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quarta-feira, 3 de janeiro de 2024

CATEQUESE - O Papa: a vida espiritual do cristão exige um combate contínuo

Audiência Geral do dia 03/01/2024 (Vatican News)

Na catequeses da Audiência Geral desta quarta-feira, Francisco falou sobre "O combate espiritual". "Todos somos tentados e temos de lutar para não cair nessas tentações", disse o Papa, acrescentando que "Jesus nos acompanha. Jesus nunca nos deixa sozinhos".

https://youtu.be/TIVlyD7IMPQ

Mariangela Jaguraba - Vatican News

"O combate espiritual" foi o tema da segunda catequese do Papa Francisco, na Audiência Geral, desta quarta-feira (03/01), no âmbito do ciclo de catequeses sobre "Vícios e virtudes".

No encontro semanal do Pontífice com os fiéis realizado, na Sala Paulo VI, no Vaticano, Francisco disse que esse tema "recorda a luta espiritual do cristão".

A vida espiritual do cristão não é pacífica

“Com efeito, a vida espiritual do cristão não é pacífica, linear e isenta de desafios, mas, pelo contrário, exige um combate contínuo. O combate cristão para conservar a fé e para enriquecer o dom da fé em nós.”

Não é por acaso que a primeira unção que todo cristão recebe no Sacramento do Batismo – a unção catecumenal – não tem perfume e anuncia simbolicamente que a vida é uma luta.

Segundo o Papa, "nos tempos antigos, os lutadores eram completamente ungidos antes da luta, tanto para tonificar os músculos quanto para fazer com que o corpo escapasse das garras do oponente. A unção dos catecúmenos deixa imediatamente claro que o cristão não é poupado da luta, que um cristão deve lutar".

Todos temos de lutar para não cair nas tentações

A seguir, Francisco recordou "um famoso ditado atribuído a Santo Antão, primeiro grande pai do monaquismo, que diz o seguinte": "Suprime as tentações, e ninguém será salvo". "Os santos não são homens que foram poupados à tentação, mas sim pessoas bem conscientes de que as seduções do mal aparecem repetidamente na vida, para serem desmascaradas e rejeitadas", disse o Papa, acrescentando:

Todos nós temos experiência disso, todos nós. Vem um pensamento ruim, um desejo de falar mal do outro. Todos somos tentados e temos de lutar para não cair nessas tentações. Se alguém de vocês não tem tentações que o diga porque seria algo extraordinário. Todos nós somos tentados e todos nós temos de aprender como prosseguir na vida nessas situações.

Ninguém está "em ordem"

Segundo o Papa, existem pessoas que, no entanto, se absolvem, que se consideram "em ordem": "Sou uma pessoa boa, não tenho problema". "Mas, nenhum de nós está em ordem e se alguém estiver em ordem, está sonhando. Cada um de nós há muitas coisas para consertar e vigiar também. Todos somos pecadores e um pouco de exame de consciência, de introversão nos fará bem", disse Francisco.

O Pontífice disse que "todos devemos pedir a Deus a graça de nos reconhecermos como pobres pecadores, necessitados de conversão, mantendo no coração a confiança de que nenhum pecado é demasiado grande para a infinita misericórdia de Deus Pai. Essa é a lição inaugural que Jesus nos dá".

Jesus acompanha todos nós pecadores

De acordo com o Papa, Jesus é um Messias muito diferente de como João Batista "o apresentou e como as pessoas o imaginavam: Ele não encarna o Deus irado e não convoca para julgamento, mas, pelo contrário, faz fila com os pecadores. Jesus acompanha todos nós pecadores. Ele não é pecador, mas está entre nós. Jesus nunca nos deixa sozinhos. Jesus entende o nosso pecado, nos perdoa e nos acompanha. Nos momentos mais difíceis, no momento em que escorregamos no pecado, Jesus está junto de nós para nos levantar e isso nos consola".

Não devemos perder essa ideia, essa realidade. Jesus está junto de nós para nos ajudar e proteger e para nos ajudar a nos levantar depois do pecado. Jesus perdoa tudo. Ele veio para perdoar, para salvar. Jesus quer apenas o nosso coração aberto. Ele nunca se esquece de perdoar. Somos nós que muitas vezes perdemos a capacidade de pedir perdão.  Retomemos a capacidade de pedir perdão. Cada um de nós tem muitas coisas para pedir perdão. Cada um pense e fale com Jesus sobre isso: Senhor, preciso que você não se afaste de mim, preciso que você me perdoe. Senhor, sou um pecador, uma pecadora, mas, por favor, não se afaste. Esta seria hoje uma bonita oração a Jesus: Senhor, não se afaste de mim.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

TEOLOGIA: Jesus Cristo age através das pessoas

Cristo Crucificado (Aleteia)
Arquivo 30Dias - 01/1998

Jesus Cristo age através das pessoas

«O antigo princípio romano, o direito, foi substituído no mundo católico pela sociologia: a liberdade é efetivamente substituída pela organização. A lei supõe os indivíduos como sujeitos livres, a organização vê os indivíduos como partes”. Um trecho do livro de Gianni Baget Bozzo, O futuro do catolicismo. A Igreja depois do Papa Wojtyla.

Um trecho do livro de Gianni Baget Bozzo, O futuro do catolicismo

«Mas o ponto em que a ideologia conciliar e a secularização da teologia têm maior impacto é na figura do sacerdote. A espiritualidade do sacerdote “outro Cristo”, aquele que o representa como causa instrumental pessoal e, portanto, uma pessoa sagrada, desapareceu completamente. O padre católico recebeu todo o impacto da secularização. Perdeu sua sacralidade. Quem é o padre hoje? Ele é o organizador do social eclesiástico: o líder da comunidade. O padre secularizado é comunitarizado, torna-se funcional para a comunidade, torna-se seu senhor e servo ao mesmo tempo, não o padre. No sacerdote a figura sacerdotal é posta de lado, já não é a verdadeira dimensão do sacerdote. Cria uma divisão entre a memória da tradição e a difusão da secularização.

O cristão sagrado é o corpo ressuscitado de Cristo, que provoca a nossa redenção, nos incorpora nele e nos dá o Espírito. É um corpo físico, assim como a sacralidade é física. O corpo glorioso de Cristo está crucificado, porque com o seu sangue ele nos redimiu do poder do Maligno. É a sacralidade da dor física e espiritual de toda a humanidade que nele se reúne. O sacerdote continua a ação redentora e divinizadora de Cristo. Como pessoa, é a continuidade da ação salvadora, no seu duplo aspecto; libertação do poder de Satanás e o dom da vida trinitária. A secularização do sacerdote é até agora uma ferida aberta dentro da Igreja. E a palavra que mais tem contribuído para impactar a figura do sacerdote como pessoa sagrada, como George, David, John como pessoa e pessoa sagrada, continuador de Cristo salvador e deificador, é a tão bela de pastoral. O sacerdote tornou-se um sujeito sem autonomia, organizado pela diocese, pelas associações, pela programação pastoral.

A graça do Espírito Santo atua na dimensão das pessoas. É sempre uma escolha do indivíduo. O papado e o episcopado monárquico são o sinal do princípio da pessoa na instituição. Jesus Cristo é uma Pessoa e age através das pessoas. Por que esta dimensão da pessoa sagrada é destruída no sacerdócio, que, no contexto da lei, tem a capacidade de fazer o que o Senhor lhe inspira? No mundo católico, o antigo princípio romano do direito foi substituído pela sociologia: a liberdade que o direito canônico confere é efetivamente substituída pela organização. O direito pressupõe os indivíduos como sujeitos livres, vinculados apenas pela norma aos limites da norma: a organização vê os indivíduos como partes. O direito é a forma da política, a organização da empresa. A organização substitui a lei, a lei exprime sempre um espaço da pessoa, a sociologia e a organização transformam o sacerdote em funcionário. A diocese deixa de ser uma comunhão e passa a ser uma organização. A “caridade pastoral” é a sociologização da caridade.

O princípio Jesus Cristo sobre o qual a Igreja está fundada é uma Pessoa e os seus instrumentos são as pessoas como pessoas. Como Cristo trabalha sempre e, como o Filho, trabalha desde a eternidade, surgem sempre verdadeiras vocações sacerdotais. Mas eles, devido à deformação eclesiástica causada pela ideologia conciliar e, portanto, pela secularização, já não operam segundo a sua essência pessoal, que vem de Cristo, mas devem sobrepor-lhe uma figura imprópria que vem da pastoral organizada. Isto acontece enquanto a questão do significado pessoal é o fenômeno social mais relevante do nosso tempo. É evidente que, se cai a sacralidade do sacerdote como pessoa que é instrumento conjunto da ação do Único Sacerdote, Cristo, também cai o celibato, que é uma figura fundamental do catolicismo como instituição. A programação pastoral só pode motivar o celibato como compromisso profissional a tempo inteiro, mas não pode dar-lhe uma figura espiritual, ligada à relação com Cristo. A pastoral desconhece a palavra essencial “vocação”, que é a ação de Cristo na alma de quem chama a ser sacerdote. A Igreja pode cultivar vocações na medida em que conduz à oração, à comunhão interior com Cristo que imprime no corpo, na alma e no espírito o dom do seu sacerdócio. E por esta razão, o seu sacerdócio deve ser restituído ao sacerdote, o seu carácter de pessoa sagrada, de alter Christus num sentido próprio e específico. Esta é precisamente a autoridade do sacerdote.

A secularização na Igreja mudou profundamente a realidade da Igreja. E a secularização é fruto da ideologia conciliar. A ideologia conciliar introduziu uma fratura com a linguagem misteriosa e mística que o próprio Concílio se propôs introduzir. O princípio do primado do social sobre o pessoal, do “grande animal político” sobre a fragilidade da pessoa, impôs-se insensivelmente como uma grande mancha em toda a Igreja.

O pontificado de Paulo VI encontrou-se no centro deste conflito entre os documentos do Concílio Vaticano II e a ideologia conciliar. O esforço do Papa visava manter o Concílio em continuidade com a renovação iniciada por Pio XII. Manter o impulso nascido do Vaticano II com a continuidade da Tradição, da qual Pio XII foi a última atualização eficaz, foi o esforço de Paulo VI. Mas a ideologia conciliar operou na Igreja de uma forma mais poderosa do que a autoridade do Papa. O drama do pontificado de Paulo VI foi o de temer uma ruptura com as alas extremas. Queria manter tudo na Igreja, desde o tradicionalismo que negava o Concílio até aos impulsos mais extremos de secularização, valorizando aquelas posições que poderiam parecer intermédias, como as da Companhia de Jesus, com as quais Paulo VI abriu, no entanto, um conflito inicial ". Gianni Baget Bozzo, O futuro do catolicismo. A Igreja depois do Papa Wojtyla , Casale Monferrato (Al), Piemme, 1997, pp.113-115.

Fonte: https://www.30giorni.it/

terça-feira, 2 de janeiro de 2024

Por uma Inteligência Artificial servidora da paz e da pessoa humana

Inteligência Artificial (BBC)

POR UMA INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL SERVIDORA DA PAZ E DA PESSOA HUMANA

Dom Roberto Francisco Ferreria Paz
Bispo de Campos (RJ) 

No tema do 57ª Dia Mundial da Paz, Inteligência Artificial e Paz, o Papa Francisco nos propõe um diálogo aberto e um verdadeiro discernimento sobre o impacto da Inteligência Artificial na civilização atual. A mensagem de 2024 desdobra a temática em oito assuntos tratados em pontos de reflexão.  

No item 1º; 0 progresso da ciência e da tecnologia como caminho da paz, retoma a Constituição Gaudium et Spes, apresentando a ciência e tecnologia como sinais de esperança para um desenvolvimento humano e a paz. 

Já no 2*; O futuro da Inteligência Artificial por entre promessas e riscos, mostra tanto as possibilidades e potencialidades das novas tecnologias bem como as contradições e que trazem apreensões quanto a desigualdade social e  sua aplicação desvirtuada.  

No 3º ; A tecnologia do futuro máquinas que aprendem sozinhas, comentando dois modelos de máquinas, as machine learning de aprendizagem automático e as deep learning de aprendizagem profunda, que refletem bem a fantasia e idealização excessiva e equivocada de esquecer o fator humano e a necessidade de controle e humanizar estas tecnologias. 

No 4º ;  O sentido do limite no paradigma tecnocrático, que é trabalhado na Laudato Si, se expõe claramente os perigos do utilitarismo e pragmatismo ao serviço do poder e do lucro.  

No 5º ; Temas quentes para a ética, se consideram os problemas da manipulação política, a discriminação, o desemprego, o controle e vigilância da cidadania cerceando direitos. 

No nº 6; uma pergunta : Transformaremos as espadas em relhas de arado, se focaliza o uso destas tecnologias nos sistemas de armas autônomos, o perigo do terrorismo e da violência, e a necessidade de avaliar e enquadrar os algoritmos numa algor ética.  

No n* 7, Desafios para Educação, tratam-se os desafios de desenvolver a consciência crítica e o discernimento nos utentes e comunidades educativas. 

Finalmente no último ponto; Desafios para o desenvolvimento do Direito Internacional, se apela para as Organizações Internacionais para gerarem modelos normativos e a necessidade de um tratado Internacional vinculativo que ordene o uso correto e para o bem comum destas tecnologias. Que a revolução digital destes meios possa ser conduzido e orientado em prol das gerações futuras para um mundo solidário, justo e pacífico. 

Deus seja louvado!

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

A beleza dos Salmos na vida cristã

Chat Karen Studio | Shutterstock
Por Hozana - publicado em 11/08/23
Não é incrível como um livro de cânticos pode ter atravessado gerações e ser tão atual?

Todos conhecem a célebre afirmação do personagem Dom Quixote, obra de Miguel de Cervantes: “Sempre ouvi dizer: quem canta seus males espanta”. E não é que ele estava certo? Estudos mostram que cantar produz endorfina, a mesma substância gerada quando realizamos exercícios físicos ou comemos chocolate. Além de ter uma potente ação analgésica, estimula a sensação de bem-estar, autoconfiança, otimismo e conforto. Cantar também diminui o stress, melhora a capacidade pulmonar e ativa o sistema cardiovascular e ameniza os efeitos do envelhecimento.

E se o canto é para Deus em forma de louvor?

O louvor é antes de tudo uma manifestação da graça de Deus em nós. É o Espírito Santo que nos faz reconhecer a grandeza d’Aquele que nos ama de maneira incomparável. Esse mesmo Espírito deve nos fazer entender que nosso louvor não acrescenta nada a Deus, que é desde todo sempre perfeito, Todo-poderoso, princípio e fim de tudo. Algumas vezes rezamos na missa: “Na Verdade, é justo e necessário, é nosso dever e salvação dar-vos graças, sempre e em todo o lugar, Senhor, Pai santo, Deus eterno e todo-poderoso. Ainda que nossos louvores não vos sejam necessários, vós nos concedeis o dom de vos louvar. Eles nada acrescentam ao que sois, mas nos aproximam de vós por Jesus Cristo, vosso Filho e Senhor nosso”(Prefácio Comum IV – O louvor, dom de Deus).

Que imensa graça!

Deus nos concede o dom do louvor e esse dom nos aproxima d’Ele, gera em nós intimidade com Ele. Louvamos a Deus pelo que Ele é, por sua grandeza e majestade infinitas, não somente pelo que Ele faz. 

Paralelamente, para a vida cristã em geral, revestem-se de singular importância os Salmos do Antigo Testamento, que há séculos têm sido uma particular fonte de inspiração para os fiéis cristãos. Não é em vão São Basílio Magno, Doutor da Igreja, ensina que o livro dos Salmos “é um depósito geral dos mais excelentes ensinamentos” (Homilia ao Salmo 1). Na língua hebraica, é chamado “Livro dos Louvores” ou “Hinos” (Tehillim, da raiz hll, “louvar”). Embora somente na 3ª parte do saltério predominem os salmos de louvor e o nome “hino” seja dado apenas ao Sl 145, esta atitude orante se faz presente ao longo de todo o livro – por isso o fiel não se esquece de louvar a Deus mesmo quando suplica (cf. Sl 22,2.26; 106,1.47s). Os termos “Salmos” e “saltério” provêm do grego “Psálmoi” (“melodias”) e “Psaltérion” (“instrumento de cordas”, como a lira, a harpa…), pois, em sua maioria eram acompanhados pelo canto instrumental. Vale lembrar que o gênero salmódico se encontra presente também em outros livros (cf. Êx 15; Nm 21,17s; Jz 5; 1Sm 21; 2Sm 1; Jó 2 etc.)

“Os Salmos constituem a obra-prima da oração no Antigo Testamento. Apresentam dois componentes inseparáveis: o pessoal e o comunitário. Estendem-se a todas as dimensões da história, comemorando as promessas já realizadas e esperando a vinda do Messias. Rezados e realizados em Cristo (Lc 20,42, grifo meu), os Salmos são um elemento essencial e permanente da oração de sua Igreja e são adequados aos homens de qualquer condição ou tempo.” (CIC, 2596-2597)

Trata-se de um dos mais citados pelos escritores do Novo Testamento. O próprio Jesus orava os salmos, e sua vida e ação trouxe um significado pleno para o sentido que essas orações já possuíam. Depois dele, os salmos se tornaram a oração do novo povo de Deus.

Os 150 salmos formam o núcleo da oração cotidiana: a Liturgia das Horas, também conhecida por Ofício Divino. O rosário, que era formado incialmente por 150 Ave Marias, formou-se por analogia aos 150 salmos do Ofício. Na Igreja, o “motu proprio Tra le Solecitudine” de 1903, do Papa Pio X, excluiu da liturgia os salmos “de concerto”. Após o Concílio Vaticano II, foi restaurado o salmo responsorial na missa, através da Instrução Geral do Missal Romano de 1969, tornando-se assim parte integrante da Liturgia da Palavra.

Não há unanimidade a respeito da classificação dos Salmos. Admite-se, em geral, que se enquadram numa subespécie do gênero literário lírico ou poético e, dentre as diversas válidas tentativas de classificá-los, acredita-se que podem ser divididos em alguns gêneros. A Bíblia de Jerusalém propõe a seguinte: 

Hinos (Sl 8, etc.); 

Súplicas coletivas (Sl 12, etc.); 

Súplicas individuais (Sl 3, etc.); 

Lamentações (Sl 22, etc.); 

Ação de graças (Sl 18, etc.); 

Oráculos (Sl 2, etc.); 

Salmos régios (Sl 24, etc.); 

Gêneros mistos (Sl 27, etc.). 

Há outras tipificações que incluem, por exemplo: 

Salmos de penitência (Sl 32, etc.); 

Salmos imprecatórios (Sl 58, etc.); 

Salmos didáticos (Sl 62, etc.).

Não é incrível como um livro de cânticos pode ter atravessado gerações e ser tão atual? Você também rezar com os Salmos todos os dias através de um itinerário de oração guiado, que facilita e atualiza cada Salmo bíblico. Reze conosco na rede social de oração Hozana (clique aqui para participar)

E não se esqueça: “Recitai entre vós salmos, hinos e cânticos inspirados, cantai e louvai ao Senhor no vosso coração” (Ef 5,19)

Wellington de Almeida Alkmin, pelo Hozana

Fonte: https://pt.aleteia.org/

Papa: quem fere uma mulher profana Deus

Papa: quem fere uma mulher profana Deus (Vatican News)

Francisco, em sua homilia durante a Missa na Basílica de São Pedro, na Solenidade de Maria Santíssima Mãe de Deus, enfatizou a importância de Maria para a identidade feminina da Igreja “para se assemelhar ainda mais a Ela que, como mulher Virgem e Mãe, representa o seu modelo e figura perfeita”.

https://youtu.be/2U2QszGIiBE

Thulio Fonseca - Vatican News

“É bom que o ano se abra com a invocação d’Ela; é bom que o povo fiel proclame com alegria a Santa Mãe de Deus.” 

Com essas palavras, o Papa Francisco introduziu sua homilia aos sete mil fiéis presentes na Basílica de São Pedro, no primeiro dia do ano (01/01/2024), durante a missa da Solenidade de Maria Santíssima Mãe de Deus. 

Os termos “mãe” e “mulher” estiveram no centro da reflexão do Santo Padre, ao destacar que a maternidade de Maria é o caminho para encontrar a ternura paterna de Deus, o caminho mais próximo, mais direto, mais fácil:

“As palavras Mãe de Deus exprimem a feliz certeza de que o Senhor, terno Menino nos braços da Mãe, Se uniu para sempre à nossa humanidade, de tal modo que esta já não é só nossa, mas d’Ele. Mãe de Deus: poucas palavras para confessar a aliança eterna do Senhor conosco. Mãe de Deus, um dogma de fé, mas é também um «dogma de esperança»: Deus no homem e o homem em Deus, para sempre.”

Papa: quem fere uma mulher profana Deus (Vatican News)

O rosto feminino da Igreja

Francisco recordou que é a Mãe que nos conduz ao início e ao coração da fé, “esta não é uma teoria nem um empenho pessoal, mas um dom imenso, que nos faz filhos amados, moradas do amor do Pai”. Por isso, sublinhou o Papa,  “acolher na própria vida a Mãe, não é uma decisão de mera devoção, mas uma exigência de fé: se queremos ser cristãos, devemos ser marianos, ou seja, filhos de Maria”.

“A Igreja precisa de Maria para descobrir o seu próprio rosto feminino: para se assemelhar ainda mais a Ela que, como mulher Virgem e Mãe, representa o seu modelo e figura perfeita, para abrir espaço às mulheres e ser geradora através duma pastoral feita de cuidado e solicitude, paciência e coragem materna.”

Segundo o Pontífice, “o mundo precisa de olhar para as mães e para as mulheres a fim de encontrar a paz, escapar das espirais da violência e do ódio, voltar a ter um olhar humano e um coração que vê”.

Ferir uma mulher é profanar Deus

“Toda a sociedade precisa de acolher o dom da mulher, de cada mulher: respeitá-la, protegê-la, valorizá-la, sabendo que, quem fere ainda que seja uma única mulher, profana Deus, nascido de mulher”, ressaltou Francisco. 

“Maria, a mulher, assim como é decisiva na plenitude do tempo, também o é para a vida de cada um; porque ninguém melhor do que a Mãe conhece os tempos e as urgências dos filhos.”

O Papa recordou aos fiéis que diante da tentação do fechamento é preciso voltar-se para Maria, “quando não conseguirmos desembaraçar-nos por entre os nós da vida, procuremos refúgio n’Ela”. 

Papa: quem fere uma mulher profana Deus (Vatican News)

Ternura materna

Ao concluir  a homilia, o Santo Padre enfatizou que “os nossos tempos, vazios de paz, precisam de uma Mãe que congregue a família humana”, e indicou  Maria como caminho para a construção da fraternidade, que com a sua criatividade de Mãe, cuida dos filhos: reúne-os e conforta-os, escuta as suas penas e enxuga as suas lágrimas.

“Confiemos o novo ano à Mãe de Deus. Consagremos-Lhe as nossas vidas. Ela saberá, com ternura, apontar-nos a sua plenitude; com efeito, levar-nos-á a Jesus, e Jesus é a plenitude do tempo, de cada tempo, do nosso tempo.”

“Que este ano seja cheio da consolação do Senhor! Que este ano seja repleto da ternura materna de Maria, a Santa Mãe de Deus”, concluiu Francisco, convidando os fiéis a juntos, repetir três vezes a invocação: “Santa Mãe de Deus!”

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

São Basílio Magno

São Basílio Magno (Crédito: Bons Fluídos)
02 de dezembro
São Basílio Magno

Origens – Uma família de Santos

Basílio nasceu na Cesaréia da Turquia, região da antiga Capadócia, em 329. A santidade estava no DNA deste grande homem. Com efeito, seu avô teve morte de mártir durante a perseguição romana, pois preferiu morrer a negar Jesus Cristo. Sua avó também foi santa, conhecida como Santa Macrina. Sua mãe passou a ser reverenciada pela Igreja como Santa Amélia. A irmã, também chamada Macrina, tornou-se religiosa e, posteriormente, santa. Seus dois irmãos também trilharam o caminho da santidade: São Pedro, que foi bispo de Sebaste e São Gregório, da cidade de Nissa. Inclusive seu melhor amigo, também celebrado no dia de hoje, tornou-se santo: São Gregório Nazianzeno.

Formação

Basílio estudou nas cidades de Atenas e Constantinopla. Mais tarde, sua irmã Macrina encaminhou-o para a vida religiosa. Nesse tempo, ela havia comandado a fundação de um mosteiro no qual as irmãs cresciam bastante na santidade e isso influenciou Basílio. Ele decidiu, então, ir para o Egito. Seu objetivo era aprender com os monges os segredos da vida no deserto e na solidão. Quando voltou, decidiu consagrar-se monge. Posteriormente escreveu as famosas "Constituições". Este documento tornou-se a primeira Regra de vida espiritual escrita para os religiosos. Os mais importantes fundadores de comunidades religiosas basearam-se neste livro para escrever os regulamentos de suas respectivas fundações.

Bispo de Cesaréia enfrenta o império

Mais tarde, São Basílio foi eleito e sagrado bispo da cidade de Cesaréia, na Judéia. Nessa época o governador romano tentou fazê-lo renegar a Fé. Basílio, porém, resistiu e guardou sua fidelidade a Jesus. Mesmo com saúde frágil, São Basílio enfrentou o governador através de um discurso tão inspirado e forte, que o líder romano desistiu de prendê-lo. O governador, ao contrário, percebeu sua sabedoria e santidade e compreendeu por que São Basílio era venerado por todo o povo.

Magno

Por causa do maravilhoso dom da palavra, de seus escritos admiráveis e de suas grandiosas e inúmeras obras de caridade em favor do povo, São Basílio recebeu o apelido de “Magno", que significa “grande”. Era amado e admirado pelo povo cristão, pelos judeus e pelos pagãos. Além de sua eloquência maravilhosa e arrebatadora, São Basílio exercia uma grande atividade em favor dos pobres, marginalizados e necessitados. Tudo o que ganhava, era doado a eles. São Basílio Magno foi o primeiro bispo a criar um hospital totalmente dedicado aos carentes. Depois disso, ainda criou orfanatos e asilos para idosos.

Escritor inspirado

Além de seu lado caridoso, São Basílio Magno era um conhecedor profundo da teologia, da literatura, da filosofia e da Bíblia. Seus sermões são repletos de sábias e importantes. Seus são agradáveis, claros, profundos e convincentes. Eles suas obras destacam-se quase quatrocentas cartas de grande beleza literária. Essas cartas são, de fato, de grande proveito para a vida espiritual.

Amor e trabalho

A grande regra de vida de São Basílio Magno era amar a Deus, ajudar ao próximo e levar os outros a ajudarem os pobres e os necessitados. Trabalhava muito e escrevia tanto quanto conseguia, apesar da saúde frágil. Sofria de hepatite. Por isso, tinha várias restrições  alimentares. Comia tão pouco que seus ossos ficaram visíveis. Mas, enquanto viveu, dedicou-se a Deus e ao próximo.

Morte

São Basílio Magno faleceu no dia 1º de janeiro do ano 379. Tinha, então, apenas quarenta e nove anos. Foi velado por multidões e sepultado no dia seguinte, 2 de janeiro, dia de sua festa. Seu cortejo fúnebre foi acompanhado por uma multidão como jamais se tinha visto na região. Seu grande amigo São Gregório Nazianzeno, também celebrado nesta mesma data, disse no dia do sepultamento: "Basílio santo, nasceu entre os santos. Basílio pobre viveu pobre entre os pobres. Basílio, filho de mártires, sofreu como um mártir. Basílio pregou sempre; com seus lábios e com seus exemplos, e seguirá pregando sempre com seus escritos admiráveis".

Oração a São Basílio Magno

“Deus, nosso Pai, enriquecestes a Igreja e deste-nos em São Basílio um exemplo de que a vossa Palavra é vida e luz para nossos corações. Que ela frutifique também em nós obras agradáveis aos vossos olhos; o serviço sincero e gratuito aos necessitados. Por sua intercessão, sejamos dignos da vocação a que fomos chamados, e tudo façamos para que o vosso Reino de justiça se dilate no meio dos homens. E, assim, os que virem nossas boas obras possam louvar e confessar o vosso santo Nome. Permaneçamos sempre abertos ao Espírito para cumprir a vossa vontade agora e sempre. Amém! São Basílio Magno, rogai por nós.”

Fonte: https://cruzterrasanta.com.br/

segunda-feira, 1 de janeiro de 2024

Oração para receber bênçãos no Ano Novo

Hamara | Shutterstock
Por Reportagem local - publicado em 01/01/23
Reze com fé:

Esta é uma oração extraída do livro “As mais belas preces de João Paulo II”, para pedir as bênçãos de Deus no ano que se inicia:

“Que o Senhor te abençoe e te proteja.

Que o Senhor faça resplandecer a Sua face sobre ti e te seja benevolente.

Que o Senhor dirija o Seu olhar sobre ti e te conceda a paz!” (Números 6,24-26)

Além disso, repitamos com fé e esperança as palavras do apóstolo: Cristo é a nossa paz! (Carta do Hebreus 2, 14)

Tenhamos confiança na ajuda do Senhor e na materna proteção de Maria, Rainha da paz.

Apoiemos essa nossa esperança em Jesus, nome de salvação dado aos povos de todas as línguas e raças.

Confessando o Seu nome, caminhemos confiantes rumo ao futuro.

Certos de que não ficaremos desiludidos se confiarmos no santíssimo nome de Jesus.

Amém!

Fonte: https://pt.aleteia.org/

História e mistério

Bíblia: Palavra de Deus (Diocese de Lorena)

História e mistério

Arquivo 30Dias - 01/1998

por Ignace de la Potterie

História e mistério é o título do livro anexo ao último número de 30Giorni . Esta é uma coletânea das principais intervenções que publico nesta revista mensal desde 1992. Na introdução lembrei que queria explicar o que é a exegese cristã. Mas porque este título aparentemente dialético , História e Mistério? 

Um princípio hermenêutico de São Gregório Magno 

Segundo Gregório, o exegeta cristão, lendo a Bíblia, sobe da história ao mistério, “ ab historia in mysterium surgit ” ( Homilia sobre Ezequiel I, 6, 3). Gregório explica: «Quanto mais cada homem santo progride na Sagrada Escritura, mais esta mesma Sagrada Escritura progride nele [...], porque as palavras divinas crescem com quem as lê» (I, 7, 8). Este princípio de leitura das Escrituras foi inspirado em Gregório pela visão inicial do livro de Ezequiel que ele comentava. O profeta, em sua visão, viu uma “carruagem” arrastada por “quatro seres viventes”. As rodas do carro giraram e Gregório refletiu sobre estas palavras do texto: “ Spiritus vitae erat in rotis ” ( Ez 1, 20). Aqui está o comentário: o fato do espírito estar nas rodas da carruagem é um símbolo da Escritura na qual o Espírito está presente. O texto bíblico é como uma roda giratória: sobe, depois desce, mas para voltar a subir. O texto, portanto , cresce (sobe), “cresce com quem o lê”. E a razão é, explica ainda Gregório, que a Sagrada Escritura «ao propor o texto revela o mistério» (« dum narrat textum prodit mysterium ») e consegue assim dizer as coisas do passado «de modo a pregar [ também] o futuro ». Esta forma de ler as Escrituras foi muito difundida na tradição patrística e medieval, e foi recentemente estudada com grande erudição por Pier Cesare Bori em A Interpretação Infinita. Hermenêutica cristã antiga e suas transformações (Bolonha, Il Mulino, 1987). Vejamos um caso concreto desta exegese. Gregório comenta o episódio bíblico dos dois filhos de Isaque, ou seja, Esaú e Jacó ( Gn 27, 3-8). Jacob era o segundo filho, mas comprou o direito à primogenitura do irmão com um prato de lentilhas. Isaque agora está cego e sua esposa inventa um truque para enganá-lo: ela veste Jacó com uma pele de cabra para enganar o marido e fazê-lo confundi-lo com o peludo Esaú. Lembro-me que em Leuven, o nosso professor, comentando esta passagem, disse: «Não é uma mentira, mas um mistério», o que parecia significar que para ele tal episódio permanecia incompreensível. Na realidade, porém, era inquestionavelmente uma mentira, um engano. Mas como explica São Gregório isso? Precisamente para este caso, ele nos pede para “subir da história ao mistério”, recorrendo a uma leitura alegórica do trecho, ao seu sentido espiritual. A partir desse episódio, diz Gregório, revela-se-nos a importância da primogenitura na história da salvação. O velho Isaque não pode dar a bênção ao verdadeiro primogênito, Esaú, que foi caçar e representa o povo judeu. A bênção é dada a Jacó, o segundo filho, que se apresenta sob a aparência do irmão mais velho: é portanto ele quem recebe a bênção em seu lugar, mas Jacó representa os pagãos. O significado é, portanto, que os pagãos devem participar das bênçãos destinadas a Israel. Portanto entende-se que com estas bênçãos recebidas Jacó receberá o nome de Israel ( Gn 35, 10). Os pagãos devem participar das bênçãos prometidas ao povo escolhido. O horizonte alargou-se, portanto, imensamente.

A transição “da história ao mistério” não se faz apenas pelos acontecimentos históricos, como neste caso. Também é feito, e repetidamente, para termos usados ​​na tradição cristã, mas que vieram do paganismo. No volume anexo à revista, demos um exemplo típico: o termo Theotokos , título dado pelos cristãos a Maria no século II (por volta do ano 180), era usado no mundo helenístico para designar a deusa da fertilidade, Cibele. (a mãe dos deuses). O primeiro a aplicá-lo à mãe de Jesus foi Orígenes, que causou assim um verdadeiro escândalo entre os cristãos. Mais tarde, porém, os Padres usaram-no regularmente, purificando-o das suas ressonâncias pagãs. Assim aconteceu que no terceiro Concílio Ecumênico (o de Éfeso, em 431), contra a recusa de Nestório que não queria ouvir falar do termo Theotokos , o que esse título significava foi proclamado como dogma: Maria, a mãe de Jesus, é verdadeiramente a Mãe de Deus. 

História e mistério: ambos necessários à fé 

A importância da história no cristianismo é inegável. Lutero já havia sublinhado isso claramente. Certa vez lhe perguntaram: «O que é interpretatio? », «O que significa interpretar?» (claro que era a Bíblia). Ele respondeu: “ Qui non intelligit rem non potest ex verbis sensum elicere ”, “Quem não compreende o acontecimento é incapaz, quando confrontado com o texto , de compreender o seu significado ”. Este princípio de Lutero teve grande ressonância na hermenêutica contemporânea (ver Hans Georg Gadamer, Paul Ricoeur). Deve-se observar que no texto de Lutero se propõe uma espécie de relação triangular entre o acontecimento histórico , o texto que o narra e o sentido buscado. Na verdade, devemos perguntar onde está o significado : no acontecimento ou no texto ? Ou talvez ambos? Mas então qual é a relação entre o evento e o texto? Qual dos dois tem prioridade? Ao colocar toda a ênfase no texto, corre-se o risco de torná-lo uma pura criação literária, um “teologumen”; se, em vez disso, dermos toda prioridade à história, estaremos expostos ao historicismo ou ao fundamentalismo. O mérito de Lutero (a sublinhar hoje, depois de Bultmann) é ter insistido na importância da história para a interpretação. No entanto, faltou-lhe um elemento essencial: não levou em conta o fato de que entre o texto e nós (que buscamos o sentido ) existe uma longa distância, ou seja, a tradição que transmite e atualiza o texto para chegar ao significado. Lutero permaneceu fechado na sola scriptura ; vemos aqui, com o ensino católico, a importância da tradição para a busca de sentido.

A necessidade da história para a interpretação das Escrituras também foi enfatizada pelo Padre Henri de Lubac, mas em conexão com a obra do Espírito. Isto também é essencial para a transição da história para o mistério. Recordemos as principais obras de Henri de Lubac sobre este problema: o livro sobre Orígenes intitulado História e Espírito ; o umatika historikôs )». 

Problemas hoje 

Segundo artigo de Charles Kannengiesser citado no volume (páginas 17-20), a exegese dos Padres (lembre-se que partimos de Gregório Magno) não seria mais possível hoje porque estamos submetidos aos ditames do Iluminação. Na verdade, Kant indicou o seu princípio fundamental na Religião apenas dentro dos limites da razão: «Uma fé histórica simplesmente baseada em fatos não pode estender sua influência além do limite de tempo e lugar a que podem chegar as notícias que permitem um julgamento de credibilidade» (Bari, Laterza, 1980, página 110). A passagem de um fato histórico particular (necessariamente aleatório) para uma verdade necessária da razão seria, portanto, ilegítima.

Para responder a este desafio do racionalismo, recordemos alguns textos fundamentais de São João. Cita dois textos essenciais sobre a verdade, um para Jesus: “Eu sou a verdade” ( Jo 14,6); o outro pelo Espírito: “O Espírito é a verdade” ( 1 João 5:6). Quem ousaria, na linha do kantismo, afirmar que se trata aqui de uma “verdade necessária da razão”? Para Jesus, que foi sem dúvida um homem concreto da história, a sua vinda é falada como um acontecimento: “A graça da verdade veio [•géneto] por meio de Jesus Cristo” ( Jo 1, 17). A verdade de Jesus foi, portanto, um «acontecimento», não uma verdade «puramente fortuita», mas uma verdade que «permanece entre nós» ( 2Jo 2); a verdade de Jesus foi de fato um acontecimento histórico , mas um acontecimento revelador : o homem Jesus revelou-se como o Filho de Deus e, portanto, o Pai revelou-se no Filho (ver João 14:9).


Mas a crise causada pelo racionalismo parece agora ter sido superada na filosofia contemporânea. É significativo (ver páginas 157-162 do livro) que vários filósofos contemporâneos pareçam ter redescoberto a noção joanina de verdade. Um deles, Bernard Ronze, publicou recentemente um livro, L'essence du christianisme , Paris, 1996 (A essência do Cristianismo) que começa com esta frase decisiva: «A noção de acontecimento é apresentada como fundamental nos Evangelhos e nos escritos apostólico" (página 17). Todos os leitores de 30Dias sabem quão fundamental é a noção de “acontecimento” no pensamento e nos escritos de Dom Luigi Giussani: é preciso redescobrir “a maravilha do acontecimento de Cristo”. Esta redescoberta do acontecimento de Cristo com a ajuda do Evangelho de João ajudar-nos-á também a redescobrir a passagem «da história ao mistério».

Fonte: https://www.30giorni.it/

NAZARENO: O perdão para quem muito amou (a pecadora na casa do fariseu Simão) - (23)

Nazareno (Vatican Media)

Cap. 23 - O perdão para quem muito amou (a pecadora na casa do fariseu Simão)

Entre as testemunhas oculares da ressurreição de Ezequiel estava um fariseu chamado Simão, que convidou Jesus para jantar. Em sua casa, encontraram uma mulher, Myriam, uma pecadora daquela cidade, que, tendo ouvido que Jesus estava na casa do fariseu, entrou sem permissão. Levava um frasco de perfume e, chorando, começou a molhar os pés com lágrimas, que depois enxugou com os cabelos, borrifando-os com o perfume. Ela não era casada nem tinha filhos, mas levava uma vida dissoluta. Diante de tudo isso, Simão, o fariseu, disse a si mesmo: "se este homem fosse profeta, saberia quem é, e de que gênero é a mulher que o toca". Jesus, então, chamou-o para junto de si e disse: "você está vendo esta mulher? Entrei em sua casa e você não me deu água para os pés; em vez disso, ela banhou meus pés com suas lágrimas e os enxugou com seus cabelos. Não me deste um beijo; ao contrário, ela não parou de beijar os meus pés desde que entrei. Não ungiste a minha cabeça com óleo; ela, ao contrário, ungiu os meus pés com perfume. Por isso vos digo: os seus muitos pecados lhe são perdoados, porque muito amou. Ao passo que aquele a quem pouco se perdoa, pouco ama". Voltando-se então para a mulher: "A tua fé a salvou; vá em paz!

https://media.vaticannews.va/media/audio/s1/2023/12/29/13/137579923_F137579923.mp3

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Dia Mundial da Paz: a súplica do Papa por um mundo mais solidário, justo e pacífico

Papa Francisco suplica por um mundo mais solidário, justo e pacífico (Vatican Media)

"Que o rápido desenvolvimento de formas de inteligência artificial não aumente as já demasiadas desigualdades e injustiças presentes no mundo, mas contribua para pôr fim às guerras e conflitos e para aliviar muitas formas de sofrimento que afligem a família humana", é o apelo do Papa em sua Mensagem para o Dia Mundial da Paz.

Vatican News 

Paz é  a primeira palavra a ressoar no Ano Novo e na mensagem que o Papa escreveu para 1º de janeiro de 2024, o 57º Dia Mundial da Paz. Uma palavra e, ao mesmo tempo, um desejo para um mundo dilacerado por conflitos, que Francisco confia indissoluvelmente à Virgem Maria, que é Mãe e compartilha o sofrimento humano.

"Volte seu olhar misericordioso para a família humana, que preferiu Caim a Abel, interceda por nosso mundo em perigo e tumulto", rezou o Papa em 27 de outubro de 2023 na Basílica do Vaticano, junto com os padres sinodais. "Sozinhos, não podemos fazer nada", disse na ocasião, e isso é demonstrado pelas notícias que ainda chegam da "amada" Síria e da "martirizada" Ucrânia, da Terra Santa e da Armênia, do Sahel e do resto do continente africano. Isso é demonstrado pela obstinação dos governos que não encontram soluções, pelo comércio de armas, pela sede de poder, pela brutalidade do terrorismo que faz vítimas em um silêncio e em uma aparente incapacidade de reagir.

Súplica pela paz

Mas a força "mansa e santa" dos que creem para "se opor ao ódio da guerra" é a oração e, por isso, Francisco convida todos a se voltarem incansavelmente para a Rainha da Paz e para o "Filho de Deus, humilde Criança". Ao longo do ano, ao rezar o Rosário, ao falar aos fiéis nas Audiências Gerais e na recitação do Ângelus, nos encontros e tantas outras atividades, o Papa pediu e continua pedindo ajuda para que, na "noite dos conflitos, se abram lampejos de luz", para que Maria, "Terra do céu", "possa trazer de volta ao mundo a harmonia de Deus":

"Mãe de Deus e nossa, vimos até Vós, buscamos refúgio no vosso Coração Imaculado. Imploramos misericórdia, Mãe da misericórdia; paz, Rainha da paz! Movei o íntimo de quem está preso no ódio, convertei quem alimenta e excita conflitos. Enxugai as lágrimas das crianças – nesta hora, choram tanto! –, assisti os idosos que estão sozinhos, amparai os feridos e os doentes, protegei quem teve de deixar a sua terra e os afetos mais queridos, consolai os desanimados, despertai a esperança."

Tecnologia em prol da fraternidade humana

A paz não pode ser alcançada se não refletirmos sobre o "sentido do limite", enfatiza o Papa em sua Mensagem para o 57º Dia Mundial da Paz, na qual adverte tanto contra o risco de que os "algoritmos" minem os "valores essenciais da compaixão, da misericórdia e do perdão", quanto contra os perigos do "uso bélico da inteligência artificial", que exige uma formação adequada quanto ao uso das novas tecnologias.

"O mundo", escreve o Papa em sua Mensagem, "não precisa realmente que as novas tecnologias contribuam para o iníquo desenvolvimento do mercado e do comércio das armas, promovendo a loucura da guerra. Ao fazê-lo, não só a inteligência, mas também o próprio coração do homem, correrá o risco de se tornar cada vez mais artificial. As aplicações técnicas mais avançadas não devem ser utilizadas para facilitar a resolução violenta dos conflitos, mas para pavimentar os caminhos da paz”.

"Espero que esta reflexão encoraje a fazer com que os progressos no desenvolvimento de formas de inteligência artificial sirvam, em última análise, a causa da fraternidade humana e da paz. Não é responsabilidade de poucos, mas da família humana inteira. De facto, a paz é fruto de relações que reconhecem e acolhem o outro na sua dignidade inalienável, e de cooperação e compromisso na busca do desenvolvimento integral de todas as pessoas e de todos os povos."

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF