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sábado, 25 de junho de 2022

No silêncio das nossas igrejas

O teto da Mesquita de Roma [© Paolo Portoghesi]
Arquivo 30Dias - nov/2011

No silêncio das nossas igrejas

“As igrejas são domus Dei. Sempre considerei fundamental que numa grande cidade haja a possibilidade de abrir uma porta e ver aquela luzinha acesa que indica a presença do Senhor na Eucaristia”. Entrevista com Paolo Portoghesi, por ocasião de seu octogésimo aniversário.

Entrevista com Paolo Portoghesi por Paolo Mattei

“Talvez tenha sido justamente o fato de ter nascido e vivido em Roma que amadureceu em mim a convicção de que na arquitetura, e não apenas nesse ramo, a tradição é uma condição vital, e de que pode haver continuidade na mudança. Roma mudou radicalmente muitas vezes, mas manteve essa sua profunda unidade e continuidade. Minhas ideias são sem dúvida influenciadas pela experiência da cidade”.

Paolo Portoghesi começa daqui, de Roma, para dar conta de sua posição histórica no debate sobre a cultura arquitetônica, que, a partir da década de 1960, teve nele, como representante máximo da corrente pós-modernista italiana, um adversário das posturas mais extremistas de uma parte do racionalismo, segundo as quais seria preciso romper radicalmente com o passado e com a tradição em favor de um funcionalismo exasperado e abstrato. Segundo o arquiteto romano, entre o antigo e o novo, entre a tradição e a modernidade, não existe contraposição dialética, mas convergência e continuidade.

“Professor aposentado” na Sapienza de Roma, onde lecionava Geoarquitetura – um curso que ele mesmo criou para ensinar aos alunos a arte de construir respeitando a história e as peculiaridades dos lugares em que se dá a intervenção –, um dos maiores especialistas em barroco romano e na obra de Borromini, crítico e arquiteto criador (entre suas obras mais famosas, devemos lembrar a Casa Baldi, a Mesquita de Roma e a igreja da Sagrada Família, em Salerno), Portoghesi completou oitenta anos há pouco tempo. Seu aniversário foi festejado no início de novembro no Vaticano, no Salão Sistino da Biblioteca, redecorado pelo arquiteto para a sua reabertura como sala de leitura para os estudiosos, que ocorrerá em breve. Na ocasião, Portoghesi apresentou um modelo de igreja intitulada a São Bento, que ele projetou como presente para o papa Ratzinger.

Fomos encontrá-lo em Calcata, na província de Viterbo, uma esplêndida cidadezinha que domina o vale de Treja do alto de uma montanha de pedras calcárias. Aqui, a menos de cinquenta quilômetros de Roma, Portoghesi dirige seu escritório e toca seus projetos, que são muitos e variados. Daqui a alguns meses, será inaugurada em Estrasburgo sua segunda mesquita: a primeira foi a de Roma, aberta em 1995.

Fizemos a ele algumas perguntas sobre sua vida e suas ideias a respeito da arquitetura das igrejas.

 

Paolo Portoghesi [© Giovanna Massobrio]


Professor, comecemos por Roma.

PAOLO PORTOGHESI: Nasci lá e até os dezoito anos nunca tinha saído da cidade. Sempre a amei e nunca deixei de estudá-la. Sou um fruto da condição humana que se vive em Roma, à qual dediquei muitos livros e muitas pesquisas e da qual ainda hoje continuo a aprender coisas novas. A capacidade que essa cidade tem de falar àqueles que nasceram lá, como eu, mas também a quem a visita por qualquer motivo, é inesgotável.

Que lugares da cidade o senhor mais frequentava e apreciava quando era jovem?

Nasci no coração da cidade, em via Monterone, num velho edifício que pertencia a um príncipe. Meu pai, que também era arquiteto, tinha reaberto o portão original do edifício, que fora fechado séculos antes, depois do assassinato de um cardeal. Assim, eu vivia a dois passos de Santo Ivo da Sapienza, que via todos os dias quando ia para a escola, no vicolo Valdina: esse foi o meu primeiro “itinerário forte”, que tinha ainda a praça do Panteão e a via della Maddalena. Era “forte”, também, o percurso que me conduzia à casa dos meus avós, em via della Chiesa Nuova, 14, uma casa famosa, por ser sede da “Comunidade do Leitão”, lugar de encontro de alguns protagonistas da época da Constituinte, como Lazzati, Dossetti e La Pira.

Qual era sua relação com a fé, quando menino?

Minha família era católica. Fiz a primeira comunhão com as Irmãs do Cenáculo, num belíssimo parque em Gianicolo. Mas vivi o episódio da guerra num momento particular da minha vida, entre o final da infância e o início da adolescência, e por uma série de questões familiares fiquei muito isolado naquele período. Passava muitas vezes dias inteiros sem sair de casa. Lembro-me de que durante o “inverno dos alemães”, entre 1943 e 1944, quase nunca fui à escola. Na minha primeira formação religiosa, portanto, faltou completamente o aspecto, que na época era comum, da participação da vida paroquial. Meu itinerário foi bastante mais complexo que o dos jovens da minha idade. Eu invejava muito, por exemplo, o meu irmão que estudava no Colégio Romano, dos jesuítas, e estava inserido numa realidade juvenil muito viva. Sempre cultivei minha relação com a fé como algo a ser escavado no “foro íntimo”, mais que como partilha com os outros. Nessa solidão eu lia muitos livros, também de conteúdo religioso.

Que tipo de livros?

Eu tinha predileção especial pelo catolicismo francês: Charles Péguy, Jacques Rivière, Georges Bernanos, por exemplo. Gostava, naturalmente, também de Pascal. E, um pouco rebelde como todos os jovens, me apaixonei por Rimbaud. Vivia minha relação pessoal – sofrida, nada pacífica – com a Igreja também passando pela mediação desses grandes personagens. Depois tive um período de afastamento, e em 1959 me inscrevi no Partido Socialista, com o desejo de encontrar nesse filão de pensamento a possibilidade de uma continuidade com o que tinha sido a minha experiência cristã até então. Reaproximei-me da Igreja na década de 1980, e depois vivi com particular intensidade a experiência de projetar e construir igrejas.

No debate sobre a arquitetura das igrejas, o senhor critica a ideologia da tábula rasa, da ruptura com o passado e com a tradição.

O que eu penso sobre isso está muito bem sintetizado na Sacrosanctum Concilium, a primeira das quatro constituições do Concílio Vaticano II, promulgada em 4 de dezembro de 1963, em que se recomenda, a propósito da inovação litúrgica, que “as novas formas de um certo modo brotem como que organicamente daquelas que já existiam”. Essas palavras valem também para a inovação das formas e das tipologias arquitetônicas das igrejas. Com grande frequência isso não foi levado em conta, nestas últimas décadas.

Por que, na sua opinião?

Porque nos debates entre os arquitetos, a partir dos anos de 1960, ficaram em contraposição radical os conceitos de Igreja espiritual e igreja construída, noções que a tradição indica como complementares. Puseram em dúvida também a sacralidade do edifício cristão. Hoje há quem teorize um cristianismo sem templo. Isso é um erro enorme. Basta pensar na Eucaristia, presença real do Senhor celebrada e conservada nas igrejas, para entender que elas são domus Dei, casas de Deus. Nesse sentido, é sugestiva a provável etimologia das palavras Church e Kirche, “igreja” em inglês e alemão: kyriakón, que significa “o que é próprio do Senhor”. Sempre considerei fundamental, por exemplo, que numa grande cidade haja a possibilidade de abrir uma porta e ver aquela luzinha acesa que indica a presença do Senhor na Eucaristia.

A cúpula de Santo Ivo na Sapienza, de Francesco Borromini,
no bairro romano de Santo Eustáquio [© Foto Scala, Firenze]

Quais foram os efeitos dessas interpretações na arquitetura das igrejas?

Confusão e indistinção, em primeiro lugar. O posicionamento dos polos litúrgicos tradicionais – altar, tabernáculo, batistério, ambão – foi completamente rediscutida, e chegaram a soluções paradoxais, como a adotada na igreja de Jesus Redentor em Módena, onde o altar e o ambão se encontram nos dois extremos de um corredor central, dos lados do qual os fiéis, divididos em filas contrapostas, olham-se de frente, movendo os olhos, de vez em quando, ora para a direita, ora para a esquerda, para acompanhar com dificuldade os deslocamentos do celebrante entre os dois polos. Infelizmente esse modelo de igreja – na Alemanha definido “communio” – é um dos mais seguidos no plano internacional. A propósito disso, é muito bonito o que diz Ratzinger em seu livro Introdução ao espírito da liturgia, em que, citando Josef Andreas Jungmann, um dos pais da Sacrosanctum Concilium, explica a antiga conformação da assembleia litúrgica: “Sacerdote e povo sabiam que caminhavam juntos para o Senhor. Eles não se fecham em círculo, não olham uns para os outros, mas, como povo de Deus em caminho, estão de partida para o Oriente, para Cristo, que avança e vem ao nosso encontro”. Muitas igrejas recentes, como a de Módena, refletem essa perda da “dimensão cósmica” da liturgia...

O que o senhor entende por “dimensão cósmica”?

Era a razão profunda pela qual antigamente todos, fiéis e celebrante, durante a oração eucarística, se voltavam para o Oriente, direção que “se encontrava em estreita relação com o ‘sinal do Filho do homem’, com a cruz, que anuncia o retorno do Senhor”, diz ainda Ratzinger, que explica que esse ato não era, portanto, a “celebração para a parede”, não significava que o sacerdote “voltava as costas ao povo”: o sacerdote, observa Ratzinger, “não se considerava, pois, tão importante”. A perda do sentimento dessa dimensão, de fato, gerou de um lado um certo tipo de retórica definida como “clericalização” da liturgia – a dinâmica em que o sacerdote se torna o centro da celebração, o protagonista do evento; de outro lado, quase por reação, deu origem à “criatividade” dos grupos que preparam a liturgia, que querem em primeiro lugar “mostrar a si mesmos”. “A atenção”, continua Ratzinger em seu livro, “está cada vez menos voltada para Deus, e é cada vez mais importante o que fazem as pessoas que ali se encontram”. Tudo isso conduziu a considerar a igreja como lugar de entretenimento, um lugar fechado, levando a esquecer as duas constantes que caracterizaram o desenvolvimento tipológico realizado desde a era paleocristã até o barroco.

Que constantes?

Em primeiro lugar, a profundidade de perspectiva obtida com a estrutura longitudinal, que expressa o caminho do povo de Deus para a salvação e para Cristo que vem, o êxodo “dos nossos pequenos grupos para entrar na grande comunidade que abraça o céu e a terra”, comenta ainda Ratzinger; e, em segundo lugar, o movimento vertiginoso para o alto, visto nas cúpulas e nos cibórios: a Igreja, lemos em Povo e casa de Deus em Santo Agostinho, “não tem seu fundamento sob si, mas acima de si, e seu fundamento portanto é também a sua cabeça”. Enfim, o que quero dizer é que os homens não vão à igreja como vão a um círculo recreativo, para trocar um aperto de mão, mas vão até lá porque ali acontece essa aproximação com o Senhor. A arquitetura das igrejas deve chamar a atenção para essa dimensão de encontro com Deus. Não pode limitar-se a celebrar a presença da comunidade entendida como algo fechado. Uma igreja não é a sede de determinados grupos ou movimentos, ou um lugar de reunião. É um pequeno fragmento da Igreja universal. Essa tendência para a universalidade deve-se manifestar na arquitetura, não certamente por meio da ostentação e da complexidade. Aliás, hoje eu diria que a simplicidade é um elemento profundo pelo qual podemos atingir essa universalidade.

Na sua opinião, há exemplos modernos positivos de arquitetura de igrejas?

Sim, penso em Antoni Gaudí, Alvar Aalto, Rudolf Schwarz, Giovanni Michelucci... São exemplos de como é possível que a criatividade não se contraponha de modo algum a uma atenta consideração da tradição, que é a transmissão de uma herança que deve dar frutos.

Quando o senhor começou a projetar igrejas?

No final da década de 1960, quando construí a Sagrada Família em Salerno. Mas aquela é uma igreja “assinada”...

Em que sentido?

É a que é mais apreciada pelos críticos, porque é um esforço de linguagem, o típico edifício que, por seu estilo reconhecível dentro de um debate, pode encontrar seu lugar numa história da arquitetura. A partir da década de 1990 comecei a projetar outras igrejas, pondo entre parênteses a problemática expressiva pessoal – a linguagem – para dar mais ouvidos às exigências de quem as encomendava e para tentar realizar seus desejos.

O senhor lembra com especial satisfação de alguma das igrejas que projetou?

Bem, Nossa Senhora da Paz, em Terni, me envolveu e emocionou muito. Depois da aventura da Mesquita de Roma, que durou vinte anos, eu voltava a pensar numa igreja, cujo projeto me foi proposto em 1998 pelo então bispo da diocese, Franco Gualdrini. Fui tomado por um fluxo de sentimentos, ideias e imagens que brotavam dos títulos escolhidos para a igreja: a Santíssima Trindade e a Virgem portadora da paz. Mergulhei na leitura de textos sobre Maria e me confirmei na identificação simbólica de Nossa Senhora com a estrela e a luz, imagens para mim estreitamente ligadas à lembrança das ladainhas de Loreto, que eu ouvia depois da oração do rosário em casa, com meus avós, durante a guerra. Fui conquistado pelos versos do hino Akathistos – “Estrela anunciadora do Sol...” –; pelo hino medieval das Vésperas de Maria, o Ave maris stella; pelos tercetos de Dante no Paraíso – “Aqui és para nós a transparente / face da caridade...” –; e pelas palavras de Péguy na Apresentação da Beauce a Nossa Senhora de Chartres– “Estrela do mar... Estrela da manhã... / eis-nos em marcha para a vossa ilustre corte, / e eis a travessa do nosso pobre amor, / e eis o oceano da nossa pena imensa...”. Esses versos cristãos me fizeram lembrar da poesia Na foz, à noite, de Caproni, não propriamente um defensor da fé em sentido tradicional, mas poeta de que gosto muito: “Eu a via elevada sobre o mar. Altíssima. / Bela. // Infinitamente bela, / mais que qualquer outra estrela [...]. Ignorava o seu nome. / O mar / me sugeria Maria. / Era já a minha / única estrela. / Na incerteza // da noite, eu, disperso, / me surpreendia a rezar. // Era a estrela do Mar”. Eu me sentia muito contente: tinha encontrado o núcleo formador do edifício, o ideograma estelar, cujas primeiras aplicações à planta das igrejas remetem ao Barroco, embora seus prenúncios possam ser encontrados já na Idade Média.

Que características o senhor desejava que tivesse a nova igreja?

Queria que representasse o recolhimento: o silêncio nas igrejas é importante, o silêncio é a condição de acesso ao sagrado. Depois, desejava privilegiar a “pobreza”, mais que a riqueza. Por isso tive de fazer a cobertura em madeira, como nas igrejas medievais.

A maquete da igreja dedicada a São Bento que o senhor deu ao Papa vai virar uma igreja de verdade?

Não sei... Aquilo é sobretudo um presente para o papa Ratzinger. E são também os votos de que São Bento proteja a sua Europa nestes momentos difíceis.

Fonte: http://www.30giorni.it/

Ato de Consagração ao Imaculado Coração de Maria

Nossa Senhora do Rosário de Fátima | Vatican News

ORAÇÕES

Ó Maria, Mãe de Deus e nossa Mãe, recorremos a Vós nesta hora de tribulação. Vós sois Mãe, amais-nos e conheceis-nos: de quanto temos no coração, nada Vos é oculto. Mãe de misericórdia, muitas vezes experimentamos a vossa ternura providente, a vossa presença que faz voltar a paz, porque sempre nos guiais para Jesus, Príncipe da paz.

Mas perdemos o caminho da paz. Esquecemos a lição das tragédias do século passado, o sacrifício de milhões de mortos nas guerras mundiais. Descuidamos os compromissos assumidos como Comunidade das Nações e estamos a atraiçoar os sonhos de paz dos povos e as esperanças dos jovens. Adoecemos de ganância, fechamo-nos em interesses nacionalistas, deixamo-nos ressequir pela indiferença e paralisar pelo egoísmo. Preferimos ignorar Deus, conviver com as nossas falsidades, alimentar a agressividade, suprimir vidas e acumular armas, esquecendo-nos que somos guardiões do nosso próximo e da própria casa comum. Dilaceramos com a guerra o jardim da Terra, ferimos com o pecado o coração do nosso Pai, que nos quer irmãos e irmãs. Tornamo-nos indiferentes a todos e a tudo, exceto a nós mesmos. E, com vergonha, dizemos: perdoai-nos, Senhor!

Na miséria do pecado, das nossas fadigas e fragilidades, no mistério de iniquidade do mal e da guerra, Vós, Mãe Santa, lembrai-nos que Deus não nos abandona, mas continua a olhar-nos com amor, desejoso de nos perdoar e levantar novamente. Foi Ele que Vos deu a nós e colocou no vosso Imaculado Coração um refúgio para a Igreja e para a humanidade. Por bondade divina, estais conosco e conduzis-nos com ternura mesmo nos transes mais apertados da história.

Por isso recorremos a Vós, batemos à porta do vosso Coração, nós os vossos queridos filhos que não Vos cansais de visitar em todo o tempo e convidar à conversão. Nesta hora escura, vinde socorrer-nos e consolar-nos. Repeti a cada um de nós: «Não estou porventura aqui Eu, que sou tua mãe?» Vós sabeis como desfazer os emaranhados do nosso coração e desatar os nós do nosso tempo. Repomos a nossa confiança em Vós. Temos a certeza de que Vós, especialmente no momento da prova, não desprezais as nossas súplicas e vindes em nosso auxílio.

Assim fizestes em Caná da Galileia, quando apressastes a hora da intervenção de Jesus e introduzistes no mundo o seu primeiro sinal. Quando a festa se mudara em tristeza, dissestes-Lhe: «Não têm vinho!» (Jo 2, 3). Ó Mãe, repeti-o mais uma vez a Deus, porque hoje esgotamos o vinho da esperança, desvaneceu-se a alegria, diluiu-se a fraternidade. Perdemos a humanidade, malbaratamos a paz. Tornamo-nos capazes de toda a violência e destruição. Temos necessidade urgente da vossa intervenção materna.

Por isso acolhei, ó Mãe, esta nossa súplica:
Vós, estrela do mar, não nos deixeis naufragar na tempestade da guerra;
Vós, arca da nova aliança, inspirai projetos e caminhos de reconciliação;
Vós, «terra do Céu», trazei de volta ao mundo a concórdia de Deus;
Apagai o ódio, acalmai a vingança, ensinai-nos o perdão;
Libertai-nos da guerra, preservai o mundo da ameaça nuclear;
Rainha do Rosário, despertai em nós a necessidade de rezar e amar;
Rainha da família humana, mostrai aos povos o caminho da fraternidade;
Rainha da paz, alcançai a paz para o mundo.

O vosso pranto, ó Mãe, comova os nossos corações endurecidos. As lágrimas, que por nós derramastes, façam reflorescer este vale que o nosso ódio secou. E, enquanto o rumor das armas não se cala, que a vossa oração nos predisponha para a paz. As vossas mãos maternas acariciem quantos sofrem e fogem sob o peso das bombas. O vosso abraço materno console quantos são obrigados a deixar as suas casas e o seu país. Que o vosso doloroso Coração nos mova à compaixão e estimule a abrir as portas e cuidar da humanidade ferida e descartada.

Santa Mãe de Deus, enquanto estáveis ao pé da cruz, Jesus, ao ver o discípulo junto de Vós, disse-Vos: «Eis o teu filho!» (Jo 19, 26). Assim Vos confiou cada um de nós. Depois disse ao discípulo, a cada um de nós: «Eis a tua mãe!» (19, 27). Mãe, agora queremos acolher-Vos na nossa vida e na nossa história. Nesta hora, a humanidade, exausta e transtornada, está ao pé da cruz convosco. E tem necessidade de se confiar a Vós, de se consagrar a Cristo por vosso intermédio. O povo ucraniano e o povo russo, que Vos veneram com amor, recorrem a Vós, enquanto o vosso Coração palpita por eles e por todos os povos ceifados pela guerra, a fome, a injustiça e a miséria.

Por isso nós, ó Mãe de Deus e nossa, solenemente confiamos e consagramos ao vosso Imaculado Coração nós mesmos, a Igreja e a humanidade inteira, de modo especial a Rússia e a Ucrânia. Acolhei este nosso ato que realizamos com confiança e amor, fazei que cesse a guerra, providenciai ao mundo a paz. O sim que brotou do vosso Coração abriu as portas da história ao Príncipe da Paz; confiamos que mais uma vez, por meio do vosso Coração, virá a paz. Assim a Vós consagramos o futuro da família humana inteira, as necessidades e os anseios dos povos, as angústias e as esperanças do mundo.

Por vosso intermédio, derrame-se sobre a Terra a Misericórdia divina e o doce palpitar da paz volte a marcar as nossas jornadas. Mulher do sim, sobre Quem desceu o Espírito Santo, trazei de volta ao nosso meio a harmonia de Deus. Dessedentai a aridez do nosso coração, Vós que «sois fonte viva de esperança». Tecestes a humanidade para Jesus, fazei de nós artesãos de comunhão. Caminhastes pelas nossas estradas, guiai-nos pelas sendas da paz. Amem.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

EUA: incoerente como católico, Biden ataca decisão da Suprema Corte e quer nova lei pró-aborto

Michael F. Hiatt - Shutterstock
Por Francisco Vêneto

"Os Estados Unidos voltam 150 anos no tempo", dramatizou o presidente democrata.

Dando nova mostra inequívoca da sua incoerência como alegado católico, o presidente democrata norte-americano Joe Biden atacou a decisão tomada hoje pela Suprema Corte dos Estados Unidos ao derrubar a legislação pró-aborto que, mesmo inconstitucional e baseada em uma farsa, permanecia vigente no país desde 1973.

Declarando que é preciso criar uma nova lei pró-aborto, Biden dramatizou ao tachar a decisão da Suprema Corte de “ideologia extremista” e ao afirmar que, por causa dela, “os Estados Unidos voltaram 150 anos no tempo”.

Com o reconhecimento da inconstitucionalidade da sentença que havia legalizado o aborto em todo o território do país, os Estados da federação norte-americana recuperam agora a autonomia para legislar sobre o assunto.

O presidente democrata repetiu que fará tudo o que estiver ao seu alcance para “proteger a saúde das mulheres”, recorrendo aos surrados clichês com que a esquerda vende a mentira de que o aborto seria uma “solução de saúde pública”. A propósito da falsidade desta narrativa, confira os artigos recomendados ao final desta matéria.

Sustentando que “o governo não pode interferir na decisão feita entre uma mulher e o médico”, Joe Biden afirmou sobre a decisão formalizada hoje pela Suprema Corte:

“Este é o resultado de décadas de tentativas de acabar com essa lei. É uma ideologia extrema. A Suprema Corte fez algo que nunca havia feito antes, que é retirar um direito constitucional dos americanos. Os Estados Unidos voltam 150 anos no tempo. As mulheres podem ser punidas por quererem proteger a própria saúde, ou os médicos serão criminalizados por realizar o seu dever de cuidar”.

Suprema Corte dos EUA anula decisão sobre aborto Roe vs. Wade

Foto: Maria Oswalt – Unplash
A Suprema Corte determinou que não há direito constitucional ao aborto. O episcopado americano reage.

Redação (24/06/2022 15:29Gaudium Press) Em uma decisão transcendental e com repercussões em todo o mundo, a Suprema Corte americana confirmou a legalidade de uma lei estadual do Mississippi que proíbe o aborto após a 15ª semana de gestação.

A decisão da Suprema Corte no caso Dobbs vs. A Jackson Women’s Health Organization estabelece que não existe um direito constitucional ao aborto e, com sua decisão, permite a restrição ao aborto quase dois meses antes do que aquela Corte havia decidido em sentido contrário em 1973, na decisão Roe vs. Wade.

Por esta razão, afirma-se com propriedade que a decisão histórica hoje divulgada é praticamente a anulação do processo Roe vs. Wade.

De resto, a decisão agora da Suprema Corte declara explicitamente que a decisão no caso Roe foi abertamente incorreta ao reconhecer um direito inexistente ao aborto com base na Constituição, um erro que perdurou ao longo do tempo até hoje.

A decisão tomada hoje pela mais alta corte americana não torna o aborto ilegal nos EUA, mas declara que ele é protegido pela carta fundamental da União, e deixa o estabelecimento de normas nesse sentido à legislação estadual, sempre respeitando os princípios estabelecidos na Carta Magna.

Nesse sentido, e de lados opostos, são vários os estados que vão declarar que o aborto é crime (alguns analistas afirmam que serão pelo menos 12), enquanto em outros, o aborto continuará sendo legal.

Embora alguns meios de comunicação falem de uma sentença apertada, a realidade é outra: dos nove magistrados que compõem a Suprema Corte, seis apoiaram a decisão antiabortista: Neil Gorsuch, Brett Kavanaugh, Amy Coney Barrett, Clarence Thomas, presidente da a Suprema Corte, John Roberts e Samuel Alito, este último cuja opinião vazada na mídia alertou que a decisão seria no sentido confirmado hoje, gerando desde então atos violentos contra instituições pró-vida e até ameaças contra os próprios juízes do Supremo.

Reação do episcopado americano

O episcopado americano reagiu rapidamente à notícia da decisão, através de seu presidente, Mons. José H. Gómez, Arcebispo de Los Angeles, e Mons. William Lori, Arcebispo de Baltimore e diretor do Comitê de Atividades Pró-Vida do Episcopado .

“Este é um dia histórico na vida do nosso país, que mexe com os nossos pensamentos, emoções e orações. Por quase cinquenta anos, os Estados Unidos impuseram uma lei injusta que permitiu a alguns decidir se outros podem viver ou morrer; esta política resultou na morte de dezenas de milhões de crianças não nascidas, gerações negadas até mesmo o direito de nascer.

“A América foi fundada na verdade de que todos os homens e mulheres são criados iguais, com direitos concedidos por Deus à vida, à liberdade e à busca da felicidade. Esta verdade foi seriamente negada por Roe v. Wade da Suprema Corte dos Estados Unidos, que legalizou e normalizou a retirada de vidas humanas inocentes. Agradecemos a Deus hoje que o Tribunal revogou esta decisão. Oramos para que nossos funcionários eleitos promulguem agora leis e políticas que promovam e protejam os mais vulneráveis ​​entre nós”, expressaram os bispos .

É claro que a notícia da decisão de hoje, muito mais do que um ponto final, é o início de inúmeros movimentos, aos quais o mundo inteiro continuará atento.

Fonte: https://gaudiumpress.org/

As palavras do Papa em defesa da vida

Papa Francisco no encontro com as famílias em 4 de dezembro de 2017
(Vatican Media)

Nos seus nove anos de Pontificado, o Papa Francisco pronunciou palavras muito claras sobre a defesa da vida do nascituro que, afirma, está ligada à defesa de qualquer direito humano. A vida, observa, sempre deve ser defendida: quer a dos nascituros como a dos idosos e dos enfermos ou dos que correm o risco de morrer de fome ou no trabalho ou como migrantes nos barcos na travessia do Mediterrâneo.

Vatican News

A Igreja defende a vida, sobretudo daqueles que não têm voz. Em sua Exortação apostólica Evangelii gaudium, Francisco recorda que na Igreja há um sinal que nunca deve faltar: “a opção pelos últimos, por aqueles que a sociedade descarta e joga fora” (EG 195). Trata-se da atenção preferencial pelos mais frágeis.

Ao lado dos mais frágeis e dos direitos humanos

“Entre estes seres frágeis, de que a Igreja quer cuidar com predilecção, estão também os nascituros, os mais inermes e inocentes de todos, a quem hoje se quer negar a dignidade humana para poder fazer deles o que apetece, tirando-lhes a vida e promovendo legislações para que ninguém o possa impedir. Muitas vezes, para ridiculizar jocosamente a defesa que a Igreja faz da vida dos nascituros, procura-se apresentar a sua posição como ideológica, obscurantista e conservadora; e no entanto esta defesa da vida nascente está intimamente ligada à defesa de qualquer direito humano. Supõe a convicção de que um ser humano é sempre sagrado e inviolável, em qualquer situação e em cada etapa do seu desenvolvimento. É fim em si mesmo, e nunca um meio para resolver outras dificuldades. Se cai esta convicção, não restam fundamentos sólidos e permanentes para a defesa dos direitos humanos, que ficariam sempre sujeitos às conveniências contingentes dos poderosos de turno.” (EG 213).

Não é progressista eliminar uma vida humana

O Papa Francisco tem palavras muito claras: “não se deve esperar que a Igreja altere a sua posição sobre esta questão. A propósito, quero ser completamente honesto. Este não é um assunto sujeito a supostas reformas ou «modernizações». Não é opção progressista pretender resolver os problemas, eliminando uma vida humana. Mas é verdade também que temos feito pouco para acompanhar adequadamente as mulheres que estão em situações muito duras, nas quais o aborto lhes aparece como uma solução rápida para as suas profundas angústias, particularmente quando a vida que cresce nelas surgiu como resultado duma violência ou num contexto de extrema pobreza. Quem pode deixar de compreender estas situações de tamanho sofrimento?” (EG 214).

As palavras do Papa são muito fortes: “o aborto é um crime. É tirar a vida de um para salvar outro. É o que faz a máfia” (Coletiva de imprensa durante o voo de volta do México, em 17 de fevereiro de 2016). “É como contratar um sicário para resolver um problema.” (Audiência Geral de 10 de outubro de 2018).

Aborto, um problema humano, não religioso

O Papa repetiu várias vezes que o problema do aborto “não é um problema religioso: nós não somos contra o aborto devido à religião. Não. É um problema humano” (Coletiva de imprensa no voo de regresso de Dublin, 26 de agosto de 2018). E explica: “O aborto é um homicídio. O aborto... sem meias palavras: quem faz um aborto, mata. Pegai em qualquer livro sobre embriologia, daqueles que estudam os alunos nas Faculdades de Medicina e vede que, na terceira semana da gestação – na terceira semana, e muitas vezes antes que a mãe se dê conta –, o feto já tem todos os órgãos; todos, mesmo o DNA. E não seria uma pessoa? É uma vida humana… ponto final! E esta vida humana deve ser respeitada (...). Cientificamente, é uma vida humana. Os livros no-lo ensinam. E eu pergunto: é justo eliminá-la, para resolver um problema? Por isso a Igreja é tão severa neste tema, porque, se aceitasse isto, era como se aceitasse o homicídio diário”. (Coletiva de imprensa no voo de volta de Bratislava, 15 de setembro de 2021).

Os pequeninos jogados pelos espartanos

"Quando eu era criança, na escola - recorda o Papa - ensinavam-nos a história dos espartanos. Impressionava-me sempre o que dizia a professora, que quando nascia um menino ou uma menina com malformações, levavam-no ao cimo do monte e atiravam-no para baixo, para que estes pequeninos não existissem. Nós, crianças, dizíamos: “Mas quanta crueldade!”. Irmãos e irmãs, nós fazemos o mesmo, com maior crueldade, com maior ciência. Aquele que não serve, aquele que não produz, é descartado. Esta é a cultura do descarte, hoje os pequeninos não são desejados." (Homilia em San Giovanni Rotondo, 17 de março de 2018).

Defender cada vida, sempre

Francisco recorda que estar ao lado da vida não significa cuidar dela somente no início ou no fim, mas significa defendê-la sempre: " O grau de progresso de uma civilização mede-se precisamente pela capacidade de salvaguardar a vida, sobretudo nas suas fases mais frágeis, mais do que pela difusão de instrumentos tecnológicos. Quando falamos do homem, nunca esqueçamos todos os atentados contra a sacralidade da vida humana. É atentado contra a vida o flagelo do aborto. É atentado contra a vida deixar morrer os nossos irmãos nas embarcações no canal da Sicília. É atentado contra a vida a morte no trabalho, porque não se respeitam as mínimas condições de segurança. É atentado contra a vida a morte por subalimentação. São atentados contra a vida o terrorismo, a guerra e a violência; mas também a eutanásia. Amar a vida é sempre cuidar do outro, desejar o seu bem, cultivar e respeitar a sua dignidade transcendente.” (Discurso aos participantes no encontro promovido pela Associação Ciência e Vida, 30 de maio de 2015).

A misericórdia é para todos

O Papa sublinha o drama que vivem as mulheres. E a quem o acusa de não ter misericórdia responde assim: “A mensagem da misericórdia é para todos, mesmo para a pessoa humana que está em gestação. É para todos. Depois de cair tal fracasso, ainda há misericórdia, mas uma misericórdia difícil, porque o problema não está em dar o perdão, o problema está em acompanhar uma mulher que tomou consciência de ter abortado. São dramas terríveis. Uma vez ouvi um médico referir uma teoria segundo a qual – não me lembro bem – uma célula do feto acabado de conceber comunica com a medula da mãe e disso existe memória mesmo física. É uma teoria, mas para dizer: uma mulher, quando pensa no que fez... Digo-te a verdade: é preciso estar no confessionário e lá não devo punir nada, mas dar consolação. Por isso, abri a faculdade de absolver [do pecado de] o aborto por misericórdia, porque muitas vezes – antes, sempre – devem encontrar-se com seu filho. E com frequência, vendo-as chorar e carregar esta angústia, aconselho: «O teu filho está no céu, fala com ele, canta-lhe a canção de embalar que não cantaste, que não pudeste cantar-lhe». E nisto encontra-se uma via de reconciliação da mãe com o filho. Com Deus, já existe: é o perdão de Deus. Deus perdoa sempre. Mas a misericórdia passa também por ela [a mulher] elaborar isto. O drama do aborto. Para o compreender bem, é preciso estar num confessionário. É terrível." (Coletiva de imprensa no voo de volta do Panamá, 28 de janeiro de 2019).

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

sexta-feira, 24 de junho de 2022

França: evento “Noite das Igrejas” se inspira no pensamento de São Carlos de Foucauld

S. Carlos de Foucauld | Guadium Press
A “Noite das Igrejas”, evento cultural que permite às igrejas abrirem suas portas para visitas durante à noite, na França, inspira-se neste ano no pensamento de São Carlos de Foucauld.

Redação (23/06/2022 12:13, Gaudium Press) Acontece na França do dia 23 de junho ao dia 3 de julho, a “Noite das Igrejas”.

Nascido da iniciativa da Igreja na França em 2011, a “Noite das Igrejas” é  um evento cultural que acontece durante o verão europeu e permite às igrejas e comunidades religiosas de todo o país abrirem suas portas para acolherem os visitantes durante uma semana.

Captura de tela do cartaz do evento. Origem: www.eglise.catholique.fr/

Igrejas das grandes e pequenas cidades abertas para receber os visitantes

Segundo o iniciador do projeto, Dom Jean Legrez, Arcebispo de Albi, o evento tem dois objetivos “por um lado permitir que as comunidades cristãs locais, mesmo nas aldeias mais pequenas, apoiem ou recuperem a sua igreja, lugar de sua história e suas raízes; por outro lado, abrir as suas portas e acolher todos os que vierem: artistas, visitantes, curiosos, curiosos, etc.”, explicou o Arcebispo.

A edição de 2022, começa na noite de hoje, 23 de junho e terá como tema a “Viagem dentro da noite” (Voyage dans la nuit). O tema faz referência ao livro “Viajante dentro da noite” (Voyageur dans la nuit), obra que recolhe os pensamentos espirituais de Charles de Foucauld, francês canonizado no último dia 15 de maio.

Outras numerosas atividades relacionadas com a pessoa e o pensamento de São Carlos de Foucauld serão apresentadas ao público.

Na região francesa da Alsácia  região natal do missionário francês  duas cidades vão propor um “caça ao tesouro”, onde os participantes deverão resolver enigmas ao mesmo tempo que exploram a igreja. O objetivo do jogo é encontrar o testamento de São Carlos de Foucauld.

O caráter lúdico do jogo não negligencia a parte espiritual, visto que os enigmas tem relação com o pensamento espiritual do religioso francês.

Em outra região da França, no Périgord, os participantes da “Noite das Igrejas” poderão assistir duas peças teatrais que contam o percurso espiritual de São Carlos de Foucauld.

Consistório Público Ordinário, presidido pelo Papa, aprova sete novas canonizações. O Cardeal Semeraro afirmou que os novos Santos "Testemunharam Cristo com o dom da vida e o exercício da caridade".

São Carlos de Foucauld, de oficial a cisterciense | Guadium Press

São Carlos de Foucauld, nasceu em 1858 na cidade francesa de Estrasburgo. Após ser oficial militar na cavalaria francesa, tornou-se explorador e geógrafo antes de abraçar a vida religiosa na ordem dos cistercienses. Como cisterciense São Carlos de Foucauld se destacou por seu zelo apostólico e sua vida de eremita.

No dia primeiro de dezembro de 1916, Carlos de Foucauld entregou sua alma a Deus, em Tamanrasset, na Argélia. Foi beatificado em 2005 pelo Papa Bento XVI e canonizado em 15 de maio de 2022, pelo Papa Francisco (FM)

Fonte: https://gaudiumpress.org/

Por que devo me arrumar para ficar em casa?

baranq - Shutterstock
Por Sheila Morataya

O seu estilo diz muito não só a sua autoestima, mas também do seu "pulso" espiritual.

“Por que eu deveria me vestir e me arrumar para ficar em casa?” Esta é uma pergunta de uma leitora que eu recebi no Facebook e que me inspirou a responder através desta coluna.

O autocuidado, e sua prática ou não, está relacionado a uma variante da autoestima.

Quando falo de autoestima, estou me referindo ao cuidado pessoal que todo homem e toda mulher se dá, a fim de permanecer saudável e sempre projetar um aspecto positivo para os outros.

Em minha experiência no campo da psicoterapia – e graças ao fato de antes desta profissão eu estar envolvida em modelagem profissional e consultoria de imagem junto a bancos, comércio e governo – posso dizer que desenvolvi uma capacidade muito especial de saber quase imediatamente como é a autoestima da pessoa à minha frente.

Esta pessoa pode ser um executivo de negócios bem-sucedido ou uma dona de casa que cuida de seus filhos.

Autoestima, confiança, poder pessoal, gestos e movimentos determinam como você se percebe, assim como seu “pulso” espiritual: se você se sente ou não um filho ou filha amada(o) de Deus.

O autocuidado se transforma a cada década. Por isso, se você se cuidar desde jovem e aprender a externar o melhor de si mesmo(a), é provável que você se tornará modelo para os outros com o passar dos anos.

Aqui estão algumas das reflexões que me vieram à mente quando li a abordagem da leitora:

1VOCÊ É UM ESPELHO PARA SEUS FILHOS E PARA OS OUTROS

No meu trabalho com meus pacientes, utilizo um espelho para ajudá-los a melhorar sua autoimagem, autoestima e autoaceitação.

Quando comecei a usar o espelho e a falar sobre ele entre meus colegas, às vezes causei risos. Mas quando fui à televisão, nos Estados Unidos, para apresentar este método de espelho, o resultado foi que consegui um contrato para escrever meu último livro.

No momento de escrever este artigo, pesquisas e testes de laboratório já estão sendo feitos utilizando um espelho para ajudar as pessoas a irem além da imagem que elas vêem nele.

Isto é particularmente importante, pois tenho certeza de que você terá filhos pequenos e eles o imitarão em tudo – ou quase tudo – o que eles enxergam em você.

Hábitos, vícios, maneiras de olhar e de se mover, em suma, você é um espelho para seus filhos. Portanto, é importante que quando você se olhar no espelho você goste do que vê, você se ame como é e você se aceite. Isto transmitirá inconscientemente uma autoestima saudável a seus filhos.

2VOCÊ NUNCA SABE QUEM BATERÁ À SUA PORTA

Vivo nos Estados Unidos, o que significa que as pessoas de classe média não costumam ter uma empregada doméstica todos os dias.

Assim como trabalhamos fora, também lavamos a roupa, cozinhamos e levamos as crianças para lá e para cá.

Entretanto, embora eu escreva que você nunca sabe quem vai bater à sua porta, é importante que você se arrume porque esta é uma forma de se conectar com a alta dignidade que você possui: a de uma pessoa.

3PERSONALIDADE E ESTILO DE VIDA

Assim como tornar-se um excelente cozinheiro requer prática, também é preciso prática para aperfeiçoar sua maquiagem, vestir seu corpo com o que mais lhe convém ou encontrar aquele corte de cabelo que fará sobressair o melhor em seu rosto.

4O AUTOCUIDADO INFLUENCIA A MENTE

Em minha prática como psicoterapeuta, também sigo o que chamo de “terapia de preparação” com minhas pacientes.

Isto significa que eu as ensino a escolher uma boa base de maquiagem e como aplicar as cores corretamente no rosto.

Também utilizo uma paleta de cores com a qual descobrimos quais lhes convêm melhor.

Finalmente, vamos às compras e escolhemos as roupas que não só são coerentes com cada corpo, mas também com o estilo de vida de cada uma.

Depois de algumas semanas vivendo o processo, as pacientes costumam relatar: sinto-me feliz e cheia de energia!

Isso acontece porque a mentalidade dela mudou – e para melhor!

Fonte: https://pt.aleteia.org/

NATIVIDADE DE SÃO JOÃO BATISTA

Vatican News

23 junho

A Igreja celebra, hoje, a solenidade da Natividade de São João Batista e, dia 29 de agosto, celebrará a memória do seu martírio. Não há nenhum outro santo do qual a Igreja celebra os dois acontecimentos; celebra, geralmente, apenas o "nascimento para o céu", exceto, é claro, o caso de Jesus, Filho de Deus (Natal e Sexta-feira Santa) e da Virgem Maria (8 de setembro e 15 de agosto). No fundo, o próprio Jesus disse: “Em verdade vos digo que entre os nascidos de mulher não há ninguém maior do que João Batista” (Mt 11,11): o último dos grandes Profetas de Israel, o primeiro a dar testemunho de Jesus e a iniciar o batismo para o perdão dos pecados; neste contexto, ele batizou Jesus; e foi mártir em defesa da lei Judaica. No século IV, já havia celebrações litúrgicas sobre João Batista, em datas diferentes. A sua data (24 de junho) foi estabelecida com base no texto de Lucas 1,36, quando diz que Isabel já estava “no sexto mês, ela, que todos diziam, que era estéril”. Logo, seis meses antes do Natal. Desde o século VI, esta festa é precedida por uma vigília.

«Completando-se para Isabel o tempo de dar à luz, teve um filho. Os seus vizinhos e parentes souberam que o Senhor lhe manifestara a sua misericórdia e se congratulavam com ela. No oitavo dia, foram circuncidar o menino e o queriam chamar pelo nome de seu pai, Zacarias. Mas, sua mãe interveio: “Não” – disse ela – “ele se chamará João”. Replicaram-lhe: “Não há ninguém na tua família que se chame por este nome”. E perguntavam por acenos ao seu pai como queria que se chamasse. Ele, pedindo uma tabuinha, escreveu nela as palavras: “João é o seu nome”. Todos ficaram pasmados. E logo se lhe abriu a boca e soltou-se sua língua e ele falou, bendizendo a Deus. O temor apoderou-se de todos os seus vizinhos; o fato divulgou-se por todas as montanhas da Judeia. Todos os que o ouviam o conservavam no coração, dizendo: “Que será este menino?”. Porque a mão do Senhor estava com ele» (Lc 1, 57-66).

Estupor

As pessoas ficaram maravilhadas diante daquela criança, mas também diante daquele casal estéril, que, em idade avançada, deu à luz um filho: uma maravilha iluminada pela fé, tanto que “conservavam” no coração o que ouviram e viram, e louvavam a Deus; uma maravilha acompanhada pela consciência de que não entendiam tudo: “Quem seria aquele menino?”. Uma pergunta legítima, mesmo porque onde tudo é compreensível, não dependeria de Deus!

O acontecimento do nascimento é circundado por uma alegre sensação de estupor, surpresa, gratidão. O povo fiel intuía que tinha acontecido algo de grande, mesmo se humilde e oculto: o povo era capaz de viver a fé com alegria, com sensação de admiração, de surpresa ... Eu sinto uma sensação de estupor, quando vejo as obras do Senhor, quando ouço falar de evangelização ou da vida de um santo…? Consigo sentir as consolações do Espírito ou fico fechado?" (Papa Francisco, 24 de junho de 2018).

Nome

Os que tinham ido participar da circuncisão, queriam colocar o nome do seu pai, Zacarias. Mas, quem interveio, caso muito raro, foi Isabel, que disse João. Era o nome que o próprio Deus havia indicado por meio do anjo: “Não temas, Zacarias, porque a tua oração foi atendida: Isabel, tua esposa, vai dar-te um filho e tu o chamarás João" (Lc 1,13). Zacarias havia começado mal com Deus, demonstrando a sua incredulidade, que o levou a ficar mudo. Agora, obedecendo ao que Deus lhe havia pedido - para chamar João - começava uma nova história.

Oportunidades

O texto explica o que aconteceu: uma mulher idosa e estéril dá à luz um filho; um homem mudo começa a falar. Trata-se de dois sinais que indicam que, onde as coisas parecem impossíveis, Deus tem sempre alguma possibilidade oculta, como diz o profeta Isaías: "Eis que estou fazendo uma coisa nova, que está começando: não percebes?" (Is 43,19).

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Por que a Igreja celebra a Natividade de São João em 23 de junho este ano?

Renata Sedmakova | Shutterstock

Geralmente, a Natividade de São João é celebrada no dia 24 de junho.

O Novo Calendário Romano Geral prevê a celebração da Natividade de São João Batista em 24 de junho. Trata-se de um solenidade, o que significa que a data deveria ser sempre celebrada no dia 24 de junho, mesmo que caísse em um domingo.

Entretanto, neste ano (2022), ela cai no mesmo dia da Solenidade do Sagrado Coração de Jesus, que é celebrada na sexta-feira seguinte ao Domingo da Santíssima Trindade e, portanto, muda a cada ano.

O que é preciso ficar claro é que as celebrações litúrgicas seguem as precedências indicadas nas “Normas Universais do Ano Litúrgico e o Novo Calendário Romano Geral”. Há, portanto, uma “tabela dos dias litúrgicos” de acordo com uma ordem de precedência. A ordem é a seguinte:

“1. Tríduo Pascal da Paixão e Ressurreição do Senhor;

2. Natal do Senhor, Epifania, Ascensão e Pentecostes.
Domingos do Advento, da Quaresma e da Páscoa.
Quarta-feira de Cinzas.
Dias da Semana Santa de segunda à quinta-feira inclusive.
Dias dentro da Oitava da Páscoa;

3. Solenidades do Senhor, da bem-aventurada Virgem Maria e dos santos inscritos no calendário geral.
Comemoração de todos os fiéis defuntos (…)”.

Em outras palavras: as solenidades de Nosso Senhor têm precedência sobre algumas outras, inclusive as dos santos. Portanto, a Natividade de São João, neste ano, teve de mudar de dia para que o Sagrado Coração de Jesus fosse celebrado no dia 24 de junho.

Por que celebrar a Natividade de São João em 23 de junho?

As “Normas Universais do Ano Litúrgico” também preconizam que:

“A solenidade impedida por um dia litúrgico que goze de precedência seja transferida para o dia livre mais próximo”.

Neste ano, o dia mais próximo é 23 de junho. E, teologicamente, faz todo o sentido que a festa de São João Batista, que preparou o caminho do Senhor, seja celebrada antes do Sagrado Coração de Jesus.

Fonte: https://pt.aleteia.org/

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF