As muralhas eram uma poderosa fortificação que protegia a
cidade de Jericó, localizada no vale do Rio Jordão, na atual Cisjordânia, hoje
localizada a apenas 25 km de Jerusalém.
Padre José Inácio de Medeiros, CSsR - Instituto Histórico
Redentorista
Comunidades e paróquias de várias partes do mundo costumam
realizar hoje em dia o chamado “Cerco de Jericó” que relembra o momento em que
os israelitas, depois de sua longa caminhada pelo deserto, cercaram e
conquistaram a cidade depois de vários dias de batalha.
A história da queda das muralhas de Jericó, apesar de ser
uma das passagens mais conhecidas da Bíblia também não tem uma comprovação
histórica, e esta não era a preocupação maior dos escritores sagrados, tendo um
significado simbólico para os israelitas, representando a vitória da fé sobre
os obstáculos humanos, a fidelidade de Deus às suas promessas e a necessidade
de obedecer aos seus mandamentos. Além disso, ela mostra que Deus pode usar de
pessoas improváveis, como Raab, para cumprir os seus propósitos.
Além de sua importância histórica e religiosa, as muralhas
de Jericó são um marco do desenvolvimento humano. Elas representam uma das
primeiras expressões de urbanização e engenharia na história da humanidade.
Construídas com recursos locais e técnicas rudimentares, elas são testemunhos
do esforço coletivo de uma sociedade que já compreendia a necessidade de
proteção, organização e infraestrutura. Mais do que estruturas físicas, as
muralhas de Jericó simbolizam a transição de comunidades nômades para sociedades
sedentárias e urbanas, marcando o início de uma nova era na civilização humana.
As muralhas eram uma poderosa fortificação que protegia a
cidade de Jericó, localizada no vale do Rio Jordão, na atual Cisjordânia, hoje
localizada a apenas 25 km de Jerusalém. A cidade é considerada uma das mais
antigas do mundo e as evidências arqueológicas da ocupação humana datam mais ou
menos do ano 08 mil a.C.
Suas muralhas foram construídas em diferentes períodos da
história e a mais famosa delas data do século XV a.C., quando os israelitas,
liderados por Josué, invadiram a terra de Canaã, prometida por Deus a Abraão e
seus descendentes, atravessaram o Rio Jordao e cercaram a cidade.
As escrituras Sagradas relatam que os israelitas por 06 dias
cercaram a cidade de Jericó, seguindo as instruções divinas pronunciadas por
Josué que havia sucedido a Moisés na condução do povo. No sétimo dia, eles
deram sete voltas ao redor da cidade, tocando trombetas de chifres de
carneiros, gritando e conduzindo a Arca da Aliança com as Tábuas da Lei em
procissão.
Depois disso, as muralhas caíram permitindo que os
israelitas entrassem e conquistassem a cidade. As Escrituras narram ainda que a
única família que foi poupada foi a de Raab, uma prostituta que escondeu os
espiões que haviam sido enviados por Josué e que reconheceu o poder do Deus de
Israel. Todo o resto foi destruído pelo fogo e pelos saques dos israelitas.
Na sétima vez, quando os sacerdotes deram o toque de
trombeta, Josué ordenou ao povo: "Gritem! O Senhor lhes entregou a cidade!
A cidade, com tudo o que nela existe, será consagrada
ao Senhor para destruição. Somente a prostituta Raab e todos os que estão com
ela em sua casa serão poupados, pois ela escondeu os espiões que enviamos. Mas
fiquem longe das coisas consagradas, não se apossem de nenhuma delas, para que
não sejam destruídos. Do contrário trarão destruição e desgraça ao acampamento
de Israel.
Toda a prata, todo o ouro e todos os utensílios de
bronze e de ferro são sagrados e pertencem ao Senhor e deverão ser levados para
o seu tesouro.
Quando soaram as trombetas o povo gritou. Ao som das
trombetas, e do forte grito, o muro caiu. Cada um atacou do lugar onde estava,
e tomaram a cidade. Consagraram a cidade ao Senhor, destruindo ao fio da espada
homens, mulheres, jovens, velhos, bois, ovelhas e jumentos, todos os seres
vivos que nela havia. (Jos 6,16-21).
As muralhas de Jericó continuam sendo uma das construções
mais enigmáticas da Antiguidade, associadas tanto à arqueologia quanto a
relatos bíblicos. Sua fama procede tanto da narrativa bíblica encontrada no
Livro de Josué, que descreve a conquista da cidade pelos israelitas após suas
muralhas desabarem ao som de trombetas e gritos, como ao significado histórico
da cidade que foi tantas vezes destruída e sempre reconstruída. Por isso, além
do relato religioso que é mais simbólico que real, as muralhas e a cidade têm
um significado histórico e arqueológico profundo.
Graças às escavações arqueológicas realizadas em vários
períodos as muralhas da cidade foram descobertas, a começar das ruínas mais
antigas de algumas estruturas fortificadas que datam do período neolítico, por
volta de 08 mil anos a.C. Muros e torres feitos de pedra tinham fins
defensivos, servindo também para finalidades religiosos ou cerimoniais.
No entanto, a historicidade desse evento é motivo de debate
entre estudiosos. Algumas escavações chegaram a sugerir que Jericó não teria
muralhas correspondentes às que são descritas na época em que os israelitas
teriam conquistado a cidade, por volta do século XIII ou XV a.C.
Assim como outras passagens do Primeiro Testamento o relato
bíblico pode ser entendido mais como uma tradição simbólica ou metafórica.
Independentemente de sua conexão com os relatos bíblicos, Jericó e suas
muralhas continuam a fascinar arqueólogos, historiadores e religiosos, sendo um
exemplo poderoso de como os vestígios do passado podem lançar luz sobre as
complexas origens da sociedade e da cultura humanas.
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