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quarta-feira, 18 de outubro de 2023

Papa: a humanidade está carente de protagonistas

A jornalista argentina Bernarda Llorente entrevista o Papa Francisco (Vatican Media)

"As crises devem ser assumidas e superadas", disse o Santo Padre em uma entrevista à agência de notícias Télam, da Argentina. Francisco abordou vários tópicos, como a sua vida de oração e o falso messianismo, a guerra, o sínodo e a virtude da esperança. E ao dizer da sua abordagem sobre temas humanitários, declarou: "Quero deixar bem claro que não sou comunista como dizem alguns".

Vatican News

"A exploração é uma das origens da guerra. A outra origem é a geopolítica da dominação do território", disse o Papa Francisco em uma entrevista à agência de notícias Télam na qual abordou outros temas como a crise e os falsos messias, a dignidade no trabalho e aqueles que são explorados, a inteligência artificial, o sínodo e a esperança.

"Gosto da palavra crise porque ela tem movimento interno. Mas você sai de uma crise para cima, e não sai dela sozinho. Aqueles que querem sair sozinhos transformam a saída em um labirinto, que sempre dá voltas e mais voltas", disse o Papa. 

Francisco também enfatizou a importância de ensinar aos jovens "como resolver crises. Porque isso dá maturidade", e eles podem alertar contra o messianismo: "Ninguém pode prometer resolver conflitos, se não for através das crises".

A crise da humanidade

A jornalista da agência Télam, Bernarda Llorente, perguntou ao Papa: "O que está faltando à humanidade e o que está sobrando?" Francisco respondeu sobre a necessidade de promover "valores verdadeiros":

“A humanidade carece de protagonistas da humanidade, que tornem visível seu protagonismo humano. Às vezes, percebo que falta essa capacidade de gerenciar crises e de fazer emergir a própria cultura. Não tenhamos medo de trazer à tona os verdadeiros valores de um país. As crises são como vozes que nos mostram para onde devemos ir.”

O Pontífice continuou alertando que "o pensamento único destrói a riqueza humana. E a riqueza humana tem de contemplar três realidades, três linguagens: da cabeça, do coração e das mãos. Assim, pensa-se o que se sente e se faz, sente-se o que se pensa e se faz e faz-se o que se pensa e se sente. Essa é a harmonia humana. Se faltar qualquer uma dessas três linguagens, haverá um desequilíbrio tão grande que levará a um sentimento único, a um pragmatismo único ou a um pensamento único. Essas são traições à humanidade".

Entrevista com o Papa Francisco na Casa Santa Marta, no Vaticano (Vatican Media)

A Dignidade do trabalho 

Ao ser questionado sobre o tema do trabalho, o Papa falou da dignidade do trabalho e do grave pecado da exploração: "É o trabalho que nos torna dignos. E a maior traição a esse caminho de dignidade é a exploração. Não da terra para que ela produza mais, mas a exploração do trabalhador. Explorar as pessoas é um dos pecados mais graves. E explorá-las para seu próprio lucro". 

O Santo Padre também enfatizou a necessidade dos direitos dos trabalhadores, para que eles não se tornem escravos: "Quando um trabalhador não tem direitos ou é contratado por pouco tempo para substituí-los e não pagar as contribuições, ele se torna escravo e o outro se torna algoz".

Francisco lamentou que algumas pessoas o chamem de comunista quando ouvem falar de suas encíclicas sociais: "Não é assim. O Papa pega o Evangelho e diz o que o Evangelho diz. Já no Antigo Testamento, o direito hebreu pedia cuidar da viúva, do órfão e do estrangeiro. Se uma sociedade cumpre essas três coisas, se da bem. Porque se responsabiliza pelas situações extremas da sociedade. E se você assumir o controle das situações extremas, também fará o mesmo com as outras", e reiterou:

“E deixo claro que não sou comunista, como alguns dizem. O Papa segue o Evangelho.”

A inteligência artificial

O Papa também foi questionado sobre os avanços da tecnologia e suas implicações: "A diretriz do progresso cultural, incluindo a inteligência artificial, é a capacidade de homens e mulheres de gerenciá-la, assimilá-la e controlá-la. Em outras palavras, homens e mulheres são senhores da criação, e não devemos desistir disso. O senhorio do indivíduo sobretudo. Mudanças científicas sérias são progresso. Devemos estar abertos a isso", respondeu o Pontífice.

Papa Francisco: "Explorar as pessoas é um dos pecados mais graves" (Vatican Media)

Segurança universal

E voltando à questão da guerra, pediu segurança universal por meio do diálogo: "Não se pode falar de segurança social se não houver segurança universal, ou uma que esteja em processo de se tornar universal. Acredito que o diálogo não pode ser apenas nacionalista, é universal, especialmente hoje em dia, com todas as facilidades de comunicação que existem. É por isso que falo de diálogo universal, harmonia universal, encontro universal. E, é claro, o inimigo disso é a guerra".

O Papa Francisco considera que a "exploração" e a "dominação dos territórios" são as origens dos conflitos "fomentados pelas ditaduras".  

Para construir a paz e o bem comum, o Santo Padre pede "uma consciência da própria identidade. Não se pode dialogar com o outro se não se tem consciência da própria identidade. Quando duas identidades conscientes se encontram, elas podem dialogar e dar passos em direção ao acordo, ao progresso, a caminhar juntas".

A Igreja em harmonia 

Sobre o desenvolvimento do Sínodo, e ao ser questionado sobre que tipo de Igreja é necessário para estes tempos, o Pontífice disse: "Desde o início do Concílio Vaticano II, João XXIII teve uma percepção muito clara: a Igreja tinha que mudar. Paulo VI concordou e continuou, assim como os Papas que os sucederam. Não se trata apenas de moda, trata-se de uma mudança de crescimento e em favor da dignidade das pessoas. E aí é que está a progressão teológica, da teologia moral e de todas as ciências eclesiásticas, incluindo a interpretação das Escrituras, que têm progredido de acordo com o sentir da Igreja. Sempre em harmonia".

Esperança, um tempero diário 

A entrevista continua com temas pessoais, como o relacionamento com Deus: "o Senhor é um bom amigo, me trata bem"; e sobre a capacidade de rir: "o senso de humor humaniza". E a importância da virtude da esperança:

“Não podemos viver sem esperança. Se eliminássemos as pequenas esperanças de cada dia, perderíamos nossa identidade. Não nos damos conta de que vivemos de esperança. E a esperança teológica é muito humilde, mas é ela que dá sabor à nossa vida cotidiana. Pensar que talvez o amanhã seja melhor não é fugir. É outra coisa.”

E ao ser questionado sobre suas próximas viagens apostólicas, o Papa mencionou que gostaria de ir à Argentina, e "falando de mais longe, gostaria de visitar Papua Nova Guiné".

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Quem foi São Lucas, evangelista?

St. Luke (Wikipedia)

Quem foi São Lucas, evangelista?

 POR PROF. FELIPE AQUINO

São Lucas, evangelista e patrono dos pintores e médicos, ele é o autor do terceiro livro dos evangelhos que tem o seu nome e do Atos dos Apóstolos.

Um médico, São Lucas é tido como sendo um grego da Antioquia (moderna Turquia). Que era médico é confirmado por uma passagem em Colossians (4,14) na qual São Paulo descreve Lucas como “amado médico”. Um convertido na nova fé, ele acompanhou São Paulo na sua segunda jornada missionária em torno dos anos 51 DC e permaneceu 6 anos em Philippi, na Grécia e foi na terceira jornada com Paulo, que incluiu o famoso naufrágio as costas de Malta. Ele permaneceu com Paulo durante sua prisão. Paulo escreveu três vezes sobre Lucas no Novo Testamento: em Colosians, em Timoteo e em Philomon. É possível deduzir a presença de Lucas com Paulo nas jornada missionarias pelas várias passagens no “Atos dos Apóstolos” (16,10-17; 20,5-21,18; 27,1-28,16). Em 66 DC, Lucas voltou para a Grécia onde se acredita que veio a falecer com a idade de 84 anos “repleto do Espirito Santo”. Vários “Atos” relatam que foi martirizado, embora vários escolares acreditam que isto seriam lendas não confiáveis. Ele é tido como tendo visitado a Virgem Maria e se acredita que ele teria pintado vários quadros da Virgem Maria em especial o lindo quadro conhecido como o de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro. Seu trabalho estaria preservado em Roma na “Santa Maria Magiore”, embora as datas das pinturas seriam bem depois dos tempos apostólicos. O seu evangelho definidamente foi escrito para os gentios.

Um dos aspectos mais interessantes de Lucas é que frequentemente fazia a justaposição de um história de um homem com a de uma mulher. Por exemplo, a cura dos demoníaco (Lc 4,31-37) e seguida da cura da sogra de Pedro (4,39-39), o escravo do centurião é curado(7,1-11) e o filho da viúva de Naim é curado, o Geranese demoníaco é curado (8,26-39) seguido pela cura da filha de Jairus e da mulher com hemorragia (8,40-56).

Lucas também menciona as mulheres que assistiam Jesus no seu ministério (8,1-3) Assim diferente de todos os outros evangelistas São Lucas descreve um Jesus que se preocupa com o cuidado e a salvação das mulheres. Talvez por isso, provavelmente Lucas teria aprendido muito a respeito de Jesus com a Virgem Maria. Somente ele e Mateus descrevem elementos obscuros ou escondidos da vida privada de Jesus, antes de Seu ministério público.

Ainda, ao mencionar a sogra de Pedro, ele deixa claro e de maneira natural que Pedro era casado.

Lucas enfatiza a misericórdia e o amor de Deus para com a humanidade. Ele é o único que descreve a parábola da ovelha desgarrada, do Bom Samaritano, do filho pródigo, de Dives e Lázaro. Ele é também o único que descreve o perdão de Jesus a Maria Madalena (Lc 7,47), a promessa ao bom ladrão e sua oração para seus executores. Ele é também o único evangelista a registrar a “Ave Maria”, o “Magnificat”, o “Benedictus”, e o “Nunc Dimittis” que são todos usados na Liturgia das Horas(orações da noite, tarde e manhã). Lucas enfatiza o chamado para a oração, a pobreza, a pureza de coração, os quais teriam um apelo especifico aos gentios.

Lucas também escreveu os “Atos dos Apóstolos” que é também conhecido como “Atos do Espirito Santo”. É uma continuação do que conta em seu evangelho, embora os Atos talvez tenham sido escritos primeiro. De acordo com os escolares São Euzébio e São Jerônimo, os Atos foram escritos durante a prisão de São Paulo, embora Santo Irineu já pense que foram escritos após a morte de São Paulo, lá pelos anos 66 DC. Euzébio diz que o evangelho foi escrito antes da morte de Paulo, Jerônimo diz que foi depois e a tradição antiga diz que foi escrito pouco antes da morte de Lucas, quase no século segundo.

O evangelho teria sido escritos entre 70 e 85 DC, possivelmente na Grécia. Os atos do apóstolos detalham a igreja nos tempos de 35 a 63 DC, demonstrando um estilo de prosa soberbo, e um estilo de quem presenciou a fé.

Certas passagens dos Atos escrito na primeira pessoa do plural, são usualmente usadas para indicar que o escritor estava com São Paulo em parte da sua segunda jornada missionária e sem dúvida na viagem que ambos fizeram a Itália e estavam juntos quando o navio naufragou ao largo da costa de Malta (At 16:10ff:20:5ff 27-28). São Paulo diz nas suas cartas quando preso: “Lucas é a minha única companhia”.

Durante o martírio de Paulo, Lucas nunca saiu do seu lado.

Lucas sem dúvida conversava muito com a mãe de Jesus e com São João.

As suas relíquias foram trasladadas para Constantinopla e Pádua

De acordo com a Igreja Católica Ortodoxa Grega, São Lucas sempre andava com uma pintura de Nossa Senhora com ele, e ela foi o instrumento de várias conversões. Na verdade ele foi um grande artista e grande escritor, e suas narrativas inspiraram grandes escritores e grandes mestres da arte, mas as pinturas existente da Virgem, as quais é dito que ele teria pintado, são trabalhos de datas bem mais recentes. Não obstante alguns julgam que a pintura de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro teria sido pintada por ele.

Pinturas excepcionais de S. Lucas são as de Roger van Weyden na Pinacoteca de Munique, na Alemanha, a de Jean Grossaert em Praga e a de Rafael na Academia de São Lucas em Roma.

Na arte litúrgica da igreja ele é mostrado com um machado e as vezes mostrado pintando o retrato da Virgem Maria.

Sua festa é celebrada no dia 18 de outubro.

Fonte: https://cleofas.com.br/

Brasil: jovens da periferia tocarão diante do Papa Francisco, junto com russos e ucranianos

Orquestra Criança Cidadã | Facebook

Por Reportagem local - publicado em 17/10/23

A Orquestra Criança Cidadã, de Pernambuco, se apresentará no Vaticano em novembro.

Orquestra Criança Cidadã é um projeto brasileiro de inclusão social por meio da música, sediado na cidade de Recife. Idealizado em 2006 pelo juiz João José Rocha Targino em parceria com o maestro Cussy de Almeida (1936-2010) e o desembargador Nildo Nery dos Santos (1934-2018), a iniciativa oferece aos alunos aulas de instrumentos de cordas, sopros e percussão, teoria musical, flauta doce e canto coral, mas também apoio pedagógico, atendimento psicológico, médico e odontológico, aulas de inclusão digital, três refeições por dia e fardamento, além de bolsas para monitores.

A orquestra já se apresentou em países como Alemanha, Portugal, Estados Unidos, Itália, Argentina, China e Israel. Os convites se devem à qualidade artística do grupo e à relevância do trabalho de responsabilidade social do projeto, gerido pela Associação Beneficente Criança Cidadã (ABCC). De fato, ao longo dos 18 anos da iniciativa, cerca de 700 jovens já foram beneficiados e vários deles seguiram a carreira artística. Os meninos e meninas selecionados em Pernambuco residem na periferia da região metropolitana da capital e encontram na música um caminho de futuro, em contraste com a falta de perspectivas comum às crianças e adolescentes dessas áreas carentes.

Concerto pela Paz, no Vaticano

Em novembro, uma comitiva da Orquestra Criança Cidadã viajará a Roma, onde se juntará a trinta instrumentistas russos, ucranianos e italianos. Seu propósito é sensibilizar o mundo pelo fim da guerra entre a Rússia e a Ucrânia. Eles farão duas apresentações no Vaticano, com a presença confirmada do Papa Francisco. Intituladas de Concerto pela Paz, as apresentações estão agendadas para 3 e 4 de novembro, respectivamente na Basílica de São Pedro e na Sala Paulo VI. Cabe registrar que a Orquestra Criança Cidadã já se apresentou ao Papa Francisco em outubro de 2014.

Desta vez, a comitiva brasileira é formada por jovens de 14 a 21 anos, todos protagonistas de impactantes trajetórias de superação – desde o menino cujo irmão foi assassinado pelo tráfico até a violonista cujos pais são vendedores ambulantes em estações de metrô. Entre as inspirações do grupo está o ex-colega Antonino Tertuliano, hoje integrante da Orquestra Filarmônica de Israel – e também convidado a se juntar à comitiva em Roma.

Segundo informações prestadas a Aleteia pelo jornalista Tiago Barbosa, o repertório escolhido para as apresentações homenageia todos os países envolvidos na iniciativa: do russo Sergei Rachmaninov e do ucraniano Mykola Leontovich ao italiano Antonio Vivaldi e aos brasileiros Heitor Villa-Lobos, Ary Barroso e Clóvis Pereira – deste último, que é pernambucano de Caruaru e tem hoje 93 anos, foram escolhidas as “Três Peças Nordestinas”, uma produção musical do Movimento Armorial. O repertório inclui ainda a obra do argentino Astor Piazzolla, em tributo à terra natal do Papa Francisco.

Musicistas russos e ucranianos terão comovente destaque em momentos solo e também no encerramento, quando um quarteto formado por integrantes dos países em guerra executarão o tango “Por una cabeza”, de Carlos Gardel com Alfredo Le Pera.

Fonte: https://pt.aleteia.org/

Das Homilias sobre os Evangelhos, de São Gregório Magno, papa

Hora da Graça / Pe. Mário Sartori (YouTube)

Das Homilias sobre os Evangelhos, de São Gregório Magno, papa

(Hom. 17,1-3:PL76,1139)                (Séc.VI)

O Senhor acompanha seus pregadores

Nosso Senhor e Salvador, caríssimos irmãos, ora por palavras, ora por fatos nos adverte. Com efeito, até mesmo suas ações são preceitos, porque, ao fazer alguma coisa em silêncio, dá-nos a conhecer aquilo que devemos realizar. Eis que envia dois a dois seus discípulos a pregar, já que são dois os preceitos da caridade, o amor de Deus e do próximo. 

O Senhor envia a pregar os discípulos dois a dois, indicando-nos com isso, sem palavras, que quem não tem caridade para como próximo de modo algum deverá receber o ofício da pregação. 

Muito bem se diz que os enviou diante de sua face a toda cidade e local aonde ele iria(Lc 10,1). O Senhor vai atrás de seus pregadores, porque a pregação vai à frente e depois chega o Senhor à morada de nosso espírito, quando as palavras de exortação o precedem e, por elas, o espírito acolhe a verdade. Por este motivo Isaías fala a esses pregadores: Preparai o caminho do Senhor, aplanai as veredas de nosso Deus (Is 40,3). E o Salmista: Abri caminho para aquele que sobe do ocaso (Sl 67,5 Vulg.). Sobe do ocaso o Senhor porque onde morreu na paixão, ali mesmo, ao ressurgir, manifestou sua maior glória. Sobe do ocaso, porque a morte que aceitou, ressurgindo, calcou-a aos pés. Portanto abrimos caminho ao que sobe do ocaso, quando nós vos pregamos sua glória para que, vindo ele próprio depois, vos ilumine com a presença de seu amor.


Ouçamos o que ele diz quando envia pregadores: A messe é grande, são poucos os operários. Rogai, pois, ao Senhor da messe que envie operários a seu campo (Mt 9,37-38). Para grande messe, poucos operários, coisa que não sem imensa tristeza podemos repetir; pois embora haja quem escute as palavras boas, falta quem as diga. Eis que o mundo está cheio de sacerdotes, todavia, raramente se vê um operário na messe de Deus; porque aceitamos, sim, o ofício sacerdotal, mas não cumprimos o dever do ofício. 

Mas pensai, irmãos caríssimos, pensai no que foi dito: Rogai ao Senhor da messe que envie operários a seu campo. Pedi vós por nós, para que possamos fazer coisas dignas de vós; que a língua não se entorpeça por não querer exortar; tendo recebido o encargo de pregar, não vá nosso silêncio condenar-nos diante do justo Juiz.

Fonte: https://liturgiadashoras.online/

Crianças do mundo unem-se em oração pela paz

PKwP Polska

Por Reportagem local - publicado em 17/10/23

Campanha o Terço das Crianças promovido pela ACN acontece nesta quarta-feira, 18 de outubro.

Outubro é o mês do Rosário e a fundação pontifícia ACN – Ajuda à Igreja que Sofre – convida novamente as paróquias, escolas e famílias a participarem na iniciativa mundial “Terço das Crianças – Um Milhão de Crianças Rezam o Terço pela Paz”, que se realizará nesta quarta-feira, 18 de outubro. Como disse certa vez São Padre Pio: “Quando um milhão de crianças rezarem o Terço, o mundo mudará”.

O objetivo da campanha é orar em todo o mundo pela unidade e pela paz. À luz dos acontecimentos recentes, o foco da edição deste ano será a paz na Terra Santa.

Da Austrália à Argentina

Mais de 500 mil crianças que vivem em mais de 90 países em todo o mundo inscreveram-se para participar no evento. Juntaram-se crianças da Austrália (mais de 12 mil), do  Brasil (mais de 29 mil), das Filipinas (mais de 90 mil), da Índia (mais de 14 mil), da Eslováquia (mais de 86 mil), do Reino Unido (mais de 46 mil), da Serra Leoa (2 mil), Canadá (3.400) e Argentina (mais de 8 mil), entre outros.

No Brasil, os canais católicos de televisão transmitirão ao vivo as crianças rezando o Terço; na Catedral de Maringá, Paraná, mil crianças são esperadas também para rezar o Terço. Por ocasião do Terço das Crianças, mais de 50 moradores da Casa do Menor, que recebeu apoio da ACN, formaram um “Terço humano” em torno da estátua do Cristo Redentor, no Rio de Janeiro.

Na Alemanha, a Rádio Horeb transmitirá um terço internacional. A hora de oração contará com grupos de crianças de Kibeho, em Ruanda; São Paulo, Brasil; Beit-Habbak, Líbano; Fátima, Portugal e Munique, Alemanha.

Em Portugal, as crianças rezarão o Terço na Capela das Aparições, em Fátima. Será transmitido ao vivo pela internet, rádio e televisão. Na Polônia, cerca de 70 mil crianças planejam rezar o Terço. Famílias, paróquias e mais de 270 escolas e jardins de infância participarão na iniciativa, e muitas crianças irão se reunir para uma oração comunitária no Santuário Nacional de Nossa Senhora de Fátima, em Zakopane.

Mesmo em países onde os cristãos enfrentam enormes desafios, como a Nicarágua, a Nigéria, o Qatar, o Irã, o Paquistão e o Vietnã, as crianças declararam a sua intenção de participar na campanha do terço inscrevendo-se no website.

Os anjos estão no centro da campanha deste ano, por isso as crianças conhecerão a passagem da Bíblia em que um anjo aparece em sonho a São José e o avisa para fugir para o Egito com Maria e Jesus.

Do início até o crescente interesse atual

A campanha do Terço das Crianças foi iniciada em 2005 na capital venezuelana, Caracas. Enquanto algumas crianças rezavam, vários dos presentes recordaram as palavras que São Padre Pio disse uma vez sobre o poder das crianças rezando o Terço. Desde então, a campanha de oração se espalhou por todos os continentes do mundo e o número de participantes tem aumentado a cada ano. O Papa Francisco expressou repetidamente a sua aprovação à iniciativa do “Terço das Crianças” e incentiva as crianças a participarem.

A página da ACN na internet (https://www.acn.org.br/terco-das-criancas/) oferece material gratuito para aqueles que rezam nas paróquias, escolas, com grupos de crianças e nas famílias. O material contém instruções sobre como rezar o Terço, reflexões para as crianças sobre os Mistérios do Terço, uma oração de consagração das crianças à Mãe de Deus, um passo-a-passo de como fazer uma dezena do Terço de macramê e uma história em imagens sobre a ajuda do anjo Gabriel à Sagrada Família.

Link para o vídeo da campanha no canal do Youtube da ACN Brasil: https://youtu.be/KZCPEOSU1To?si=6W2pvJioMBd3ox-R

O Assistente Eclesiástico da ACN Brasil, Frei Rogério Lima, irá rezar o Terço com as crianças em uma live transmitida no próprio dia 18, nos canais da ACN Brasil no Youtube e Facebook, às 15 horas.

EM IMAGENS: Terço das crianças pela paz:

https://pt.aleteia.org/slideshow/terco-das-criancas-pela-paz/

Fonte: https://pt.aleteia.org/

Um ato desumano

Mulher palesrtina entre os encombros (AFP or licensors)

O massacre de centenas de civis inocentes no hospital de Gaza desafia a comunidade internacional. É preciso evitar uma catástrofe humanitária e a eclosão de um conflito com consequências inimagináveis.

ANDREA TORNIELLI

O massacre de civis que ocorreu em Gaza na noite passada, atingindo o hospital anglicano al-Ahli Arabi e causando centenas de vítimas civis, incluindo muitas mulheres e crianças, é um ato desumano. Um ato que não é justificável de forma alguma. Nos últimos dias, o cardeal Secretário de Estado Pietro Parolin, entrevistado pela mídia do Vaticano, descreveu o ataque terrorista contra Israel em 7 de outubro e o massacre de civis, mulheres e crianças como desumano. Ele também reiterou o direito dos israelenses de se defenderem e combaterem a ameaça terrorista representada pelos milicianos do Hamas, ao mesmo tempo em que lembrou que "a defesa legítima deve respeitar o parâmetro da proporcionalidade" e pediu que o derramamento de sangue dos civis de Gaza fosse evitado.

Nas últimas horas, assistimos a uma troca de acusações: as autoridades de Gaza e o Hamas atribuem a um bombardeio israelense a destruição do hospital localizado em uma área que Israel havia pedido que fosse liberada de civis. Já o exército israelense negou a responsabilidade, atribuindo o massacre a um mau funcionamento de um míssil lançado pela Jihad islâmica, que por sua vez nega.

Em um momento dramático da história humana, com os "pedaços" da Terceira Guerra Mundial de que fala o Papa Francisco se juntando em uma velocidade inesperada, é necessário derrotar o terrorismo sem alimentar ainda mais o ódio e sem jamais esquecer o direito humanitário internacional. Enquanto esperamos para saber mais sobre o ato criminoso de destruir um hospital, onde o pessoal médico sem recursos e já no limite de suas forças estava tratando os doentes e feridos, devemos apelar à comunidade internacional para que intervenha a fim de evitar uma catástrofe humanitária e a eclosão de um conflito de consequências inimagináveis.

O Secretário de Estado Britânico para Assuntos Estrangeiros, James Cleverly, declarou nas últimas horas que "o Reino Unido trabalhará com aliados para descobrir o que aconteceu" no hospital de Gaza e para "proteger civis inocentes", reiterando que "a proteção de vidas civis deve ter prioridade". Esperamos que outras vozes se juntem a essa para exigir a verdade sobre o que aconteceu.

A desumanidade do massacre terrorista perpetrado nos kibutz israelenses contra vítimas inocentes e a desumanidade do assassinato de civis inocentes em Gaza nunca devem nos fazer perder de vista a perspectiva de um futuro de paz e justiça para toda essa área do Oriente Médio. Na entrevista acima mencionada, o cardeal Parolin disse: "Parece-me que a maior justiça possível na Terra Santa é a solução de dois Estados, que permitiria que palestinos e israelenses vivessem lado a lado, em paz e segurança, atendendo às aspirações da maioria deles". Ele explicou que a Santa Sé continua a apoiar essa aspiração e esse direito, apesar de tudo. E pediu a libertação imediata de todos os reféns mantidos pelo Hamas e o total respeito ao direito humanitário.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

História, Oração e Frases de São Lucas Evangelista

São Lucas, apóstolo e evangelista (Guadium Press)

A Igreja Católica celebra no dia de hoje, 18 de outubro, a memória litúrgica de São Lucas Evangelista, padroeiro dos médicos.

Redação (18/10/2023 09:45, Gaudium Press) Autor do terceiro Evangelho e dos Atos dos Apóstolos, São Lucas é o único escritor do Novo Testamento que não é judeu. Por este motivo, dirigiu sua mensagem aos cristãos gentios, sobretudo aos gregos. O significado de seu nome é ‘portador de luz’.

São Lucas não conheceu Nosso Senhor Jesus Cristo pessoalmente, tendo sido introduzido na Fé Cristã por volta do ano 40. Formado em literatura e medicina, foi discípulo de São Paulo Apóstolo.

Em seu Evangelho, Lucas escreve uma verdadeira biografia de Nossa Senhora, ressaltando a infância de Jesus, descrevendo a Anunciação de Maria, a Visitação à sua prima Santa Isabel e o Natal. Por conta disso, acredita-se que ele tenha conhecido Nossa Senhora pessoalmente.

De acordo com a tradição, ele morreu como um mártir pendurado em uma árvore na Acaia. São Lucas é representado com um livro ou como um touro alado, pois inicia o Evangelho falando do templo, onde eram imolados os bois, e começa com o sacrifício do sacerdote Zacarias.

São Lucas, apóstolo e evangelista (Guadium Press)

Frases de São Lucas Evangelista

01 – “Buscai antes o Reino de Deus e a sua justiça e todas essas coisas vos serão dadas por acréscimo”.

02 – “Nem só de pão viverá o homem, mas de toda a palavra de Deus”.

03 – “O homem bom tira coisas boas do bom tesouro do seu coração, e o homem mau tira coisas más do seu mau tesouro, porque a boca fala daquilo de que o coração está cheio”.

04 – “Todo aquele que se eleva será rebaixado”.

05 – “Se o senhor soubesse a que hora viria o ladrão, vigiaria sem dúvida e não deixaria forçar a sua casa”.

São Lucas, apóstolo e evangelista (Guadium Press)

06 – “Haverá júbilo entre os anjos de Deus por um só pecador que se arrepende”.

07 – “Aquele que é fiel nas coisas pequenas será também fiel nas coisas grandes. E quem é injusto nas coisas pequenas o será também nas grandes”.

08 – “Vós procurais parecer justos aos olhos dos homens, mas Deus vos conhece os corações; pois o que é elevado aos olhos dos homens é abominável aos olhos de Deus”.

09 – “Uma árvore boa não dá frutos maus, uma árvore má não dá bom fruto. Porquanto cada árvore se conhece pelo seu fruto. Não se colhem figos dos espi­nheiros, nem se apanham uvas dos abrolhos”.

10 – “Não necessitam de médico os que estão sãos, mas, sim, os que estão enfermos; Eu não vim chamar os justos, mas, sim, os pecadores, ao arrependimento”.

São Lucas, apóstolo e evangelista (Guadium Press)

Oração a São Lucas Evangelista

São Lucas, glorioso apóstolo e evangelista, eu vos saúdo pelo coração de Jesus. Pela alegria e doçura que o vosso coração sentiu ao ensinar, do divino Mestre, o Pai Nosso aos apóstolos. Alcançai-me a graça de seguir com fidelidade a Jesus, pelo seu caminho, com a sua verdade em favor da vida. Meu bom São Lucas, médico, que com vossas santas mãos, invocando o nome de Deus, curastes tantos enfermos de tão graves enfermidades, rogai ao bom Jesus que me livre das enfermidades do corpo e do espírito, se for do agrado de Deus. E para maior glória por toda a eternidade. Amém. (EPC)

Fonte: https://gaudiumpress.or

terça-feira, 17 de outubro de 2023

Passar de uma Igreja autorreferencial para uma Igreja servidora do Reino de Deus

Uma Igreja servidora (ACN)

PASSAR DE UMA IGREJA AUTORREFERENCIAL PARA UMA IGREJA SERVIDORA DO REINO DE DEUS

Dom Pedro Carlos Cipollini
Bispo de Santo André (SP)

**Artigo publicado por ocasião da participação de dom Pedro na Congregação Geral da 16ª Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, que teve início no dia 4 de outubro, em Roma.

Em uma época na qual declinou o projeto de “cristandade” é preciso voltar ao essencial e rever o exercício da missão. Ás vezes há muita Igreja e pouco Reino! O objetivo é o Reino, o demais são meios para se implantar o Reino. O Reino de Deus é a meta. Por muito tempo se identificou a Igreja com o Reino de Deus e assim ela se tornou absoluta, cedendo ao triunfalismo confundindo-se com o Reino.  São Paulo VI escreveu: “Só o Reino, por conseguinte é absoluto, e faz com que se torne relativo tudo o mais que não se identifica com ele” (S. Paulo VI in Evangelii Nuntiandi  8).  

A referência deve ser o Reino e não a Igreja em primeiro lugar. Ela é testemunha, anunciadora e portanto: sua servidora. Nela o Reino já está presente em germem. E povo de Deus aqui não é noção sociológica, mas teológica: Não só o povo pertence a Deus, mas Deus quis ter um povo: “Eles serão o seu povo e Ele será o Deus que está com eles” (Ap 21,3).  

O Novo Testamento inteiro está explícita, ou implicitamente construído sobre o tema do povo de Deus. É esta noção de Igreja Servidora do Reino como Povo de Deus Peregrino, povo Messiânico, que sustenta a sinodalidade.  

Vivenciar a eclesiologia do povo de Deus exige a humildade de passar de uma cristologia do Pantocrator para uma cristologia do Servo Sofredor de Javé. “Muito tempo antes de Paulo, foi no capítulo do Servo Sofredor (Is 53) que a comunidade das origens foi buscar a chave para penetrar o mistério profundo do Filho de Deus padecendo a morte ignominiosa de cruz” (J. Jeremias, O Povo de Deus, Paulus, S. Paulo, 2002, 29).  

De fato, entre as estruturas do mal, irrompe o Reino de Deus, sua metodologia não pode ser a do reino deste mundo. Jesus propõe a metodologia da bondade e do amor, da kénose, vencer o mal fazendo o bem. Assim, quem constrói o Reino e a comunidade é o Servo Sofredor, Jesus: “Pus nele meu espírito, ele levará o direito aos povos” (Is 42,1-2).    

Contra o Deus do messianismo popular dos zelotas Jesus opõe o Servo Sofredor. Contra o Deus dos Escribas e fariseus do templo, o Deus da misericórdia. É este caminho que a Igreja deve percorrer como o percorreu seu Senhor e Mestre (cf. LG 8). 

O descentramento da Igreja, fará com que a Igreja seja capaz de pensar na humanidade toda, mais que em si mesma e no seu poder. Fará também que ela não ceda à tentação de tomar o lugar de Cristo, seu Senhor, mas assim como ele fez seja servidora da humanidade. Uma Igreja misericordiosa e em saída. 

Só o Espírito Santo faz com que a Igreja compreenda o que humanamente é incompreensível: a sabedoria da cruz. Cruz que é a bandeira da Igreja.

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

Cristandade: Chamado para olhar para cima

A imagem da Santíssima Virgem de São Luca, co-padroeira da Arquidiocese de Bolonha (30Giorni)

Arquivo 30Dias 07/08 - 2004

Chamado para olhar para cima

A homilia do prefeito da Congregação para as Causas dos Santos, pronunciada no passado dia 23 de maio, solenidade da Ascensão, na Catedral de São Pedro, em Bolonha.

do Cardeal José Saraiva Martins

É uma grande alegria para mim estar aqui, tanto pela amizade de longa data que me une ao seu querido novo Arcebispo Carlo Caffarra, como porque li e ouvi muitas vezes e com tanto entusiasmo sobre Nossa Senhora de São Luca, padroeira da cidade e da diocese de Bolonha, do seu belo santuário e da conhecida, a ponto de ser proverbial, a devoção que o povo de Bolonha tem por Ela, que sente ser deles e à qual são honrados pertencer.

Se existe uma imagem eminentemente difundida entre os bolonheses, é a desta Madona de São Lucas que, especialmente no passado, esteve representada em toda parte. Com interesse aprendi informações saborosas sobre como essa devoção entrava na vida das pessoas. Um deles, por exemplo, diz que os merceeiros guardavam de lado o chamado “óleo usado”, que servia para alimentar a vela acesa em frente ao quadro, e a dona de casa, ao comprá-lo, pedia “o óleo do Madonna" (ver em F. Cristofori, A Madonna de San Luca nos escritores do dialeto , Arti Grafiche Tamari, Bolonha 1977, pp. 3-4).

Portanto um culto, uma devoção com fortes influências antropológicas e culturais.

Outra notação historicamente eloquente sobre a importância do culto à Santíssima Virgem de São Luca é o aparecimento da sua imagem nas moedas bolonhesas, acompanhada do lema praesidium et decus (desde o início do século XVI), título que mais tarde entrou para a coleção de missa dos "próprios" bolonheses (ver E. Lodi, Os santos da Igreja bolonhesa na liturgia e na piedade popular , ACED, Bolonha 1994, p. 93).

Aprendendo e refletindo sobre estes aspectos interessantes, pensei numa belíssima reflexão que Dom Luigi Giussani faz, na nova edição do seu último volume publicado Por que a Igreja , e que me tocou: «Deus permanece algo incompreensível, que nenhuma palavra ou discurso pode explicar, se não for introduzida a figura de Nossa Senhora... Sem Nossa Senhora não poderíamos compreender nada da Igreja” (L. Giussani, Por que a Igreja , Rizzoli, Milão 2003, p. V).

Isto também pode ser aplicado muito bem à Igreja de Bolonha, que seria incompreensível sem a sua bela Madonna di San Luca.

A solenidade da Ascensão de Jesus ao Céu, que encerra as celebrações em honra de Nossa Senhora de São Lucas, oferece-nos uma mensagem saudável: uma grande recordação para olhar para cima, para olhar para além das coisas.

«Enquanto os abençoava, separou-se deles e foi elevado ao céu» ( Lc 24,51), diz-nos o Evangelho de Lucas que acabamos de proclamar.

Portanto, hoje o nosso olhar é projetado precisamente para o céu. O caminho do homem, de fato, não é uma peregrinação pela terra sem destino. Pelo contrário, temos um grande horizonte e um destino elevado para o qual caminhamos e, como filhos batizados de Deus, cristãos, nunca devemos perder de vista a dimensão sobrenatural da nossa vida cristã.

Ou seja, a Ascensão de Jesus lembra-nos que somos “chamados a olhar para cima”, e que nem tudo se esgota nem tudo acaba nesta terra.

O santuário da Santíssima Virgem de San Luca (30Giorni)

É providencial recordar-nos tudo isto, porque como já disse o grande Charles Péguy: «Hoje – infelizmente – se espalha uma verdadeira amnésia da eternidade».

Somos tão atormentados pelos problemas terrenos que muitas vezes perdemos de vista estas verdades da fé: vida celestial, vida eterna; no entanto, é a coisa mais importante e mais séria. Qual seria o sentido de uma existência de muitos anos se tudo tivesse que terminar em nada?

Irmã Lúcia, a única ainda viva das três videntes de Fátima, já com quase cem anos, narra a primeira aparição de Nossa Senhora, ocorrida no dia 13 de maio de 1917, quando as três pobres crianças de Aljustrel pastavam o rebanho no campo denominado Cova da Iria. Quebrado o gelo do medo inicial, depois de a Dama Branca ter dito: "Não tenhas medo, não te farei mal", foi a própria Lúcia, encorajada pela doce confiança que a Senhora inspirava, que pediu ela: “De onde você é?”; e ouviu-se responder: «Eu sou do Céu» (ver Irmã Lúcia, Os apelos da Mensagem de Fátima , Libreria Editrice Vaticana, Cidade do Vaticano 2001, p. 116).

Parece-me bonito ouvir novamente hoje esta resposta de Maria, celebrando a Ascensão de Jesus, nas festividades da Madonna di San Luca, que nos lembra, em última análise, que o céu é também a nossa "pátria", que nada mais é do que o grande ensinamento do Novo Testamento: «… Non habemus hic manentem civitatem» (não temos aqui a nossa casa estável) ( Hb 13,14), mas a nossa verdadeira pátria «… in caelis est» ( Fl 3,20), está no céu !

Vem-me à mente a expressão de um santo do nosso tempo (Josemaría Escrivá) que disse: «Devemos estar [...] no céu e na terra, sempre. Não “entre” o céu e a terra, porque somos do mundo. No mundo e no Céu ao mesmo tempo! […] Imersos em Deus, mas sabendo que estamos no mundo” (J. Escrivá, Consummados en la unidad [27-03-1975], citado por A. del Portillo, Entrevista com o fundador do Opus Dei , Ares, Milão 1992, pág. 77).

Os Atos dos Apóstolos, na primeira leitura, exortam: «...por que olhais para o céu? Este Jesus, que dentre vós foi elevado ao céu, um dia voltará do mesmo modo como o vistes subir ao céu” ( Atos 1:11).

É claro que olhamos para o céu não para esquecer as necessidades da terra, mas porque esta é a nossa pátria: recordar isto obriga-nos a verificar a força e a sinceridade da nossa fé nas realidades finais que nos esperam no final da existência humana. Toda a nossa vida deve tender para estes objectivos últimos. O cristão vive no mundo olhando para o céu, sem se alienar das realidades terrenas que o rodeiam. Com efeito, quanto mais mantivermos o olhar fixo no céu e mais forte se tornar a esperança da felicidade eterna que nos espera, mais activo será o nosso compromisso em ajudar os nossos irmãos para que também eles se orientem no caminho do tempo. rumo ao destino supremo que o Senhor ressuscitado nos preparou.

Afinal, tudo já estava concentrado naquela questão que nos faziam aprender desde os tempos do catecismo. Tenho certeza de que muitos de nós ainda nos lembramos bem: «Para que propósito Deus nos criou? Deus nos criou para conhecê-lo, amá-lo, servi-lo nesta vida e depois desfrutá-lo na próxima no Céu" ( Catecismo de São Pio)

O problema é que, muitas vezes, o homem tem medo de verdades que exigem um sério compromisso moral. O mistério da vida futura é profundo e sério e envolve decisões na nossa vida quotidiana, por vezes exigentes, por vezes chocantes. Acreditar na vida após a morte exige aceitar um julgamento final sobre a nossa vida do Deus onisciente, que perscruta as profundezas do nosso ser e da nossa consciência e nos pedirá contas de cada ação, pensamento e desejo, mesmo o mais secreto.

O Cardeal José Saraiva Martins que presidiu a santa missa, celebrada juntamente com o Arcebispo Carlo Caffarra, em honra de Nossa Senhora de São Luca, no dia 23 de maio (30Giorni)

Quando o homem deixa Deus de lado, ele não consegue alcançar a felicidade, na verdade acaba destruindo a si mesmo. No entanto, o coração do homem foi criado bom, mas é o homem que muitas vezes está longe do seu coração. Santo Agostinho diz-o numa das suas expressões mais brilhantes, com aquele fugitivus cordis sui (ver Agostinho, Enarratio in salmum 57,1 ) , o homem que foge do coração; apesar de desejar a beleza, a verdade, o bem, a justiça, o homem corre para outro lugar (ver G. Tantardini, Conferências sobre a atualidade de Santo Agostinho. Agostinho, testemunha da Tradição , suplemento de 30Giorni , n. 4, abril de 2004, p. 6).

No comportamento e no exemplo de Nossa Senhora reconhecemo-nos como escolhidos desde a eternidade e compreendemos que somos chamados a ser santos e santificadores, no meio do mundo, portadores, como ela, de Cristo e, como ela, fermento de santidade. . Não esqueçamos que, para nós, cristãos, o oposto de santo não é o pecador, mas o fracasso. Portanto, um cristão é um santo ou um fracassado. Que Nossa Senhora nos ajude nisso.

O povo de Bolonha sempre reconheceu, com razão, o poder dos milagres, obtidos através da oração da sua Madona. Entre tantos, é bonito recordar aquele ligado ao Beato Bartolomeo Dal Monte, que o Papa beatificou em Bolonha no inesquecível dia de 27 de Setembro de 1997. Este beato, que regressou de Viena com uma grave fractura no pé esquerdo que foi de difícil cura, em abril de 1768 foi ao santuário de muletas e, após orar, voltou sem apoio para sua casa.

Talvez nenhum bolonhês fique sem a sua própria lista de graças e milagres na sua vida. Mas o maior dom que devemos saber buscar desta nossa Mãe é o de nos mantermos na graça de Deus, na esperança cristã na vida eterna. Mesmo que às vezes a dor, o sofrimento e as desilusões nos assaltem e ameacem enfraquecer as nossas certezas, não nos deixemos dominar pelo desânimo, sabendo muito bem que lá em cima no céu está a mãe celeste que nos espera, está Cristo, o redentor na unidade do Pai e do Espírito Santo.

Fonte: https://www.30giorni.it/

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF