Cibele
Battistini - Talita Rodrigues - publicado
em 16/09/25
Existem momentos na vida em que todas as certezas parecem
desmoronar. Aquelas bases que nos sustentavam, de repente, já não seguram mais
o peso da nossa dor.
É como se a vida nos colocasse diante de um abismo e, ao
olhar para frente, só houvesse escuridão. É nesses instantes – quando já não
resta mais nada – que a única opção possível é aprender a confiar.
Confiar em Deus não é um exercício imediato nem automático.
É um processo que envolve nossas fragilidades mais profundas, nossos medos mais
silenciosos e as perguntas sem respostas que carregamos dentro de nós. A
psicologia nos lembra que a alma humana busca segurança, previsibilidade, algo
que a mente possa controlar. Mas a fé nos ensina que nem tudo pode ser
explicado, e que existe uma dimensão da vida onde o controle precisa ser
entregue.
Nas noites escuras da alma – aquelas em que as lágrimas
parecem não ter fim e o silêncio de Deus pesa como um fardo – a confiança se
torna uma escolha. Não porque sentimos que tudo ficará bem, mas porque
acreditamos que mesmo no invisível, Ele permanece presente. É um abandono
confiante que nasce da vulnerabilidade: quando não conseguimos caminhar
sozinhos, deixamos que Deus seja o nosso sustento.
É justamente nesse ponto de rendição que muitas curas
começam. Quando cessamos a luta interna de querer respostas imediatas, abrimos
espaço para que a graça de Deus nos sustente no mistério. A confiança, então,
não é apenas uma virtude espiritual, mas também um processo psicológico de
aceitação: de compreender que a dor tem um tempo, que a travessia da noite
exige paciência, e que mesmo quando tudo parece perdido, algo em nós ainda pode
florescer.
A fé não elimina o sofrimento, mas dá sentido a ele. Confiar
em Deus é se permitir ser conduzido no escuro, acreditando que há um amanhecer
à frente, mesmo quando ainda não conseguimos enxergar a luz. É aprender que não
estamos sozinhos na noite, porque Aquele que nos criou nunca abandona a sua
obra.
Se hoje a sua vida se encontra em uma dessas noites escuras,
lembre-se: a confiança não é ausência de medo, mas a decisão de caminhar mesmo
com o coração tremendo. Talvez tudo o que lhe reste seja confiar. E,
paradoxalmente, é justamente aí que a sua força será renovada.
Confiar é a entrega mais difícil e, ao mesmo tempo, o maior
gesto de amor que podemos devolver a Deus. Porque, quando já não nos resta mais
nada, descobrimos que Ele sempre foi o essencial.
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