos e à história. Este sentimento, que hoje parece ser a quintessência do sentimento cristão tradicional, é na verdade o resultado de uma viragem na concepção cristã da história. Um ponto de viragem que remonta a Gioacchino da Fiore, o abade calabreso cujo sétimo centenário da morte assinala este ano (31 de março de 1202).

Joseph Ratzinger, como teólogo, mostrou que Joaquim fundou uma escola também porque a sua teologia da história, alterada por São Boaventura com os seus elementos heterodoxos, passou a fazer parte da herança cristã de ideias. Fê-lo num belo livro de 1959, traduzido para o italiano pela editora Nardini há cerca de dez anos: San Bonaventura. A teologia da história . Voltamos a falar dele hoje não porque o livro seja novo, claro, mas porque as reflexões que ele contém nos parecem atuais.

Bonaventura da Bagnoregio, que em 1257 ocupou o lugar do general Giovanni da Parma, que renunciou e foi relegado a Greccio por ser acusado de simpatizar com os espíritas, entre 9 de abril e 28 de maio de 1273, pouco antes de ser nomeado cardeal, escreveu ou ditou antes o seu último trabalho, o Collationes in Hexaemeron (Paralelos com os seis dias da criação), em «discussão crítica com o abade calabresa e seus seguidores. Sem Joachim este trabalho seria incompreensível. [...] Boaventura não podia calar-se sobre Joaquim, pois era ministro geral de uma ordem que quase atingiu o seu ponto de ruptura devido à questão joaquimita. [...] Boaventura não rejeita totalmente Joaquim (como fez Tomás): antes o interpreta de forma eclesial, criando uma alternativa aos joaquimistas radicais" ( São Boaventura, pág. 15). Na verdade, Boaventura rejeita a ideia heterodoxa de que a mensagem do Novo Testamento é transitória e que deve ser superada e substituída, como acreditavam os espíritas, pelo evangelho eterno do qual Joaquim seria o portador. De Boaventura é o Novo Testamento que «é designado como testamento eterno e, portanto, incluindo todo o curso restante da história. Desta forma, o fato de o novo esquema histórico ser abraçado pelo antigo, agostiniano, é aqui claramente aceito” ( ibid ., p. 64).

Mas, sem prejuízo da ortodoxia, Boaventura para a sua teologia da história escolhe o novo esquema que Joaquim havia desenvolvido na Concordia Veteris et Novi Testamenti .

Esquema de sete anos simples e dupla.

Esta é uma opção completamente legítima, deixa claro Ratzinger (afinal, estamos no campo da teologia da história, não do dogma), mas esta opção não se identifica, como pode parecer à primeira vista, com a compreensão tradicional do tempo, da história, com o esquema “antigo, agostiniano”. O mal-entendido poderia surgir do fato de que não apenas Boaventura, mas o próprio Joaquim nunca abandonaram completamente, escreve Ratzinger, a doutrina das seis ou sete idades, “dado o caráter quase dogmático que nela foi reconhecido” (ibid.) ., pág. 216). Esta doutrina, que remonta a Agostinho, consistia muito simplesmente em tomar os dias da criação como modelo para dividir perfeitamente toda a história universal em seis/sete períodos: de Adão ao fim dos tempos, ou seja, até ao sétimo dia eterno/ oitavo da ressurreição do corpo e do julgamento universal. A idade de Adão (ou Noé); de Abraão; de Davi; do exílio babilônico; de Cristo; do fim; eternidade.

Falamos indiferentemente de seis ou sete épocas da história (não há ainda «em Agostinho qualquer harmonização explícita entre os dois esquemas» [ ibid ., p. 51 nota 2]), porque a ideia do sétimo dia, como capaz de representar a eternidade, desde o início foi acompanhada pela do oitavo dia, o dies dominicus, o Dia do Senhor, que parecia igualmente, senão mais apropriado. «Até que se encontrou a solução no axioma “septima aetas currit cum sexta”» para dizer que «desde que existe a Igreja, existe também esta história paralela, oculta e gloriosa, a história dos céus, e ao lado do cansativo e atormentado sexto dia , o esplendor do sétimo dia se revela oculto, mas real. Estes dois dias mutuamente ligados são então seguidos pelo oitavo dia eterno, introduzido com a ressurreição e o julgamento” ( ibid ., pp. 51-52).

Precisamente esta contemporaneidade da sexta e da sétima idades juntas (que é, em última análise, uma forma de expressar aquela dualidade típica da visão das duas cidades de Agostinho) é abandonada por Joaquim, e na sua dependência de Boaventura, em favor de um rígido período de sete anos. regime, além disso, um regime duplo de sete anos. Com Joaquim, a flexibilidade de um esquema simples de seis/setenários, respeitoso do mistério, perde-se em favor de um esquema rígido de duplo setenário, baseado em complicadas alegorias construídas pelo homem.

«Para Agostinho, o esquema transmitido das [seis ou] sete idades do mundo desempenha apenas um papel muito secundário» ( ibid ., p. 43). Na verdade, ele representa «acontecimentos terrenos no jogo de contraste entre civitas Dei ecivitas terrena , entre corpus Christi e corpus diaboli ; nesta dualidade, que em ambos os lados (passado e futuro) transcende a história humana, todo o curso desta história do homem é fixado” ( ibid .).

Boaventura considera esta interpretação agostiniana não um paradigma da teologia da história, mas apenas a forma de fazer emergir os tipos, as figurae sacramentales da Escritura, e, com base num «pensamento retirado da Concórdia de Joaquim » ( ibid ., pág. 45), ao invés, funda o conhecimento da história «numa correspondência entre a história do Antigo Testamento e a do Novo Testamento, que Agostinho não havia ensinado, mas decididamente rejeitou» (ibid., p. 46 ) . Seguido nesta recusa, como veremos, por Tomás de Aquino.

As duas abordagens não devem, portanto, ser confundidas, mesmo que ambas utilizem um esquema baseado em sete. «O esquema duplo setenário deve manter-se claramente distinto do esquema setenário simples de Agostinho e da Igreja antiga, bem como da teologia medieval pré-joaquimita, porque nele se expressa uma consciência muito diferente do tempo e da história. [...] No esquema agostiniano Cristo é o fim do tempo, enquanto no bonaventuriano ele é o centro do tempo" ( ibid., pág. 54). Aqui está a coisa. Deve-se acrescentar, observa Ratzinger, que «o cristianismo primitivo nunca entendeu o acontecimento de Cristo como um “centro”, mas sempre e apenas como uma “plenitude”, isto é, substancialmente como um “fim” dos tempos. [...] Por razões de clareza seria, portanto, preferível abandonar o conceito de centro quando se trata de expor a maneira como o Novo Testamento e os Padres compreenderam a história" (ibid., p. 54 nota 8 ) .

Cristo no centro do tempo, ou seja, à margem

A ideia de considerar Cristo como eixo do tempo é estranha a todo o primeiro milénio cristão. «Para este milénio, Cristo não é o eixo da história com o qual começa um mundo mudado e redimido e é abandonada uma história não redimida que durou até aquele momento; pois para isso Cristo é antes o começo do fim. Ele é “redenção” na medida em que com Ele o “fim” começa a brilhar na história. A redenção consiste (do ponto de vista histórico) neste fim iniciado enquanto a história, por assim dizer, prossegue "per nefas" ainda por um certo tempo, conduzindo ao seu fim a antiguidade deste mundo A ideia de ver em Cristo o eixo dos acontecimentos do mundo surge propriamente [...] apenas em Joaquim" ( ibid., pp. 210-211). Embora esta ideia esteja oculta pelo facto de em Joaquim existirem dois eixos e não um, devido à sua conhecida concepção de uma terceira idade do Espírito. Mas «a exclusão desta última ideia ocorreu necessariamente com a vitória da dogmática ortodoxa; a outra ideia permaneceu; e Joaquim tornou-se assim, precisamente na própria Igreja, o precursor de uma nova compreensão da história que hoje nos parece ser a compreensão cristã de uma forma tão óbvia que nos torna difícil acreditar que em algum momento ela não foi assim” (ibid. , p. 211). Portanto, paradoxalmente, pode-se afirmar que a compreensão cristocêntrica da história, embora legitimada a ponto de ser considerada hoje a única legítima, é originalmente o resultado de um desejo ilegítimo de ir além de Cristo.

Ao lado da acentuação da centralidade absoluta de Cristo (cf. ibid. , pp. 216-219), Boaventura abre caminho para “uma interpretação gioachimito-escatológica da ordem de Francisco” ( ibid ., p. 223). Confortado pelas profecias (que por outro lado até Tomé reconhece como de alguma forma se concretizando) e pela doutrina de Joaquim sobre o advento de um novus ordo , como aquele que caracterizará o novo tempo que se aproxima.

«No mesmo momento em que em Boaventura, em virtude da lógica do seu pensamento, amadurece a ideia de Cristo como centro dos tempos e, portanto, rejeita-se a outra ideia, a de Cristo como fim dos tempos, neste mesmo momento nasce em Boaventura a consciência de que “o fim já é muito perto" [...]. Estas duas linhas de desenvolvimento contradizem-se apenas de forma aparente. Com efeito, a realidade da expectativa escatológica pode adquirir uma nova urgência no instante em que se dissipa a falta de clareza [sobre o tempo do fim] que deriva da designação de toda a história cristã como o tempo final. E, no entanto, esta forma de pensamento escatológico não se identifica com a do Novo Testamento [...]. Aqui, de fato, de certa forma, um novo segundo fim se estabelece ao lado de Cristo, e mesmo que, como centro, Ele sustente e mantenha todas as coisas, no entanto, Ele não é mais simplesmente aquele Telos em que tudo flui e em que o mundo é levado ao seu fim e superado" ( ibid., pp. 225-226). Paradoxalmente, estar no centro de Cristo combina-se com o seu abandono potencial.

Fonte: https://www.30giorni.it/

De volta à guerra em Israel

Près d'un poste de police détruit à Sdérot (Israël), le 8 octobre 2023 (RONALDO SCHEMIDT / AFP)

Por Jean-Baptiste Noé

O ataque maciço que atingiu Israel em 7 de outubro trouxe mais uma vez derramamento de sangue para a região, demonstrando a fragilidade da paz. O Hamas e o Hezbollah mais uma vez uniram forças para atacar o Estado de Israel. O geopolítico Jean-Baptiste Noé teme uma conflagração no Oriente Médio.

No dia 7 de outubro, foi uma surpresa total quando o Hamas lançou uma operação perfeitamente organizada e estruturada para dar um duro golpe em Israel. Alguns dias antes, os líderes da organização estavam negociando com o governo hebreu a obtenção de vistos para que os habitantes de Gaza pudessem ir a Israel para trabalhar, mas o Hamas atacou com força e rapidez, rompendo a trégua de fato que estava em vigor desde 2014.

Além dos tradicionais foguetes enviados da Faixa de Gaza, houve operações muito mais perigosas e inovadoras: ataques de drones a tanques, infiltração de soldados do Hamas, alguns dos quais voaram de parapente, captura de civis e tomada de reféns. Ao atacar civis, o Hamas semeou o terror em Israel, mas também surpreendeu a opinião pública mundial, levando a um apoio total a Israel no campo ocidental.

Entre Gaza e o Irã

Fundado em 1987, amplamente apoiado pelo Irã e próximo ao Hezbollah, o Hamas é um acrônimo que pode ser traduzido como “movimento de resistência islâmica”. Seu objetivo é destruir o Estado de Israel e estabelecer em seu lugar um Estado islâmico com Jerusalém como capital. Criado por militantes treinados na Irmandade Muçulmana, o Hamas formou um braço armado militar e um braço político, com o objetivo de tomar o poder pela força e o controle político de Gaza. Uma das estratégias de Israel foi incentivar a ala política do Hamas a fim de normalizá-la. Acreditando que, diante dos problemas concretos dos palestinos (gestão de estradas, abastecimento de água, lixo), ele abandonaria suas exigências militares.

A resposta de Israel será proporcional à violência desencadeada pelo Hamas. É provável que a luta se concentre em Gaza, a base do Hamas, onde o Tsahal fará tudo o que estiver ao seu alcance para decapitar a organização

Antes do ataque de 7 de outubro, Israel poderia ter pensado que havia ganhado sua aposta, já que o Hamas estava no caminho da normalização, conforme ilustrado pela discussão sobre vistos. O último ataque mostra que esse não é o caso e que o braço armado está mais virulento do que nunca para se impor pela força. A profundidade do ataque, sua intensidade e também sua coordenação mostraram que o Hamas estava longe de ser extinto e enfraquecido. A resposta de Israel será proporcional à violência desencadeada pelo Hamas. É provável que os combates se concentrem em Gaza, o refúgio do Hamas, onde o Tsahal (Forças de Defesa de Israel) fará tudo o que estiver ao seu alcance para decapitar a organização.

O Hezbollah e a frente norte

Quase sem surpresa, o Hezbollah atacou na frente norte a partir do Líbano, demonstrando seu apoio ao Hamas. Fundado em 1982, durante a guerra civil libanesa, o “Partido de Deus”, que ostenta uma Kalashnikov na cor do Islã em sua bandeira, é o resultado das guerras que ensanguentaram o Líbano na década de 1980. Embora esteja ligado ao islamismo xiita e também seja financiado e apoiado pelo Irã, o Hezbollah também incluiu cristãos em suas fileiras, por meio das Brigadas de Resistência Libanesa, que pretendiam não ser confessionais.

O Hezbollah tem uma forte presença no Líbano, onde desempenha um papel social importante, financiando e administrando escolas e hospitais, e também tem um lado militar, bem como um lado social e humanitário. Seu ataque a partir do sul do Líbano amplia o escopo do conflito e, portanto, corre o risco de estender a guerra a outras áreas que não as de Israel. Todos os olhos estão voltados para o Irã, que financia as duas organizações e ajudou a planejá-las.

Portanto, é todo o Oriente Médio que está sendo desestabilizado, não apenas Israel e a Faixa de Gaza. Se a resposta militar se estender ao Líbano, ou até mesmo às operações no Irã, como Israel já fez, isso pode levar a uma conflagração na região.

Israel, uma nação em guerra

Com o serviço militar para homens e mulheres e um espírito de defesa generalizado para estar pronto para responder a ataques, Israel é uma nação em guerra, tendo que defender constantemente a integridade de seu território. Ao fazer isso, tem o exército mais bem treinado do mundo ocidental, porque não é voltado para operações externas, mas para defender a sobrevivência de seu território. Isso é um presságio de uma resposta militar que será longa e maciça. Ao lançar essa operação surpresa em 7 de outubro, o Hamas abriu um novo período de incerteza no Oriente Médio.

Fonte: https://pt.aleteia.org/

No dia de Nossa Senhora Aparecida, reze à padroeira do Brasil com estas orações

Nossa Senhora Aparecida (ACI Digital)

Em 2017, quando foi celerado o tricentenário do encontro da imagem de Nossa Senhora Aparecida no Rio Paraíba do Sul, foi composta a ‘Oração Jubilar: 300 anos de Bênção’, que se somou a várias outras preces dirigidas à Padroeira do Brasil. A seguir, confira algumas orações para rezar à Virgem Aparecida no dia dela.

1. Oração Jubilar: 300 Anos de Bênçãos

Senhora Aparecida, Mãe Padroeira,
em vossa singela imagem, há 300 anos
aparecestes nas redes dos três benditos pescadores no Rio Paraíba do Sul.
Como sinal vindo do céu, em vossa cor,
vós nos dizeis que para o Pai não existem escravos,
apenas filhos muito amados.
Diante de vós, embaixadora de Deus,
rompem-se as correntes da escravidão!
Assim, daquelas redes,
passastes para o coração e a vida de milhões de outros filhos e filhas vossos.
Para todos tendes sido bênção:
peixes em abundância, famílias recuperadas, saúde alcançada,
corações reconciliados, vida cristã reassumida.
Nós vos agradecemos tanto carinho, tanto cuidado!
Hoje, em vosso Santuário e em vossa visita peregrina, nós vos acolhemos como mãe,
e de vossas mãos recebemos o fruto de vossa missão entre nós:
o vosso Filho Jesus, nosso Salvador. /
Recordai-nos o poder, a força das mãos postas em prece!
Ensinai-nos a viver vosso jubileu com gratidão e fidelidade!
Fazei de nós vossos filhos e filhas,
irmãos e irmãs de nosso Irmão Primogênito, Jesus Cristo,
Amém!

2. Ato de consagração – feito pelo papa Francisco em sua visita ao Santuário de Aparecida em 2013

Maria Santíssima, pelos méritos de Nosso Senhor Jesus Cristo, em vossa querida imagem de Aparecida, espalhais inúmeros benefícios sobre todo o Brasil.

Eu, embora indigno de pertencer ao número de vossos filhos e filhas, mas cheio do desejo de participar dos benefícios de vossa misericórdia, prostrado a vossos pés, consagro-vos o meu entendimento, para que sempre pense no amor que mereceis; consagro-vos a minha língua para que sempre vos louve e propague a vossa devoção; consagro-vos o meu coração, para que, depois de Deus, vos ame sobre todas as coisas.

Recebei-me, ó Rainha incomparável, vós que o Cristo crucificado nos deu por Mãe, no ditoso número de vossos filhos e filhas; acolhei-me debaixo de vossa proteção; socorrei-me em todas as minhas necessidades, espirituais e temporais, sobretudo na hora de minha morte.

Abençoai-me, ó celestial cooperadora, e com vossa poderosa intercessão, fortalecei-me em minha fraqueza, a fim de que, servindo-vos fielmente nesta vida, possa louvar-vos, amar-vos e dar-vos graças no céu, por toda eternidade. Assim seja!

3. Oração feita pelo papa Francisco diante da imagem de Nossa Senhora Aparecida em 2013

Mãe Aparecida, como Vós um dia, assim me sinto hoje diante do vosso e meu Deus, que nos propõe para a vida uma missão cujos contornos e limites desconhecemos, cujas exigências apenas vislumbramos. Mas, em vossa fé de que “para Deus nada é impossível”,  Vós, ó Mãe, não hesitastes, e eu não posso hesitar. Assim, ó Mãe, como Vós,  Eu abraço minha missão.  Em vossas mãos coloco minha vida e vamos Vós-Mãe e Eu-Filho caminhar juntos, crer juntos, lutar  juntos, vencer juntos como sempre juntos caminhastes vosso Filho e Vós.

Mãe Aparecida, um dia levastes vosso Filho ao templo para O consagrar ao Pai, para que fosse inteira disponibilidade para a missão. Levai-me hoje ao mesmo Pai, consagrai-me a Ele com tudo o que sou e com tudo o que tenho.  Mãe Aparecida, ponho em vossas mãos, e levai até o Pai a nossa e vossa juventude, a Jornada Mundial da Juventude: quanta força, quanta vida,  quanto dinamismo brotando e explodindo e que podem estar a serviço da vida,  da humanidade.

Finalmente, ó Mãe, vos pedimos: permanecei aqui, sempre acolhendo vossos filhos e filhas peregrinos, mas também ide conosco, estai sempre ao nosso lado e acompanhai na missão e grande família dos devotos, principalmente quando a cruz mais nos pesar, sustentai nossa esperança de nossa fé.

4. Oração feita por São João Paulo II, quando esteve em Aparecida em 1980

Senhora Aparecida, um filho vosso
que vos pertence sem reserva - totus tuus! -
chamado por misterioso Desígnio da Providência a ser Vigário de Vosso Filho na terra,
quer dirigir-se a Vós, neste momento.

Ele lembra com emoção, pela cor morena
desta Vossa imagem, uma outra representação Vossa,
a Virgem Negra de Jasna Gora!

Mãe de Deus e nossa,
protegei a Igreja, o Papa, os Bispos, os Sacerdotes
e todo o Povo fiel; acolhei sob o vosso manto protetor
os religiosos, religiosas, as famílias,
as crianças, os jovens e seus educadores!

Saúde dos Enfermos e Consoladora dos Aflitos,
sede conforto dos que sofrem no corpo ou na alma;
sede luz dos que procuram Cristo,
Redentor do Homem; a todos os homens
mostrai que sois a Mãe de nossa confiança.

Rainha da Paz e Espelho da Justiça,
alcançai para o mundo a paz,
fazei que o Brasil tenha paz duradoura,
que os homens convivam sempre como irmãos,
como filhos de Deus!

Nossa Senhora Aparecida,
abençoai este vosso Santuário e os que nele trabalham,
abençoai este povo que aqui ora e canta,
abençoai todos os vossos filhos,
abençoai o Brasil. Amém.

Fonte: https://www.acidigital.com/

Os princípios da Doutrina Social da Igreja (II)

Doutrina Social da Igreja (paulinos)

OS PRINCÍPIOS DA DOUTRINA SOCIAL DA IGREJA (II)

Dom Wilson Angotti
Bispo de Taubaté (SP)

 “Eu estava com fome e vocês me deram de comer” (Mt.25,35) 

Começamos a considerar os “Princípios” da Doutrina Social da Igreja (DSI). Por “princípios” queremos nos referir a temas recorrentes e basilares dos documentos de ensino social da Igreja. Já tratamos, anteriormente, de quatro princípios: da primazia da ordem moral, da dignidade da pessoa, da solidariedade e do bem comum. Consideraremos agora: a opção preferencial pelos mais pobres; a não aceitação do capitalismo liberal e nem do socialismo; e o princípio da subsidiariedade. Sucintamente, abordaremos esses assuntos. 

5º Princípio: A opção preferencial pelos pobres. 

“Desejo aqui recordar um deles [dos temas mais abordados no ensinamento social da Igreja]: a opção ou amor preferencial pelos pobres. Trata-se de uma opção, ou de uma forma especial de primado na prática da caridade cristã, testemunhada por toda a Tradição da Igreja. Ela concerne à vida de cada cristão, enquanto deve ser imitação da vida de Cristo; mas aplica-se igualmente às nossas responsabilidades sociais (S. João Paulo II, Sollicitudo Rei Socialis, SRS n.42).  

A expressão “opção preferencial pelos pobres”, como tal, surgiu na assembleia geral do episcopado Latino Americano, em Puebla (México), em 1979. Porém, a preocupação e dedicação pelos pobres sempre fez parte da atenção da Igreja, desde os primeiros tempos; pois é exigência do mandamento do amor (Mt.22,37-39). A Igreja procurou realiza-la ao longo dos séculos, e isso se pode perceber pelo incontável número de asilos, orfanatos, creches, escolas, hospitais, etc, que acompanharam o trabalho de evangelização, em todas as épocas e partes do mundo. O discípulo de Jesus não pode ignorar as necessidades do próximo. No exercício de sua missão, a Igreja não exclui ninguém. A exemplo de Jesus, sendo atenta aos últimos, a Igreja inclui a todos.  

6º Princípio: A não aceitação do capitalismo liberal. 

Com o início da industrialização “construiu-se um sistema que considerava o lucro como motor essencial do progresso econômico, a concorrência como lei suprema da economia, a propriedade privada dos bens de produção como direito absoluto, sem limite nem obrigações (…) gerando o imperialismo internacional do dinheiro. Nunca será demasiado reprovar tais abusos, lembrando mais uma vez que a economia deve estar a serviço do homem” (São Paulo VI, Populorum Progressio, 26). 

O capitalismo liberal é decorrente do liberalismo, uma ideologia marcada fortemente pelo individualismo. A consequência disso no plano econômico é o lucro como valor supremo, o trabalho como simples mercadoria, a livre concorrência sem limite, a propriedade como valor absoluto, o salário submetido simplesmente à lei da oferta e da procura, a livre concorrência sem limites, a desconsideração do bem do trabalhador e dos princípios éticos. Um tal sistema não está a serviço do ser humano, mas põe o ser humano a serviço do lucro de alguns. Com o passar do tempo, esse capitalismo primitivo e selvagem foi se submetendo ao controle da sociedade pelas regras jurídicas e do estado, tornando-se mais aceitável; porém, com essa reserva.  

7º Princípio: A não aceitação do socialismo, marxismo e comunismo. 

A Doutrina Social da Igreja adota uma atitude crítica, quer em relação ao capitalismo liberal, quer em relação ao coletivismo marxista” (S. João Paulo II, Sollicitudo Rei Socialis,21). “O erro fundamental do socialismo é de caráter antropológico. … O homem é reduzido a  uma série de relações sociais (a um coletivo), e desaparece o conceito de pessoa como sujeito autônomo de decisão moral … O homem é de fato privado de algo que possa ‘dizer seu’ e da possibilidade de ganhar com que viver por sua inciativa, acaba por depender da máquina social e daqueles que a controlam …” (S. João Paulo II, Centesimus Annus, 13).  

Nesta nossa abordagem sintética não é possível diferenciar cada palavra: socialismo, marxismo, comunismo. De modo geral, o que as caracteriza é a relativização da propriedade privada, é o estado deter os meios de produção e controlar toda atividade socioeconômica. Tal como o capitalismo, também o socialismo passou por ‘modificações’ em seu desenvolvimento histórico. É inaceitável porque propõe a luta de classes e absolutiza o social em detrimento da pessoa. Na verdade, a sociedade existe para benefício da pessoa e não o contrário. O materialismo ateu é inerente à ideologia marxista. Erroneamente, esta considera a religião, com sua promessa de vida futura, uma alienação que levaria a pessoa a desinteressar-se pela busca da justiça social. É justamente nossa esperança futura que nos leva ao empenho por construir um mundo mais justo. A esperança cristã nos move no presente e nos direciona para a eternidade. 

8º Princípio de Subsidiariedade 

A autoridade pública deixe ao cuidado de associações inferiores aqueles negócios de menor importância, que a absorviam demasiado; poderá então desempenhar mais livre, enérgica e eficazmente o que só a ela compete …” (Papa Pio XI, Quadragesimo anno, 80).  

O princípio da subsidiariedade consiste na atitude do Estado não assumir aquilo que outras instituições sociais (como sindicatos, associações, famílias) podem fazer. Dedicando-se só ao que estritamente lhe compete o Estado poderá cumprir melhor sua atividade reguladora da sociedade. Não serve o estado enfraquecido do liberalismo nem o estado superpoderoso do socialismo. Cabe ao estado garantir o bem comum, com uma função de ajuda não de substituição. Seu caráter é de orientação, de estímulo, de coordenação, de suplência e de integração. Subsidiariedade sim, intervencionismo não. Ao estado cabe a função maior de manter a ordem e evitar exploração dos cidadãos, sobretudo dos desfavorecidos.  

(O tema dos Princípios de DSI continua)

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

Papa: Que Nossa Senhora Aparecida cuide do Brasil e de todo povo brasileiro

Papa Francisco em Aparecida-SP (Vatican Media)

À margem dos trabalhos do Sínodo, o Papa manifestou mais uma vez seu carinho pelo Brasil e pelos brasileiros no dia da sua Padroeira. De modo especial, Francisco recordou sua visita a Aparecida, 10 anos atrás, ocorrida em 24 de julho de 2013.

https://youtu.be/s871tK5g6NA

Bianca Fraccalvieri - Vatican News

“É a festa de Nossa Senhora Aparecida. Eu a levo em meu coração. Recordo-me desta cidade e da Virgem. Que nos abençoe muito, que cuide de vocês e de todo o povo do Brasil. Rezo por vocês, lhes envio a minha bênção e, por favor, rezem por mim. A favor! Obrigado.”

À margem dos trabalhos do Sínodo, o Papa manifestou mais uma vez seu carinho pelo Brasil e pelos brasileiros no dia da sua Padroeira. De modo especial, Francisco recordou sua visita a Aparecida, 10 anos atrás, ocorrida em 24 de julho de 2013.

Papa ao final da Missa no Santuário de Aparecida (Vatican Media)

Naquela ocasião, Francisco abriu um parêntese na sua participação na Jornada Mundial da Juventude do Rio de Janeiro para visitar a Casa da Mãe.

No Santuário, o Pontífice celebrou à Missa e, na homilia, recordou a realização da V Conferência Geral do Episcopado da América Latina e do Caribe em maio de 2007. 

"Aquela Conferência foi um grande momento de vida de Igreja. E, de fato, pode-se dizer que o Documento de Aparecida nasceu justamente deste encontro entre os trabalhos dos Pastores e a fé simples dos romeiros, sob a proteção maternal de Maria. A Igreja, quando busca Cristo, bate sempre à casa da Mãe e pede: 'Mostrai-nos Jesus'. É de Maria que se aprende o verdadeiro discipulado. E, por isso, a Igreja sai em missão sempre na esteira de Maria."

Inauguração da imagem de Nossa Senhora nos Jardins Vaticanos (Vatican Media)

Mas nesses 10 anos de pontificado, foram inúmeras as referências à Padroeira do Brasil. Em 3 de setembro de 2016, Francisco inaugurou uma imagem de Nossa Senhora Aparecida nos Jardins Vaticanos. E convidou os fiéis a rezarem pelos "mais pobres, os descartados, os idosos abandonados, os meninos de rua; que ampare os descartados e os que estão nas mãos dos exploradores de todo tipo; que salve o povo com a justiça social e com o amor de Jesus Cristo, seu Filho". 

"Peçamos com amor por todo o povo brasileiro, que Ela, Mãe, abençoe. Foi encontrada pelos pobres trabalhadores: que hoje seja encontrada por todos, de modo especial por aqueles que têm necessidade de trabalho, de educação, por quantos estão privados de dignidade."

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Nossa Senhora da Conceição Aparecida, rogai por nós!

Reprodução

Por Vanderlei de Lima

Voltemos nosso olhar à Mãe Aparecida e peçamos que, como em Caná da Galileia (cf. Jo 2,1-11), Ela interceda, hoje e sempre, junto a Jesus Cristo.

No dia 12 de outubro, celebramos, no Brasil, a solenidade de Nossa Senhora da Conceição Aparecida. Daí a razão deste artigo que reproduz um trecho da Antologia de autores cartuxos (Cultor de Livros, 2020, p. 260-261) referente à Mãe de Deus e nossa.

O texto é de Guigo II († 1192/93) e se intitula “Mãe de misericórdia”. Desse monge temos apenas notícias escassas. Aparece a primeira vez em um documento de 1173 como procurador da Grande Cartuxa; depois, foi eleito prior da comunidade (1173/74). Em 1180, renunciou ao cargo de prior e voltou à vida de simples monge de cela. Morreu em 6 de abril de 1192 ou 1193. Dito isso, passemos à sua bela e profunda reflexão.

Ó Virgem das virgens, Senhora minha, de aparência belíssima que “até os anjos desejam contemplar” (1Pd 1,12b), dirige, peço-Te, para mim o teu olhar virginal; digna-Te a molhar a ponta do teu dedo na ânfora para umedecer, ainda que seja apenas com uma gota d’água, minha língua cansada e ressecada. Sei, minha Senhora, com que amor incomparável e benevolência olhas para cada um dos servos do grande Abraão para oferecer-lhes a bebida da tua misericórdia, não só a todo homem que pede, mas também aos seus camelos (cf. Gn 24,19). 

“Toda formosa és, amada minha, não há mancha em Ti” (Ct 4,7); belíssima de rosto, castíssima de corpo, santíssima de espírito e, o que é particularmente esplêndido em Ti, prontíssima em socorrer as necessidades dos miseráveis. Com efeito, és Tu quem primeiro extrai a água dos mais profundos mananciais da misericórdia, levas tua ânfora cheia de graça às costas de tua poderosa compreensão. Que fez, pois, aquela donzela que era figura tua, ó minha Senhora? “Rapidamente”, diz a Escritura, “desceu a ânfora do seu braço” (Gn 24,18) e, não contente em dar de beber àquele que lhe pediu, “também para teus camelos” – disse – “tirarei água para que possam beber” (Gn 24,19). Isso significa, ó Santíssima Virgem, que dás de beber também a mim desfigurado pecador, corcunda e tortuoso. Verdadeiramente, te compadeces de nossas misérias além do que podemos pedir, esperar ou pensar. […]

Ó Virgem, belíssima por teu rosto e por tua virgindade, concedes-me, também Te imploro, essa bebida e prepares-me um lugar onde eu habite esta noite, já que perto de Ti, como dizes, há um lugar amplo para ficar. Esta terra em que habitamos é estreita e os homens acham, por isso, motivos para litigar: minha é a terra, meu é o manancial, minha a floresta. Mas Contigo o espaço para habitar é amplo. […] Introduze-me, Mãe Misericordiosa, na casa de teu Pai para que eu não fique de fora, não seja consumido pelo gelo e o frio, nem agredido pelos terrores da noite. Introduze-me para que, depois de haver me lavado os pés, descanse […] até que “sopre a brisa do dia e se espalhem as sombras” (Ct 2,17). 

Tu me conduzirás ao Teu esposo Isaac. […] És verdadeiramente aquela que o Senhor preparou para o filho do meu Amo (cf. Gn 24,44), para ser sua mãe, sua esposa e irmã. […] És, realmente, selecionada e escolhida entre todas as mulheres; és cheia de graça, “o Senhor está contigo” (Lc 1,28). 

O Senhor, Deus Pai, te preparou para o Senhor Deus, seu Filho; para nos preparares para Ele. Tu, que te dignas tomar assento nas costas deste camelo que se ajoelha diante de Ti, preparas o teu próprio Filho para nós; faze-nos favoráveis a Ele no dia em que se levantará para golpear a terra com o sopro de sua boca. (Meditatio VII, pp. 158-163).

Com essa rica meditação, voltemos nosso olhar à Mãe Aparecida e peçamos que, como em Caná da Galileia (cf. Jo 2,1-11), Ela interceda, hoje e sempre, junto a Jesus Cristo – seu Filho e nosso irmão – pelo Brasil e por todos os seus habitantes. Amém!

Nossa Senhora da Conceição Aparecida, rogai por nós!

Fonte: https://pt.aleteia.org/

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF