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sábado, 20 de setembro de 2025

Curiosidades da Bíblia: As muralhas de Jericó

Sagrada Escritura (Vatican News)

As muralhas eram uma poderosa fortificação que protegia a cidade de Jericó, localizada no vale do Rio Jordão, na atual Cisjordânia, hoje localizada a apenas 25 km de Jerusalém.

Padre José Inácio de Medeiros, CSsR - Instituto Histórico Redentorista

Comunidades e paróquias de várias partes do mundo costumam realizar hoje em dia o chamado “Cerco de Jericó” que relembra o momento em que os israelitas, depois de sua longa caminhada pelo deserto, cercaram e conquistaram a cidade depois de vários dias de batalha.

A história da queda das muralhas de Jericó, apesar de ser uma das passagens mais conhecidas da Bíblia também não tem uma comprovação histórica, e esta não era a preocupação maior dos escritores sagrados, tendo um significado simbólico para os israelitas, representando a vitória da fé sobre os obstáculos humanos, a fidelidade de Deus às suas promessas e a necessidade de obedecer aos seus mandamentos. Além disso, ela mostra que Deus pode usar de pessoas improváveis, como Raab, para cumprir os seus propósitos.

Além de sua importância histórica e religiosa, as muralhas de Jericó são um marco do desenvolvimento humano. Elas representam uma das primeiras expressões de urbanização e engenharia na história da humanidade. Construídas com recursos locais e técnicas rudimentares, elas são testemunhos do esforço coletivo de uma sociedade que já compreendia a necessidade de proteção, organização e infraestrutura. Mais do que estruturas físicas, as muralhas de Jericó simbolizam a transição de comunidades nômades para sociedades sedentárias e urbanas, marcando o início de uma nova era na civilização humana.

As muralhas eram uma poderosa fortificação que protegia a cidade de Jericó, localizada no vale do Rio Jordão, na atual Cisjordânia, hoje localizada a apenas 25 km de Jerusalém. A cidade é considerada uma das mais antigas do mundo e as evidências arqueológicas da ocupação humana datam mais ou menos do ano 08 mil a.C.

Suas muralhas foram construídas em diferentes períodos da história e a mais famosa delas data do século XV a.C., quando os israelitas, liderados por Josué, invadiram a terra de Canaã, prometida por Deus a Abraão e seus descendentes, atravessaram o Rio Jordao e cercaram a cidade.

As escrituras Sagradas relatam que os israelitas por 06 dias cercaram a cidade de Jericó, seguindo as instruções divinas pronunciadas por Josué que havia sucedido a Moisés na condução do povo. No sétimo dia, eles deram sete voltas ao redor da cidade, tocando trombetas de chifres de carneiros, gritando e conduzindo a Arca da Aliança com as Tábuas da Lei em procissão.

Depois disso, as muralhas caíram permitindo que os israelitas entrassem e conquistassem a cidade. As Escrituras narram ainda que a única família que foi poupada foi a de Raab, uma prostituta que escondeu os espiões que haviam sido enviados por Josué e que reconheceu o poder do Deus de Israel. Todo o resto foi destruído pelo fogo e pelos saques dos israelitas.

Na sétima vez, quando os sacerdotes deram o toque de trombeta, Josué ordenou ao povo: "Gritem! O Senhor lhes entregou a cidade!

A cidade, com tudo o que nela existe, será consagrada ao Senhor para destruição. Somente a prostituta Raab e todos os que estão com ela em sua casa serão poupados, pois ela escondeu os espiões que enviamos. Mas fiquem longe das coisas consagradas, não se apossem de nenhuma delas, para que não sejam destruídos. Do contrário trarão destruição e desgraça ao acampamento de Israel.

Toda a prata, todo o ouro e todos os utensílios de bronze e de ferro são sagrados e pertencem ao Senhor e deverão ser levados para o seu tesouro.

Quando soaram as trombetas o povo gritou. Ao som das trombetas, e do forte grito, o muro caiu. Cada um atacou do lugar onde estava, e tomaram a cidade. Consagraram a cidade ao Senhor, destruindo ao fio da espada homens, mulheres, jovens, velhos, bois, ovelhas e jumentos, todos os seres vivos que nela havia. (Jos 6,16-21).

As muralhas de Jericó continuam sendo uma das construções mais enigmáticas da Antiguidade, associadas tanto à arqueologia quanto a relatos bíblicos. Sua fama procede tanto da narrativa bíblica encontrada no Livro de Josué, que descreve a conquista da cidade pelos israelitas após suas muralhas desabarem ao som de trombetas e gritos, como ao significado histórico da cidade que foi tantas vezes destruída e sempre reconstruída. Por isso, além do relato religioso que é mais simbólico que real, as muralhas e a cidade têm um significado histórico e arqueológico profundo.

Graças às escavações arqueológicas realizadas em vários períodos as muralhas da cidade foram descobertas, a começar das ruínas mais antigas de algumas estruturas fortificadas que datam do período neolítico, por volta de 08 mil anos a.C. Muros e torres feitos de pedra tinham fins defensivos, servindo também para finalidades religiosos ou cerimoniais.

No entanto, a historicidade desse evento é motivo de debate entre estudiosos. Algumas escavações chegaram a sugerir que Jericó não teria muralhas correspondentes às que são descritas na época em que os israelitas teriam conquistado a cidade, por volta do século XIII ou XV a.C.

Assim como outras passagens do Primeiro Testamento o relato bíblico pode ser entendido mais como uma tradição simbólica ou metafórica.  Independentemente de sua conexão com os relatos bíblicos, Jericó e suas muralhas continuam a fascinar arqueólogos, historiadores e religiosos, sendo um exemplo poderoso de como os vestígios do passado podem lançar luz sobre as complexas origens da sociedade e da cultura humanas.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

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Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF